DIARRÉIA AGUDA E DESIDRATAÇÃO Flashcards
(160 cards)
1
Q
: O que caracteriza a diarreia aguda?
A
Aumento abrupto do volume ou da frequência das evacuações (≥ 3 evacuações amolecidas ou líquidas por dia), fora do padrão habitual, com duração máxima de 14 dias.
2
Q
Como é avaliado o estado de hidratação de um paciente com diarreia aguda?
A
A avaliação clínica envolve examinar sinais de desidratação, como mucosas secas, diminuição da turgidez da pele, taquicardia, hipotensão, letargia, entre outros.
3
Q
Qual é o tratamento principal para diarreia aguda?
A
O tratamento principal consiste na correção da desidratação, geralmente através de Terapia de Reidratação Oral (TRO) ou, em casos mais graves, reidratação intravenosa.
4
Q
Como é feita a Terapia de Reidratação Oral (TRO)?
A
: A TRO é feita com soluções de reidratação oral que contêm água, sais e glicose para promover a absorção de sódio e água no intestino, ajudando a corrigir a desidratação.
5
Q
Quando são indicados antibióticos no tratamento da diarreia aguda e quais são os recomendados?
A
Antibióticos são indicados em casos de suspeita de infecção bacteriana grave ou na diarreia do viajante. O antibiótico depende do agente etiológico, como Ciprofloxacina para Salmonella ou Shigella, e Metronidazol para Clostridium difficile.
6
Q
O que é a síndrome hemolítico-urêmica (SHU) e qual é sua causa mais comum?
A
A SHU é uma condição grave caracterizada por anemia hemolítica, trombocitopenia e insuficiência renal, geralmente causada pela toxina da Escherichia coli O157.
7
Q
Qual é a definição de diarreia aguda segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS)?
A
Início abrupto do aumento do volume ou da frequência de evacuações (≥ 3 evacuações amolecidas ou líquidas por dia), fora do padrão habitual, com duração máxima de 14 dias.
8
Q
: Como ocorre a diarreia em termos de transporte de líquidos e eletrólitos no trato gastrointestinal?
A
A diarreia ocorre devido a uma alteração no transporte de líquidos e eletrólitos, que pode ser causada por uma absorção intestinal insuficiente ou presença de solutos não absorvíveis no lúmen intestinal, levando ao excesso de líquido no intestino grosso.
9
Q
Quais são os três tipos de diarreia classificados pelo tempo de duração?
A
: Aguda (até 14 dias), persistente (2 a 4 semanas), e crônica (mais de 4 semanas).
10
Q
: Qual é a importância da gastroenterite aguda em pediatria?
A
A gastroenterite aguda é uma das síndromes mais comuns na pediatria e a segunda principal causa de óbito em menores de 5 anos, especialmente em países em desenvolvimento.
11
Q
Como a diarreia aguda afeta a mortalidade infantil no Brasil?
A
Em 2015, a diarreia aguda foi responsável por 4,1% dos óbitos infantis no Brasil, sendo a quarta principal causa de mortalidade infantil.
12
Q
O que pode causar diarreia persistente após uma gastroenterite aguda?
A
: A diarreia persistente pode ser causada por intolerância transitória à lactose, secundária à lesão das vilosidades intestinais após uma gastroenterite aguda.
13
Q
: Quais são os cinco tipos de diarreia, de acordo com o mecanismo fisiopatológico?
A
Osmótica, secretora, inflamatória, disabsortiva e funcional.
14
Q
O que caracteriza a diarreia osmótica e dê um exemplo?
A
Decorre do acúmulo de solutos osmoticamente ativos e não absorvíveis na luz intestinal. Exemplo: intolerância à lactose.
15
Q
O que caracteriza a diarreia secretora e dê um exemplo?
A
Decorre de um distúrbio no equilíbrio hidroeletrolítico da mucosa intestinal, com aumento da secreção ou redução da absorção de íons e água. Exemplo: cólera.
16
Q
O que é diarreia inflamatória e qual é um exemplo de condição associada?
A
Decorre de inflamação da mucosa intestinal, resultando em muco, pus e/ou sangue nas fezes. Exemplo: Doença de Crohn.
17
Q
Quais agentes etiológicos são os mais comuns na gastroenterite aguda e em que faixa etária eles predominam?
A
Vírus são os mais comuns, especialmente rotavírus, responsável por 50% dos casos, principalmente em crianças entre 6 meses e 2 anos.
18
Q
Como as toxinas bacterianas contribuem para a diarreia secretora toxigênica?
A
Toxinas de bactérias como Escherichia coli enterotoxigênica e Vibrio cholerae ativam a adenilciclase, aumentando a produção de AMP cíclico, que inibe o cotransportador Na/Cl e aumenta a secreção de cloreto, sódio e água, resultando em diarreia aquosa.
19
Q
Por que a Terapia de Reidratação Oral (TRO) é eficaz na diarreia infecciosa?
A
Porque o cotransportador de sódio com glicose ou aminoácido, que promove a absorção passiva de água intestinal, geralmente não é afetado nas diarreias infecciosas.
20
Q
Quais agentes etiológicos estão associados à diarreia secretora invasiva?
A
Campylobacter jejuni, Shigella, Yersinia enterocolitica, Salmonella e Entamoeba histolytica.
21
Q
Quais são os principais vírus causadores de gastroenterite aguda?
A
Rotavírus, coronavírus, adenovírus e norovírus.
22
Q
Quais são as principais bactérias associadas à gastroenterite aguda?
A
Escherichia coli (EPEC, ETEC, EHEC, EIEC), Salmonella, Shigella, Campylobacter jejuni, Vibrio cholerae, e Yersinia enterocolitica.
23
Q
: Quais parasitas estão envolvidos na etiologia da gastroenterite aguda?
A
Entamoeba histolytica, Giardia lamblia, Cryptosporidium e Isospora.
24
Q
: Qual fungo pode causar gastroenterite aguda?
A
Candida albicans.
25
Quais são os tipos de Escherichia coli relacionados à gastroenterite aguda e o que cada sigla significa?
EPEC: Escherichia coli Enteropatogênica
ETEC: Escherichia coli Enterotoxigênica
EHEC: Escherichia coli Entero-hemorrágica
EIEC: Escherichia coli Enteroinvasiva
26
: Qual é o mecanismo de patogênese da Escherichia coli enterotoxigênica (ETEC) e que tipo de diarreia ela causa?
: A ETEC adere à mucosa intestinal e produz toxinas que afetam o cotransportador Na/Cl, causando diarreia secretora toxigênica com fezes explosivas e de grande volume.
26
: Quais são os três mecanismos pelos quais o rotavírus causa diarreia?
1) Perda das enzimas das bordas em escova, como lactase, maltase e sucrase;
2) Efeito direto da enterotoxina NSP4;
3) Ativação do sistema nervoso entérico, levando à secreção de fluidos e eletrólitos.
27
Como a enterotoxina NSP4 do rotavírus contribui para a diarreia?
A enterotoxina NSP4 causa um efeito tóxico direto na mucosa gastrointestinal, contribuindo para o desequilíbrio entre a secreção e a absorção de fluidos e eletrólitos.
28
Como a Escherichia coli enteropatogênica (EPEC) causa diarreia e quem é mais afetado?
A EPEC adere à mucosa intestinal, levando à lesão das vilosidades e prejudicando a absorção e secreção intestinais. É responsável por surtos de diarreia aquosa em crianças.
29
Qual é a toxina produzida pela Escherichia coli entero-hemorrágica (EHEC) e qual complicação ela pode causar?
A EHEC produz a toxina “shiga-like”, que pode causar a síndrome hemolítico-urêmica.
30
Como a Escherichia coli enteroinvasiva (EIEC) causa diarreia e como ela se manifesta clinicamente?
A EIEC penetra na mucosa intestinal, reproduzindo-se e lesando os enterócitos, resultando em disenteria (diarreia secretora invasiva).
30
O que se sabe sobre o mecanismo de patogênese da Escherichia coli enteroagregativa (EAEC) e quais pacientes ela afeta?
O mecanismo de patogênese da EAEC ainda não é completamente esclarecido. Ela causa diarreia persistente em crianças e pacientes com HIV.
31
: O que é disenteria e em quais tipos de infecção é mais comumente encontrada?
Disenteria é a presença de muco e sangue nas fezes, mais comum em diarreias bacterianas ou parasitárias devido à lesão da mucosa intestinal.
32
Quais são as principais manifestações clínicas da gastroenterite aguda?
Diarreia de início súbito, cólicas abdominais, anorexia, vômitos, febre, prostração, mal-estar, cefaleia e mialgia.
33
: Como se caracteriza a diarreia de etiologia viral na gastroenterite aguda?
Diarreia abundante e aquosa, geralmente sem sangue ou muco, que começa de 12 horas a 4 dias após a exposição e dura de 3 a 7 dias.
34
: Quais achados clínicos específicos estão associados à infecção por Shigella
Alterações neurológicas, como convulsões e rigidez de nuca.
35
: Quais complicações sistêmicas graves podem ser causadas por Salmonella?
: Infecção sistêmica grave como meningite, osteomielite, pneumonia e endocardite, especialmente em lactentes <3 meses, desnutridos, pacientes com anemia falciforme e imunodeficientes.
36
Quais são os achados clínicos específicos associados à infecção por Campylobacter jejuni?
Síndrome de Guillain-Barré e artrite reativa.
37
Quais são os sinais vitais importantes para avaliar o estado de hidratação em crianças com diarreia aguda?
Frequência cardíaca, tempo de enchimento capilar, pressão arterial, número de episódios diarreicos e diurese.
38
O que pode ocorrer em decorrência da perda de lactase nas bordas em escova durante a gastroenterite aguda?
Intolerância transitória à lactose, aumentando o risco de diarreia persistente, desidratação e desnutrição.
39
Como a desidratação é classificada de acordo com a porcentagem de peso perdido?
Grau 1 ou leve: ≤ 5%
Grau 2 ou moderada: 6 a 9%
Grau 3 ou grave: ≥ 10%
40
Quais são os três tipos de desidratação baseados na fisiopatologia e nos valores de sódio sérico?
Desidratação isonatrêmica (isotônica), hipernatrêmica (hipertônica) e hiponatrêmica (hipotônica).
41
O que caracteriza a desidratação hipernatrêmica e quais sinais clínicos ela pode apresentar?
Caracteriza-se pelo aumento da osmolaridade intravascular que puxa água dos outros compartimentos, resultando em sinais neurológicos como meningismo e convulsões
42
O que é desidratação hiponatrêmica e quais são suas manifestações clínicas?
É a desidratação em que a baixa osmolaridade intravascular faz a água ser puxada para o intracelular, depletando o compartimento intravascular e causando sinais de desidratação e edema cerebral, podendo levar à apneia e herniação cerebral.
43
Quais distúrbios acidobásicos podem ocorrer em pacientes com gastroenterite aguda (GECA) e como eles se desenvolvem?
Alcalose metabólica hipoclorêmica ocorre pela perda de HCl em vômitos.
Acidose metabólica ocorre pela perda de
bicarbonato em diarreia.
Ambos os casos podem levar à hipocalemia.
44
: Como a escolha inadequada de soluções de reidratação pode afetar os níveis de sódio no sangue?
O uso de soluções hipotônicas pode causar hiponatremia, enquanto o uso de soluções hipertônicas pode levar à hipernatremia.
45
Qual faixa etária é considerada um fator de risco para complicações e desidratação grave na gastroenterite aguda?
: Idade menor que 2 meses.
45
Como os vômitos afetam o risco de complicações em pacientes com gastroenterite aguda?
Vômitos persistentes aumentam o risco de complicações e desidratação grave.
46
Quais características das perdas diarreicas indicam um maior risco de complicações na gastroenterite aguda?
Perdas diarreicas volumosas e frequentes (≥ 8 vezes/dia) são um fator de risco para complicações.
47
Como a percepção dos pais pode influenciar o risco de desidratação grave em crianças com gastroenterite aguda?
: A percepção inadequada dos pais sobre o estado de hidratação da criança pode aumentar o risco de desidratação grave.
48
Quais são os sinais clínicos do estado mental para avaliar a hidratação de um paciente?
Hidratado: Alerta
Desidratação de algum grau: Irritado
Desidratação grave: Comatoso
49
: Quais comorbidades são fatores de risco para complicações na gastroenterite aguda?
Diabetes mellitus, insuficiência renal/hepática, desnutrição e doenças crônicas.
50
Qual é o estado das lágrimas em diferentes níveis de hidratação?
Hidratado: Presentes
Desidratação de algum grau: Ausentes
Desidratação grave: Ausentes
51
Como a aparência dos olhos muda de acordo com o nível de desidratação?
Hidratado: Normais
Desidratação de algum grau: Fundos
Desidratação grave: Muito fundos
52
Como a aparência da boca muda com a desidratação?
Hidratado: Úmida
Desidratação de algum grau: Seca
Desidratação grave: Muito seca
53
Quais são os sinais de sede que indicam diferentes graus de desidratação?
Hidratado: Bebe normal
Desidratação de algum grau: Bebe rápido
Desidratação grave: Incapaz de beber
54
Como o sinal da prega cutânea varia conforme o nível de hidratação?
Hidratado: Rápido
Desidratação de algum grau: Lento
Desidratação grave: Muito lento (> 2 segundos)
55
: Como o pulso muda em diferentes estados de hidratação?
Resposta:
Hidratado: Cheio
Desidratação de algum grau: Rápido e débil
Desidratação grave: Muito débil ou ausente
56
Qual é o tempo de enchimento capilar para cada nível de hidratação?
Hidratado: < 3 segundos
Desidratação de algum grau: 3-5 segundos
Desidratação grave: > 5 segundos
57
Qual é a fisiopatologia da desidratação hiponatrêmica?
: Perda maior de eletrólitos do que de água.
58
Qual é a osmolaridade plasmática na desidratação hiponatrêmica?
< 280 mOsm/L.
58
Quais são os valores de sódio plasmático que definem a desidratação hiponatrêmica?
Sódio plasmático < 135 mEq/L.
59
: Quais são os sinais clínicos da desidratação hiponatrêmica?
: Sinais clínicos muito evidentes de desidratação, como choque hipovolêmico, agitação e convulsões.
60
Quais são os fatores de risco para desidratação hiponatrêmica?
Gastroenterite Aguda (GECA) em crianças com desnutrição grave, vômitos excessivos e uso de soluções hipotônicas para reidratação.
61
Qual é a fisiopatologia da desidratação isonatrêmica?
Perda proporcional de água e eletrólitos.
62
Quais são os valores de sódio plasmático que definem a desidratação isonatrêmica?
: Sódio plasmático entre 135-145 mEq/L.
63
: Qual é a osmolaridade plasmática na desidratação isonatrêmica?
280-310 mOsm/L.
64
: Como é o quadro clínico da desidratação isonatrêmica?
De acordo com o grau de desidratação.
64
: Qual é a forma mais comum de desidratação?
Desidratação isonatrêmica.
65
Qual é a fisiopatologia da desidratação hipernatrêmica?
Perda maior de água do que de eletrólitos.
66
Quais são os valores de sódio plasmático que definem a desidratação hipernatrêmica?
Sódio plasmático entre 145-150 mEq/L.
67
Quais são os fatores de risco para desidratação hipernatrêmica?
Lactentes < 3 meses, redução da ingestão de líquidos (encefalopatia), diabetes insipidus e uso de soluções hipertônicas para reidratação.
68
Qual é a osmolaridade plasmática na desidratação hipernatrêmica?
310 mOsm/L.
68
Quais são os sinais clínicos da desidratação hipernatrêmica?
Sinais clínicos de desidratação pouco evidentes, sede intensa, febre, irritabilidade e letargia.
69
Qual é o plano de reidratação para pacientes hidratados (Plano A)?
SRO após as perdas:
< 1 ano: 50-100 mL
1-10 anos: 100-200 mL
10 anos: livre demanda.
70
Qual é o plano de reidratação para pacientes com desidratação de algum grau (Plano B)?
TRO: 50-100 mL/kg em 4 a 6 horas.
71
: Como é a recomendação de aleitamento materno e alimentação oral no Plano B para pacientes com desidratação de algum grau?
Aleitamento materno mantido; alimentação oral em jejum.
72
: Qual é o plano de reidratação para pacientes com desidratação grave (Plano C)?
Expansão com SF ou RL EV:
< 5 anos: SF 20 mL/kg EV em 30 minutos.
5 anos: SF 30 mL/kg EV em 30 min e RL 70 mL/kg EV em 2 horas e 30 minutos.
Soro de manutenção e reposição após reidratação.
73
Como é a recomendação de aleitamento materno e alimentação oral no Plano C para pacientes com desidratação grave?
Aleitamento materno mantido; alimentação oral em jejum.
74
Qual é o método diagnóstico principal para gastroenterite aguda (GECA)?
O diagnóstico da GECA é clínico.
74
O que deve ser feito se o paciente com desidratação grave (Plano C) piorar ou não melhorar?
Repetir expansão até 3 vezes nos menores de 5 anos.
75
Em quais casos é indicada a investigação etiológica da diarreia na GECA?
Em pacientes graves hospitalizados, imunodeprimidos, surtos e diarreia persistente.
76
Quais exames são sugeridos para a investigação etiológica da GECA em casos indicados?
Coprocultura para identificar agentes bacterianos e testes rápidos nas fezes para rotavírus e adenovírus.
77
Quando é indicada a coleta de eletrólitos e exames bioquímicos na GECA?
Apenas em casos de desidratação grave com necessidade de hidratação endovenosa.
78
: Quais exames devem ser realizados em pacientes com desidratação grave na GECA?
Eletrólitos, função renal, gasometria venosa e glicemia.
78
Por que é importante realizar exames complementares na desidratação grave da GECA?
Para avaliar o risco de distúrbios hidroeletrolíticos e acidobásicos.
79
: Qual foi a modificação na formulação do SRO recomendada pela OMS e por que?
: A OMS reduziu a osmolaridade do SRO de 311 mmol/L para 245 mmol/L para diminuir as perdas diarreicas, o tempo da doença e a necessidade de terapia endovenosa.
79
Como funciona o soro de reidratação oral (SRO) no organismo?
O SRO utiliza o transporte passivo de água que acompanha o transporte ativo de sódio acoplado à glicose pelo enterócito, um mecanismo sempre preservado na diarreia aguda
80
O que é o Plano A no manejo da diarreia aguda?
O Plano A envolve o uso de soro de reidratação oral (SRO) para pacientes hidratados, após cada evacuação, para prevenir a desidratação.
80
Como deve ser manejada a alimentação de lactentes menores de 6 meses com gastroenterite aguda que estão em aleitamento materno exclusivo?
Manter o aleitamento materno exclusivo sem necessidade de SRO.
81
Qual é a dose de zinco recomendada para crianças com diarreia e por que é importante?
10 mg para menores de 6 meses e 20 mg para maiores, por 10 a 14 dias. O zinco ajuda na regeneração do epitélio intestinal e reduz a duração da diarreia e a recorrência de episódios.
81
Quais são os sinais de alerta que indicam a necessidade de procurar o pronto-socorro em crianças com diarreia aguda?
Sinais de desidratação, redução da diurese, má aceitação oral, ou presença de sangue nas fezes.
81
: Quando é indicado trocar a fórmula láctea por fórmulas sem lactose em lactentes com gastroenterite aguda?
: Apenas em casos de diarreia persistente decorrente de intolerância transitória à lactose.
82
: Onde os pais podem obter o SRO de maneira segura e eficaz para reidratação oral?
Em postos de saúde (gratuitamente) ou em farmácias (sachês para diluição ou soros prontos para consumo, com ou sem sabor).
83
Por que o uso de soro caseiro não é mais recomendado pela OMS?
Devido ao risco de distúrbios hidroeletrolíticos pelo preparo inadequado da solução.
84
Quais líquidos e alimentos devem ser mantidos ou suspensos durante a TRO?
Apenas o aleitamento materno deve ser mantido; outros líquidos e alimentos devem ser suspensos (jejum).
84
Qual é o Plano B no manejo da desidratação em crianças com diarreia aguda?
Terapia de Reidratação Oral (TRO) no pronto-socorro, com oferta de SRO no volume de 50 a 100 mL/kg por via oral, em pequenos goles, durante quatro a seis horas.
85
Como é calculado o índice de retenção (IR) durante a TRO?
IR = ([ganho de peso (g) ÷ volume ingerido (mL)] × 100).
86
: O que um índice de retenção (IR) superior a 20% em uma hora indica durante a TRO?
Grande chance de sucesso da TRO.
87
Qual deve ser a conduta se o índice de retenção (IR) for inferior a 20% em duas horas durante a TRO?
Revisar a técnica de TRO ou considerar gastróclise ou hidratação endovenosa.
88
O que deve ser feito após o término da TRO?
Reavaliar o estado de hidratação e a diurese. Se bem hidratado, o paciente pode receber alta com orientações sobre sinais de alerta e uso de SRO após as perdas.
89
Quando a gastróclise é indicada após a TRO?
Se houver vômitos persistentes, má aceitação oral, ou índice de retenção inferior a 20%.
90
Em quais casos a hidratação endovenosa é indicada diretamente, sem tentativa de TRO?
Desidratação grave, alteração do nível de consciência, convulsão, íleo paralítico (distensão abdominal importante e ruídos hidroaéreos ausentes).
91
Quando o Plano C de hidratação endovenosa é indicado em pacientes com diarreia aguda?
Para pacientes com desidratação grave em risco de choque hipovolêmico.
92
: Qual é o volume de soro fisiológico administrado na fase de expansão para crianças menores de 5 anos no Plano C?
Infusão em bolus de 20 mL/kg de soro fisiológico em 20 a 30 minutos, podendo ser repetido até três vezes até a melhora dos sinais clínicos de desidratação grave.
93
Qual é a recomendação de volume de expansão volêmica para recém-nascidos e cardiopatas no Plano C?
Infusão em bolus de 10 mL/kg de soro fisiológico.
94
: Qual é o protocolo de expansão volêmica para crianças maiores de 5 anos no Plano C?
Infusão em bolus de 30 mL/kg de soro fisiológico em 30 minutos, seguida por infusão de ringer lactato 70 mL/kg em duas horas e meia.
95
O que é administrado após a reidratação inicial no Plano C?
Soro de manutenção isotônico, acrescido de soro de reposição (50 mL/kg, SG5% e SF 0,9% na proporção 1:1).
96
: Quando a hidratação parenteral pode ser interrompida no Plano C?
Quando o paciente estiver em condições de ingerir soro de reidratação oral (SRO) na quantidade adequada para manter a hidratação.
97
Quais são as indicações para hospitalização de pacientes com gastroenterite aguda?
Falha da TRO, desidratação grave, choque hipovolêmico, alteração do nível de consciência, vômitos incoercíveis e suspeita de doença cirúrgica associada.
98
Quais exames devem ser coletados em todos os pacientes com desidratação grave internados por gastroenterite aguda?
Sódio, potássio, gasometria venosa e glicemia.
99
Qual distúrbio ácido-base é comum em desidratação grave por gastroenterite aguda e como é corrigido?
: Acidose metabólica, geralmente corrigida apenas com a reidratação.
100
O que é o peso calórico (Pcal) e como ele é utilizado na prescrição de soro de manutenção?
O Pcal é a base para o cálculo dos soros de manutenção, relacionado ao peso aferido do paciente, usado para determinar a oferta hídrica e eletrolítica.
101
Como calcular o Pcal para uma criança com peso inferior a 10 kg?
a: Pcal = peso aferido. (Ex: uma criança de 8 kg tem Pcal de 8).
102
Como calcular o Pcal para uma criança com peso entre 10 e 20 kg?
: Pcal = 10 + (0,5 × peso que excede 10). (Ex: uma criança de 14 kg tem Pcal de 12).
102
Como calcular o Pcal para uma criança com peso superior a 20 kg?
a: Pcal = 15 + (0,2 × peso que excede 20). (Ex: uma criança de 25 kg tem Pcal de 16).
103
: Qual é a oferta hídrica e de potássio para um soro de manutenção?
Oferta hídrica: 100 mL/Pcal/dia.
Oferta de potássio: 2,5 mEq/Pcal/dia.
104
Como varia a oferta de sódio em um soro de manutenção isotônico versus hipotônico?
Isotônico: 140 mEq/L.
Hipotônico (Holliday-Segar): 3 mEq/Pcal/dia.
105
Quais são as características das soluções utilizadas para a manipulação do soro de manutenção?
Soro glicosado 5%: Fornece oferta hídrica e glicose, sem sódio ou potássio.
Cloreto de potássio 19,1% (KCl 19,1%): 2,5 mEq de potássio/mL.
Soro fisiológico (NaCl 0,9%): 0,154 mEq de sódio/mL.
Cloreto de sódio 20% (NaCl 20%): 3,4 mEq de sódio/mL.
106
Quando os antibióticos são indicados no tratamento da diarreia aguda?
: Apenas em situações específicas, como disenteria com sinais sistêmicos (febre e queda do estado geral). A Shigella é o principal agente implicado.
107
Quais medicamentos podem ser utilizados para febre e dor abdominal em pacientes com diarreia aguda?
Analgésicos e antitérmicos.
108
Qual antiemético pode ser utilizado para náuseas em pacientes com diarreia aguda, e por quê?
Ondansetrona, pois está associada à redução do risco de desidratação e hospitalização.
109
Por que outros antieméticos não são recomendados no tratamento da diarreia aguda?
: Outros antieméticos não são recomendados devido aos efeitos no sistema nervoso central, como a sedação, que prejudica a reidratação oral do paciente.
110
Por que o uso de antiespasmódicos (como escopolamina) e antifiséticos (como simeticona) não é aconselhado na diarreia aguda?
Porque não há comprovação de eficácia desses medicamentos no tratamento da diarreia aguda.
111
Por que a loperamida (antimotilidade) está contraindicada no tratamento da diarreia aguda?
: Pelo risco de eventos adversos no sistema nervoso central e íleo paralítico.
112
Qual é a função da racecadotrila no tratamento da diarreia aguda e quando ela é indicada?
A racecadotrila é um inibidor de encefalinase que reduz a secreção intestinal de água e eletrólitos, sendo eficaz e segura em diarreias secretoras, pois não interfere na motilidade intestinal.
113
Quais probióticos mostraram eficácia no tratamento da diarreia aguda e qual é a recomendação?
Lactobacillus GG, Saccharomyces boulardii, e Lactobacillus reuteri DSM 17938 mostraram eficácia na redução da duração da diarreia e da necessidade de internação. São recomendados como adjuvantes pela Sociedade Brasileira de Pediatria.
114
Qual é o antibiótico recomendado para tratar disenteria com febre e queda do estado geral causada por Shigella?
Ciprofloxacino por 3 dias ou ceftriaxona por 3 a 5 dias, ou azitromicina por 5 dias.
115
Qual é o tratamento antibiótico indicado para infecção por Campylobacter?
Azitromicina por 3 dias.
116
Qual é o tratamento antibiótico recomendado para infecção por Vibrio cholerae?
Azitromicina por 3 dias ou Sulfametoxazol/Trimetoprima (SMZ/TMP) por 3 dias.
116
Qual é o antibiótico recomendado para diarreia pós-antibiótico moderada a grave causada por Clostridium difficile?
Metronidazol por 10 dias.
117
Quando é indicada a antibioticoterapia para infecções por Salmonella e qual é o antibiótico recomendado?
Indicada em pacientes com alto risco de bacteremia e infecções extraintestinais. O antibiótico recomendado é ceftriaxona por 7 a 10 dias.
117
Qual antibiótico é recomendado para tratar a diarreia dos viajantes causada por E. coli enterotoxigênica?
Azitromicina por 3 dias.
118
: Quais patógenos podem causar a SHU típica?
: E. coli O157
, Shigella dysenteriae tipo 1, Citrobacter e Streptococcus pneumoniae.
118
O que é a Síndrome Hemolítico-Urêmica (SHU) e qual é o órgão-alvo principal?
A SHU é uma síndrome de microangiopatia trombótica que resulta da hiperativação da via alternativa do complemento, tendo como órgão-alvo principal o rim.
118
Quais depósitos são encontrados nos rins na SHU e o que eles contêm?
Depósitos amorfos subendoteliais e mesangiais, contendo grande quantidade de fibrina no interior das alças glomerulares.
119
Qual é o tipo mais comum de SHU na pediatria e qual é sua causa?
A SHU típica, mediada por toxina shiga-like, é o tipo mais comum na pediatria, ocorrendo principalmente após infecção por E. coli entero-hemorrágica produtora de toxina shiga-like (como a cepa O157
120
: Qual é a causa mais comum de insuficiência renal aguda em crianças?
Síndrome Hemolítico-Urêmica (SHU) típica.
121
: Como a toxina shiga-like contribui para a patogênese da SHU?
A toxina lesa diretamente o endotélio, causando trombose arteriolar e capilar, e também danifica as células glomerulares, mesangiais e podócitos, levando à lesão renal aguda.
122
Como ocorre a transmissão da SHU típica e qual é o período de incubação?
A transmissão ocorre por água e comida contaminada, com um período de incubação de três a oito dias.
123
Quais são os sintomas iniciais da SHU após uma infecção por E. coli?
Doença diarreica aguda (50-60% dos casos evolui para disenteria), dor abdominal, vômitos (50%) e febre (30%).
124
Qual faixa etária é considerada um fator de risco para o desenvolvimento da Síndrome Hemolítico-Urêmica (SHU)?
: Idade inferior a 5 anos.
125
Quando os sinais e sintomas da SHU começam a aparecer após o início da gastroenterite?
Cerca de dois a doze dias após o início da gastroenterite, em 5 a 15% dos pacientes infectados por E. coli.
126
Como o sexo influencia o risco de desenvolvimento da SHU?
: O sexo feminino é considerado um fator de risco para SHU.
127
Quais medicamentos estão associados a um maior risco de desenvolver SHU?
: O uso de antiespasmódicos e antibióticos.
128
Qual condição hematológica é um fator de risco para SHU?
Leucocitose.
129
Quais são as características da anemia hemolítica microangiopática na SHU?
: Anemia, presença de esquizócitos periféricos, reticulocitose, aumento de bilirrubina indireta e de DHL.
130
Quais são os principais achados laboratoriais característicos da SHU?
: Anemia hemolítica microangiopática, trombocitopenia e lesão renal aguda.
131
Quais são as manifestações clínicas da lesão renal aguda na SHU?
: Oligúria, edema, hipertensão, hematúria e proteinúria.
132
Quais exames são utilizados para confirmar a infecção por E. coli produtor de toxina shiga-like na SHU?
Pesquisa da toxina shiga-like nas fezes (mais sensível), sorologia para E. coli e PCR para genes da toxina shiga-like.
133
Qual é a conduta de tratamento inicial para a SHU típica?
Suporte até a resolução da infecção (autolimitada), incluindo internação em isolamento de contato, hidratação endovenosa e suporte para a falência renal aguda, com diálise se necessário.
134
Quando a diálise está indicada na SHU e qual modalidade é preferida?
Indicação de diálise quando anúria ≥ 24 horas ou oligúria < 0,5 mg/kg/hora por mais de 72 horas. A diálise peritoneal é a modalidade preferida devido ao risco aumentado de hemorragia.
135
: Quais tratamentos não são indicados na SHU típica?
: Antibióticos, antiagregantes, corticoides e plasma.
136
: Por que o tratamento antibiótico precoce da disenteria por E. coli O157
pode aumentar o risco de SHU?
: Porque o uso de antibióticos pode aumentar a produção e liberação da toxina shiga-like, levando à maior absorção de toxinas e ao desencadeamento de respostas pró-trombóticas e pró-inflamatórias nas células endoteliais.
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Quais são os fatores de risco para o desenvolvimento de Síndrome Hemolítico-Urêmica (SHU)?
Idade inferior a 5 anos
Sexo feminino
Uso de antiespasmódicos e antibióticos
Leucocitose
138
Qual é o prognóstico da SHU típica e o que pode ocorrer em termos de função renal a longo prazo?
O prognóstico é bom, com mortalidade inferior a 5%. Cerca de 30-50% dos pacientes mantêm alterações na função renal, que geralmente se normalizam em até cinco anos.
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Quais são os fatores de risco para a progressão para doença renal crônica em pacientes com SHU típica?
Oligúria prolongada na fase aguda
Hipertensão arterial persistente (> 1 ano)
Proteinúria persistente (relação proteína/creatinina > 1)
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O que caracteriza a hipertensão arterial persistente como um fator de risco para progressão para doença renal crônica em pacientes com SHU típica?
Hipertensão arterial que persiste por mais de 1 ano.
141
: Como a oligúria prolongada está relacionada ao risco de progressão para doença renal crônica na SHU?
A oligúria prolongada na fase aguda é um fator de risco para o desenvolvimento de doença renal crônica.
142
: O que indica a proteinúria persistente em pacientes com SHU típica e qual é a relação proteína/creatinina considerada de risco?
: A proteinúria persistente, com relação proteína/creatinina > 1, é um fator de risco para a progressão para doença renal crônica.
