OBS01 - Sangramentos da Gravidez Flashcards

1
Q

Como podemos dividir os sangramentos na gravidez?

A

Sangramentos da primeira metade (menos de 20 semanas de idade gestacional) e sangramentos da segunda metade (20 ou mais semanas de idade gestacional).

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2
Q

O que é possível identificar em uma gestação tópica com 4,5,6 e 7 semanas na USG transvaginal? E na USG abdominal?

A
  • 4 semanas: saco gestacional.
  • 5 semanas: vesícula vitelínica.
  • 6/7 semanas: embrião / batimentos cardioembrionários.

Na USG abdominal é possível observar as mesmas estruturas com uma semana de defasagem.

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3
Q

O que devemos identificar quando o saco gestacional for maior ou igual a 25mm na USG de uma gestação tópica?

A

Devemos identificar a presença do embrião.

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4
Q

O que devemos identificar quando o comprimento cabeça nádega for maior ou igual a 7 mm na USG de uma gestação tópica?

A

Devemos identificar embrião com batimentos.

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5
Q

Caso o embrião não seja visível na USG após 7 semanas qual diagnóstico devemos pensar? E se o saco gestacional não for visível após 4 semanas?

A

USG sem embrião mas com saco vitelínico após 7 semanas (tempo limite para visualização), devemos pensar em gravidez anembrionada.

Se USG não demonstrar o saco vitelínico após 4 semanas (tempo limite para visualização) e B-HCG for positivo, devemos pensar em ectópica.

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6
Q

Qual a causa mais comum de sangramento da primeira metade da gravidez?

A

Abortamento.

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7
Q

Qual a definição de abortamento? Qual a clínica dessa afecção? Como devemos fazer a avaliação inicial?

A
  • Definição: interrupção da gestação com IG<20 semanas OU <500g OU <16,5cm.
  • Clínica: dor abdominal e sangramento com IG < 20 semanas.
  • Avaliação inicial: anamnese e exame físico (exame especular).
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8
Q

Quais os tipos de abortamento? Como classifica-los através do exame físico?

A
  • Colo aberto:
    > Abortamento incompleto.
    > Abortamento inevitável.
    > Abortamento infectado.
  • Colo fechado:
    > Abortamento completo.
    > Ameaça de abortamento.
    > Aborto retido.
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9
Q

Como identificamos um quadro de abortamento completo? Qual deve ser a conduta?

A
  • Identificação:
    > Colo fechado.
    > Útero vazio e menor (endométrio < 15mm).
  • Conduta: orientação.
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10
Q

Como identificamos um quadro de ameaça de abortamento? Qual deve ser a conduta?

A
  • Identificação:
    > Colo fechado.
    > Embrião vivo, útero compatível com IG.
  • Conduta: repouso, uso de anti-espasmático, abstinência sexual…

*Não há evidência clara que gera alguma redução da taxa de abortamento, mas geralmente é recomendada.

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11
Q

Devemos fazer progesterona na ameaça de abortamento? Justifique.

A

Não, pois não há evidência de funcionamento.

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12
Q

Como identificamos um quadro de aborto retido? Qual deve ser a conduta?

A
  • Identificação:
    > Colo fechado.
    > Embrião morto e útero pode estar menor.
  • Conduta: Esvaziamento ou conduta expectante.

*A conduta expectante, apesar de descrita na literatura, tem maior risco de complicações inclusive curetagem de urgência e discrasias sanguíneas.

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13
Q

Como identificamos um quadro de abortamento incompleto? Qual deve ser a conduta?

A
  • Identificação:
    > Colo aberto.
    > Útero menor, com presença de restos (endométrio > 15 mm).
  • Conduta: esvaziamento.
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14
Q

Como identificamos um quadro de abortamento inevitável? Qual deve ser a conduta?

A
  • Identificação:
    > Colo aberto.
    > Útero compatível, com presença de embrião.
  • Conduta: esvaziamento.
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15
Q

Como identificamos um quadro de abortamento infectado? Qual deve ser a conduta?

A
  • Identificação:
    > Colo aberto.
    > Febre, odor fétido, leucocitose, sinais sistêmicos de infecção…
  • Conduta: ATB (glindamicina e gentamicina) + esvaziamento.
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16
Q

Quais são as técnicas de esvaziamento uterino na primeira metade da gravidez?

A
  • Gravidez menor ou igual a 12 semanas: AMIU (preferível) ou curetagem.
  • Gravidez com mais de 12 semanas:
    > Sem feto: curetagem.
    > Com feto: Misoprostol (altas doses) +/- curetagem (se restos).

*Quanto menor o útero, mais misoprostol pode-se usar pelo menor risco de ruptura uterina.

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17
Q

Como podemos classificar o abortamento?

A
  • Cronologia:
    > Menor igual a 12 semanas: precoce.
    > Maior que 12 semanas: tardio.
  • Forma:
    > Espontâneo.
    > Provocado.
  • Frequência:
    > Esporádico: não precisa ser investigado, um ou dois casos.
    > Habitual: precisa ser investigado, 3 ou mais episódios.
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18
Q

Quais as ocasiões em que o o abortamento provocado é permitido no Brasil?

A
  • Anencefalia: dois médicos assinam o laudo do USG, a idade gestacional precisa ser maior que 12 semanas. Pode ser feito a qualquer momento da gravidez.

*Não precisa ser dois USG, um mesmo USG pode ser laudado por 2 médicos.

  • Risco a vida materna: dois médicos assinam o laudo. Pode ser feito a qualquer momento da gravidez.
  • Estupro: apenas o relato da mulher (com assinatura de documentos comprobatórios) já é válida, não precisa de boletim de ocorrência, nem perícia, nem juiz.

*Objeção de consciência do médico quanto a não realização do procedimento: o médico pode se negar a fazer o procedimento, mas o hospital não pode deixar a paciente desamparada, sendo obrigatório a indicação de outro profissional.

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19
Q

Qual a causa mais comum de abortamento esporádico?

A

A causa mais comum são as aneuploidias (alteração do número dos cromossomos). Destacando-se as trissomias principalmente a trissomia do 16, que é a causa mais comum de abortamento no geral.

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20
Q

Quais as causas mas comuns de abortamento habitual? Como identifica-las e como trata-las?

A
  1. Incompetência istmo-cervical:
    - Clínica e diagnóstico:
    > Aborto tardio repetido, com feto “nascendo” cada vez mais cedo.
    > Feto vivo e nasce sem complicações.
    > Colo curto.
    > Dilatação indolor do colo.
  • Tratamento: circlagem (12-16 semanas) pela técnica de McDonald.

*Técnica de McDonald: sutura em bolso no colo com fio inabsorvível. O fio é retirado por volta da trigésima semana ou se trabalho de parto.

**Outras técnicas: Shirodkar, Salles-Amaral, Hefner, Wum…

***Fora do período gestacional a técnica de escolha é a de Lash.

  1. Síndrome de Anticorpo Anti-fosfolipídio:
    - Clínica:
    > Colo normal.
    > Pode ter LES associada.
    > Tromboses.
    > Feto morto.
  • Diagnóstico: clínica + anticorpos positivo (2 dosagens positivas).
    > Anticardiolipina.
    > Anticoagulante lúpico.
    > Anti-beta 2 glicoproteína.
  • Conduta: AAS + heparina.

*Heparina na SAF: se SAF com evento trombótico, faz heparina na dose terapêutica. Se SAF com evento obstétrico, faz heparina na dose terapêutica.

  1. Outras: genéticas, anatômicas, endócrinas (tireoideopatia , DM descompensado)….
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21
Q

Quais são as características gerais da mola completa e da mola parcial? Quem mais maligniza?

A
  • Mola completa:
    > Não há embrião.
    > Genes paternos.
    > Diploide (46 XX): um espermatozoide 23 X e um óvulo sem material genético. O material genético do pai se duplica gerando 46 XX.
    > Malignização em torno e 20%.
  • Mola parcial:
    > Presença de tecido fetal.
    > Genes paternos e maternos.
    > Triploide (69 XXY): dois espermatozoides 23 X / 23 Y e um óvulo 23 X. Isso gera material triploide 69 XXY .
    > Malignização em torno e 5%.

*Uma pequena porção das molas parciais pode ser tetraploide.

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22
Q

Qual a clínica da mola hidatiforme?

A
  • Sangramento de repetição.
  • Secreção em “suco de ameixa”.
  • Saída de vesículas (patognomônico).
  • Útero maior do que o que deveria (útero em sanfona, vai aumentando e diminuindo a medida que sangra e o tumor prolifera).
  • Hiperêmese.
  • Pré-eclâmpsia (principalmente se menos de 20 semanas).
  • Hipertireoidismo (semelhança do B-HCG com o TSH).

*Pré-eclâmpsia antes de 20 semanas nunca acontece na gestação normal, logo é praticamente patognomônico de mola.

** *O diagnóstico de mola hidatiforme parcial é mais tardio, já que o quadro clínico da mola hidatiforme completa é mais exuberante (anemia, pré-eclâmpsia, hiperêmese…).

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23
Q

Como é feito o diagnóstico da mola hidatiforme?

A
  • Elevação acentuada do B-HCG.
  • USG com:
    > Flocos de neve.
    > Tempestade de neve.
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24
Q

Como é feito o tratamento da mola hidatiforme? Há indicações para a realização de histerectomia?

A

Esvaziamento uterino a vácuo (vacuoaspiração) + histopatológico.

*Histerectomia pode ser realizada em pacientes com prole definida e mais de 40 anos. Ela não zera o risco de mola, mas reduz bastante.

**Pode fazer AMIU como técnica de esvaziamento, mas não é o mais indicado. Não pode fazer curetagem (risco de ruptura uterina) nem misoprostol (risco de embolização trofosblástica).

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25
Q

Como é feito o controle de cura da mola hidatiforme? Há alguma diferença entre os tipos de mola?

A

O controle de cura é o mesmo independente do tipo de mole ou da realização de histerectomia. Ele usa como parâmetro básico o valor do B-HCG. Que deve ser feito:
- Semanal: até 3 dosagens negativas.
- Mensal: até 6 meses.

Se mantiver negativo = alta, agora se presença de um dos critérios abaixo sugere malignização ()mola invasora) e o tratamento passa a ser quimioterapia (metotrexato é a primeira opção). Critérios:
- Aumentar em 2 semanas (dias 1,7 e 14).
- Ficar 3 semanas em platô (dias 1,7,14,21).
- 6 meses ainda positivo (questionável).
- Metástases (mais comum no pulmão e segundo mais comum na vagina).

*Alguns autores orientam realização de radiografia/TC de tórax apenas em sintomáticas outros de rotina. O exame ginecológico da vagina deve ser seriado.

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26
Q

Na presença de cistos grandes em anexos em uma paciente com com diagnóstico de mola hidatiforme devemos realizar a anecextomia?

A

NÃO devemos fazer anexectomia (retirada dos anexos), a presença eventual de cistos não indicam tumor, apenas estímulo hormonal acentuado.

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27
Q

Qual cuidado devemos ter em uma paciente realizando controle de cura após tratamento de mola hidatiforme?

A

Ela não pode engravidar, usamos o B-HCG no controle de cura. Logo, devemos orientar contracepção de alta eficácia (não pode DIU por se tratar de patologia intrauterina).

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28
Q

Qual a clínica da gestação ectópica? E da ectópica rota?

A

Tríade da gestação ectópica:
- Atraso menstrual.
- Dor abdominal.
- Sangramento.

Ectópica rota:
- Choque (instabilidade hemodinâmica).
- Sinal de Blumberg +.
- Sinal de Proust + (abaulamento e dor no fundo de saco de Douglas).

*A progesterona materna é inferior a uma gestação normal, assim como o crescimento do B-HCG, que normalmente só aumenta 50% em 24/72h ou mesmo diminui.

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29
Q

Quais exames complementares podemos utilizar para diagnóstico de gestação ectópica?

A

USG: útero vazio (com IG ou B-HCG na qual estruturas já deveriam ser visualizadas).

+

B-HCG > 1.500 (valor discriminatório do B-HCG).

*Valor discriminatório do B-HCG: tem que ter saco vitelínico na USG, se não tiver é gravidez ectópica.

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30
Q

Qual a localização mais comum da gestação ectópica?

A

A tromba é o local mais comum, acometendo mais a região ambular em primeiro lugar e em segundo a região do istmo. A região do istmo é a que mais rompe.

31
Q

Qual o tratamento da gestação ectópica?

A
  • Expectante: ectópica íntegra + B-HCG baixo ou declinando.
    > Seguimento semanal evidenciado queda do B-HCG.

*Apesar de descrito na literatura pouco usado na prática.

  • Medicamentoso: ectópica íntegra + condições ideais (sem BCF + massa <3,5-4cm + B-HCG<5.000).
    > Metotrexato injeção local (no saco gestacional) ou sistêmica (IM).
    > Dosar B-HCG nos dias 4 e 7 após a dose e metotrexato e reavaliar. Se houver queda de pelo menos 15%, o medicamento está funcionando. Caso não haja essa queda esperada, pode-se repetir a dose do metotrexato até 3 vezes (se manutenção das indicações).
  • Cirúrgico conservador: exótica íntegra + desejo reprodutivo.
    > Salpingostomia laparoscópica.

*Ainda assim há aumento da chance de outra gravidez ectópica: ectópica prévia + procedimento na trompa.

  • Cirúrgico radical: ectópica rota (via de regra).
    > Salpingectomia laparoscópica (paciente estável) ou laparotômica (instável).
32
Q

Quais os fatores de risco da gestação ectópica?

A
  • Ectópica prévia.
  • Endometriose.
  • Cirurgia abdominal.
  • Raça negra.
  • > 35 anos.
  • Tabagismo.
  • DIP.
  • Anticoncepção de emergência.
  • “DIU” (previne muito bem gravidez tópica, logo de engravidou com DIU existe maior chance de ser ectópica).
33
Q

O que é uma gravidez heterotópica?

A

A presença de uma gravidez tópica e ectópica simultaneamente. Nesses casos não podemos fazer o tratamento medicamentoso (metrotrexate) pois ele seria tóxico pra gravidez tópica.

34
Q

Quais são os principais tipos de doença hemolítica perinatal?

A
  • Incompatibilidade ABO.
  • Incompatibilidade Rh.
35
Q

Quais as características gerais da incompatibilidade ABO? Como a doença pode se desenvolver? Existe profilaxia?

A

Incompatibilidade ABO é a doença hemolítica perinatal mais comum, sendo menos grave que a incompatibilidade Rh. Não precisa de sensibilização para ocorrer, logo, não tem profilaxia. Gera uma proteção parcial contra a incompatibilidade Rh (já existe um mecanismo de hemólise assim reduz a chance de outro). Exemplo: mãe O / filho A ou B.

As manifestações clínicas costumam ser brandas e aparecem normalmente após o nascimento (icterícia de início precoce nas primeiras 24 horas do parto). A fototerapia é a conduta preconizada nestes casos, raramente sendo necessária a exsanguinotransfusão.

36
Q

Quais são as características gerais da incompatibilidade Rh?

A

É a doença hemolítica perinatal mais grave, para sua ocorrência precisa ter havido sensibilização prévia, sendo possível profilaxia com a imunoglobulina anti-D. Exemplo: mãe Rh - / Pai e feto Rh +.

37
Q

Qual a história natural da incompatibilidade Rh?

A
  • Primeira gravidez: reconhecimento e sensibilização materna. Produção de IgM (não atravessa barreira placentária, não causa danos ao feto).
  • Gestações posteriores: doença mediada por IgG (atravessa barreira placentária e causa danos ao feto). A doença é progressivamente mais grave.
38
Q

Como é feito o seguimento da incompatibilidade Rh?

A

Com o Coombs INdireto (solicitado desde a primeira consulta de pré-natal).
- Coombs indireto negativo: repetir com 28, 32, 36 e 40 semanas.
- Coobs indireto positivo:
> Menos que 1/16: dosagem mensal.
> Maior ou igual a 1/16: investigação de anemia fetal (Doppler de artéria cerebral média +/- cordocentese).

*Mãe com história de incompatibilidade Rh em gestação passada tem indicação de Doppler de artéria cerebral média para acompanhamento independente do resultado do Coombs.

39
Q

Como é feita a investigação de anemia fetal na incompatibilidade Rh?

A
  1. Doppler de artéria cerebral média: não invasivo, avalia a velocidade máxima de pico sistólico. SE >1,5 indica cordocentese.

*IG maior que 24 semanas e com velocidade máxima de pico sistólico >1,5 indica logo parto por risco de morte fetal durante a realização da cordocentese.

**Um feto com anemia apresenta-se hiperdinâmico com aumento do débito cardíaco, por isso a velocidade máxima de pico sistólico está acima do valor de referência.

  1. Cordocentese (padrão-ouro): diagnóstico e tratamento da anemia fetal.
40
Q

Quais são as indicações de realização da imunoglobulina anti-D?

A

Essencial: Coombs indireto NEGATIVO (é profilaxia, se mulher já está sensibilizada não tem porque fazer).
+ Sangramento.
+ Exame invasivo fetal (ex.: corodcentese, aminiocentese…).
+ Pós-parto (ideal até 72h, mas pode ser até 28 dias).

*É recomendável fazer imunoglobulina profilática as 28 semanas em toda mãe Rh- para ajudar a prevenir sensibilização no parto (repete após o parto também).

**Após administração da imunoglobulina o coombs indireto ficar positivo temporariamente.

***O uso da imunoglobulina em uma gravidez não evita sensibilização em gravidezes posteriores.

41
Q

Quais são as causas principais de sangramento na segunda metade da gravizez?

A
  • Descolamento prematuro de placenta.
  • Placenta prévia.
  • Roturas (seio marginal, vasa prévia e uterina).

*As roturas são causas menos prevalentes sendo necessário excluir DPP e PP antes.

42
Q

O que é o descolamento prematuro de placenta?

A

O descolamento da placenta antes do período apropriado (dequitação), mas após 20 semanas de idade gestacional (antes é aborto). É uma emergência obstétrica.

43
Q

Quais são os fatores de risco para o descolamento prematuro de placenta? Qual o principal fator de risco?

A

Mnemônico: TA COM DPP.
- Trauma
- Anos > 35.
- Corioamnionite.
- Drogas (ex.: cocaína e tabaco).
- Polidramnia (e gemelar).
- Pressão alta (principal).

*Cocaína é a droga mais associada a DPP.

**A redução aguda da pressão intrauterina, na polidramnia pela saída do líquido e no parto gemelar pela saída do primeiro feto, pode desencadear a DPP.

**Hemoâmnio também pode estar presente.

44
Q

Qual o quadro clínico do descolamento prematuro de placenta?

A

A clínica é desencadeada pelo sangue irritando o útero.
- Sangramento vaginal escuro e com coágulos.
- Dor abdominal.
- Taquissistolia (5 ou mais contrações em 10 minutos).
- Hipertonia uterina (útero em tronco).
- Sofrimento fetal agudo (se ainda não existe, vai se iniciar).

*A hipertonia uterina é a “palavra mágica” para o diagnóstico de DPP.

**Cerca de 20% doa casos de DPP cursam SEM sangramento vaginal (sangramento oculto, posterior), mas os outros sintomas continuam presentes, principalmente a hipertonia uterina.

***A intensidade do sangramento vaginal não pode ser considerada como parâmetro de gravidade para o descolamento, pois o sangue pode estar oculto (posterior).

**Pode existir DPP sem dor (raríssimo), conhecida como DPP assintomática, mas o diagnóstico só pode ser dado pelo histopatológico.

45
Q

Como é feito o diagnóstico do descolamento prematuro de placenta?

A

Pela clínica. NÃO devemos solicitar USG pois não ajuda na investigação diagnóstica e só atrasa o tratamento.

46
Q

Qual deve ser a conduta frente a um descolamento prematuro de placenta?

A
  1. Realizar amniotomia.

*Lembrar de garantir a estabilidade hemodinâmica da paciente se necesário.

**A realização da amniotomia acelera o parto vaginal, reduz a pressão dentro do útero e a velocidade de descolamento do mesmo além de aumentar as chances de sobrevivência fetal. Por isso, deve ser a primeira medida a ser realizada no curso da DPP.

  1. Resolução da gravidez: via depende do feto.
    - Feto vivo: via mais rápida. Geralmente cesárea, mas se parto iminente a via é vaginal (pode utilizar auxílio de fórceps se necessário).
    - Feto morto: via vaginal se parto ocorrer em menos de 4-5h (dilação maior que 4cm), se demorar mais que isso cesárea.
47
Q

Quais são as complicações do descolamento prematuro de placenta?

A
  • Útero de Couvelaire (apoplexia uteroplacentária): atonia uterina. Codutas:
    1) Massagem + medicações uterotônicas.
    2) Sutura de B-Lynch.
    3) Ligadura hipogástrica/uterina.
    4) Histerectomia subotal (tira o corpo do útero e deixa o colo).
  • Síndrome de Sheehan: necrose hipofisária no pós parto com amnorréia.
  • CIVD: passagem de tromboplastina para circulação materna e consumo dos fatores de coagulação pelo sangramento intrauterino.

*Feto morto indica DPP grave, a próxima complicação que a ocorrência de CIVD. Por isso evita-se realização de cesárea na DPP com feto morto (além de um melhor pós-parto para a mulher), sendo esse procedimento realizado apenas se não tiver melhora alternativa.

48
Q

O que é placenta prévia? Como podemos classifica-la?

A

É quando a placenta recobre o colo ou está próxima dele. O diagnóstico só pode ser dado após 28 semanas de gestação. Antes disso, devido ao crescimento desproporcional do útero, 90% das aparentes PP irão migrar, não se tornando de fato prévia.

Classificação antiga:
- Marginal: não recobre o colo do útero mais está próximo dele.
- Parcial: recobre parcialmente o colo do útero.
- Total: recobre todo o colo do útero.

Classificação mais atual:
- Placenta prévia: parcial e total (não são mais subdivididas).
- Placenta e inserção baixa (antiga marginal): não atinge o colo, mas se localiza até 2cm dele.

49
Q

Quais os fatores de risco para a ocorrência da placenta prévia?

A

Mnemônico: CI MET entre o colo e o feto.
- Cicatriz/cesárea.
- Idade > 35 anos.
- Multiparidade e gemelar.
- Endometrite.
- Tabagismo.

*O tabagismo aumenta o tamanho da placenta por dificultar a perfusão do feto, aumentando as chances da placenta ser prévia.

50
Q

Qual o quadro clínico da placenta prévia?

A

Marca: sangramento.
- Progressivo.
- Repetição.
- Espontâneo.
- Vermelho vivo.
- Indolor.
- Ausência de hipertonia e sofrimento fetal.

51
Q

Como é feito o diagnóstico de placenta prévia?

A
  1. Clínica compatível.
  2. Exame especular com sangue saindo do colo (NÃO fazer toque pelo risco de sangramento).
  3. Imagem: USG transvaginal.

*USG TV: não aumenta risco de sangramento, o abdominal pode ser feito, mas não é o método de escolha.

52
Q

Qual a conduta frente a uma placenta prévia?

A

Condutas:
- A termo: interrupção da gestação.
- Prematuro: depende do sangramento.
> Intenso (instabilidade hemodinâmica materna): interromper gravidez.
> Escasso: expectante.

*PP sangrando na emergência: interna e observa por pelo menos 48h para, após essa avaliação, julgar possibilidade de conduta expectante.

Via de parto:
- PP total: cesariana.
- PP parcial: maioria cesariana.
- PP marcinal / inserção baixa: avaliar parto vaginal, mas boa parte vai para a cesárea.

*PP total é contraindicação absoluta para parto vaginal, até com feto morto a via é por cesariana.

53
Q

Quais são as possíveis complicações da placenta prévia?

A
  • Prematuridade.
  • Apresentação fetal anormal.
  • Implantação anormal: acretismo placentário.
  • Puerpério anormal (ex.: hemorragia, infecção…).
54
Q

Como é feito o diagnóstico de acretismo placentário?

A
  • Suspeita: placenta prévia + cesárea anterior.
  • Pré-natal: USG com Doppler ou RM.
  • Pós-parto: dificuldade de extração da placenta.
  • Diagnóstico final: histopatológico.
55
Q

Como podemos classificar o acrestismo placentário?

A
  • Acreta (atinge camada esponjosa do endométrio): avaliar tratamento conservador, mas o padrão é a histerectomia total.
  • Increta (invade miométrio): histerectomia total.
  • Percreta (perfura serosa podendo invadir outros orgãos como a bexiga): histerectomia total.

*Se optado por fazer histerectomia, no pós-parto nem tentar retirar a placenta e proceder logo com a histerectomia pelo risco de sangramento intenso.

56
Q

O que é e quais as manifestações clínicas da rotura do seio marginal?

A

O seio marginal é um vaso presente na periferia da placenta que, quando se rompe, mais comum no periparto, gera manifestações clínica específicas:
- Sangramento indolor.
- Vermelho vivo.
- Espontâneo.
- Tônus uterino normal.
- Sem sofrimento fetal.

A clínica e idêntica a da placenta prévia sendo necessário exames complementares para diferenciação.

57
Q

Como é feito o diagnóstico de rotura do seio marginal?

A
  • Suspeita: clínica (igual a PP) com USG normal (sem evidência de PP).
  • Diagnóstico definitivo: histopatológico (pós-parto).
58
Q

Qual a conduta frente a uma rotura do seio marginal?

A

O sangramento geralmente é discreto e tem bom prognóstico para o parto vaginal.

59
Q

O que é e quais os fatores de risco da rotura de vasa prévia?

A

Vasa prévia é a presença de vasos umbilicais desprotegidos entre a apresentação fetal e o colo, o que favorece a sua ruptura. Os fatores de risco mais importantes são :

  • Placenta bilobada: placenta com dois lopos e subdivisão no meio.
  • Placenta suscenturiada: placenta com massa acessória.
  • Inserção vilamentosa de cordão (principal): o cordão umbilical se insere na periferia da placenta e não no centro, como de costume, fazendo com que os vasos passem entre as membranas. Pacientes com placenta prévia e gestação gemelar tem risco aumentado para essa afecção.
60
Q

Qual o quadro clínico de rotura de vasa prévia? Como é feito o diagnóstico?

A
  • Clínica: Sangramento vaginal após amniorrexe com sofrimento fetal aguda (perda de sangue FETAL).

*Tem alta chance de mortalidade fetal.

  • Diagnóstico: clínica.

*O pré-natal é normal, pois é muito difícil dar o diagnóstico dessa afecção pela USG.

61
Q

Qual a conduta frente a uma rotura do de vasa prévia?

A

Parto por via mais rápida, geralmente cesariana de urgência.

62
Q

Quais os fatores de risco para rotura uterina?

A
  • Multiparidade.
  • Kristeller.
  • Cicatriz uterina (ex.: miomectomia, cesárea…).
  • Parto obstruído.
  • Malformação uterina.

*Kristeller é um procedimento atualmente configurado como violência obstétrica no qual o médico faz uma pressão sobre o útero da mulher com o objetivo de acelerar o parto. NÃO deve ser realizado sobre nenhuma hipótese.

63
Q

Qual o quadro clínico da iminência de rotura uterina e da rotura uterina consumada? Como podemos diferenciar a dor nesses dois momentos?

A
  • Iminência de rotura: síndrome de Bandl-Frommel + dor abdominal intensa.
    > Sinal de Bandl: anel que separa o corpo do semento uterino (útero em formato de 8).
    > Sinal de Frommel: ligamento redondo distendido e palpável.
  • Rotura consumada:
    > Fácil percepção de partes fetais.
    > Sinal de Reasens: subida da apresentação fetal.
    > Sinal de Clark: enfisema subcutâneo (ar passa da vagina para o útero e por fim para o peritônio).

*A dor da rotura uterina: inicialmente é uma dor forte e contínua, no momento da ruptura a dor é lancinante e muito forte. Isso é seguido por um período de calmaria (útero já rompido).

**Fácil palpação de partes fetais: feto fora do útero, ou é rotura consumada ou é ectópica abdominal.

64
Q

O que são as malformações uterinas com útero septado, unicorno, bicorno e didelfo?

A
  • Septado: malformação mais comum, ocorre a formação de um septo no meio da cavidade uterina.
  • Unicorno: causado pela atrofia de um dos ductos de Muller, o útero é formado uma cavidade que se comunica com apenas uma das tubas uterinas. O outro “lado” do útero permanece como uma estrutura deformada.
  • Bicorno: causado por uma falhar na fusão (total ou parcial) dos ductos de Muller. O útero tem duas cavidades, mas apenas um colo.
  • Didelfo: dois hemi-úteros com colo duplo, podendo haver duplicação da vagina.
65
Q

Qual a conduta frente a uma rotura uterina?

A
  • Iminência: cesariana.
  • Consumada: histerectomia ou histereorrafia.
66
Q

Quais os tipos histológicos dos tumores trofoblasticos gestacionais?

A

Os tumores trofoblasticos gestacionais (neoplasia trofoblástica gestacional), incluem a mola invasora (coricadenoma poetruens), o coriocarcinoma e o tumor trofoblástico do sítio placentário.

Na metade dos casos de neoplasia trofoblástica gestacional, existe uma nistória prévia de gestação molar; em 25% de um abortamento ou gestação ectópica; e em 25% de uma gravidez a termo ou pré termo.

  • Mola invasora: mais comum, geralmente não causa metástases. É considerada sequela da mola hidatiforme.
  • Coriocarcinoma: na metade dos casos, o coriocarcinoma é precedido por uma gestação normal. Apresenta extensas áreas de necrose e hemorragia, as metástases surgem em 4% dos casos.
  • Tumor Trofoblástico do Sítio Placentário: não produz níveis elevados de beta-hCG, mas, em compensação, encontraremos níveis elevados de lactogênio placentário. Pode surgir após uma gestação molar, gravidez a termo (maior parte dos casos) ou abortamento. Normalmente o diagnóstico é tardio, meses ou anos após parto ou abortamento. Esta variedade de TTG é bastante agressiva, com pouca resposta à quimioterapia. O tratamento de escolha é a histerectomia associada à quimioterapia.
67
Q

Na doença hemolítica perinatal, quais manifestações podem acontecer?

A
  • Hemólise.
  • Anemia.
  • Hidropsia fetal.
  • Kernicterus.

A hemólise e a anemia, em conjunto, são responsáveis pelo quadro de hidropisia fetal, caracterizado pelo extravasamento de líquido para o terceiro espaço, com formação de derrame pleural, derrame pericárdico, ascite e edema cerebral.

Além disso, pode haver no recém-nascido o desenvolvimento do quadro denominado de kernicterus, pela impregnação das células cerebrais por bilirrubina, podendo incluir desenvolvimento de letargia, hipertonicidade, perda auditiva, paralisia cerebral e dificuldade de aprendizado.

Hemólise > Anemia grave > Hipercinesia cardíaca > ICC.

Hematopoiese extra medular > Hipertensão porta e hipoproteinemia > Hidropsia.

68
Q

Como deve ser feito o tratamento da anemia fetal na doença hemolítica perinatal?

A

Pode-se optar pelo tratamento intrauterino ou após o nascimento. Indica-se a antecipação do parto em casos de fetos a termo ou próximos da maturidade, ou transfusão intrauterina em casos de doença grave (hematócrito < 30% ou hemoglobina < 10 g/dl, ou hidrópicos) ou em fetos muito prematuros (< 34 semanas).

  • Menos de 34 semanas ou grave: transfusão intrauterina (cordocentese). O sangue é administrado através da veia umbilical, por meio de cordocentese. O tipo sanguíneo a ser infundido deve ser sempre O negativo e o objetivo é um hematócrito entre 40 e 45%. Após isso, a cordocentese será repetida sempre que necessário, com intervalos de 2 a 21 dias, de acordo com os níveis hematimétricos ao final de cada transfusão.
  • Mais de 34 semanas: parto. O tratamento do recém-nascido gravemente acometido se baseia na exsanguinotransfusão, enquanto nos casos mais leves é possível realizar fototerapia.
69
Q

O que significa os termos: abortamento tubário, gravidez de sírio desconhecido e gravidez incipiente?

A
  • Abortamento tubário: consiste em uma gestação ectópica que está se resolvendo espontaneamente, com beta-hCG em queda e paciente com poucos sintomas.
  • Gravidez de sítio desconhecido: beta-hCG acima do limite discriminatório, porém a ultrassonografia não é capaz de identificar o saco gestacional.
  • Gravidez incipiente: valor de beta-hCG abaixo do limite discriminatório e sem imagem característica de gestação na USG.
70
Q

Quais o exames devem ser realizados em um paciente em uso de metotrexato? Quais os possíveis efeitos colaterais?

A

Pacientes em uso de terapia medicamentosa com metotrexato devem realizar hemograma completo, coagulograma, funções renal e hepática.

A supressão de medula óssea, a elevação transitória das transaminases e a nefrotoxicidade são possíveis efeitos
colaterais.

71
Q

Qual o parâmetro de crescimento do B-HCG é encontrado em gestações viáveis?

A

O B-HCG duplica em 24/72h em gestações viáveis.

72
Q

O que é e para que serve o teste de Kleihauer?

A

O teste de Kleihauer identifica e quantifica hemácias fetais na circulação materna, mas ele não confirma aloimunização materna. Quando este teste é negativo isto indica que não há hemácias fetais na circulação materna.

73
Q

O que fazer frente a uma paciente com necessidade de AMIU, mas com colo fechado?

A

O AMIU possui cânulas finas que permitem o procedimento até mesmo com o colo fechado. Caso isso não seja possível, deve-se ilatar o colo com vela de Hegar para, apenas após esse procedimento, realizar a Aspiração Manual Intrauterina (AMIU).

*Em colos abertos a dilatação não é necessária.