Genética de Doenças Complexas, Genome-Wide Association Studies e Contributo dos estudos de associação Flashcards

(38 cards)

1
Q

Doenças Complexas

A
  • Características complexas
  • Vários genes envolvidos
  • Comuns
  • Efeito cumulativo de uma série de fatores genéticos e ambientais
  • Heterogéneas entre pacientes
  • Cancro, esquizofrenia, diabetes,…
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2
Q

Análise do grau de agregação familiar entre doenças complexas — Razão de Risco Familiar

A
  • O grau de clustering numa família pode ser expresso pelo razão de risco familiar (risk ratio, λ)
    > O risco de um parente de um indivíduo afetado em comparação com o risco da população em geral
    λ(R) = (risco da doença em entre parentes de indivíduos afetados) / (risco da doença na população geral)

λ = 1 — significa que não há evidência que a doença se agrega mais na família do que seria esperado por acaso
λ > 1 — significa que há risco aumentado em relação à população em geral
λs = 3 — para uma doença específica, isso significa que os irmãos de indivíduos afetados têm três vezes mais probabilidade de desenvolver a doença comparados com a população em geral

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3
Q

Estudos de Coorte

A

Acompanham grupos de indivíduos ao longo do tempo.
- Prospetivos
-Retrospetivos

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4
Q

Estudos transversais (Cross-Sectional Studies)

A

Avaliam uma amostra num um único ponto no tempo para descrever a prevalência de uma condição ou a relação entre variáveis numa população

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5
Q

Estudo de Coorte Prospetivo

A
  • Estudo longitudinal
  • Iniciam-se antes do desenvolvimento do desfecho de interesse. Os participantes são acompanhados a partir do momento da exposição ao longo de um período de tempo para observar se e quando o desfecho ocorre
  • Ex.: segue-se um grupo de indivíduos saudáveis, observa-se quem é exposto a um fator de risco (como fumar) e acompanha-se o desenvolvimento de doenças, como cancro, no futuro
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6
Q

Estudo de Coorte Prospectivo — Vantagens e Desvantagens

A

Vantagens:
- menor risco de viés de memória
- mais controle sobre a colheita de dados
Desvantagens:
- longa duração
- custos elevados

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7
Q

Estudo Epidemiológico do tipo Coorte Prospetivo

A

Primeiro:
- Identificamos indivíduos expostos ao fator que estamos interessados em estudar se está associado à doença (ex.: alelo de uma variante, fumo do tabaco ou obesidade)
- Indivíduos não expostos
Depois:
- Seguimo-los para ver se desenvolveram a doença ou não
Por fim:~
- Calculamos a incidência da doença nos que foram expostos e comparamo-la com a incidência nos que não foram expostos

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8
Q

Estudo de coorte retrospetivo

A
  • Estudo histórico ou não concomitante
  • Iniciam-se após o desenvolvimento do desfecho de interesse. Analisa-se dados existentes para examinar se houve exposição prévia aos fatores de risco
  • Ex.: estuda-se indivíduos com uma doença e sem doença e investiga-se exposições diferentes entre eles
  • Não significa que se esteja a usar dados recolhidos no passado
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9
Q

Estudo de coorte retrospetivo — Vantagens e Desvantagens

A

Vantagens:
- menos tempo
- custos mais baixos do que os estudos prospetivos
Desvantagens:
- maior risco de viés de memória
- menor controle sobre a qualidade dos dados

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10
Q

Estudo de Coorte retrospetivo do tipo caso-controlo

A
  • Normalmente conduzidos antes de um estudo de coorte longitudinal ou de um estudo experimental para identificar a possível etiologia da doença
    > tem custos menos elevados, pode ser conduzido num curto período de tempo
  • Pode-se investigar múltiplas exposições
  • Preferível quando a doença é rara
  • Casos devem ser homogéneos
  • Os controlos devem vir da mesma população em risco de doença em que os casos surgiram
  • Matching: seleção de controlos semelhantes aos casos em características chave (ex.: idade, género e étnia)
    > matching de indivíduos (pares semelhantes)
    > matching de grupo (frequências semelhantes)
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11
Q

Estudo epidemiológico do tipo Coorte retrospetivo do tipo caso-controlo

A

Primeiro:
- Identificamos indivíduos com doença/fenótipo
- Indivíduos sem doença/fenótipo
Depois:
- Medimos quais foram ou não expostos (ex.: quais têm determinado alelo ou não)
Por fim:
- Calculamos e comparamos a frequência dos que foram expostos entre os dois grupos (ex.: frequência de determinado alelo na população de casos e de controlos)

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12
Q

Estudos genéticos populacionais

A

Pura associação estatística de uma região cromossómica ao fenótipo
1) Estudos de associação caso-controlo em genes candidatos
2) Estudos de Associação caso-controlo em todo o genoma (GWAS)

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13
Q

Fenótipo

A
  • Doença (casos/controlos)
    > raros
    > comuns
  • Características quantificáveis
    > fáceis de medir: altura, peso, …
    > requerem testes: espessura da artéria coronária
    > requerem experiências: expressão de genes
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14
Q

Estudos de associação em genes candidatos

A
  • Testam a associação de variantes (SNPs, CNVs, etc….) num gene ou região específica do genoma com um fenótipo (doença ou característica quantificável)
  • Verificam se determinado gene candidato (de acordo com a sua função conhecida, via celular envolvido, etc.) se encontra associado com um fenótipo
    > muitos genes com função desconhecida
    > escolher um gene candidato não é fácil/linear
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15
Q

Estudo de associação em todo o genoma (GWAS)

A
  • Testam a associação estatística de uma grande proporção de variantes (SNPs, CNVs, etc,…) no genoma com um determinado fenótipo (doença ou característica quantificável)
  • Encontram variantes associadas com um fenótipo sem informação prévia acerca de função génica ou mecanismo
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16
Q

GWAS — Vantagens

A
  • Mais poder estatístico para detetar associação de variantes
  • Maior resolução
  • Não se restringe a genes candidatos
17
Q

GWAS — Requisitos

A
  • Catálogo de variantes genéticas humanas
  • Bom método de genotipagem de baixo custo
  • Número elevado de amostras informativas
  • Design e análise estatísticos eficientes
18
Q

Etapas dos GWAS

A

1) Recolha amostras e informação individual e clínica
2) Genotipagem (microarrays)
3) Controlo de qualidade
4) Análise estatística
5) Replicação dos resultados mais significativos numa amostra independente

19
Q

GWAS — Recolha de amostras e informação individual e clínica

A

Aumento de efeito genético.
- Casos:
> fenótipo mais severo
> casos múltiplos em famílias
> idade baixa na manifestação
- Controlos:
> amostras de baixo risco vs população em geral
> mesma origem ancestral
> homogeneidade com os casos em idade, sexo, etc.

20
Q

GWAS — Genotipagem (microarrays)

A
  • Usualmente SNPs
  • 100K SNPs (primeiro GWAS)
  • 500K-1M variantes comuns distribuídos por todo genoma (tagSNPs)
  • Ou se deteta diretamente a associação com a variante causal (manos provável)
  • Ou se deteta indiretamente o efeito da variante causal (mais provável)
    > deteta-se a associação da doença com uma variante que está em elevado LD com a variante causal
21
Q

LD na população e blocos de haplótidos no genoma humanp

A

International HapMap Project
- ~8% do genoma humano é uma estrutura em mosaico composto por blocos de haplótidos, dentro dos quais existe pouca diversidade genética
- Ocorre devido ao desiquilíbrio de linkage (LD) no genoma: hereditariedade de variantes correlacionadas no no mesmo cromossoma
- haplotype tagging SNPs (tgSNPs) — SNPs representantes do haplótipo que estão em elevado LD entre si
- Permitiu melhorar a eficiência dos estudos genómicos populacionais através do estudo de htSNPs em vez de genotipagem do locus inteiro

22
Q

GWAS — Análise estatística

A
  • Testa-se individualmente e de modo independente a associação de cada SNP com a doença
    Correlação para testes múltiplos:
  • ser seletivo nos resultados que declaramos ser significantes (correção para multiple testing)
    Ajuste para co-variáveis:
  • Ajustamento para fatores que se sabem influenciar o fenótipo (ex.: género, idade, e outras variáveis clínicas)
  • Análise de ancestralidade das amostras e em caso de haver estratificação populacionar excluir algumas amostras ou ajustar a análise
23
Q

Medidas de associação — Quantificação do efeito

A

Risco Relativo (nos estudos de coorte)
- É o riso de ter a doença tendo um determinado fator (ex.: alelo num locus/variante) comparando com quem não é exposto a esse fator
- É definido como a razão entre a incidência da doença no grupo dos expostos e a incidência da doença no grupo dos não expostos ao fator de risco
- Um RR de 1.4 significa que os expostos têm 1.4x mais risco que os não expostos (40% mais)
- Não é influenciado pela incidência da doença na altura em que é feito o cálculo, pois reflete uma comparação relativa entre dois grupos (expostos e não expostos)

24
Q

Medidas de associação — Quantificação do efeito nos GWAS

A

Nos estudos caso-controlo, não podemos calcular incidências porque não temos população em risco no início do estudo
Odds Ratio (effect size):
- OR é rácio entre a “odds” de exposição no grupo dos casos e a “odds” de exposição no grupo dos controlos
- Não tem em conta a incidência da doença e reflete a relação entre a presença da variante e a doença
- Nos estudos genéticos, o OR é muitas vezes expresso por alelo, refletindo o efeito de uma cópia da variante de risco
- É importante calcular-se o intervalo de confiança para cada OR:
> Um intervalo de confiança que inclua o 1 significa que a associação encontrada entre a exposição e o outcome (doença) pode ter sido encontrada por chance e que não é e estatisticamente significativa

25
GWS — Replicação
- As associações iniciais encontradas nos GWAS precisam de ser confirmadas - Os SNPs candidatos nas regiões com associação estatística são genotipados numa amostra de replicação independente - Confiança extra é obtida com: > p-values mais baixos > replicação num estudo independente numa população
26
Procedimento para encontrar a variante causa num GWAS
A sequenciação do bloco de haplótipos onde se encontra a variante associada permitirá: - Encontrar CNVs e variantes com freq < 5% Genomewide association study identifies a SNP that is associated with the disease **→** Identify the haplotype block involved **→** Sequence the block in a panel of cases and controls to identify every variant **→** Test association of each variant with the disease, using logistic regression to disentangle effects of linkage disequilibrium between SNPs **→** Identify the factor(s) giving the strongest association(s) and perform functional assays
27
Contributo dos estudos de associação em genes candidatos para doenças complexas
- Poucos estudos de associação em genes candidatos foram replicados/confirmados em estudos seguintes - A maioria das variantes com OR elevados foram identificadas antes dos GWASs (ex.: apoE4 na Doença do Alzheimer, alelos comuns no NOD2 na doença na doença de Crohn's e especielmente alelos HLA com doenças autoimunes)
28
Exemplo GWAS — Estudo do WTC em 2007
- 7 doenças comuns - 2000 casos bem caracterizados para cada doença - 3000 controlos comuns - Genotipagem 500000 SNPs > identificação de 25 sinais independentes de associação a uma das doenças (p<5 x 10-7) * 13 já identificados anteriormente e os restantes novos. A maioria dos novos confirmados posteriormente - Identificação de **25 sinais** independentes de associação a uma das doenças - OR (risco para heterozigóticos comparado com risco para homozigóticos sem alelo de risco: > 1.09-5.49 (associação já conhecidas de alelos HLA com doença auto-imunes) > 1.09-2.08 **Conclusão: Estas doenças complexas não têm fatores de suscetibilidade individuais fortes**
29
Frequências e magnitudes do efeito/penetrância de alelos patogénicos
Rare alleles causing Mendelian disease: - allele frequency: very rare - effect size: high Low-frequency variantes with intermediate effect Common variants implicated in common disease by GWAS: - allele frequency: common - effect size: low Rare variants of smal effect — very hard to identify by genetic means
30
Cancro da mama — Conhecimento atual dos fatores genéticos
- Antes de 2007: estudos de linkage e em genes candidatos ~25% heritabilidade - Primeiros GWASs: 18 new susceptibility hits (2007-2011) ~8% heritabilidade - GWAS subsequentes em amostras maiores: 94 new loci (2007-2015) ~14% heritabilidade Neste momento permanecem por identificar ~50% dos fatores genéticos para o cancro da mama
31
Common disease — Common variant hypothesis
**- Frequencies of susceptibility alleles:** high **- Effect sizes of susceptibility alleles:** small **- Locus heterogeneity (number of suscetibility loci for a given disease):** high **- Allelic heterogeneity (number of different susceptibility alleles at a locus):** low **- Origin of susceptibility alleles:** ancient common ancestor **- Technology to detect susceptibility factors:** association studies
32
Mutation — selection hypothesis
**- Frequencies of susceptibility alleles:** low **- Effect sizes of susceptibility alleles:** moderate **- Locus heterogeneity (number of suscetibility loci for a given disease):** could be low **- Allelic heterogeneity (number of different susceptibility alleles at a locus):** high **- Origin of susceptibility alleles:** relatively recent mutations **- Technology to detect susceptibility factors:** resequencing
33
História dos GWAS e expetativas
- Primeiro GWAS realizado em 2002: enfarte do miocárdio - Primeiro GWAS para cancro da mama: 2007 - Expetativa dos GWASs: encontrar a base genética para a hereditariedade - Milhares de estudos, centenas de milhares de indivíduos, milhares de milhões de SNPs genotipados, milhões investidos
34
Conhecimento adquirido pelos GWAS
- GWAS provaram que a maioria das doenças comuns são poligénicas - Identificaram novos genes e mecanismos causadores de doença - Levaram a avanços nos cuidados clínicos (ex.: identificação de novos alvos possíveis para drogas, de biomarcadores para doenças)
35
Conhecimento adquirido pelos GWAS — Vias biológicas envolvidas
**Papel da imunidade adaptativa na Esclerose múltipla:** - Os GWAS confirmaram um papel principal da imunidade adaptativa (com poucos hits relacionados com vias neuronais) - GWAS mostraram variantes de risco comuns entre esclerose múltipla e a doenças auto-imunes **Doença de Crohn's:** - Apontaram (pela 1º vez) para a importância da autofagia - Salientaram a importância de vias do sistema imune inato **Mecanismos funcionais**
36
Conhecimento adquirido pelos GWAS — Variantes associadas
- Maioritariamente genes e regiões não suspeitas anteriormente - Poucas (e das mais fortes) em regiões codificantes - Maioria das associações estão em elementos reguladores - Algumas estão em desertos génicos
37
Limitações dos GWAS
1) As descobertas dos GWAS não explicam toda a heritabilidade (normalmente < 10%) - cancro da mama contribuíram para identificar 14% - menos em doenças de foro psiquiátrico (ex.: esquizofrenia) 2) As variantes identificadas conferem um risco individual muito baixo (allelic effect size estimates < 1.3) - é necessário amostras muito grandes para se detetar o efeito de variantes raras e de risco baixo 3) A variante associada não é necessáriamente a variante causal/responsável pela doença - LD com a variante causal 4) Não trazem benefício direto aos pacientes Estatística → Biologia → Medicina
38
O sucesso dos GWAS depende...?
1) Do tamanho da amostra analisado 2) Da magnitude do efeito causado pela variante causal (desconhecido à partida) 3) Da frequência da variante causal 4) Do LD entre a variante causal e a variante genotipada