ESPECIALIDADES DIVERSAS Flashcards
Neurologia, Dermatologia, Psiquiatria, Toxicologia e Ortopedia (161 cards)
Quais medidas são impreteríveis para a abordagem de fraturas expostas?
Primeiramente, lembre-se que a infecção é a principal complicação das fraturas externas (principal agente: S.aureus).
Sendo assim, esses pacientes devem ser submetidos a:
- ANTIBIOTICOPROFILAXIA: orientada pela classificação de Gustillo-Anderson
- DESBRIDAMENTO: ato mais eficaz para prevenir infecção
- LAVAGEM mecânica cirúrgica: pelo menos 10L
- ESTABILIZAÇÃO da fratura com fixação: idealmente a cirurgia de correção deve ser feita EM ATÉ 6h após o trauma
Menino caucasiano de 6 anos, hígido, queixa-se de dor em virilha e face medial de joelho esquerdo há uma semana. Não tem antecedente de trauma, sinais sistêmicos ou sinais flogísticos na articulação do quadril. Ao exame nota-se restrição à rotação interna e abdução do quadril esquerdo. Na radiografia de quadril, observa-se aumento da densidade óssea na cabeça do fêmur. Qual é a HD e a conduta?
Temos um ESCOLAR MASCULINO CAUCASIANO com claudicação recente e restrição à rotação externa do quadril. Trata-se provavelmente de doença de LEGG-CALVE-PERTHES, corroborada pela radiografia. As áreas de maior densidade correspondem à esclerose que ocorre na fase inicial dessa doença, quando reduz a vascularização para a epífise proximal do fêmur.
O processo é AUTOLIMITADO e a regeneração óssea ocorre em até 3 anos. Neste período, para a contenção da cabeça femoral junto ao acetábulo, pode ser necessário IMOBILIZAÇÃO com órtese ou cirurgia.
Adolescente de 12 anos, sexo masculino, queixa-se de dor no joelho direito há 2 meses. Há 2 semanas, apresentou aumento de volume articular, sem sinais flogísticos. Nega febre ou trauma prévio.
À radiografia , observa-se lesão na região metafisária distal do fêmur, de limites imprecisos, com reação periosteal lamelar fina tipo “raios de sol”, com presença de triângulo de Codman.
Qual é a HD e a conduta?
Quadro clínico-radiológico clássico de OSTEOSSARCOMA: dor óssea persistente de longa duração, sobretudo na articulação do joelho. Os sinais descritos ao RX são típicos.
Este é o principal tumor ósseo, tendo pico de incidência no início da adolescência.
O tratamento consiste em QT OBRIGATÓRIA (neo/ adjuvante) + cirurgia
Menino de 4 anos com diminuição da movimentação da perna direita há 3 dias, mancando desde ontem. Nega comorbidades, mas apresentou resfriado há cerca de 1 semana. Ao exame: bom estado geral, afebril, queixa de dor na virilha e coxa às manobras ativas e passivas, com mobilidade preservada, sem sinais flogísticos locais. Apresentou hemograma normal, VHS discretamente elevada e RX de quadril sem alterações. USG mostra pequeno derrame articular.
Qual é a hipótese mais provável e a conduta?
Quadro típico de SINOVITE TRANSITÓRIA do quadril.
O principal diagnóstico diferencial é a síndrome de Legg-Calvé-Perthes, entretanto na sinovite o RX é normal.
Essa criança poderia ter sido reavaliada após 24-48h, antes de progredir com a radiografia para investigação. O tratamento consiste apenas em REPOUSO + AINES, pois a evolução é autolimitada (até 2 semanas).
Lactente de 18 meses é trazida ao PA com queixa de dor e imobilidade do membro superior direito. O quadro teve início súbito quando o pai a ergueu e balançou pelas mãos. Ao exame: braço em posição prona, dor à mobilização do cotovelo.
Qual é o diagnóstico e a conduta?
Quadro típico de SUBLUXAÇÃO DA CABEÇA DO RÁDIO (também chamado de “pronação dolorosa”), que consiste em um pequeno deslocamento da cabeça do rádio em relação ao ligamento anular.
Deve ser tratado com redução imediata (manobra feita com supinação do antebraço + flexão do cotovelo)
Criança do sexo feminino nascida a termo com história de oligohidrâmnio na gestação. No primeiro exame do RN, foi constatada manobra de Barlow positiva.
Qual é o provável diagnóstico e o exame confirmatório?
O diagnóstico é de DISPLASIA DO DESENVOLVIMENTO DO QUADRIL, uma malformação que consiste no encaixe imperfeito entre a cabeça do fêmur e o acetábulo, que evolui com luxação. É mais comum em MENINAS e do lado ESQUERDO.
Pode-se suspeitar dessa alteração através das manobras de BARLOW (promove a luxação) e ORTOLANI (reduz a luxação) no exame do RN.
📌 A partir de 2 meses de idade, outros sinais são mais característicos:
- De 2 a 6 meses: sinal de Peter-Bade (assimetria das pregas cutâneas do quadril);
- De 6 a 18 meses: sinal da telescopagem ou de Hart (limitação da abdução do quadril);
- A partir dos 18 a 24 meses: sinal de Trendelenburg.
O exame confirmatório é a ULTRASSONOGRAFIA de quadril, que permite também avaliar a gravidade. Após os 6 meses, a radiografia é o exame de escolha.
O tratamento depende da época do diagnóstico:
- Diagnóstico < 6 meses → órtese de Pavlik;
- 6 a 18 meses → redução incruenta (se falhar, cirurgia é opção);
- ≥ 18 meses → osteotomia.
Qual é o ligamento mais frequentemente acometido nas entorses de tornozelo?
A maioria das entorses de tornozelo é LATERAL (mecanismo de flexão plantar + inversão).
O ligamento mais acometido é o TALOFIBULAR ANTERIOR.
Adolescente de 14 anos joga basquete diariamente. Há cerca de 6 meses vem queixando de dor em ambos os joelhos durante os jogos. Ao exame, apresenta dor à palpação na tuberosidade anterior da tíbia, com aumento do volume local.
RX mostra fragmentação na tuberosidade tibial bilateralmente.
Qual é o diagnóstico e a conduta?
Trata-se de DOENÇA DE OSGOOD-SCHLATTER.
É uma necrose avascular idiopática da tuberosidade da tíbia, que cursa com inflamação (epifisite tibial proximal). É mais comum em MENINOS de 8-15 ANOS e praticantes de ESPORTES, como no caso.
O tratamento é CONSERVADOR, feito com analgésicos + AINES, repouso e uso de joelheira.
Menino de 13 anos, negro e obeso. Queixa-se de dor no joelho direito há 3 semanas, associada à leve claudicação. Nega febre ou edema local. nega infecções virais recentes.
Ao exame, não há artrite ou restrição de movimento dos joelhos, porém nota-se tendência à rotação externa do quadril durante a flexão da coxa (Sinal de Drehman).
Qual é o diagnóstico e a conduta?
Trata-se provavelmente de EPIFISÓLISE PROXIMAL DO FÊMUR, uma patologia que cursa com enfraquecimento da cartilagem epifisial proximal do fêmur e deslocamento do colo femoral em relação à epífise.
É mais frequente em MENINOS NEGROS DE 8-15 ANOS e em associação à SOBREPESO, como no caso.
O diagnóstico poderia ser confirmado com radiografia de quadril (padrão-ouro!), mostrando linha de Klein que não atravessa a cabeça femoral.
O tratamento é CIRÚRGICO, com a epifisiodese.
Durante o trabalho em uma plantação de alfaces, um homem sofreu acidente com fratura exposta na extremidade distal da tíbia. Qual é a classificação de Gustillo-Anderson e a antibioticoprofilaxia que deve ser instituída?
A classificação de Gustillo-Anderson para fraturas expostas considera o tamanho da ferida de partes moles e também o agente causador do trauma:
- I: ferida de até 1 cm → pode-se usar apenas cefazolina
- II: ferida > 1 cm
- III: ferida > 10 cm ou contaminação severa.
Nos tipos II e III, a antibioticoprofilaxia deve ter cobertura para gram positivos e gram negativos: CEFAZOLINA + AMINOGLICOSÍDEO (ou cefa de 3 geração).
Entretanto, existe um detalhe: traumas ocorridos em área rural, como no caso, são sempre classificados como Gustillo III, devido ao maior potencial de contaminação. Deve-se acrescentar PENICILINA ao esquema para cobrir anaeróbios.
📌 Lesões por PAF também são automaticamente Gustillo III.
Segundo a classificação de Gustillo-Anderson, como é considerada uma fratura exposta que envolve lesão arterial? Qual é a conduta nesses casos?
A classificação de Gustillo III se subdivide em outras 3:
- A: há presença de cobertura cutânea
- B: requerem RETALHO (utiliza pele de uma área doadora que mantém o seu pedículo vascular)
- C: lesão ARTERIAL
A conduta nas fraturas externas será sempre cirurgia. A lesão vascular será a última etapa a ser corrigida no procedimento.
📌 Lesões em ambiente rural ou por PAF são automaticamente Gustillo III.
Lactente de 3 meses chega ao setor de emergência convulsionando há mais de 5 minutos. Qual é a medicação de escolha?
A primeira escolha para o tratamento sempre será um BZP, principalmente o DIAZEPAM (via IV ou retal), 10 mg, até 2-3x.
📌 O midazolam é uma opção, mas ele é feito IM, nasal ou bucal.
Para os refratários: FENITOÍNA em bolus (10 mg/Kg) → fenitoína contínua → fenobarbital (20 mg/Kg) → tiopental ou midazolam ou propofol (paciente precisa estar entubado).
📌 ATENÇÃO! No período NEONATAL (até 28 dias de vida), preferimos o FENOBARBITAL.
📌 Lembre-se também que, para lactentes com MENOS DE 6 MESES que convulsionam na vigência de febre, está fortemente indicada punção lombar.
Homem de 42 anos queixa-se de cefaléia hemicraniana direita diária há 7 dias, após mudar turno de trabalho para a noite. A dor é lancinante, ocorrendo até 4 episódios por dia de cerca de 1h cada um. No momento do exame, apresenta hiperemia conjuntival e sudorese em hemiface.
Qual é a HD e o tratamento indicado?
Paciente com quadro típico de CEFALÉIA EM SALVAS.
O tratamento agudo é feito com OXIGENIOTERAPIA e triptanos.
O tratamento de manutenção é feito com VERAPAMIL.
Paciente de 75 anos queixa-se de tremor em membros superiores, percebido principalmente em repouso e mais intenso do lado direito. Ao exame, observa-se discreta rigidez e bradicinesia. Não há instabilidade postural durante a avaliação da marcha.
Qual é a HD e o tratamento indicado?
O diagnóstico desse paciente é de SÍNDROME PARKINSONIANA, sendo a Doença de Parkinson a principal causa. Para o diagnóstico, é necessário BRADICINESIA (obrigatória) + pelo menos 2 manifestações cardinais:
- TREMOR DE REPOUSO (tipicamente ASSIMÉTRICO na doença de Parkinson)
- RIGIDEZ
- INSTABILIDADE POSTURAL
Essa doença é causada por degeneração dos neurônios dopaminérgicos da substância negra mesencefálica.
O tratamento é feito com LEVODOPA (precursor da dopamina que controla a bradicinesia) +- BIPERIDENO (anticolinérgico que ajuda no controle do tremor)
Mulher de 68 anos, hipertensa e diabética. Apresentou subitamente, há 5 horas, cefaleia holocraniana de moderada intensidade, acompanhada de hemiparesia completa grau 3 à direita, hemihipoestesia e disartria.
TC de crânio realizada na urgência não apresenta hiperdensidade, e mostra área de hipoatenuação frontoparietal.
O ECG mostra taquiarritmia irregular de QRS estreito.
Qual é a HD e a conduta?
Temos uma paciente de alto risco cardiovascular apresentando hemiparesia fascio-braquio-crural direita, de início súbito há 5 horas. A hipótese mais provável é de AVE isquêmico, corroborado pela TC e pelo ECG com fibrilação atrial.
Como ela já ultrapassou 4,5h do início dos sintomas, NÃO há indicação de trombólise. Assim, o tratamento é suportivo:
- Cabeceira elevada;
- Hipertensão permissiva: manter < 220:120 mmHg;
- Devido à etiologia cardioembólica, iniciar anticoagulação plena permanente.
📌 O principal fator de risco para AVE é HAS.
Paciente do sexo feminino, 23 anos, obesa e hipertensa. Queixa-se de cefaléia diária há aproximadamente 2 anos, de piora progressiva. Descreve dor constante, bifrontal e bioccipital, e vem percebendo piora gradativa da acuidade visual.
O exame neurológico é normal, exceto por papiledema ao exame de fundo de olho.
Qual é a HD e o tratamento indicado?
Mulher jovem com cefaléia progressiva acompanhada de redução da acuidade visual e PAPILEDEMA.
A hipótese mais provável é HIPERTENSÃO INTRACRANIANA IDIOPÁTICA (ou síndrome do pseudotumor cerebral).
O tratamento é feito com ACETAZOLAMIDA, podendo-se utilizar até DVP em casos refratários.
Paciente de 4 anos tem HP de encefalopatia hipóxico-isquêmica perinatal. Apresenta crises convulsivas refratárias ao tratamento há 1 ano, dos tipos mioclônica, de ausência e atônica. Apresenta retardo do desenvolvimento neuropsicomotor. O EEG atual demonstra complexos ponta-onda de 1,5 a 2,5 Hz.
Anteriormente, aos 5 meses de vida, o EEG mostrava hipsiarritmia.
Qual é a HD atual?
Este paciente apresenta o quadro característico de síndrome de Lennox-Gastaut: associação de atraso do DNPM + múltiplos tipos de crises convulsivas + EEG com complexos ponta-onda de 1-2,5 Hz.
Antes esse paciente apresentava a síndrome de WEST: espasmos musculares e hipsiarritmia ao EEG. Lembre-se que esta pode evoluir para a síndrome de Lennox-Gastaut, e que ambas estão associadas a retardo mental.
Quais são os fatores de risco para recorrência de crise febril? E de risco aumentado para epilepsia?
Risco de recorrência:
- < 1 ano;
- < 24h de febre;
- Ocorrência da crise com febre baixa (< 39).
Risco de epilepsia:
- Atraso do DNPM;
- Crises complexas ou recorrentes;
- HF de epilepsia.
📌 Crise febril COMPLEXA é aquela que possui qualquer uma das seguintes características: FOCAL, duração > 15 minutos ou recorrência em 24h.
Paciente de 72 anos é trazida à consulta neurológica devido à quadro demencial. Ao exame, apresenta baixo desempenho no mini-mental e presença de ataxia de marcha. Familiares relatam ainda histórico de incontinência urinária.
Qual é a principal HD?
Paciente idoso com a tríade clássica de HIDROCEFALIA NORMOBÁRICA: demência, ataxia e incontinência urinária.
Ocorre prejuízo da drenagem liquórica e acúmulo progressivo de líquor (curso insidioso ao longo de meses), causando DILATAÇÃO VENTRICULAR, com pressão normal (VR = 5 a 20cmH2O).
Pode ser confirmada pelo TAP-TEST → melhora do levantar e da marcha do paciente após punção lombar de 30-50mL de LCR → alto VPP mas baixo VPN.
Homem de 52 anos é trazido ao PA com perda de consciência há 3 horas, precedida por cefaléia súbita e intensa, náuseas e vômitos. É tabagista e hipertenso com tratamento irregular.
Ao exame: PA = 170 : 140 mmHg, Fc = 92, FR = 18, afebril, inconsciente, não respondendo a estímulos verbais, rigidez de nuca presente, hemiplegia esquerda e ausência de reflexos osteotendinosos esquerdos.
Qual é a provável causa para o quadro?
A descrição é típica de AVE hemorrágico: cefaleia “em trovoada” (súbita e muito intensa), associada a diminuição do nível de consciência e déficit neurológico focal. Duas condições poderiam explicar o quadro:
1) Hemorragia intraparenquimatosa: é a mais comum e predomina em pacientes com >50 anos, com HAS ou Alzheimer; tipicamente causa déficits neurológicos focais mais precoces.
2) Hemorragia subaracnóide: mais comum em jovens, devido à ruptura de aneurismas saculares (principal) ou malformação arteriovenosa.
Assim, do ponto de vista epidemiológico, a HD mais provável para esse paciente HIPERTENSO é a ruptura de um MICROANEURISMA de Charcot-Buchat, que causa hemorragia intraparenquimatosa.
O tratamento é basicamente SUPORTIVO, com meta de PAS < 140 mmHg.
📌 O anti-hipertensivo de escolha para o AVE é o LABETALOL. Caso não esteja disponível, o nitroprussiato de sódio é uma opção.
Quais são as características, diagnóstico e tratamento da síndrome de Guillain-Barré?
A síndrome de Guillain-Barré é um quadro agudo e autoimune de DESMIELINIZAÇÃO de NERVOS PERIFÉRICOS.
O quadro clássico é de PARALISIA MOTORA FLÁCIDA e ARREFLEXIA de caráter SIMÉTRICO e ASCENDENTE. A punção lombar demonstra dissociação proteino-citológica (HIPERPROTEINORRAQUIA + NORMOCELULARIDADE).
📌 Normalmente há PRESERVAÇÃO de SENSIBILIDADE e ESFÍNCTERS.
O tratamento é feito com IMUNOGLOBULINA, ou plasmaférese.
📌 Corticóides NÃO são eficazes.
OBS: um diagnóstico diferencial é a “paralisia periódica relacionada a hipocalemia”, uma rara doença autossômica dominante que tem a sua fisiopatologia relacionada à hipoK gerada por aumentos séricos de epinefrina e/ou insulina. Nela, vemos crises intermitentes e auto-limitadas de paralisia flácida e arreflexia desencadeadas por estresse ou por dieta rica em carboidratos. O tratamento é repor potássio.
Mulher de 35 anos é atendida com queixa de cefaléia súbita de forte intensidade, com náuseas e vômitos, seguida de perda de consciência. Refere também paresia da perna esquerda, que já melhorou. Nega comorbidades ou episódio prévio de cefaléia semelhante.
Ao exame, está consciente, orientada, sem déficits focais no momento. A TC de crânio não apresenta alterações significativas.
Qual é a HD e qual deve ser a conduta subsequente?
Sempre que estivermos diante de um quadro de CEFALÉIA INTENSA E SÚBITA, devemos considerar a possibilidade de HEMORRAGIA SUBARACNÓIDEA (HSA). Esta pode, ou não, se acompanhar de síncope, convulsões, náuseas e vômitos, RIGIDEZ DE NUCA (meningite química) ou déficits neurológicos focais (que podem normalizar).
O primeiro passo é a realização de NEUROIMAGEM, como foi feito no caso, para confirmar se tratar de um AVE hemorrágico.
Entretanto, até 5% dos pacientes com HSA pode ter a TC normal (Fisher 1). Nesse caso, deve-se realizar PUNÇÃO LOMBAR. Na presença de HSA, serão encontradas hemácias ou xantocromia no LCR.
📌 É importantíssimo realizar o TRATAMENTO INTERVENCIONISTA (embolização por angiografia ou clipagem cirúrgica aberta).
Paciente de 36 anos do sexo feminino queixa-se de visão dupla há 3 semanas. Teve melhora do quadro, porém 2 dias depois os sintomas retornaram associados a cansaço e dificuldade para subir as escadas. Ao exame neurológico, apresenta-se vigil, paraparesia crural de predomínio proximal, fala empastada e semiptose palpebral à esquerda. Qual é a HD provável e qual é o exame para elucidação?
A MIASTENIA GRAVIS é uma doença autoimune CONTRA OS RECEPTORES DE ACETILCOLINA (nicotínicos) localizados na PLACA MOTORA, na fenda pós-sináptica. Com isso, causam um bloqueio da transmissão neuromuscular.
A principal característica é a fraqueza muscular que piora com o movimento (FATIGABILIDADE). Também é típico o comprometimento preferencial da musculatura ocular extrínseca (ptose, diplopia e oftalmoparesia), prosseguindo para musculatura bulbar (disartria, fala anasalada, disfagia e fatigabilidade mastigatória).
O exame indicado para confirmação é a ELETRONEUROMIOGRAFIA, que mostra um PADRÃO DECREMENTAL (a estimulação repetitiva resulta em redução da transmissão do estímulo)
📌 A sensibilidade e os reflexos profundos estão preservados!
📌 Pode ter relação com o timoma.
Uma mulher de 35 anos queixa-se de dor abdominal e vômitos, associados a urina avermelhada “em vinho do porto” nos últimos dias. Afirma também que começou a se sentir deprimida e ansiosa. Ao exame, está taquicárdica e com sinais de neuropatia periférica.
Os sintomas melhoraram após infusão de glicose.
Qual é o diagnóstico?
Temos uma paciente com SINTOMAS NEUROLÓGICOS + DOR ABDOMINAL + URINA EM “VINHO DO PORTO” → achados característicos da PORFIRIA INTERMITENTE AGUDA, a forma mais comum de porfiria aguda.
As porfirias são um grupo raro de doenças metabólicas em que há deficiência de certas enzimas na via biossintética do heme. Manifestam-se com crises intermitentes de sintomas abdominais, neuropsiquiátricios (SNC, periférico e autônomo). São desencadeadas por condições que atrapalham o metabolismo hepático de porfirinas:
- ÁLCOOL;
- Fármacos, como ANTICONVULSIVANTES;
- ESTROGÉNO (atividade hormonal cíclica em mulheres jovens e anticoncepcionais hormonais);
- Infecções, como HCV e HIV.
Há ACÚMULO DE PORFOBILINOGÊNIO NA URINA, que a torna a vermelho-escura quando exposta à luz.
A infusão venosa de GLICOSE e HEME melhora o quadro desta forma de porfiria.
📌 As porfirias são divididas em agudas (na qual a intermitente aguda, descrita acima, é a mais comum) e em cutâneas (porfiria cutânea tarda é forma mais comum).
Sobre a PORFIRIA CUTÂNEA TARDA, saiba que temos lesões BOLHOSAS, cicatrizes, cicatrizes; lesões esclerodermiformes e HIPERTRICOSE. As lesões PIORAM COM A EXPOSIÇÃO SOLAR (logo, predominam em regiões foto-expostas). O tratamento é feito com FLEBOTOMIAS (para retirar o excesso de ferro). Também pode ser usada a cloroquina em baixas doses (mas cuidado… doses maiores pioram o quadro).