Imunidade de Mucosa e Microbiota Flashcards

(24 cards)

1
Q

Quais as 3 propriedades notáveis do trato gastrointestinal?

A

1) Tolerância a antígenos alimentares: estado de falta de resposta imune local e sistêmica específica a um antígeno protéico (tolerância oral).
2) Defesa contra agentes infecciosos: ativação de mecanismos inatos e adaptativos a fim de evitar a disseminação sistêmica.
3) Relação simbiótica com a microbiota local: regulação das respostas imunes locais a bactérias comensais de maneira antígeno específica (homeostase).

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2
Q

O que são DCs tolerogênicas? Como são formadas? Quais moléculas essas células expressão e como atuam?

A

Antígenos alimentares: são proteínas inócuas, ausentes de produtos microbianos (PAMPs), e induzem uma ativação parcial das DCs, com perfil tolerogênico.
As DCs tolerogênicas apresentam baixa expressão de CD80/CD86 e alta produção de TGF-β, o que leva à diferenciação de linfócitos T reguladores (Treg).
Os Tregs promovem a supressão das respostas de linfócitos T auxiliares Th1 e Th2.
Portanto, a ativação de DCs com perfil tolerogênico favorece a tolerância imunológica a antígenos alimentares.

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3
Q

O que são células M, onde se localizam e quais suas funções?

A

Localizadas na cúpula das placas de Peyer, atuam no transporte de antígenos (Ag) do lúmen intestinal para células do sistema imune. Logo abaixo dessas células, encontram-se células dendríticas (DCs), que capturam e processam os antígenos.
Essas células formam estruturas chamadas de bolsões linfóides são áreas organizadas do tecido linfoide da mucosa onde ocorre a vigilância imunológica.
Realizam endocitose e exocitose de macromoléculas, processo chamado de transcitose.
Importante: durante a transcitose, os antígenos são transportados sem degradação enzimática.

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4
Q

Explique a função das células abaixo:
- Enterócitos.
- Células caliciformes.
- Células de Paneth

A
  • Células epiteliais absortivas (enterócitos): responsáveis pela absorção de nutrientes e secreção de enzimas hidrolíticas.
  • Células caliciformes: secretoras de muco, localizadas principalmente no ápice das vilosidades.
  • Células de Paneth: encontradas na base das criptas intestinais, são secretoras de peptídeos antimicrobianos (AMPs), como defensinas.
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5
Q

Explique como funciona a captação e todo o processo de migração de DCs tolerogênicas, juntamente com a chegada dos linfócitos a mucosa.

A

Células epiteliais intestinais secretam constitutivamente as quimiocinas CCL20 e CCL9, as DCs expressam os receptores CCR6 e CCR1, que reconhecem essas quimiocinas, promovendo sua migração para o epitélio.
A DC ativada, expressando receptores de quimiocinas (ex: CCR7), migra através dos vasos linfáticos aferentes até o linfonodo mesentérico (linfonodo drenante do intestino).
Lá, apresentam os antígenos a linfócitos T, induzindo linfócitos T reguladores (Tregs) e produção de IgA por meio de TGF-b, promovendo tolerância imunológica em vez de inflamação.

Após a diferenciação, esses linfócitos precisam migrar para o local correto no intestino para exercer suas funções. Isso depende de moléculas específicas:
- CCR9 (receptor quimiocínico no linfócito) reconhece a quimiocina CCL25, que é expressa na lâmina própria do intestino delgado. Essa interação guia os linfócitos até a mucosa intestinal.
- A integrina α4β7 no linfócito interage com a molécula de adesão MAdCAM-1 (Molécula de Adesão do endotélio mucoso) expressa no endotélio dos vasos sanguíneos da mucosa intestinal. Isso ajuda o linfócito a sair da corrente sanguínea e entrar no tecido intestinal.

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6
Q

Quais as funções dos peptídeos antimicrobianos (AMPs)? Como são produzidos?

A

São pequenos peptídeos catiônicos produzidos pelas células epiteliais intestinais e por células imunológicas após ativação. A produção de AMPs é estimulada pela ativação do receptor NOD2, que é um receptor intracelular que reconhece o MDP (muramil dipeptídeo) — um componente bacteriano da parede celular de bactérias Gram-positivas e Gram-negativas.

Função dos AMPs: Ajudam a controlar a população bacteriana no intestino, especialmente na mucosa, impedindo o crescimento excessivo e invasão bacteriana.
Atuam rompendo membranas bacterianas, causando a morte dos microrganismos.
Por exemplo: Defensinas têm afinidade química pela carga negativa das membranas bacterianas e não se ligam nem rompem as membranas neutras e protegidas das nossas células.

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7
Q

O que induz a diferenciação de células Treg e linfócitos B produtores de IgA? Qual a importância de Tregs e IgAs nesse contexto?

A

DC intestinal tem um papel central porque expressa a enzima RALDH (retinol desidrogenase), que converte vitamina A em ácido retinóico (AR) e TGF-β.
O ácido retinóico, junto com TGF-β, atua sobre linfócitos T e B para induzir:
- A diferenciação de linfócitos Treg (que produzem IL-10 e TGF-β, promovendo tolerância).
- A diferenciação de linfócitos B produtores de IgA. IgA é fundamental para “neutralizar” antígenos alimentares e microrganismos, evitando sua penetração na mucosa e ativação imune indesejada.

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8
Q

Qual a função do muco? Quais as diferenças do muco do cólon e do intestino delgado?

A

O muco contém proteínas chamadas mucinas (MUC2), que são altamente glicosiladas, conferindo viscosidade e formando uma camada protetora.
Funções do muco: Prevenção do contato direto entre microrganismos (bactérias, vírus, fungos) e as células epiteliais, protegendo contra invasão e inflamação e exposição de substâncias antimicrobianas.

Intestino delgado: Possui uma única camada de muco, essa camada é relativamente mais fina e menos densa. Permite uma maior troca e contato controlado com nutrientes e microrganismos, mas ainda protege as células epiteliais.
Cólon - Apresenta duas camadas distintas de muco:
- Camada interna: Firme e aderida ao epitélio, forma uma barreira quase impermeável que impede a passagem de bactérias para o tecido epitelial.
- Camada externa: Mais frouxa e solta, serve como habitat para a microbiota intestinal, que é mais densa no cólon.

O cólon tem uma maior densidade bacteriana, então precisa de uma barreira mucosa mais robusta para evitar contato direto dessas bactérias com as células epiteliais. No intestino delgado, a menor densidade bacteriana e a necessidade de absorção favorecem uma camada de muco mais fina.

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9
Q

O que são placas de peyer? Para que servem?

A

Placas de Peyer: São aglomerados organizados de tecido linfoide localizados na mucosa do intestino delgado.
Funcionam como importantes centros de vigilância imunológica do trato gastrointestinal.

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10
Q

Quais os três sinais para que linfócitos B troquem sua classe e passem a produzir IgA?

A

1º sinal: Reconhecimento do antígeno.
Interação entre o TCR (receptor do linfócito T) e o MHC-II na célula apresentadora de antígeno.
2º sinal: Coestimulação.
Ligação entre CD40L (no linfócito T) e CD40 (no linfócito B).
3º sinal: Ação de citocinas.
TGF-β é a principal citocina que induz a troca de classe para a produção de IgA.

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11
Q

Porque existem mais bactérias no cólon do intestino?

A

Ambiente propício no cólon: pH próximo ao neutro e alta disponibilidade de nutrientes, especialmente carboidratos não digeríveis (fibras), que favorecem o crescimento microbiano.

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12
Q

O que é eubiose e disbiose intestinal?

A

1) Eubiose: maior diversidade e equilíbrio entre todos os microrganismos presentes no intestino. ]
2) Disbiose: menor diversidade e desequilíbrio com predomínio de bactérias patobiontes em detrimento das benéficas.

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13
Q

Como o tipo de parto influência na colonização da microbiota?

A

Parto vaginal expõe o recém-nascido a microbiota vaginal materna, favorecendo uma colonização mais diversificada.
Parto cesáreo está associado a colonização diferente, com maior prevalência de microrganismos da pele e ambiente hospitalar.

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14
Q

O que são prebióticos? E quais suas características?

A

São fibras alimentares não digeríveis (como inulina, frutooligossacarídeos - FOS, galactooligossacarídeos - GOS) que servem de alimento para as bactérias benéficas do intestino.
As bactérias fermentam os prebióticos, gerando os principais AGCC: butirato, acetato e propionato.
Características:
- Resistência à acidez gástrica e hidrólise enzimática.
- Fermentação pela microbiota intestinal.
- Estimulação seletiva: Promovem o crescimento e a atividade específica de bactérias probióticas, como Bifidobacterium e Lactobacillus.

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15
Q

O que são probióticos? E quais suas características?

A

São microrganismos vivos, geralmente bactérias ou leveduras, que quando administrados em quantidades adequadas conferem benefícios à saúde do hospedeiro.
Características:
- Adesão e colonização: Capacidade de se aderir e colonizar a mucosa intestinal, essencial para efeitos benéficos duradouros.
- Não patogenicidade: São seguros para o hospedeiro, sem causar doenças.
- Resistência a antibióticos: Capacidade de sobreviver mesmo durante tratamentos com antibióticos.
- Resistência ao meio físico: Resistência ao pH ácido do estômago e à ação da bile, garantindo que cheguem vivos ao intestino.

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16
Q

O que são pósbióticos?

A

São compostos bioativos produzidos pelas bactérias probióticas durante a fermentação, como metabólitos, ácidos graxos de cadeia curta, enzimas, peptídeos antimicrobianos e fragmentos

17
Q

Qual a função do butirato?

A

Butirato (ligação ao receptor GPR109):
Estimula a proliferação dos enterócitos (células do epitélio intestinal), contribuindo para a manutenção da integridade da mucosa.
Aumenta a quantidade de linfócitos T regulatórios (Treg), que modulam a resposta imune e promovem tolerância imunológica.

18
Q

Qual a função do acetato e propionato?

A

Acetato e Propionato (ligação aos receptores GPR41 e GPR43):
São transportados para o fígado, onde servem como fonte de energia.
Participam da gliconeogênese (formação de glicose a partir de precursores não carboidratos).

19
Q

Quais são os mecanismos de resistência à colonização de patógenos realizados pela microbiota?

A

Mecanismos de proteção por microrganismos benéficos:

a) Bacteriocinas (exemplo: E. coli): Produção de substâncias antimicrobianas que inibem o crescimento de patógenos, como a E. coli enterohemorrágica (EHEC).

b) Produção de SCFA (exemplo: Bifidobacterium): A produção de ácidos graxos de cadeia curta reduz o pH local, criando um ambiente hostil para a colonização de patógenos.

c) Consumo de oxigênio (exemplo: Enterobacteriaceae): A redução do oxigênio disponível interfere nos fatores de virulência de patógenos, como Shigella flexneri, dificultando sua colonização.

20
Q

Como o leite materno exerce influência na microbiota?

A
  • Presença de prebióticos naturais: O leite materno contém oligossacarídeos e glicoconjugados conhecidos como HMOs (Human Milk Oligosaccharides).
  • Favorecem o crescimento seletivo de Bifidobactérias benéficas no intestino do bebê.
  • Efeito antimicrobiano adicional: O leite materno também contém lactoferrina, lisozima e IgA, que possuem ação antimicrobiana, protegendo contra patógenos.
21
Q

Como uma DC com perfil imunogênico é formada? Qual a consequência da formação dessas células?

A

PAMPs → ativação DC → ↑ CD80/CD86 + IL-12 → ativação linfócitos Th1 → produção IFN-γ → ativação microbicida de macrófagos.

22
Q

Como ocorre a intoxicação alimentar por Salmonella enterica? Cite como os fatores de virulência da bactéria ajudam na invasão e como o sistema imune responde a infecção.

A

Fatores de virulência:
- Enzimas glicosiltransferases: Degradam as mucinas (componentes do muco intestinal), facilitando a penetração da bactéria na mucosa.
- T3SS-SP1 (Sistema de Secreção Tipo 3 – SPI-1): É um Sistema de Secreção Tipo 3, uma estrutura em forma de agulha que a bactéria usa para injetar proteínas efetoras diretamente nas células hospedeiras.
O SPI-1 secreta proteínas que interagem com o citoesqueleto e os mecanismos celulares das células M levando a apoptose ——> A morte das células M diminui a integridade da barreira mucosa, tornando-a mais permeável.

Mecanismo imunológico na intoxicação por Salmonella enterica:
- Produção de citocinas inflamatórias: As células da mucosa intestinal, incluindo as células dendríticas e macrófagos, reconhecem a bactéria e liberam citocinas pró-inflamatórias (como TNF-α, IL-1β, IL-6). Essas citocinas promovem a inflamação local e aumentam a permeabilidade vascular.
- Recrutamento de neutrófilos: As citocinas e quimiocinas atraem neutrófilos para o local da infecção, os neutrófilos ajudam a eliminar a bactéria através da fagocitose e da liberação de mecanismos efetores, como enzimas e espécies reativas de oxigênio.

Manifestações clínicas (localizadas no trato gastrointestinal): febre, diarréia e vômitos

23
Q

Quais são os mecanismos efetores da IgA secretória?

A
  • Neutralização: A sIgA se liga a microrganismos (vírus, bactérias) e toxinas no lúmen intestinal, impedindo sua aderência e invasão às células epiteliais. Essa ação evita a colonização e infecção, sem provocar inflamação.
  • Remoção de microrganismos: A sIgA facilita a transcitose inversa, ajudando a transportar microrganismos ligados à mucosa de volta para o lúmen, promovendo sua eliminação.
  • Captação por células M: A sIgA pode formar complexos imunes que são captados pelas células M nas Placas de Peyer. Isso facilita a apresentação dos antígenos para as células dendríticas e a modulação da resposta imune.
23
Q

Como acontece o transporte da IgA secretória?

A
  1. Estrutura da IgA secretória: A IgA secretória é formada por dímeros de IgA ligados pela cadeia J (região Fc). A cadeia J mantém as duas moléculas de IgA unidas de forma covalente pela região Fc, atraves de um dominio de ligação ao receptor presente na cadeia J.
  2. Transporte para o lúmen intestinal (transcitose): A IgA dimerizada liga-se ao receptor poli-imunoglobulina (poli-IgR) presente na superfície basolateral das células epiteliais mucosas.
    O poli-IgR tem alta afinidade por IgA e IgM, e facilita o transporte da IgA para o lado luminal (interior do intestino, saliva, leite materno).
  3. Formação do componente secretor: Durante a transcitose, o poli-IgR é clivado, liberando um fragmento solúvel denominado componente secretor que permanece associado à IgA.
    O componente secretor protege a IgA contra a proteólise por enzimas presentes no lúmen intestinal, aumentando sua estabilidade.

Resumo do processo: IgA dimerizada + cadeia J → ligação ao poli-IgR → transporte por transcitose → liberação de sIgA com componente secretor no lúmen intestinal.