1ª- Idade Escolar, Desenvolvimento Cognitivo I Flashcards

1
Q

Quais são as principais características do Estádio Operatório Concreto? E porque se chama concerto?

A

A criança relaciona-se com o mundo por meio de ações mentais que vão além da informação dada em termos percetivos. As operações são ações interiorizadas, reversíveis e comportando leis de totalidade. Concretas porque embora executadas a um nível interno ou mental, aplicam-se a conteúdos concretos. A criança passa a conseguir coordenar as duas dimensões necessárias à resolução de vários problemas, como por ex., espaço percorrido e tempo gasto a percorrê-lo.
A inteligência operatória é capaz de:
- Operar a nível cognitivo.
- Argumentar a nível verbal.
- Cooperar a nível social.
- Participar no jogo das regras ao nível lúdico.
A inteligência pré-operatória dá lugar à lógica operatória: a linguagem egocêntrica ou formada por monólogos individuais, dá lugar à linguagem socializada e feita de perguntas, críticas e pedidos de informação; o respeito unilateral (só eu) ao respeito recíproco; jogo simbólico ou faz de conta ao jogo de regras.

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2
Q

O que é a descentração? Que provas mostram esta capacidade?

A

Não ver tudo em função de uma só dimensão ou ponto de vista, mostrando capacidade de coordenar as várias dimensões de que depende um problema.
Ex. na prova de conservação de líquidos a criança passa a ser capaz de atentar à largura e à altura do copo; na prova de seriação de varinhas a criança passa a compreender que uma dada varinha X é ao mesmo tempo maior do que a varinha Z e menor do que a varinha W (antes eram ou grandes ou pequenas).

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3
Q

O que é o perspetivismo? Que provas mostram esta capacidade? Quais são os 2 níveis?

A

Capacidade de atender a diferentes perspetivas, dimensões ou pontos de vista. Ex. na prova das três montanhas, as montanhas já podem ser vistas de modo diferente por observadores colocados em posições diferentes. Quando a criança escolar faz desenhos tende a desenhar a realidade como a vê, mesmo que a veja em perspetiva, a isto chama-se realismo visual (por contraste, a criança pré-escolar tende a desenhar, por ex., as duas pernas de um cavaleiro, mesmo quando a vista de perfil só lhe permite ver uma).
(Dificuldade em, depois de ver a perspetiva do outro, ver a própria perspetiva na mesma.)
A capacidade perspetiva leva-a a ser capaz de imagens antecipadoras, de imaginar, por exemplo, na prova de translação dos quadrados, como é que ficam dois quadrados contíguos.
Flavell e os níveis de perspetiva:
Nível 1 Idade pré-escolar, aceitam que elas e os outros podem não ver a mesma coisa num dado momento.
Nível 2 As mesmas coisas podem parecer diferentes a outros que as vêem de uma posição ou ângulo diferente.

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4
Q

O que é a reversibilidade? Que provam mostram esta capacidade?

A

Capacidade de executar uma ação em ambos os sentidos: direto e inverso/recíproco. Ex. o líquido que passa do copo A para o copo B, passa depois do copo B para o copo A, é sempre o mesmo volume (reversibilidade por inversão). Este problema é também passível de ser resolvido com outro argumento: o que o líquido ganha em largura perde em altura (reversibilidade por reciprocidade ou compensação). Mais exemplos:

  • A subtração é o inverso da adição.
  • A divisão é o inverso da multiplicação.
  • A radiciação é o inverso da potenciação.
  • Prova de classificação de veículos, de acordo com terem/ não terem motor ou terem 2 /4 rodas, a criança escolhe qual dos critérios que vai utilizar para classificar os veículos, conseguindo alternar depois.
  • Prova de conservação de comprimento, varinha é empurrada para a frente e para trás, mas continua a ter o mesmo comprimento.
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5
Q

Quais são as provas que demonstram a coordenação entre afirmações e negações?

A
  • Na prova de transferência de elementos, a criança coordena afirmações e negações quando compreende que a ação de transferir um elemento do cesto para a caixa (afirmação), faz diminuir o cesto em 1 elemento (negação) mas aumenta a caixa em 1 elemento. Neste processo, gera-se uma diferença de 2 elementos entre as duas coleções.
  • Na prova de inclusão de classes, perante um ramo com 10 flores, 8 rosas e 2 cravos, a criança aceita que todas as rosas são flores (afirmação), e que nem todas as flores são rosas (negação).
  • Na prova de conservação de líquidos, a criança percebe que a altura e a largura não são absolutas e independentes, mas relativas e interdependentes.
  • Na prova dos cubos e dos sinos, embora todos os cubos vermelhos tenham sinos (afirmação), pode haver cubos com sinos que não são vermelhos (negação). De olhos tapados não é possível meter sem erros todos os cubos vermelhos no tubo.
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6
Q

O que é a subordinação das configurações às transformações?
Que provas demonstram melhor esta competência? Quais são os diferentes argumentos utilizados por crianças de idade escolar?

A

Na prova de conservação do peso, uma bola de plasticina é transformada numa salsicha.
Na prova de conservação do número, a fila de elementos ora alonga ora encurta.
É típico da inteligência pré-operatória dar mais importância às configurações do que às transformações. A inteligência operatória subordina as configurações às transformações, não vai atrás dos aspetos percetivos das transformações, mas atende às transformações em si mesmas.
A conservação de quantidade, tenha ela a ver com substância (peso e volume) ou área (comprimento e distância), é a realização intelectual que melhor põe em jogo esta competência. Na prova de conservação do comprimento, a criança compreende e explica de várias formas porque é que o avançar de uma varinha não a faz mais comprida do que a outra:
- Argumento de identidade
“É o mesmo caminho para andar, só puxamos uma varinha mais à frente”. Outro ex., na prova de conservação do peso, a criança sabe que a argila ainda é a mesma argila mesmo que tenha um formato diferente.
- Argumento de reversibilidade por inversão
“Pode pôr-se como estava antes, é só voltar a puxar de novo a varinha para trás”. Outro ex, na prova de conservação do peso, a criança sabe que pode restituir a salsicha à forma de uma bola.
- Argumento da compensação ou reversibilidade por reciprocidade das relações
“É igual. O caminho de baixo chega mais longe, mas também começa depois do outro”. Outro ex, na prova de conservação do peso, a criança sabe que é capaz de levar em conta tanto o comprimento como a largura. Ele reconhece que, embora a bola seja mais curta que a “salsicha”, ela também é mais grossa.

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7
Q

Como se caracteriza a capacidade de distinção entre transformações relevantes e irrelevantes?

A

Compreender que há transformações que são superficiais e que não afetam, por exemplo, a quantidade de substância envolvida, mudanças irrelevantes, e outras que são profundas e que afetam essa quantidade, mudanças relevantes. Ex., a criança tende a declarar que tendo os dois conjuntos o mesmo número de botões, apertá-los ou afastá-los em nada altera a sua quantidade de elementos.

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8
Q

O que é a capacidade de compreender as transformações em termos autónomos, não subjetivos?

A

Ao invés da inteligência pré-operatória, que tende a invocar fatores de ordem pessoal e subjetiva para explicar situações e ocorrências onde esses fatores não têm qualquer interferência, a inteligência operatória caracteriza-se por uma distinção mais clara entre interioridade e exterioridade, subjetividade e objetividade, assimilação e acomodação. A criança compreende que há situações que são como são por razões autónomas, objetivas e independentes da vontade, desejo ou ações do sujeito.
Na prova de determinação do valor cardinal de um conjunto, a equivalência numérica inicial entre os dois conjuntos nunca mais é desfeita, por muito que a criança aproxime ou afaste os seus elementos constituintes.

Por exemplo, argumentos de identidade, inversão e compensação

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9
Q

Quais os níveis da capacidade de compreensão da distinção entre o real, o possível e o necessário?

A

Co-possível concreto o possível pode-se afastar um pouco do real, embora não se assuma a existência do possível como um simples conjunto de potencialidades virtuais.
Co-possível formal o possível pode-se afastar um pouco do real, do qual o real é uma das infindáveis formas de actualização.
Por ex., prova dos trajetos possíveis de uma viatura do ponto A para o ponto B, a criança escolar admite co-possíveis, vários caminhos de A a B, mas 1000 caminhos são muitos e a mesa é pequena para tantos caminhos.

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10
Q

O que é a capacidade de sensibilidade à contradição e quais os vários tipos?

A

A criança compreende que certas ações mentais, como o subtrair de um certo conjunto os elementos que lhe tinham sido adicionados antes, não podem, sob pena de incorrerem em contradição, levar senão a certos resultados.
Não é possível negar-se o que antes se tinha afirmado: contradição por amnésia. Ex. na prova dos cubos e dos sinos, a criança apercebe-se que meter os cubos vermelhos no tubo opaco, por exemplo, não pode levar a dois resultados diferentes quando a criança faz a experiência a ver ou de olhos vendados, isto significa que há cubos com sinos que não são vermelhos.
Não é possível atribuir uma certa ocorrência a fatores que se contradizem entre si: contradição por condensação. Ex. “Esta pedrinha faz subir a água porque é pesada, e este pedaço de madeira faz subir a água porque é grande.”.

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11
Q

O que são regulações operatórias? Quais os argumentos operatórios que são exemplos de regulações operatórias?

A

Perante situações de perturbação ou desequilíbrio cognitivo, a criança consegue realizar ações mentais que evitam a contradição, e a confusão entre transformações relevantes e irrelevantes, configurações e transformações e relações autónomas e ações pessoais. Os argumentos operatórios de identidade, reversibilidade e compensação são exemplos de regulações operatórias.
- Identidade: Nada se tirou, nada se acrescentou.
- Reversibilidade: Tudo pode voltar à situação inicial.
- Compensação: Uma modificação num certo sentido implica uma outra em outro sentido.
A regulação operatória é também a antecipação de um certo critério que permite a resolução de um dado problema, ou mesmo a antecipação de uma certa dificuldade que vamos encontrar em determinada situação. Por ex. na prova de seriação de varinhas a criança recorre a uma regulação operatória quando compreende, antecipadamente, que uma maneira eficaz de as seriar pelo comprimento consiste em procurar-lhes uma base comum. (Prevenir a contradição)

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12
Q

Ensinar coisas científicas às crianças ajuda-as a desenvolverem-se mais?

A

Não. O nível de desenvolvimento condiciona a aprendizagem. Ex. crianças que aprenderam o que são átomos não conseguiram responder melhor a uma pergunta que envolvia manipulação concetual do conceito que crianças que nunca o tinham aprendido.
Não vale a pena estimular as crianças em excesso, retira-lhes tempo para as atividades fundamentais, como brincar.
A brincadeira é importante porque as crianças aplicam o que aprenderem, sempre ao nível de desenvolvimento real. As crianças também desenvolvem competências ao brincar, que depois ir-lhes-ão ser importantes. Na brincadeira as crianças imitam e reproduzem o conhecimento que têm sobre o mundo que as rodeia.

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13
Q

A escolarização é condição necessária? É suficiente?

A

A simples ida à escola parece promover a aquisição das tarefas de Piaget. Quando as crianças da mesma idade são testadas, aqueles que estiverem à mais tempo na escola irão dar-se melhor com problemas de inferência transitiva.
No entanto, várias experiências não escolares podem promover o pensamento operacional. Crianças brasileiras de 6 e 7 anos que são vendedoras de rua, não fazem bem as tarefas piagetianas de inclusão de classes, mas realizam muito melhor que as outras crianças versões relevantes para a venda na rua, por ex. “Se tiveres 5 chicletes de menta e 2 chicletes de morango, é melhor vender as de menta ou as de morango?”
Os investigadores concluíram que as formas de lógica requeridas pelas tarefas de Piaget não emergem espontaneamente, mas são altamente influenciadas por treino, contexto e condições culturais.

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