Construtivismo Flashcards
Teoria das Relações Internacionais - João Nogueira, 2005 (42 cards)
O que é o construtivismo nas relações internacionais?
O construtivismo é uma teoria das relações internacionais que enfatiza o papel das ideias, identidades e normas sociais na construção da realidade internacional. Ao contrário de outras teorias que focam em interesses materiais ou poder, o construtivismo argumenta que a política internacional é moldada pelas interações sociais entre os atores, como Estados, organizações e indivíduos.
Quais são os principais autores associados ao construtivismo?
Os principais autores do construtivismo são Alexander Wendt, considerado o principal teórico da abordagem, além de Nicholas Onuf e Martha Finnemore. Wendt é famoso por sua afirmação de que “a anarquia não é o que os Estados fazem dela”, sugerindo que as estruturas internacionais são socialmente construídas.
Qual é a principal ideia de Alexander Wendt sobre a anarquia no sistema internacional?
Wendt argumenta que “a anarquia não é o que os Estados fazem dela”. Isso significa que a anarquia (ausência de uma autoridade central no sistema internacional) não implica necessariamente em conflito entre os Estados, mas sim que a interação entre os Estados constrói suas relações de poder e segurança.
O que são as “identidades” e “interesses” no construtivismo?
No construtivismo, identidades e interesses são vistos como construções sociais e não dadas por natureza. As identidades dos atores internacionais (como um Estado ser amigo ou inimigo de outro) e seus interesses (como segurança ou comércio) são formados por interações sociais, normas e ideias compartilhadas, e não apenas por fatores materiais ou estruturas objetivas
O que são normas sociais no contexto do construtivismo?
As normas sociais são regras compartilhadas que guiam o comportamento dos atores internacionais. Elas não são imposições formais, mas influenciam como os Estados se comportam. Por exemplo, a norma de não usar armas nucleares é uma construção social que afeta a política internacional, mesmo que não haja uma autoridade central para impor essas normas.
O que significa a frase “as estruturas sociais são construídas”?
No construtivismo, isso significa que as estruturas internacionais, como alianças, sistemas econômicos e até a ideia de soberania, não são dadas ou naturais. Elas são criadas e moldadas pelas interações sociais entre os atores, e podem mudar ao longo do tempo com a mudança nas normas e ideias compartilhadas.
Como o construtivismo difere do realismo e do liberalismo?
O construtivismo se distingue do realismo e do liberalismo porque não foca em fatores materiais, como poder e interesses econômicos. Em vez disso, ele destaca a importância das ideias, identidades e normas sociais na construção da realidade internacional. Enquanto o realismo vê os Estados como buscando segurança e poder em um sistema anárquico, e o liberalismo enfatiza a cooperação, o construtivismo foca em como as interações sociais e culturais moldam esses comportamentos.
O que é a teoria do “construtivismo crítico”?
O construtivismo crítico é uma vertente que vai além da análise das normas e identidades para questionar as estruturas de poder que as criam. Ele busca entender como as ideias dominantes podem ser usadas para justificar certos comportamentos e como essas ideias podem ser transformadas para mudar as relações internacionais.
Qual é o impacto das ideias e das percepções na política internacional, segundo o construtivismo?
O construtivismo argumenta que as percepções e as ideias que os atores internacionais têm sobre si mesmos e sobre os outros moldam suas ações e decisões. Por exemplo, se um país vê outro como uma ameaça, isso pode levar a políticas de segurança agressivas, enquanto uma mudança na percepção pode diminuir as tensões e abrir caminho para a cooperação.
Como as relações de poder são vistas pelo construtivismo?
Para o construtivismo, o poder não é apenas uma questão de capacidades materiais, como exércitos ou riqueza, mas também de controle sobre ideias e normas. As relações de poder são construídas através de interações sociais e podem ser alteradas à medida que as normas e identidades dos atores mudam.
O que é a “socialização” no construtivismo?
A socialização refere-se ao processo pelo qual os Estados e outros atores internacionais internalizam normas e ideias compartilhadas ao interagir com outros. Isso pode levar a mudanças nas identidades e interesses dos Estados, moldando suas políticas e comportamentos de acordo com as normas prevalentes na comunidade internacional.
Como o construtivismo explica mudanças nas relações internacionais?
O construtivismo explica mudanças nas relações internacionais por meio da evolução das ideias e normas. À medida que as percepções e as identidades dos atores mudam, as relações de poder, as alianças e até as políticas externas podem mudar. Por exemplo, a descolonização foi em parte impulsionada por mudanças nas normas sobre soberania e direitos humanos.
Qual é a contribuição de Friedrich Kratochwil para o construtivismo nas relações internacionais?
Friedrich Kratochwil é um importante teórico construtivista que enfatiza o papel das normas, regras e práticas nas relações internacionais. Em sua obra Rules, Norms, and Decisions (1989), Kratochwil argumenta que as normas sociais e as práticas compartilhadas são essenciais para entender o comportamento dos Estados, em vez de se focar apenas em interesses materiais ou estruturas. Ele também destaca a importância da linguagem e dos discursos na construção da realidade internacional, desafiando as abordagens mais objetivas e materialistas das relações internacionais.
O que Nicholas Onuf contribui para o construtivismo nas relações internacionais?
Nicholas Onuf é um dos fundadores do construtivismo e é conhecido por introduzir o conceito de que as relações internacionais são socialmente construídas. Em sua obra World of Our Making (1989), Onuf argumenta que a linguagem e os discursos desempenham um papel crucial na construção das normas e identidades no sistema internacional. Ele foi pioneiro ao afirmar que os Estados e as instituições não são apenas objetos de uma realidade externa, mas sim agentes que constroem a realidade por meio de suas interações e práticas.
O que Martha Finnemore contribui para o construtivismo nas relações internacionais?
Martha Finnemore é uma importante teórica construtivista que foca no papel das normas internacionais e como elas moldam as ações dos Estados. Em obras como The Purpose of Intervention (2003), Finnemore argumenta que as normas internacionais influenciam profundamente as decisões políticas, como intervenções humanitárias, e que os Estados agem de acordo com as expectativas e normas globais. Ela também analisa como as organizações internacionais, como a ONU, ajudam a promover e difundir essas normas, alterando o comportamento dos Estados ao longo do tempo.
Como o construtivismo explica a mudança nas identidades dos Estados?
O construtivismo sugere que as identidades dos Estados não são fixas, mas construídas socialmente. As interações entre Estados e normas globais podem levar à transformação das identidades, como a mudança da Alemanha de uma potência militar para uma nação democrática e pacífica após a Segunda Guerra Mundial.
Como o construtivismo explica o papel das normas internacionais?
As normas internacionais são fundamentais no construtivismo, pois moldam as ações dos Estados. Normas como os direitos humanos influenciam decisões políticas e podem levar a intervenções internacionais em crises de direitos humanos, como na Líbia em 2011, com base na responsabilidade de proteger (R2P).
O que é o papel das organizações internacionais segundo o construtivismo?
O construtivismo vê as organizações internacionais como agentes de socialização que ajudam os Estados a internalizar normas globais. A União Europeia (UE), por exemplo, tem sido essencial em transformar as identidades e comportamentos dos Estados membros, promovendo normas democráticas e de mercado livre.
Como o construtivismo explica a importância do discurso na política internacional?
O construtivismo argumenta que o discurso e as narrativas moldam a realidade internacional. O discurso sobre terrorismo, por exemplo, influenciou a resposta internacional dos Estados Unidos após os ataques de 11 de setembro, como na Guerra ao Terror e na invasão do Iraque.
Como o construtivismo pode ser aplicado para entender a política externa dos Estados Unidos?
A política externa dos EUA reflete mudanças de identidade e valores. Durante a administração Obama, houve uma ênfase no multilateralismo e cooperação internacional, enquanto a administração Trump se focou no isolacionismo e na política “America First”, refletindo uma transformação na identidade do país.
Como o construtivismo ajuda a entender a mudança do conceito de soberania?
O construtivismo destaca como normas globais, como a Responsabilidade de Proteger (R2P), transformam o conceito de soberania. A intervenção internacional na Líbia em 2011, para proteger civis de atrocidades, reflete essa mudança nas normas sobre a soberania dos Estados.
O que o construtivismo diz sobre a cooperação internacional em desafios globais?
O construtivismo ajuda a entender como os Estados cooperam para enfrentar desafios globais como mudanças climáticas e pandemias. O Acordo de Paris sobre o Clima de 2015 exemplifica como normas globais sobre o meio ambiente são construídas por meio de interações sociais entre Estados.
Como o construtivismo explica a relação entre normas e políticas externas de segurança?
O construtivismo explica que normas internacionais sobre segurança, como a não proliferação nuclear, moldam as políticas externas dos Estados. A norma contra o uso de armas nucleares tem um impacto significativo nas decisões de países, como a política de desarmamento de alguns Estados.
Como o construtivismo aplica à crise da COVID-19?
A pandemia de COVID-19 mostrou como as normas globais de solidariedade e saúde pública podem influenciar a resposta internacional. Países cooperaram para desenvolver vacinas e adotar medidas de prevenção, destacando a importância da construção social de normas para enfrentar crises globais.