Fisiologia do Sistema Digestório Flashcards
(48 cards)
Controle da motilidade
Automatismo dado pelo ritmo elétrico básico, atividade miogênica, regulação nervosa, regulação hormonal endócrina, regulação hormonal parácrina.
Ritmo Elétrico Básico
Controle pelas células intersticiais de Cajal. Entre a camada muscular existe capacidade de atividade espontânea, que gera alterações no potencial de membrana que é oscilante (ondas lentas). Despolarização subliminar gerada pelas células de Cajal leva a alterações devido ao fluxo de íons. Quando atinge o limiar ele gera um potencial de ação onde tem entrada de cálcio, importante para a contração da musculatura lisa. As células de Cajal estão em contato com as células de musculatura lisa (através de junções comunicantes), a atividade elétrica espontânea gera ondas lentas que são alterações no potencial de membrana. A despolarização passa para a musculatura lisa e as estimula, esse estímulo gera contração.
Contração Muscular
As ondas lentas geralmente não causam, por si sós, contração muscular, na maior parte do trato gastrointestinal, exceto talvez no estômago. Mas basicamente estimulam o disparo intermitente de potenciais em espícula e estes, de fato, provocam a contração muscular.
Modulação do ritmo elétrico básico: regulação através de fatores liberados, alguns favorecem a contração e outros afastam do limiar de excitabilidade e geram relaxamento.
Acetilcolina se liga aos seus receptores e pode fechar os canais de potássio deixando mais carga positiva dentro da célula que gera despolarização, amplitude da onda aumenta atinge limiar e gera potencial de ação que leva a contração.
Fatores que aumentam o REB
Sistema parassimpático que libera acetilcolina, importante estimulador da motilidade, distensão pelo alimento, gastrina.
Fatores que diminuem o REB
Sistema nervoso simpático que libera noradrenalina (saída de carga positiva, célula fica mais negativa, o que torna dificil de atingir limiar), hormônios como a secretina.
Regulação Miogênica
Presença do bolo alimentar, distensão da musculatura lisa do trato gastrointestinal onde tem canais de potássio sensíveis a estiramento que se fecham e deixam a célula mais positiva, leva a despolarização que aproxima do limiar de excitabilidade e gera potencial de ação levando à entrada de cálcio na célula e leva à contração do músculo liso do trato gastrointestinal, aumentando a motilidade.
Regulação Nervosa
Sistema nervoso simpático, parassimpático e entérico.
Sistema nervoso entérico regula as funções do trato gastrointestinal, o que acontece no lúmen é percebido pelos receptores osmo quimio e mecano e são comunicados para os neurónios do plexo submucoso e mioentérico, gerando respostas motoras. Os neurotransmissores e neuromoduladores do SNE podem ser excitatórios ou inibitórios.
Obs: dependendo do medicamento que o paciente for tomar mexe com a regulação do sistema nervoso entérico.
Plexo submucoso está relacionado à secreção e fluxo sanguíneo, enquanto o mioentérico está mais relacionado à contração muscular.
Efeitos do sistema nervoso simpático
Vasoconstrição, esfíncteres contraidos, redução da motilidade/peristalse, redução da liberação de acetilcolina.
Efeitos do sistema nervoso parassimpático
Aumento da peristalse, motilidade, sendo essencial para a fisiologia digestiva.
Neuromodulação
Acetilcolina é estimuladora do TGI, aumenta contração e facilita processo de motilidade
Fatores que modulam liberação de acetilcolina: noradrenalina, adenosina, dopamina, encefalina inibem
Café inibe os receptores de adenosina, não vai inibir a acetilcolina e aumenta a contração
Morfina potencializa encefalina, aumenta a inibição de acetilcolina pode levar a constipação
Regulação Hormonal - Gastrina
Liberada pelo estomago (célula G) presença de aminoácidos, nervo vago libera GRP que estimula neurônio que estimula célula G a eliminar gastrina, estimula célula parietal a produzir ácido clorídrico, estimula abertura do piloro e está relacionada ao estimulo de reflexos gastrocólico e gastroileal, alimento chegou no estomago e estimula a motilidade do íleo.
Gastrinoma, síndrome de zollinger ellison: tumor secretor de gastrina, hipersecreção geralmente ocorre no pâncreas ou parede duodenal, pH fica extremamente ácido, desenvolvimentos de úlceras
Hipergastrinemia aumenta a massa de célula parietal (que produz HCl), aumento da secreção ácida que chega no duodeno e gera ulceras, pH muito ácido compromete sais biliares e atividade das enzimas que vem do pâncreas (lipase) -> diarreia com lipídeos já que a lipase que quebra triglicerídeos não vai atuar, hipocalemia.
Regulação Hormonal - Secretina
Quimo muito ácido chega no duodeno onde células S produzem secretina que cai na corrente sanguínea e vai no pâncreas e estimula a produção de uma secreção aquosa rica em bicarbonato e lança no quimo ácido liberando bicarbonato, secretina também diminui peristalse e fecha piloro
Regulação Hormonal - Colecistocinina
Produzida pelas células I do duodeno na presença de gordura no duodeno e jejuno, quimo ácido tem vários produtos da digestão, quimo cheio de lipídeos, células I produzem CCK que cai na corrente sanguínea, atua na vesícula biliar que secreta a bile. Também vai no pâncreas e estimula a secreção de enzimas, estimula centro de saciedade e diminui a fome, fecha o piloro que controla o esvaziamento gástrico.
Regulação Hormonal - Incretinas
Regulam o metabolismo da glicose
GLP1 sintetizado no íleo e cólon nas células L, diminui esvaziamento gástrico
GIP produzido no duodeno e jejuno pelas células K
Ambos sinalizam estado alimentado e estimulam pâncreas para a liberação da insulina.
Regulação Parácrina
Histamina produzida pelas células ECL atua nas células parietais e estimula a secreção de acido clorídrico
Prostaglandina possui ação protetora gástrica, diminui a secreção de ácido clorídrico e estimula a secreção de muco e bicarbonato (barreira protetora para evitar que haja destruição das células) medicamentos que inibem sua produção causam perda desse efeito protetor
Somatostatina atua nas células G, diminuindo a secreção de gastrina, diminui a secreção de HCl pela célula parietal e diminui a motilidade gástrica
Mastigação
Mistura do alimento com muco, redução do tamanho das partículas, mistura com enzimas para iniciar a digestão principalmente do carboidrato (amilase)
Movimentos da mandíbula (temporal, masseter e pterigoideo medial)
Deglutição
Fases oral (voluntária, movimento da língua), faríngea (reflexa, ativa receptores da orofaringe e centro de deglutição que controla o reflexo, abertura de um esfíncter para passagem para o esôfago) e esofágica (involuntária)
Fase esofágica da deglutição
Movimentos fisiológicos do esôfago, fase esofágica da deglutição; relaxamento receptivo do cárdia (peristalse primaria indolor) depende da liberação de oxido nítrico e VIP
Alterações na motilidade: acalásia - deficiência no esvaziamento do esôfago no estomago por distúrbios no relaxamento receptivo do cárdia e peristalse insuficiente, doença onde há lesão dos plexos (neurônios), alimento fica aprisionado no esôfago, gera disfagia (deglutição difícil), odinofagia (dor na deglutição) e halitose
Alterações do esfíncter esofágico inferior - DRGE
Esfíncter abre com a passagem do alimento e depois fecha para que não haja refluxo, com essa alteração o conteúdo gástrico vai para o esôfago e gera lesão
Síndrome de Dumping
Perda do relaxamento receptivo do estomago ou perda do controle pilórico, acelerando o esvaziamento gástrico; causas são gastrectomia parcial (bariátrica) e vagotomia com piloroplastia faz com que o alimento chegue mais rápido no intestino
Quadro clinico: chegada rápida de solutos no duodeno, aumenta a osmolaridade (número de partículas osmoticamente ativas por litro de solução) no lúmen, faz com que haja uma migração de água para a luz intestinal, hipotensão (queda da pressão arterial) mecanismos de controle da pressão arterial geram taquicardia, grande quantidade de soluto aumenta a peristalse e causa diarreia
Aumento de solutos no intestino delgado, gera liberação de hormônios, aumento das incretinas (GLP1 e GIP) que leva a produção de insulina pelo pâncreas, diminuição da glicose na corrente sanguínea leva a hipoglicemia, sudorese e tonteira
Movimentos do intestino grosso
Dois tipos de movimentos: segmentares ou de mistura (forma haustrações) e de massa (reflexo de defecação)
Ao longo da passagem do intestino grosso há uma grande absorção de água, fezes entram liquidas e se tornam pastosas e depois sólidas
Aumento do transito intestinal deixa fezes mais liquidas, diminuição do transito deixa fezes mais sólidas
Constipação e formação de fecaloma: trânsito muito lento, pobre em fibras (importantes para o aumento da motilidade pois permanecem na luz e aumentam gradiente osmótico, aumenta volume do bolo fecal e sua pressão causa distensão que estimula a motilidade), doenças que comprometem os plexos entéricos (doença de chagas), imobilidade, idade avançada,
medicamentos como morfina e atropina
Mecanismo de defecação
Esfíncter anal interno (musculatura lisa, controle involuntário) e externo (musculatura esquelética, controle voluntário)
Distensão ativa de fibras aferentes ativam sistema nervoso entérico ou vão para a medula e ativam sistema nervoso parassimpático
SNE gera aumento da peristalse do TGI e relaxamento do esfíncter anal interno que leva a defecação dependendo das respostas conscientes pelo nervo motor esquelético somático
Passos desde a ingestão de alimento
1- Homogeneização mecânica do alimento e mistura dos sólidos ingeridos com fluidos secretados pelas glândulas do TGI
2- Secreção de enzimas digestivas que hidrolisam macromoléculas em oligômeros, dímeros e monômeros
3- Secreção de ácido ou base para criar um ambiente apropriado para a atividade das enzimas
4- Secreção de sais biliares para solubilizar lipídeos e facilitar digestão e absorção
5- Hidrólise de oligômeros e dímeros nutrientes por enzimas (luminal solta no lúmen ou borda em escova presa na célula) de superfície intestinal
6- Transporte de moléculas de nutrientes e eletrólitos do lúmen do intestino através das células epiteliais para o sangue ou linfa (absorção) lipídeos formam molécula de quilomícrons que vão para a linfa.
Vias de sinalização que estimulam a secreção
1- Ativação da fosfolipase C com liberação de inositol trifosfato e diacilglicerol
2- Ativação da adenilato ciclase ou da guanilato ciclase o que resulta em níveis aumentados de AMP cíclico e GMP cíclico respectivamente
Sistema parassimpático é importante estimulador do TGI, receptores muscarínicos associados à ativação da fosfolipase C
Sistema nervoso simpático inibe a motilidade
Papel da acetilcolina
Acetilcolina vai se ligar ao seu receptor muscarínico que está acoplado a proteína G, subunidade alfa q que quando ativada vai ativar a fosfolipase C que vai quebrar bifosfato de fosfatidilinositol (PIP2) em diacilglicerol (DAG) e trifosfato de inositol (IP3). IP3 se liga em canais e promove abertura de canais de cálcio ativados por IP3 no RE, aumenta concentração de cálcio intracelular importante para a contração, esse cálcio ativa proteína quinase C que também depende do DAG, vai fosforilar proteínas de canais de membrana, enzimas e ativar determinada enzima, abrir ou fechar determinado canal. Mensageiro químico: acetilcolina no meio extracelular, uma vez ligada no receptor são observadas mudanças intracelulares para alterar a função da célula.