Anestésicos Locais Flashcards

1
Q

Quais são as classes dos anestésicos locais?

A

Ésteres e Amidas.

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2
Q

Quais são os fatores que influenciam na potência e na duração da ação de um anestésico local?

A

Lipossolubilidade e o pKa.

Quanto mais apolar, maior a potência e a duração do efeito.

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3
Q

Como o pKa interfere na ação dos anestésicos locais?

A

Quanto menor o pKa de um anestésico local, maior a concentração da forma neutra da base fraca (do fármaco), que consegue atravessar o epineuro dos nervos e se difundir em meio à membran plasmática dos axônios, possibilitando o seu acesso ao canal de Na+.

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4
Q

Qual é a forma dos anestésicos locais que é mais ativa no receptor presente no canal de Na+?

A

A forma catiônica.

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5
Q

Quais são as vias de acesso dos anestésicos locais ao sítio de ação no canal de Na+?

A

Via axoplasma, passando pelo portão de inativação que está voltado para o interior do axônio.
Via membrana plásmatica, passando por fendas laterais que são permeadas por fosfolipídios.

Na via do axoplasma, o fármaco deve estar na forma catiônica;
Na via da membrana plasmática, o fármaco deve estar na forma neutra!

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6
Q

Por que os anestésicos locais são menos efetivos quando aplicados em tecidos infectados/inflamados?

A

Porque nessas situações, o pH é menor, de modo que a concentração de H+ é maior, e isso desloca o equilíbrio para a direita, isto é, é favorecida a formação do princípio ativo catiônico, o qual não se difunde bem por membranas e, com isso, não alcança o canal de Na+, de modo que seu efeito é menor.

A adição de bicarbonato nesses casos ajuda a a aumentar a concentração da base neutra, o que favorece a difusão do fármaco.

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7
Q

Por que se diz que a farmacocinética dos anestésicos locais é “ao contrário”?

A

Porque além da eliminação, a absorção e a distribuição reduzem seus efeitos.

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8
Q

Compare o t1/2 dos anestésicos locais da classe dos ésteres e das amidas.

A

O t1/2 dos ésteres tende a ser menor, uma vez que esses fármacos são propensos a sofrerem hidrólise das esterases.
Por outro lado, o t1/2 das amidas tende a ser maior, já que a sua eliminação se dá por via hepática, sendo, então, dependentes das enzimas CYP, o que leva mais tempo.

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9
Q

Qual é o mecanismo de ação dos anestésicos locais?

A

Eles bloqueiam os canais de Na+ voltagem-dependentes. Com a ligação dos fármacos aos canais em suas formas ativas e inativas (maior afinidade por ele nessas formas), a amplitude do potencial de ação é reduzida, havendo lentificação da propagação desse potencial. Com isso, em fibras senstivas, a condução do potencial é bloqueada e, assim, temos o efeito anestésico.

Aumento do limiar de excitação -> Lentificação da condução de impulsos nervosos -> Queda da taxa de elevação do PA -> Redução da amplitude do PA -> Abolição da capacidade de gerar PA.

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10
Q

Qual é a importância da frequência de disparo de uma fibra nervosa para a ação dos anestésicos locais?

A

Em fibras de disparo rápido, os canais de Na+ tendem a ocupar mais a condição de ativos e inativos, que são as formas pelas quais os ALs têm maior afinidade pelo canal.
Numa situação de dor, por exemplo, os nociceptores disparam muito, então os ALs conseguem atuar sobre eles impedindo a transmissão da informação dolorosa.

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11
Q

Qual é o cuidado que se deve tomar em relação às fibras de disparo rápido e ao uso de ALs?

A

Pode acontecer um bloqueio dependente de uso, uma vez que conforme o canal retorna rapidamente à forma de repouso, pela qual o AL tem pouca afinidade, não dá tempo do fármaco se dissociar, gerando um bloqueio cumulativo.

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12
Q

Qual é o problema de se administrar um AL numa área muito vascularizada?

A

O fármaco pode ser absorvido mais rapidamente pela corrente sanguínea e, com isso, ao invés de gerar efeito anestésico local, pode gerar efeitos sistêmicos indesejados.

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13
Q

Com relação à eliminação, em que situação os anestésicos locais do tipo éster podem ser tóxicos?

A

Quando o paciente possui hidrólise plasmática reduzida ou ausente por ter uma butirilcolinesterase plasmática atípica.

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14
Q

Com relação à eliminação, em que situação os anestésicos locais do tipo amida podem ser tóxicos?

A

Em pacientes com doença hepática ou com redução do fluxo sanguíneo hepático, como na ICC.
Na insuficiência renal, xilidetos podem se acumular e gerar toxicidade sistêmica.

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15
Q

Qual é a ordem crescente de metabolização hepática dos ALs do tipo amida?

A

Prilocaína -> Lidocaína -> Mepivacaína -> Ropivacaína ~ Bupivacaína e Levobupivacaína.

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16
Q

Quais são as duas características primordiais dos ALs em relação aos canais de Na+ voltagem-dependentes?

A

Eles possuem seletividade conformacional e são inespecíficos.

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17
Q

O que seria o bloqueio diferencial?

A

Os anestésicos locais são fármacos inespecíficos em relação aos canais de Na+ voltagem-dependentes, e isso quer dizer que eles atuam não apenas nas fibras nervosas sensitivas, mas também em fibras motoras e autonômicas, com diferentes afinidades para cada tipo de fibra. Assim, as fibras nervosas são bloqueadas em um grau proporcional à afinidade dos ALs por elas, gerando um bloqueio diferencial.

Os ALs tem tanta afinidade por fibras nociceptivas da raiz dorsal quanto por fibras simpáticas pós-ganglionares;
A menor afinidade dos ALs é pelas fibras motoras/proprioceptivas.

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18
Q

Cite um problema da atuação dos ALs sobre as fibras simáticas pós-ganglionares.

A

Vasoplegia, gerando acúmulo de sangue periférico.

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19
Q

O que seria o bloqueio somatotópico?

A

É o bloqueio que se orienta de acordo com a disposição anatômica dos feixes nervosos dentro dos nervos. Em outras palavras, os feixes mais centrais inervam estruturas mais distais, enquanto que os feixes mais periféricos inervam estruturas mais proximais.
Assim, quando aplicado o AL, o efeito anestésico acontece por segmentos, isto é, primeiro estruturas mais proximais e depois mais distais. Isso porque ele deve ser aplicado mais externamente e se difundir para o centro, evitando lesão neural.

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20
Q

Quais são as vias de admnistração dos ALs?

A
  • Tópica
  • Infiltração perineural
  • Bloqueio de tronco nervoso
  • Espinal
  • Epidural
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21
Q

Quais são as vantagens de se administrar um vasoconstritor com um AL?

A
  • Aumento local da captação neuronal por aumento da concentração tecidual mais alta e sustentada, gerando bloqueio mais longo
  • Redução do nível sérico de AL, reduzindo o risco de efeitos tóxicos sistêmicos
  • Contrabalanceamento da vasodilatação gerada por alguns ALs, como lidocaína
22
Q

Qual é a utilidade do uso de simpaticomiméticos aplicados na medula espinal?

A

Eles ativam receptores alfa2 adrenérgicos, e isso contribui para a anestesia.

A adrenalina é a mais usada;
A fenilefrina é uma opção seletiva;
A felipressina é uma opção também;
A CLONIDINA é uma opção possível!

23
Q

Quais são as contraindicações do uso de fármacos adrenérgicos com ALs?

A
  • Potencialização da neurotoxicidade dos ALs aplicados para bloqueio nervoso periférico e anestesia espinal
  • Procedimento em áreas com pouca circulação colateral, como nos dedos (bloqueio digital), pelo risco de isquemia
24
Q

Qual é a relação dos ALs ésteres com o PABA?

A

Pessoas alérgicas ao PABA e que foram sensibilizadas a ele, caso utilizem um AL, podem ter uma reação alérgica cruzada porque um dos produtos da degradação dos ALs ésteres parece com o PABA.

25
Q

Qual condição hematimétrica os ALs podem induzir? Quais fármacos fazem isso?

A

Metemoglobinemia.
Prilocaína, articaína e benzocaína.

26
Q

A qual proteína plasmática os ALs gostam de se ligar?

A

**Alfa-glicoproteína ácida. **

27
Q

Qual é a grande consequência da falta de alfa-glicoproteína ácida? Em que situação isso pode acontecer?

A

Efeitos sistêmicos indesejados.
Pode acontecer em caso de alteração hepática.

28
Q

Qual é a importância da alfa-glicoproteína ácida para gestantes?

A

Os ALs são capazes de atravessar a placenta devido às suas características químicas e, com isso, podem alcançar o feto, o qual possui menos alfa-glicoproteína ácida que a mãe, o que pode significar uma intoxicação.

29
Q

Qual é a grande consequência da diferença de pH materno-fetal no contexto do uso dos ALs?

A

O pH fetal é diferente do da mãe; em caso de hipóxia, o pH fetal tende a ser reduzido e, com isso, o AL fica mais preso no feto, gerando o aprisionamento iônico.

30
Q

Quais são os efeitos adversos locais dos ALs?

A
  • Lesão tecidual
  • Hematoma
  • Necrose (pelo uso de vasoconstritor)
  • Parestesias
  • Infecção
31
Q

Quais são as causas de toxicidade sistêmica pelos ALs?

A
  • Injeção intravenosa ou absoração do AL onde foi administrado (o AL pode ir para no coração)
  • Superdosagem (o AL pode extravasar para o vaso mais próximo)
  • Escolha do AL inadequado (bupivacaína é cardiotóxica)
  • Contato direto com elementos neurais (neurotoxicidade)
32
Q

Quais são os efeitos da toxicidade dos ALs para o SNC?

A
  • Sedação
  • Tontura
  • Nistagmo
  • Tinnitus
  • Oscitação
  • Hipotensão ortostática
  • Depressão respiratória
  • Coma
  • Morte
  • **Desinibição paradoxal: **
  • Agitação
  • Taquicardia
  • Taquipneia
  • Tremores
  • Convulsões tônico-clônicas
33
Q

Por que os ALs são capazes de induzir quadros convulsivos?

A

Porque ocorre um efeito paradoxal através da desinibição: uma janela de concentração plasmática de bloqueadores de canal de Na+ apresenta efeito em circuitos GABAérgicos inibitórios, permitindo a atividade de vias neuronais excitatórias sem oposição.

34
Q

Quais são os sinais precoces de intoxicação por ALs?

A
  • Dormência perioral
  • Dormência lingual
  • Gosto metálico na boca
35
Q

Qual é o grande efeito negativo da bupivocaína? Quais são as alternativas a esse fármaco?

A

Cardiotóxico.
As alternativas são a ropivacaína e a levobupivacaína.

36
Q

Quais são os efeitos da toxicidade cardiovascular dos ALs?

A
  • Vasodilatação
  • Depressão miocárdica
  • Arritmias
  • Hipotensão
  • Risco específico dos vasoconstritores (isquemia, crise hipertensiva, etc)

Bupivacaína faz alargamento de QRS!

37
Q

Qual é o tratamento para cardiotoxicidade por AL?

A

Emulsão Lipídica Intravenosa (ELI).

A emulsão sequestra outras substâncias lipofílicas, como os ALs, do plasma, reduzindo a concentraçao deles nos tecidos, como o cardíaco.

38
Q

Qual é o tratamento para neurotoxicidad por AL?

A

No caso de parada:
* protocolo ABC
* suporte de vida
No caso de convulsão:
* BZD

Protocolo ABC: via aérea com proteção da cervical; ventilação e perfusão; circulação.

39
Q

Quais são os usos clínicos dos ALs?

A
  • Infiltração local (suturas)/ infiltração gengival
  • Anestesia tópica de pele/mucosas (evitar a dor da injeção)
  • Administração transdérmica (cateterismo cardíaco)
  • Mistura eutética lidocaína-prilocaína (EMLA)
  • Iontoforese
  • Bloqueios nervosos

Dor crônica e anestesia geral!

40
Q

Quais ALs são recomendados para infiltração gengival?

A

Primeira linha: articaína.
Mepivacaína (ação média);
Bupivacaína (ação longa);
Prilocaína;
Lidocaína.

41
Q

Qual a principal aplicação da benzocaína?

A

Anestesia tópica.

Induz metemoglobinemia!

42
Q

Em que condições a bupivacaína é usada?

A

Em concentrações BAIXAS, em procedimentos que pedem anestesia periférica prolongada (trabalho de parto) e para analgesia para controle da dor no pós-operatório. Também pode ser usado para controle da dor na incisão cirúrgica.

43
Q

Qual é a grande aplicação da cloroprocaína?

A

É um agente epidural na anestesia obstétrica de ação rápida, sendo fundamental em situações em que há sofrimento fetal.

44
Q

Qual é a grande aplicação clínica da cocaína?

A

Anestesia tópica em procedimentos otorrinolaringológicos (ação vasoconstritora para reduzir o sangramento).

45
Q

Qual é a grande aplicação clínica da mepivacaína? Em que situação não deve ser usada?

A

Bloqueio periférico grande.
Não deve ser usada em anesteisa epidural na parturiente, já que demora a ser metabolizada pelo feto.

46
Q

Qual é a aplicação da EMLA?

A

Produzir dormência localizada por conseguir penetrar na camada ceratinizada da pele, de modo que é boa para anestesia tópica na pediatria (colocação de cateter intravenoso, por exemplo).

47
Q

No que consiste a aplicação de AL epidural?

A

É a aplicação do fármaco fora do canal medular, pegando ramos dos nervos espinhais, tendo a vantagem de não gerar dor por descompressão que acontece quando há vazamento do LCR.

48
Q

No que consiste a aplicação de AL espinhal?

A

É a aplicação dentro do canal medular, na qual o AL se espalha pelo LCR e banha diversas raízes nervosas.

49
Q

Como deve ser feita a aplicação de AL espinhal?

A

Com uma solução hiperbárica para controlar o espalhamento do AL, de modo que essa solução de maior densidade em relação ao LCR faz com que ele se deposite mais para baixo, assim, o AL não se esapalha para raízes nervosas mais superiores.

A inclinação da mesa pode ajudar no controle do espalhamento!!!

50
Q

O que a aplicação espinhal e epidural possui em comum?

A

Em ambas há bloqueio de troncos nervosos grandes, além de grande bloqueio autonômico (e um pouco de motor), podendo gerar vasodilatação na pelve e nos MMII, de modo que o paciente pode apresentar hipotensão e até mesmo isquemia.