Compêndio de Teologia Flashcards
(23 cards)
No que consiste a salvação do homem?
1-No conhecimento da verdade
2- Na intenção do devido fim
3- Na observância da justiça
O que é necessário para conhecer a verdade?
A fé, pois o conhecimento da verdade foi encerrado em poucos artigos de fé
O que é necessário para que a intenção se coloque no devido fim?
A esperança, pois ela significa a correta tendência da intenção
O que é necessário para que se observe a justiça?
A caridade, pois a justiça humana consiste na observância da lei, que está consumada no preceito da caridade.
O que é a fé?
É o antegosto do conhecimento que trará a beatitude no futuro.
No que consiste o conhecimento beatificante?
Em duas coisas: (i) a divindade da Trindade; (ii) e a humanidade de Cristo.
O que é necessário conhecer acerca da divindade?
Três coisas: (i) a unidade da essência; (ii) a trindade das Pessoas; (iii) os efeitos da divindade.
Qual a primeira coisa acerca da unidade da essência que se deve conhecer?
Que Deus existe.
Por que meio se conhece que Deus existe?
Todas as coisas que se movem são movidas por outras. É impossível que na cadeira de movidos e moventes se proceda ao infinito, senão os infinitos moventes e movidos serão como instrumentos (causa intermediária). Ora, não há instrumento sem um agente. Portanto, há um primeiro motor e este é Deus.
Por que Deus é imóvel?
Tudo que se move é movido por si mesmo ou por outro. O primeiro motor não pode ser movido por outro. Se o for não é primeiro motor. O que é movido por si mesmo pode o ser de dois modos. Segundo o mesmo ser motor e movido, ou segundo algo seu ser motor e segundo algo seu ser movido. O que é movido está em potência e o motor está em ato. Se segundo o mesmo for motor e movido, será potência e ato ao mesmo tempo o que é impossível. Se segundo algo seu for motor e segundo algo seu movido, será primeiro motor apenas em razão da parte que é motor. Mas o motor é anterior ao movido. Não pode algo ser chamado de primeiro motor, se tal convém a uma parte sua apenas. Necessário, portanto, que o primeiro motor seja de todo imóvel.
Por que Deus é eterno?
Tudo o que tem início e fim o é assim por movimento (mutação). Ora, se Deus é imóvel, é eterno.
Por que é necessário que Deus exista?
O que pode ser e não ser é mutável. Logo necessita de outro que lhe faça ser, o qual lhe é anterior. Não há nada anterior a Deus. Logo, é necessário que seja.
Por que Deus é sempre?
Tudo que vem a ser ou deixa de ser o faz por movimento (mutação). Deus é imóvel. Logo, impossível que tenha começado a ser ou deixe de ser.
Por que em Deus não há sucessão?
A sucessão dá-se nas coisas sujeitas ao movimento, pois é o antes e o depois do movimento que causam a sucessão no tempo. Deus é imóvel. Logo não há nele sucessão, senão que seu ser é todo simultaneamente.
Por que de Deus ser sempre e não haver nele sucessão, haure-se sua eternidade?
Eterno é o que é sempre e cujo ser é todo simultaneamente, como disse Boécio: “A eternidade é a posse simultânea total e perfeita de uma vida interminável”. Logo, destas razões aparece ele é eterno.
Por que Deus é simples?
É necessário haja duas coisas que se tenham entre si como potência e ato para que haja composição. Deus é o primeiro motor. É impossível que haja nele potência. Logo, é impossível que Deus seja composto.
Por que Deus é sua essência?
Em qualquer coisa em cuja constituição não haja algo por acidente, a essência será idêntica à coisa. O acidente é aquilo que poderia não ser na coisa sem ela deixar de ser o que é. Mas tudo o que pode ser e não ser é móvel. Logo está na coisa por modo de potência.
Deus é simples, pois nele não pode haver a dualidade de ato e potência. Logo, Deus é sua própria essência.
O que significa dizer que Deus é sua própria essência?
A essência é aquilo que é comum a vários indivíduos, que se distinguem por algo que está além da essência participada. Mas Deus é sua própria essência. Logo Deus não é um individuo (um particular). É supraindividual.
Por que em Deus a essência não se distingue do ser?
Nas coisas que a essência se distingue do ser, a essência diz o que é a coisa e o ser diz que a coisa é (existe). Em Deus não há algo que corresponda para “o que é” e algo para “que é” (existe), pois Deus é simples. Nele essência e ser são o mesmo.
Ademais, em Deus não há potência e todo ato próximo ao ato último estará em potência para ele. Necessário que a essência de Deus seja o ato último, senão estará em potência para ele, o que não se admite em Deus.
Todo e qualquer movimento é a passagem da potência ao ato. O ato de ser é a atualidade de todos os atos; o fundamento de todo e qualquer movimento; aquilo que informa e subjaz todos os atos; aquilo que vem antes e está pressuposto em todo e qualquer movimento ou ato. Neste sentido, é dito ser o último ato.
Deste modo, é necessário que a essência divina seja o próprio ser (ato de ser).
Por que Deus não está como espécie em um gênero?
o ser não é acrescentado a nada, pois está pressuposto
A diferença que se acrescenta a gênero é o que constitui a espécie. Logo, a essência da espécie acrescenta algo ao gênero. O ser (ato de ser) não contém algo que seja acrescentado a outro. A razão de acréscimo pressupõe algo anterior, pressuposto, para o qual se adiciona algo. Mas o ser é justamente o contrário disto; é aquilo que informa, subjaz e está pressuposto a todo outro, de modo que não pode ser pensado sob razão de acréscimo. Logo, Deus não é espécie de gênero algum. Ademais, todo gênero contém em potência diferenças especificas, de modo que tudo aquilo constituído de gênero e espécie está mesclado de potência. Ora, em Deus não há potência. Sua essência portanto não é constituída de gênero e potência. Logo, ele não está num gênero.
Por que é impossível que Deus seja gênero de algo?
nada pode ser acrescentado ao ser, pois o ser é ato puro
O ser não recebe diferenças, porque não há diferença que já não participe do ser. Se houvesse algo que pudesse ser acrescentado ao ser, ele estaria em potência para tal acréscimo. Mas isso é impossível, pois o ser é a essência de Deus e em Deus não há potência.
Mas é próprio do gênero receber diferenças, da quais não participa e pelas quais surgem as espécies.
É impossível portanto que Deus seja um gênero da qual se prediquem muitas espécies.
Por que Deus não é espécie predicada de muitos indivíduos?
Os indivíduos que participaram da mesma espécie distinguem por algo que está além da essência da espécie.
Mas Deus é sua essência.
Logo é impossível que Deus seja uma espécie que se predique de muitos indivíduos.
Ademais, os indivíduos contidos numa espécie diferem segundo o ser. Onde quer que haja indivíduos sob uma mesma espécie, uma coisa será o ser e outra a essência,
Mas em Deus essência e ser são os mesmo.
Logo é impossível que Deus seja espécie predicada de muitos,
Por que Deus é único?
Se há muitos deuses é necessário que pertençam a um gênero ou espécie.
Mas Deus não pode ser gênero ou espécie sob os quais muitos se contenham.
Logo é impossível que haja muitos deuses.
Ademais, a essência é sempre apreendida a partir de entes que são únicos. A unicidade advém de algo além da essência, como no caso dos homens (da matéria), caso contrário, advirá da própria essência. É o que acontece com a essência divina, a qual é única porque é próprio ato de ser divino. Logo, impossível que Deus não seja único.
Ademais, toda forma (essência) multiplica-se por acréscimo de diferenças. A forma que não admite diferença não pode multiplicar-se.
A essência de Deus é o ser (ato de ser), do qual não é próprio receber diferenças. Sendo o ser divino uma forma subsistente em si, é impossível que sua essência não seja única. Logo, impossível que haja muitos deuses.