Febre Reumática Flashcards
(48 cards)
Definição de febre reumática
Complicação tardia e não supurativa que pode ocorrer de 2 a 3 semanas após uma infecção das vias aéreas SUPERIORES pelo estreptococo beta hemolítico do grupo A
Febre reumática é doença autoimune?
Não
Importância da febre reumática
1) Doença sistêmica
2) Mortalidade e morbidade
3) Incidência maior em países em desenvolvimento
4) Em algumas regiões é a principal causa de mortalidade cardiovascular em menores de 50 anos
5) Custos (tratamento, invalidez, afastamento do trabalho, aposentadoria precoce)
O estreptococos é o causador da febre reumática?
Não. Ele é um gatilho, pois muda, de certa forma, o sistema imunológico
Agentes causadores de faringoamidalites
1) Os vírus são responsáveis por 80% dos casos de faringoamidalite
2) 15-20% das faringoamidalites são bacterianas, quase em sua totalidade por estreptococos
Sintomas de faringoamidalites bacterianas
1) Febre alta
2) Dor
3) Odinofagia
4) Mal-estar
5) Aumento dos linfonodos
6) Placa purulenta em amígdalas
(nas virais, os sintomas acima ocorrem em menor intensidade e o aumento de linfonodos é raro)
Etiopatogênese da febre reumática
Ambiente + condições socioeconômicas (alimentação inadequada, habitação em aglomerados, atendimento médico deficiente) + infecção orofaringe + cepa do estreptococos beta hemolítico proteína M reumatogênicas + fatores de susceptibilidade: HLA DR7, DR53)
(existem outras proteínas M nefrotóxicas)
Susceptibilidade genética do indivíduo à febre reumática
HLA DR7, HLA DR 53
Epidemiologia da febre reumática
● Faixa etária de 5 a 18 anos
● Não há diferença entre os sexos (exceto coreia) e as raças
● Distribuição universal, porém associado a pobreza
● Brasil: 30.000 casos por ano de febre reumática aguda
● Taxa de mortalidade de 7,9% em pacientes internados pelo SUS em 2007
● SOCESP 2017: Em 93% dos casos de insuficiência aórtica a etiologia é a febre reumática
● SOCESP 2017: 30 milhões de casos de febre reumática no planeta, com 500 mil novos casos
por ano e 350 mil mortes
Epítopos compartilhados/mimetismo molecular
Existe uma sequência antigênica comum entre os tecidos humanos e o estreptococos, o que leva o sistema imune a atacar ambos
(basicamente, o sistema imune confunde os tecidos do corpo da própria pessoa com o estreptococos)
Resposta celular TH1 na febre reumática
Mais relacionada ao quadro valvar
Resposta celular TH2
Mais relacionada à coreia e à artrite
Lesão do coração na febre reumática
Ocorre pancardite (pode afetar miocárdio, epicárdio e endocárdio): mais comum acometer endocárdio
Características clínicas
1) Infecção com faringoamidalite (duração de 7-10 dias)
2) Período latente: assintomático (2-3 semanas)
3) Febre reumática aguda/surto reumático
Artrite
1) Sintoma mais comum: 60-85%
2) Poliartrite (5 ou mais articulações)
3) Artrite migratória
4) Artrite assimétrica
5) Artrite de curta duração em cada articulação
6) Pouca inflamação e muita dor
7) Boa resposta a AINHS (como o AAS)
8) Acometimento axial (coluna) é incomum
9) A única deformidade que pode ocorrer é a artropatia de Jacoud
Quadro atípico de artrite (em áreas de alto risco para febre reumática - isso inclui o Brasil)
1) Artrite aditiva
2) Acometimento de pequenas articulações, quadril, coluna cervical
3) Monoartrite
(obs: 30% dos casos de febre reumática no Brasil apresentam acometimento cervical)
Cardite
● Manifestação mais grave 41-83%
● Duração de 3 meses
● Qualquer folheto pode ser afetado, mas pericárdio e miocárdio raramente
● Comprometimento valvar: mitral > aórtica > tricúspide > pulmonar
● Inicialmente temos a insuficiência valvar e posteriormente, se
houver sequela, temos
estenose valvar (fibrose)
● Sopros, taquicardia, arritmias, atrito pericárdico, cardiomegalia, insuficiência cardíaca
● Anticorpos reativos ao tecido cardíaco por reação cruzada se fixam à parede do endotélio valvar e aumentam a expressão da molécula de adesão VCAM I. Esta atrai quimiocinas que favorecem a infiltração celular por neutrófilos, macrófagos e linfócitos T, gerando inflamação
local, destruição tecidual e necrose
● Mais de 50% dos pacientes com FR e cardite vão desenvolver doença valvar reumática crônica
Comprometimento valvar na febre reumática
Comprometimento valvar: mitral > aórtica > tricúspide > pulmonar
Coreia reumática ou de Sydenham
● Principal causa de coreia adquirida na infância no Brasil
● Manifestação tardia 30-40% (até 6 meses depois da infecção orofaringe)
● Predomínio nas meninas, idade entre 3 a 12 anos
● Duração média de 3 meses
● Curso insidioso
● Movimentos arrítmicos, irregulares, rápidos, que são acompanhados de hipotonia muscular.
Predomínio distal nas extremidades e face. Labilidade emocional
● Ocorre inflamação nos núcleos da base. Anticorpos reagem contra receptores dopaminérgicas e lisogangliosídeos localizados na superfície das células neuronais. Existe maior produção de dopamina e consequentemente manifestações clínicas
Nódulos subcutâneos
● Manifestação rara, com incidência de 9%
● Apresentam relação com cardite ativa
● Duração de dias
● Indolores, firmes, isolados ou não
● Localização: superfícies extensoras e proeminências ósseas
● Não são patognomônicos
Eritema marginatum
● Incidência de 7%
● Lesão eritematosa, centro claro e bordas serpiginosa
● Não dói e não coça
● Evanescente (fugaz)
● Mais comum no tronco e região proximal das extremidades
● Poupa a face
Critérios de Jones (aplicação)
Para todos ospacientes com evidência de infecção prévia por Estreptococos beta hemolítico do grupo A
- Febre reumática inicial: 2 critérios maiores OU 1 maior + 2 menores
- Febre reumática recorrente: 2 critérios maiores OU 1 maior + 2 menores OU 3 menores
Critérios maiores de Jones para populações de baixo risco
1) Cardite (clínica ou subclínica)
2) Artrite (apenas poliartrite)
3) Coreia
4) Eritema marginado
5) Nódulos subcutâneos
Critérios maiores de Jones para populações de ALTO risco (isso inclui o Brasil)
1) Cardite (clínica ou subclínica)
2) Artrite (mono ou poliartrite, artralgia)
3) Coreia
4) Eritema marginado
5) Nódulos subcutâneos