EMERGENCIAS Flashcards
(7 cards)
Homem de 23 anos de idade, usuário de drogas, deu entrada no pronto-socorro com taquicardia, agitação, taquidispneia e PA de
189x123 mmHg. Apresenta midriaseRelatou uso intenso de cocaína previamente à admissão. Pensar em:
Intoxicação Simpático-Mimética
1. Definição:
Quadro clínico causado pela exposição a substâncias que estimulam o sistema nervoso simpático, como anfetaminas, cocaína, metanfetaminas, cafeína e descongestionantes.
2. Quadro Clínico (palavras-chave):
- Agitação, ansiedade, midríase, taquicardia, hipertensão, sudorese.
- Hipertemia, tremores, convulsões, delírio.
- Casos graves: Arritmias, infarto, acidente vascular cerebral (AVC).
3. Exame Diagnóstico:
- Clínico: Baseado nos sinais e sintomas típicos.
- Laboratorial:
- Gasometria arterial: Acidose metabólica.
- Exames toxicológicos (sangue/urina) para identificar a substância.
- Imagem: ECG para avaliar arritmias; TC em casos de suspeita de AVC.
4. Tratamento:
- Medidas gerais: Suporte ventilatório e hemodinâmico, controle de hipertermia (resfriamento externo).
- Antagonistas adrenérgicos: Benzodiazepínicos (primeira linha) para agitação e convulsões.
- Hipertensão grave: Nitroprussiato, fentolamina (evitar beta-bloqueadores isolados).
- Arritmias: Lidocaína ou amiodarona.
5. Importante:
- Monitorar e tratar complicações graves (ex.: rabdomiólise, insuficiência renal, acidose metabólica).
- Educação sobre prevenção em usuários recreativos.
OBS: Cocaína pode produzir alterações no QRS pelo bloqueio dos canais de Na: tratamento com bicarbonato de sódio nesses casos.
Paciente masculino, 35 anos, iniciou o uso de fluoxetina, clorpromazina e biperideno há 2 semanas. Em razão de ter passado a apresentar agitação psicomotora, febre alta, rigidez muscular, sudorese e alterações do estado mental, foi trazido à Emergência.
Síndrome Neuroléptica Maligna
-
Definição
Reação idiossincrática grave ao uso de antipsicóticos (especialmente de alta potência) ou à retirada abrupta de dopaminérgicos, caracterizada por hiperatividade simpática e rigidez muscular. -
Quadro Clínico (palavras-chave)
- Início agudo, febre alta, rigidez muscular generalizada (rigidez em tubo de chumbo)
- Alteração do nível de consciência (agitação, confusão, estupor)
- Disautonomia (taquicardia, hipertensão, sudorese, sialorreia)
- Rabdomiólise (aumento de CPK, mioglobinúria → risco de insuficiência renal) -
Exame Diagnóstico
- Laboratório: Aumento de CPK, leucocitose, hipertermia, mioglobinúria
- Critérios clínicos: Diagnóstico baseado na tríade febre + rigidez muscular + disfunção autonômica após uso de neuroléptico -
Tratamento
- Suporte intensivo (hidratação, controle da temperatura e disfunção autonômica)
- Suspensão imediata do antipsicótico
- Dantrolene (relaxante muscular) e/ou Bromocriptina/amantadina (agonistas dopaminérgicos) nos casos graves
- Benzodiazepínicos para sedação e controle da rigidez -
Prognóstico
- Potencialmente fatal se não tratado precocemente
- Mortalidade reduzida com manejo adequado
Mulher, 23 anos, procura o pronto-socorro depois de uma festa, ansiosa e com tremores. Antecedente pessoal: depressão em uso regular de fluoxetina. Exame físico: T 38,20C; FC 114 bpm; PA 148/84 mmHg; FR 20 irpm. Exame neurológico: alerta, orientada, tremor de
extremidades, hiperreflexia, clônus em tornozelos e mioclonias espontâneas, Babinski bilateral. Movimentos oculares lentos, contínuos e horizontais. Restante do exame físico é normal. Solicitado exame toxicológico na urina.
Síndrome Serotoninérgica
-
Definição
Estado de hiperatividade serotoninérgica causado pelo uso excessivo, interação ou intoxicação por fármacos serotoninérgicos, levando a disfunção autonômica, alterações neuromusculares e alterações do estado mental. -
Quadro Clínico (palavras-chave)
- Alterações neuromusculares: Hiperreflexia, clônus (espontâneo, induzido ou ocular), mioclonias, tremores, rigidez muscular
- Disfunção autonômica: Taquicardia, hipertensão, hipertermia, diaforese, rubor, diarreia
- Alterações do estado mental: Agitação, confusão, ansiedade, convulsões -
Exame Diagnóstico
- Diagnóstico clínico baseado nos critérios de Hunter (necessário uso de fármaco serotoninérgico + um dos seguintes):
- Clônus espontâneo
- Clônus ocular + agitação ou diaforese
- Clônus induzido + hiperreflexia
- Tremor + hiperreflexia
- Hipertermia + rigidez -
Tratamento
- Suspensão imediata do agente serotoninérgico
- Suporte intensivo (hidratação, controle da temperatura e instabilidade autonômica)
- Benzodiazepínicos para controle da agitação e rigidez
- Cipro-heptadina (antagonista serotoninérgico) nos casos moderados a graves
- Casos graves podem necessitar de ventilação mecânica e suporte intensivo -
Prognóstico
- Potencialmente fatal se não tratado precocemente
- Prognóstico geralmente favorável com retirada do agente causal e suporte adequado
36 anos de idade, pintor, foi levado ao hospital porque apresentava, subitamente, dor abdominal difusa associada a irritabilidade e letargia. Constatou-se que o paciente havia apresentado, nas semanas anteriores, artralgias, mialgias, choro fácil e dificuldades conjugais com o companheiro. No exame físico, o paciente se encontrava letárgico e com defesa abdominal. Foram feitas análises laboratoriais, que revelaram anemia normocrômica e normocítica, pontilhado basofílico nos eritrócitos (no esfregaço
sanguíneo), glicemia e gasometrias normais e nível sanguíneo alto de protoporfirina de zinco.
Intoxicação por Chumbo (Saturnismo)
-
Definição
Envenenamento crônico ou agudo por chumbo, geralmente associado à exposição ocupacional (fábricas, pintura, baterias) ou ingestão acidental, causando disfunção neurológica, hematológica, gastrointestinal e renal. -
Quadro Clínico (palavras-chave)
- Neurológico: Encefalopatia (irritabilidade, cefaleia, convulsões), neuropatia periférica (mão em garra, pé caído)
- Hematológico: Anemia microcítica hipocrômica com pontilhado basofílico
- Gastrointestinal: Dor abdominal (cólica saturnina), constipação, gosto metálico
- Renal: Nefropatia por chumbo (insuficiência renal crônica)
- Outros: Linha de Burton (pigmentação azul-acinzentada na gengiva) -
Exame Diagnóstico
- Dosagem de chumbo no sangue (>5 µg/dL é preocupante; >45 µg/dL requer tratamento)
- Aumento de ácido delta-aminolevulínico (ALA) e protoporfirina eritrocitária
- Hemograma: Anemia microcítica hipocrômica com pontilhado basofílico -
Tratamento
- Remover a exposição ao chumbo
- Quelantes:
- EDTA (ácido etilenodiaminotetracético) e dimercaprol (BAL) para casos graves
- DMSA (ácido dimercaptossuccínico) para intoxicações moderadas
- Suporte clínico conforme sintomas -
Prognóstico
- Intoxicação crônica pode levar a déficits neurológicos permanentes
- Tratamento adequado melhora prognóstico, mas sequelas podem persistir
Homem de 45 anos, com história de coriza, mialgia, cefaleia, febre e tosse seca, inicia, por conta própria, cloroquina, azitromicina e ivermectina em doses altas e evolui com taquidispneia e alteração do nível de consciência. No exame físico, está torporoso, com cianose de dedos das mãos e língua, pele acinzentada e sinais vitais mostrando PA = 100 × 60mmHg, FC = 120bpm, FR = 28irpm e saturação de 02
= 83% no oxímetro. A ausculta cardiopulmonar é normal e a gasometria arterial mostra pH = 7,22, PaCO2 = 26mmHg, Pa02 = 80mmHg,
Sa02 = 92% e hemoglobina = 11,5g/dL. Evolui com abalos musculares e as tomografias de pulmão e crânio têm resultados normais.
Metahemoglobinemia
-
Definição
Condição caracterizada pelo aumento da meta-hemoglobina (MetHb), forma oxidada da hemoglobina que não transporta oxigênio, resultando em hipóxia tecidual. Pode ser hereditária (deficiência da NADH-metahemoglobina redutase ou hemoglobina M) ou adquirida (exposição a oxidantes). -
Quadro Clínico (palavras-chave)
- Cianose central
- Saturação de O₂ baixa (85%) sem melhora com oxigênio
- Sangue marrom/chocolate
- Cefaleia, tontura, dispneia, fadiga
- Casos graves: alteração neurológica, arritmia, choque -
Exame Diagnóstico
- Gasometria arterial: PO₂ normal, mas saturação de O₂ reduzida
- Co-oximetria: Aumento da meta-hemoglobina (>1%)
- Teste do azul de metileno: Melhora clínica confirma diagnóstico -
Tratamento
- Azul de metileno IV (casos sintomáticos ou MetHb >20-30%)
- Vitamina C (casos leves)
- Oxigênio suplementar
- Suspensão da exposição ao agente causador -
Prognóstico
- Bom com tratamento; casos graves podem ser fatais sem intervenção
Paciente do sexo masculino, 65 anos, procura atendimento na emergência com dor abdominal e náuseas. História prévia de coronariopatia crônica, miocardiopatia isquêmica, fibrilação atrial paroxística e hipertensão arterial sistêmica. Ao exame: PA 128 x
75mmHg e FC 82bpm. ECG evidenciou bloqueio atrioventricular.
Intoxicação por Digitálicos
-
Definição
Toxicidade causada pelo acúmulo de digoxina ou outros digitálicos, levando a disfunção cardíaca e sistêmica por inibição da bomba Na⁺/K⁺-ATPase e aumento do cálcio intracelular. -
Quadro Clínico (palavras-chave)
- Gastrointestinal: Náuseas, vômitos, anorexia
- Neurológico: Confusão, fraqueza, visão borrada (xantopsia - visão amarelada)
- Cardíaco: Bradiarritmias, taquicardias ventriculares, extrassístoles ventriculares
- ECG: Intervalo PR aumentado, encurtamento do QT, “escavação digitálica” -
Exame Diagnóstico
- Dosagem sérica de digoxina (>2 ng/mL sugere toxicidade, mas pode ocorrer em níveis mais baixos)
- Hipercalemia (grave em intoxicações agudas)
- ECG: Arritmias variadas -
Tratamento
- Carvão ativado (se ingestão recente)
- Anticorpos antidigoxina (Fab anti-digoxina) em casos graves
- Correção de hipocalemia (se presente, com cautela)
- Marcapasso temporário (se bradiarritmias refratárias)
- Lidocaína ou fenitoína (para taquiarritmias ventriculares, evitar amiodarona) -
Prognóstico
- Potencialmente fatal, especialmente em idosos e insuficiência renal; melhora com tratamento precoce
Homem de 52 anos é levado ao pronto-socorro com quadro de ataxia, fala distorcida, confusão, náuseas e vômitos. A família relata que ele está sob muito estresse e tem bebido há vários dias. Ao exame físico: pressão arterial: 105 x 68 mmHg; frequência cardíaca: 120 bpm;
frequência respiratória: 22 ipm; oximetria de pulso com saturação de 97% em ar ambiente; os demais achados do exame físico não são contributivos. Exames séricos: lactato arterial: 15,5 mol/L; pH: 7,32; PCO2: 27 mmHg; bicarbonato: 15 mEq/L; PO2: 96 mmHg; sódio: 143
mEq/L; potássio: 3,3 mEq/L; cloreto: 106 mEq/L; ureia: 62 mg/dL; creatinina: 2,6 mg/dL; glicose: 72 mg/dL; osmolalidade sérica medida:
322 mmol/kg. A pesquisa de cetonas na urina é negativa. O diagnóstico mais provável é intoxicação por:
Intoxicação por Metanol e Etilenoglicol
-
Definição
Intoxicação por álcoois tóxicos (metanol ou etilenoglicol) que causam acidose metabólica grave com ânion gap aumentado e osmol gap elevado, levando a disfunção neurológica, respiratória e metabólica. -
Quadro Clínico (palavras-chave)
- Metanol: Alterações visuais (visão borrada, cegueira), cefaleia, confusão, acidose grave
- Etilenoglicol: Nefrotoxicidade (insuficiência renal aguda), sintomas neurológicos iniciais, cristais de oxalato na urina -
Exame Diagnóstico
- Acidose metabólica com ânion gap aumentado
- Osmol gap elevado
- Dosagem de metanol/etilenoglicol no sangue
- Cristais de oxalato na urina (específico para etilenoglicol) -
Tratamento
- Fomepizol ou etanol (inibição da álcool desidrogenase)
- Hemodiálise (casos graves: acidose severa, falência renal, níveis altos de tóxico)
- Bicarbonato de sódio (correção da acidose)
- Ácido fólico (metanol) e piridoxina/tiamina (etilenoglicol) para auxiliar no metabolismo dos tóxicos -
Prognóstico
- Potencialmente fatal, mas melhora com tratamento precoce