Empirismo de Hume Flashcards
(20 cards)
QUAL É A PERSPETIVA FILOSÓFICA EM QUE SE INSERE A TEORIA DE DAVID HUME?
Empirismo
Experiência como fonte principal do conhecimento humano
QUAL É O PAPEL DA FILOSOFIA CRÍTICA DE ACORDO COM DAVID HUME?
Investigar o próprio entendimento humano e os seus limites em relação à possibilidade e origem do conhecimento
Hume critica os filósofos que não o fazem e que constroem grandes teorias sobre a ação humana e sobre a moral, sem reconhecer primeiro os limites do conhecimento humano.
QUAL A OPINIÃO DE HUME EM RELAÇÃO À METAFÍSICA?
Hume critica a metafísica, como um erro do espírito humano, fruto da sua vaidade.
- O seu projeto será combater a metafísica através da investigação dos limites do conhecimento.
- Há em Hume uma crítica das religiões e do seu discurso metafísico.
QUAIS SÃO OS TIPOS DE PERCEÇÕES?
Impressões e Ideias
- Impressões diretas provindas dos sentidos externos ou internos: dados fornecidos pela experiência imediata; perceções vivas.
- Ideias que ficaram na memória, depois de vermos o tal objeto, ou a recordação da dor que sentimos; têm menos vivacidade.
EM QUE CONSISTE A TEORIA DA CÓPIA?
As nossas ideias (perceções mais fracas) são cópias das nossas impressões (sensações vívidas a partir da própria realidade).
DAVID HUME TAMBÉM DEFENDE A EXISTÊNCIA DAS IDEIAS INATAS?
Nenhum empirista defende a existência das ideias inatas, ao contrário de Descartes ou outros racionalistas.
Mesmo a ideia de Deus provém dos sentidos, com a ajuda da imaginação.
QUAL É A PROVA DA VERDADE DO EMPIRISMO?
As pessoas cegas, p.e., nunca conseguirão ter determinadas ideias porque nunca contactaram, visualmente, com determinadas realidades.
ÚNICO EXEMPLO DE EXCEÇÃO À REGRA: podemos imaginar um determinado matiz de uma cor que nunca conseguimos ver na realidade.
A TEORIA DA CÓPIA CONSEGUE REFUTAR A METAFÍSICA?
A teoria da cópia dá uma machadada na metafísica.
- Defende que não podemos conhecer nada que não sejam as perceções originadas nos sentidos, mesmo que não tenhamos a certeza absoluta de que os objetos a que essas perceções dizem respeito, existam na realidade.
- Apenas conhecemos as impressões ou ideias que se formam na nossa mente.
DE QUE FORMA AS IDEIAS PODEM ESTAR ASSOCIADAS ENTRE SI?
APENAS:
* Por semelhança
* Por contiguidade no espaço e no tempo
* Pela relação de causa e efeito
QUAIS SÃO OS OBJETOS DA RAZÃO E DA INVESTIGAÇÃO HUMANA?
Relações de ideias e questões de facto
RELAÇÕES DE IDEIAS:
* Conhecimento obtido através da análise de conceitos
* Conhecimento a priori
* Intuitivas e dedutivas
* Verdade necessária
* Certeza
* Conhecimento não substancial
* Ex.: matemática e geometria
QUESTÕES DE FACTO:
* Conhecimento não obtido através da análise de conceitos
* Conhecimento a posteriori
* Inferências indutivas e causais
* Verdade contingente
* Probabilidade
* Conhecimento substancial
* Ex.: crenças nas inferências indutivas (previsão de que o Sol vai nascer amanhã) e nas relações causais (a neve derrete com o calor)
PARA HUME, QUE TIPO DE CONHECIMENTO EXISTE?
Conhecimento a priori e a posteriori
Mas todo o conhecimento do mundo é a posteriori
EM QUE CONSISTE A RELAÇÃO DE CAUSA E EFEITO?
Sempre que raciocinamos sobre questões de facto, utilizamos a relação de causa e efeito → ligamos automaticamente um facto a outro facto → o 1.º é a causa e o 2.º é o efeito.
Aparecimento concomitante de dois fenómenos → criação de uma aparente relação entre os dois que parece lógica.
Mas, na verdade, os dois fenómenos acontecem um a seguir ao outro (apenas vejo 2 fenómenos separados).
HÁ ALGUMA RELAÇÃO LÓGICA ENTRE ESTES DOIS FENÓMENOS (DA RELAÇÃO CAUSAL)?
NÃO
Com a repetição da mesma ação, começo a acreditar que os dois factos estão intimamente ligados e estabeleço uma relação de causa e efeito.
Começo a acreditar que esta relação é lógica, necessária, obrigatória e evidente.
Mas se fosse necessária/lógica, eu teria podido estabelecer esse conhecimento a priori, sem qualquer experiência. Ora, ela não é lógica nem evidente; foi a experiência e a repetição que me levaram a criar aquela relação de causa e efeito. E como ela parece tão natural, até parece lógica.
Baseados nas experiências passadas, não só acreditamos que dois fenómenos separados estão misteriosamente ligados e que essa relação é lógica/necessária, assim como se deu no passado e no presente, também acreditamos que, logicamente, se dará no futuro, mesmo que nós ainda não estejamos lá para ver (com os nossos sentidos).
ENTÃO POR QUE RAZÃO CONSIDERAMOS COMO LÓGICA UMA LIGAÇÃO QUE À PARTIDA NÃO SERÍAMOS CAPAZES DE ESTABELECER?
É apenas a força do hábito que nos leva a considerar isso.
É uma ligação entre dois fenómenos que à partida não têm nada a ver um com o outro.
Só o hábito, que é psicológico, nos faz acreditar numa ligação lógica que não existe.
É LÓGICO DIZER-SE QUE UM LIMÃO É AMARGO?
NÃO.
Só a experiência o pode dizer: não há nada de lógico em um limão ser amargo. Quem não saiba como sabe um limão, só por lógica não era capaz de sabê-lo. Só provando o limão, o saberá (ou seja, só experimentando).
Ninguém é capaz de dizer, com absoluta certeza, a priori, sem qualquer experiência, qual vai ser o efeito provocado por determinado objeto. Todas as afirmações, à partida, podem ser corretas.
QUAL A UTILIDADE DA CRENÇA NA UNIFORMIDADE DA NATUREZA?
Só a nossa crença na uniformidade da natureza, que também não é lógica, no sentido de necessária/obrigatória, nos pode fazer acreditar que amanhã, os mesmos fenómenos provocarão os mesmos efeitos (p.e., daqui a 10 anos, a água continuar a ferver a 100 ºC).
Acreditamos, por instinto, que a natureza é uniforme, que os fenómenos se processam sempre da mesma maneira: só assim poderá haver conhecimento científico, leis científicas, na física, na química, etc.
Só o hábito nos faz acreditar nisso, não temos provas, certeza absoluta, de que isso vá acontecer: só daqui a 10 anos o saberemos quando o virmos com os nossos olhos.
A RELAÇÃO DE CAUSA E EFEITO DEMONSTRA-SE A PRIORI OU A POSTERIORI?
Nem de uma forma nem de outra.
- NÃO É A PRIORI: não é uma lei lógica.
- NÃO É A POSTERIORI: os nossos sentidos mostram-nos dois fenómenos, um a seguir ao outro, mas não nos mostram a relação. É o hábito que nos faz acreditar na existência dessa relação.
POR QUE UTILIZAMOS O RACIOCÍNIO INDUTIVO?
RACIOCÍNIO INDUTIVO: previsão e generalização
Como acreditamos que a natureza é uniforme, a partir de alguns exemplos representativos e com o devido cuidado, atrevemo-nos a generalizar para todos os casos semelhantes e a prever o que acontecerá também no futuro.
A VALIDADE DO RACIOCÍNIO INDUTIVO PODE JUSTIFICAR-SE A PRIORI OU A POSTERIORI?
Nem de uma forma nem de outra.
- NÃO PODE JUSTIFICAR-SE A PRIORI (POR LÓGICA): nada garante que um objeto que produziu determinado efeito, continuará a produzi-lo; não há nada de lógico nisso, só a experiência o poderá mostrar.
- NÃO PODE JUSTIFICAR-SE A POSTERIORI (PELA EXPERIÊNCIA): vamos cair numa petição de princípio - só acreditamos na indução (generalização), porque acreditamos na uniformidade da natureza; só acreditamos na uniformidade da natureza, porque vimos muitos casos semelhantes e generalizamos; utilizamos a indução (generalização) para provar a validade da indução e isto é uma falácia.
DAVID HUME É CETICISTA?
Hume defende o ceticismo moderado/mitigado.
Apesar de não poder ser justificada, é a relação de causa e efeito que nos permite conhecer a realidade física.
Não é lógica, mas sim força do hábito, que é uma espécie de instinto que todos temos.
Tudo o que podemos conhecer e, apenas com prudência, são os fenómenos que captamos pelos sentidos e que acreditamos serem provocados pela realidade física, apesar de não podermos provar que esta realidade exista mesmo.
E este é o limite do nosso conhecimento: não podemos conhecer nada de metafísica (realidade não física, espiritual).