memorial do convento Flashcards

(28 cards)

1
Q

Por que razão se pode considerar que o título deste romance (Memorial do Convento) é um convite à sua leitura?

A

a palavra Memorial remete para memórias do passado dignas de ser recordadas e a palavra Convento evoca um monumento nacional do património português: o Convento de Mafra.

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Q

Em que medida o título do romance e a contracapa perspetivam uma visão múltipla da construção do Convento de Mafra?

A
  • O romance evoca a construção do Convento de Mafra, perspetivando os acontecimentos através dos diferentes olhares.
  • O termo Memorial remete para um recuo no tempo e para o resgate de memórias relacionadas com um acontecimento histórico.
  • No entanto, o ato de recordar é sempre subjetivo e as memórias megalómanas do rei serão necessariamente muito diferentes da lembrança sofrida dos trabalhadores que participaram na construção do monumento, como demonstra o texto inserido na contracapa do romance.
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3
Q

Qual é o fio condutor do romance?

A

O sonho de edificação de um convento, que parece ser o fio condutor do romance, depressa cede lugar ao sonho de voar do Padre Bartolomeu de Gusmão. A construção da passarola assume o papel central na obra, congregando o trabalho coletivo dos verdadeiros protagonistas do romance: “uma trindade terrestre”.

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4
Q

Por que razão podemos considerar que neste romance se cruzam múltiplas histórias?

A

uma vez que se tratam as linhas narrativas do rei D. João V, dos construtores do convento, de baltasar e blimunda, e da construção da passarola

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5
Q

Que diferentes linhas de ação se cruzam neste romance?

A

Podemos considerar que neste romance se cruzam quatro linhas de ação: a promessa megalómana de um rei que necessita de descendência, a construção de um convento, a história de amor de Baltasar e Blimunda e a construção da passarola

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6
Q

Em que medida se cruzam no romance história e ficção?

A
  • Através da intervenção do maravilhoso, o relato dos factos históricos assume uma nova perspetiva.
  • Valorizam-se aqueles que são normalmente esquecidos: os humildes e os desfavorecidos, que, neste caso, contribuíram para a elevação do Convento de Mafra e para a construção da máquina voadora. (ficção)
  • A passarola simboliza, assim, a fuga a um mundo dominado pela prepotência do poder.
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7
Q

Por que razão o sonho do rei é diferente do sonho do Padre Bartolomeu de Gusmão?

A
  • Neste romance, o sonho do Padre Bartolomeu de Gusmão simboliza o querer do Homem como força primordial (A consecução do sonho só é possível porque está na medida de quem o desejou, planeou e realizou)
  • Opostamente, o sonho do rei é perspetivado na obra como um desejo egoísta de vaidade e de ostentação.
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8
Q

Quem são os verdadeiros protagonistas do romance?

A
  • o povo trabalhador é elevado à categoria de herói.
  • Os trabalhadores cumprem um sonho que não é deles, são sujeitos à exploração dos poderosos, são os construtores do convento e espelham a miserável condição social da maioria da população portuguesa
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9
Q

De que modo são organizadas as personagens dentro da ação do romance?

A

No romance, as personagens são perspetivadas em pares dicotómicos:
* personagens históricas e ficcionais;
* os poderosos e os construtores do convento;
* o rei e a rainha e Baltasar e Blimunda;
* o Padre Bartolomeu de Gusmão e a Inquisição.

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10
Q

Como podemos caracterizar o casal real?

A

D. João V é um rei absoluto, de caráter vaidoso e megalómano. É um marido leviano que está preocupado com a sua sucessão. D. Maria Ana Josefa é austríaca e muito devota. Sente alguma atração pelo seu cunhado. O seu papel limita-se a assegurar a descendência do reino

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11
Q

Como podemos caracterizar o Padre Bartolomeu de Gusmão?

A
  • Padre Bartolomeu de Gusmão é um homem muito avançado para o seu tempo, que foge à perseguição da Inquisição.
  • É um académico, um cientista, um visionário, um cortesão, um amigo e um padre que questiona os preceitos religiosos, colocando a religião ao serviço das pessoas e não o contrário.
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12
Q

Quem é a Infanta Maria Bárbara?

A

Maria Bárbara é a primeira filha do casal real. Não é muito bonita, estuda música com Domenico Scarlatti e casa aos 17 anos, pelo que nunca chega a ver o convento erigido como promessa do seu nascimento.

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13
Q

Quem é João Federico Ludovice?

A

João Federico Ludovice é o arquiteto alemão contratado para construir o Convento de Mafra.

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14
Q

Quem são as personagens históricas que intervêm na obra?

A

As personagens históricas são o rei, a rainha e os infantes, o Padre Bartolomeu Lourenço de Gusmão e o músico Domenico Scarlatti. As restantes personagens são ficcionadas.

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15
Q

Que relações podemos estabelecer entre Baltasar Mateus, Blimunda de Jesus, Sebastiana Maria de Jesus, Marta Maria, João Francisco e Inês Antónia?

A
  • Baltasar e Blimunda são um casal.
  • Sebastiana é mãe de Blimunda e foi deportada para África pela Inquisição.
  • Marta Maria e João Francisco são os pais de Baltasar.
  • Inês Antónia é a irmã de Baltasar.
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16
Q

Qual é o tempo histórico retomado na ação do romance?

A

O romance transporta-nos até ao reinado do D. João V, na primeira metade século XVIII, num tempo em que as minas de ouro do Brasil trazem grandes riquezas ao país. É uma época de construções sumptuosas, entre as quais se conta o Convento de Mafra. É ainda o tempo da Inquisição que concebe os autos de fé como espaços de alegria, cerimónias com requintes grandiosos: procissões, leitura das sentenças, suplícios, degredo ou morte na fogueira. ​

17
Q

No século XVIII, a passarola de Padre Bartolomeu de Gusmão voou efetivamente?

A

Na realidade, a passarola desenhada por Padre Bartolomeu de Gusmão nunca passou do papel. Este é mais um caso em que, neste romance, se mistura verdade com ficção.

18
Q

Como se organiza o tempo da narrativa?

A

Ao longo do romance surgem várias referências ao tempo histórico que se cruzam com alusões à ordenação cronológica. As referências temporais são escassas e muitas vezes implicam deduções por parte do leitor. A ação do romance abrange os anos de 1711
a 1739.

19
Q

De que modo o narrador organiza a narrativa?

A

O narrador não organiza a narrativa cronologicamente, pois recorre a analepses, a prolepses, a elipses e sumários. Deste modo, o narrador manipula o tempo, inserindo também comentários e realizando comparações entre épocas históricas diferentes.

20
Q

Por que razão podemos considerar que o romance é uma crítica social aos poderosos?

A

Neste romance, o poder é ridicularizado e o povo enaltecido. A obra constitui uma forte crítica ao Estado todo-poderoso, à justiça parcial e à hipocrisia da Igreja.

21
Q

Que aspetos da sociedade do século XVIII são criticados no romance?

A
  • o sofrimento do povo,
  • o poder absoluto do rei,
  • o regime repressivo da Inquisição,
  • a quebra do celibato sacerdotal,
  • a parcialidade da justiça,
  • o adultério
  • a corrupção generalizada.
22
Q

Qual é a dimensão simbólica do voo da passarola?

A
  • O sonho do Padre Bartolomeu de Gusmão é um sonho antigo do ser humano: voar. Foi a conjugação de várias forças que contribuiu para o voo da passarola.
  • Assim, a ciência do padre, a força física de Baltasar, a arte de Scarlatti e a magia de Blimunda, em comunhão plena, ultrapassaram a incapacidade humana de voar.
  • Deste modo, este romance é também um eco da mensagem de Fernando Pessoa na obra Mensagem: “tudo vale a pena / se a alma não é pequena”.​
23
Q

Podemos considerar que existem números simbólicos, no romance?

A

A simbologia dos números também está presente nesta obra. Assim, o número três surge como o símbolo da perfeição divina (trindade); o número sete surge várias vezes referido na obra e está associado à totalidade e perfeição; o número nove está associado à insistência e determinação de Blimunda na procura de Baltasar.​

24
Q

Que elementos simbólicos estão presentes neste romance?

A
  • A magia dos olhos de Blimunda realça a excecionalidade de uma figura feminina anónima
  • A referência às “vontades” é uma metáfora da força impulsionadora do sonho
  • A pedra “Benedictione” é o símbolo de todas as pedras e das dificuldades que os homens tiveram de ultrapassar para obedecerem à vontade do rei
  • As alcunhas de Baltasar e Blimunda representam a união perfeita de um casal que se completa
  • A passarola simboliza a consecução de um sonho da humanidade
  • A música de Scarlatti apela para o poder da (de cura) arte
  • A demanda final de Blimunda representa uma lição de amor e de perseverança
25
Como se estrutura o romance?
* O texto resulta de um efeito de alquimia poética, em que se misturam a narrativa histórica com a ficção e a magia da construção da passarola. * O romance apresenta ainda múltiplas vozes: a voz do narrador em diferentes tempos (século XVIII e século XX) atravessa o texto e cruza-se com a da gente do povo e a dos altos artistas. * Saramago elabora um texto polifónico (varias vozes) composto por vários textos que percorrem a literatura e a cultura popular
26
Como se concretiza a intertextualidade neste romance?
* A citação, no romance saramaguiano, tem muitas vezes uma natureza irónica ou paródica (não se destaca por qualquer marca gráfica) denunciando tanto o tempo em que se insere a historio como o tempo atual e de saramago (sao criticas intemporais) * Neste romance, há inúmeras referências a versos da epopeia ou de poemas de Camões, expressões de Padre António Vieira ou Fernando Pessoa, contos tradicionais, adágios e provérbios populares, etc.
27
Como é subvertida a pontuação?
* A pontuação tradicional é subvertida no “estilo saramaguiano” numa aproximação à linguagem oral. * Assim, as palavras proferidas por uma personagem surgem, muitas vezes, no meio do discurso do narrador, sem recurso a qualquer marca formal. * O discurso ficcional é cerrado e denso e o diálogo e o discurso do narrador misturam-se. * As falas das personagens não aparecem delimitadas graficamente de forma tradicional, pois a maior parte dos sinais emotivos de pontuação (exclamação, interrogação, reticências, travessões) foi excluída.
28
Que características específicas apresenta a linguagem deste romance?
* O romance apresenta um discurso muito próximo da oralidade, através do uso inovador e transgressor da pontuação. * A vírgula sobrepõe-se aos demais sinais de pontuação: substitui o travessão, separa as falas das personagens, marca pausas e acelera o ritmo de leitura. * Os sinais emotivos de pontuação, como o ponto de exclamação e o ponto de interrogação, são eliminados.