Neuroanestesia Flashcards

1
Q

Homem de 50 anos apresenta tumor cerebral e será submetido a craniotomia para ressecção. Anestesia geral com desflurano em dose maior que 1 CAM está contraindicada porque esse anestésico causa aumento da:

A) pressão intracraniana
B) atividade epileptiforme
C) taxa metabólica cerebral
D) pressão de perfusão cerebral 
E) NDA
A

Resposta A

O desflurano produz redução dose-dependente da resistência vascular cerebral e do consu- mo cerebral de oxigênio, com aumento do fluxo sanguíneo cerebral e da pressão intracrania- na. Produz diminuição da resistência vascular sistêmica e não causa aumento da atividade epileptiforme.

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2
Q

Paciente é submetido a anestesia geral com propofol e remifentanil com monitorização da entropia para avaliação do estado de consciência perioperatória. Em um determinado momento durante a cirurgia, o monitor mostrou valor de entropia de estado (SE) de 50 e entropia de resposta (RE) de 65. Como você interpreta esses dados?
A) despertar intraoperatório
B) aumento do estímulo álgico
C) aumento da temperatura corporal
D) necessidade de administrar bloqueador neuromuscular E) NDA

A

Resposta B
O monitor de entropia apresenta duas variáveis: entropia de estado (SE) e entropia de res- posta (RE). A SE varia de zero (EEG isoelétrico) a 91 (completamente acordado), enquanto a RE varia de zero a 100. Quando a atividade eletromiográfica é baixa, os valores de SE e RE podem ser iguais, mas, com o despertar e aumento da eletromiografia facial, RE se eleva e se torna maior que SE. A faixa anestésica está entre 40 e 60. Se a SE se eleva além desta faixa, o fabricante recomenda aumento da dose hipnótica. Por outro lado, se a SE está na faixa anes- tésica, mas a RE apresenta valores 10 unidades acima da SE, indica aumento da intensidade do estímulo álgico, com a necessidade de suplementação de analgésicos.

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3
Q

Mulher de 19 anos e 60 kg, vítima de acidente de trânsito, chega ao hospi- tal em coma. Ao exame, não abre os olhos, emite sons incompreensíveis e faz movimento de retirada a estímulo doloroso. Apresenta sinal de Babinski e hiperreflexia à esquerda. A pupila direita está dilatada, sem resposta à luz. A tomografia cerebral mostra volumoso hematoma extradural temporoparietal direito. Após a intubação traqueal e controle ade- quado da ventilação, foi iniciada a infusão de 60 gramas de manitol seguida de piora do edema cerebral. Essa piora pode ser explicada por:

A) vasodilatação cerebral
B) redução da viscosidade sanguínea
C) lesão da barreira hematoencefálica
D) osmolaridade plasmática acima de 320 mOsm E) NDA

A

Resposta: C
A barreira hematoencefálica íntegra é necessária para prevenir a entrada do manitol no teci- do cerebral. Se a barreira não estiver íntegra, o manitol pode entrar no cérebro, reter líquidos e produzir edema cerebral.

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4
Q

Paciente vítima de trauma crânio-encefálico apresenta hematoma intra- cerebral com pressão intracraniana de 35 mmHg, pressão arterial média de 80 mmHg e saturação periférica de oxigênio de 93%. Está intubado em ventilação mecânica. Qual é a conduta mais indicada para este paciente?

A) usar PEEP de 7 cmH2O
B) administrar noradrenalina 
C) manter PaCO2 em 30 mmHg 
D) administrar corticosteroids 
E) NDA
A

Resposta B
Este paciente apresenta pressão de perfusão cerebral (PPC) de 45 mmHg (PPC = PAM – PIC). Portanto, deve receber drogas vasopressoras (fenilefrina, noradrenalina, dopamina) para aumentar a pressão arterial média com consequente aumento da PPC acima de 70 mmHg. O uso de PEEP reduz a drenagem venosa cerebral aumentando ainda mais a PIC. A hiperventilação com PaCO2 abaixo de 35 mmHg leva a vasoconstricção cerebral com risco de isquemia. O uso de corticosteroides não reduz a PIC.

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5
Q

Paciente de 60 anos submetido à ressecção de astrocitoma grau II apresenta concentração plasmática de sódio de 127 mEq.L-1, dosagem de sódio urinário de 30 mEq.L-1 e osmo- lalidade plasmática de 260 mOsm.L-1. O diagnóstico provável desse quadro é:

A) diabetes insipidus
B) hipoaldosteronismo
C) síndrome perdedora de sal
D) síndrome de secreção inapropriada de hormônio antidiurético 
E) NDA
A

Resposta D
A síndrome de secreção inapropriada de hormônio antidiurético deve ser suspeitada em qualquer paciente com hiponatremia que apresente os seguintes dados laboratoriais: sódio urinário > 20 mEq.L-1; dosagens baixas de ureia, ácido úrico e creatinina plasmáticos; sódio sérico < 130 mEq.L-1; osmolalidade plasmática < 270 mOsm.L-1; e urina hipertônica em re- lação ao plasma.

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6
Q

O fármaco que apresenta a relação mais favorável entre consumo de oxigênio e fluxo sanguíneo cerebrais é:

A) propofol
B) etomidato
C) midazolam
D) dexmedetomidina 
E) NDA
A

Resposta C
Embora todos os fármacos reduzam tanto o consumo de oxigênio como o fluxo sanguíneo cerebral, a melhor relação cabe ao midazolam com mais de 30% de redução da taxa metabó- lica cerebral e com mínima alteração no fluxo sanguíneo.

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7
Q
Paciente politraumatizado apresenta escore 7 na Escala de Coma de Glasgow e equimo- se mastóidea. Realizou a última refeição há 4 horas. É contraindicação absoluta:
A) intubação orotraqueal
B) inserção do combitube
C) intubação nasotraqueal
D) inserção de máscara laríngea
A

Resposta C
A equimose em região mastóidea leva à suspeição de ocorrência de fratura basilar de crânio. A intubação nasotraqueal está contraindicada, já que existe a possibilidade da introdução da cânula dentro do cérebro ou da órbita.

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8
Q

Quanto a monitorização em neurocirurgia, é INCORRETO afirmar que:

A) a extração cerebral de oxigênio maior que 42%, medida no bulbo jugular, pode indicar isquemia cerebral;
B) as ondas A, na monitorização da pressão intracraniana, indicam diminuição da complacência intracraniana;
C) os valores de pressão cerebral de O2 abaixo de 10-15mm Hg associam-se à mau prognóstico em pacientes vítimas de TCE;
D) o aumento de 20% na amplitude e diminuição de 4% da latência do potencial evocado somatossensitivo podem traduzir isquemia medular.

A

Resposta D

A medida da saturação de O2 no bulbo jugular (SJO2) permite avaliar a extração de oxigênio cerebral de forma difusa, e valores de ECO2 > 42% ou SJO2 < 55% associam-se com isquemia cerebral. A pressão cerebral de O2 permite avaliar a oxigenação cerebral de forma difusa e valores abaixo de 10-15mmHg têm sido associados a mau prognóstico em TCE. Ondas A de platô ou de Lendberg na PIC indicam diminuição da complacência intracraniana, acompa- nham sinais e disfunção cerebral e do tronco e estão associadas a mau prognóstico e hernia- ção. O PESS é uma monitorização muito utilizada para cirurgia de coluna, e diminuição de 50% na amplitude e aumento de 10% na latência se associam à injúria medular.

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9
Q

Homem, 24 anos, estado físico 1 da ASA, vítima de traumatismo crânio- encefálico (TCE) grave. Após atendimento inicial, não foram observadas lesões extracra- nianas e o paciente é encaminhado para craniectomia descompressiva. Com o objetivo de reduzir a morbimortalidade, é verdadeiro afirmar que a:
A) hipocapnia deve ser evitada nas primeiras 24 horas.
B) monitorização da pressão intracraniana (PIC) não está indicada.
C) pressão de perfusão cerebral (PPC) deve ser mantida acima de 90 mm Hg. D) autorregulação cerebral é mantida com valores de PPC entre 70 e 90 mm Hg.
E) glicemia acima de 200 mg.dL-1 na admissão se associa a melhor prognóstico funcional.

A

Resposta A
A isquemia cerebral é o fator secundário mais importante no prognóstico após TCE. Assim, os valores de PIC e PPC são preditores de prognóstico neurológico. A monitorização da PIC está indicada em pacientes vítimas de TCE grave (Glasgow < 8), se a tomografia computado- rizada é anormal ou se outros fatores de risco estão agregados (idade > 40, pressão arterial sistólica < 90 mm Hg). A PPC deve ser mantida entre 50 e 70 mm Hg. Tentativas agressivas de elevar a PPC devem ser evitadas, devido à perda da autorregulação cerebral e dissociação entre o fluxo sanguíneo (FSC) e as necessidades metabólicas cerebrais. A elevação da PPC causa aumento passivo do volume sanguíneo cerebral e PIC com edema vasogênico e maior aumento da PIC. Hipocapnia profilática (PaCO2 < 30 mm Hg) não é recomendada no ma- nejo do TCE e deve ser evitada nas primeiras 24 horas após a lesão, quando o FSC estará criticamente reduzido. Após o TCE, a hiperglicemia é um achado comum e está associada à gravidade da lesão. A glicemia acima de 180 mg.dL-1, após a admissão, se correlaciona com maior mortalidade e pior prognóstico funcional.

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10
Q

A respeito da produção de líquor, pode-se afirmar que:

A) aumenta sempre que ocorre aumento de pressão intracraniana. B) não sofre influência dos níveis de pressão ventricular cerebral.
c) diminui na vigência de processos expansivos intracranianos.
D)diminui apenas em quadros expansivos infratentoriais.
e)aumenta em casos de perda de parênquima cerebral.

A

Resposta B
A produção de líquor (0,4ml.min-1) se mantém constante em regimes de hipotensão ou hi- pertensão intracraniana e ou ventricular cerebral.

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11
Q

A identificação precoce de hemorragia intracraniana e ausência de fluxo sanguíneo cerebral, por meio da monitorização do índice bispectral (BIS), pode ser feita pela:

A)elevação do índice e da taxa de supressão.
B)diminuição do índice e da taxa de supressão.
c) diminuição do índice e elevação da taxa de supressão.
D)elevação do índice e diminuição da taxa de supressão.
e)estabilização do índice e diminuição da taxa de supressão.

A

Resposta C
A hemorragia intracraniana e a perda da reatividade vascular aumentam a pressão intracra- niana (PIC) e reduzem a perfusão cerebral. Em consequência da menor perfusão cerebral, a atividade neuronal diminui e se lentifica. Essa resposta se manifesta como sofrimento neu- rológico na monitorização do BIS, por meio da diminuição dos valores do índice e elevação da taxa de supressão.

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12
Q

Em relação à monitorização da função neurológica, pode-se afirmar que a:

A) pressão intracraniana normal é maior do que 25 mm Hg.
B) curva de pressão intracraniana é composta de cinco ondas.
C) pressão intracraniana (PIC) mede a função e a recuperação neurais.
D) onda de pressão do líquido cerebroespinhal não oscila com o ciclo cardíaco.
E) onda A ou de platô surge na curva da pressão intracraniana (PIC), quando existe lesão neurológica grave.

A

Resposta E
A monitorização da pressão intracraniana (PIC) pode ser obtida pela inserção de um trans- dutor no espaço subaracnóideo, no espaço peridural ou intraventricular. A PIC não mede a função ou recuperação neural. A onda de pressão do líquido cerebroespinhal oscila com o ciclo cardíaco, tendo como valores de normalidades pressões menores que 20 mm Hg. Registros contínuos da PIC identificam três ondas: A ou de platô, que surge quando existe lesão neurológica grave e está relacionada a prognóstico ruim; B, que reflete a complacência intracraniana; e C, que indica pequenas quantidades de volume acrescido dentro do crânio.

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13
Q

A conduta inicial, no paciente com traumatismo cranioencefálico é:

A)verificação do estado neurológico por meio da escala de Glasgow
B) liberação das vias aéreas
c) contenção da hemorragia intracerebral
D) realização de radiografia de tórax
e) correção da volemia

A

Resposta B
Independente do mecanismo do trauma, da gravidade das lesões apresentadas e do estado clínico, a verificação da perviabilidade da via aérea e a estabilização da coluna cervical são prioridades.

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14
Q

Paciente vítima de queda, confuso, com discreta perda de sensibilidade na mão direita, abre os olhos espontaneamente; emite palavras desconexas e localiza dor ao ser estimu- lado; não consegue obedecer a alguns comandos verbais. A tomografia mostrou pequeno hematoma subaracnoideo. Classificação de Hunt e Hess e escala de coma de Glasgow:

A) II e 10
B) II e 12
C) III e 11
D) III e 12
E) IV e 10
A

Resposta D
De acordo com a classificação de Hunt e Hess, o paciente que apresenta vertigem, confusão mental ou alteração motora focal é classificado como III. Pela escala de coma de Glasgow, o paciente é pontuado pelas características que apresenta ao exame físico, recebendo 4 pontos, se abre os olhos espontaneamente; 3 pontos, se fala palavras sem sentido e 5 pontos, se con- segue localizar a dor, quando estimulado.

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15
Q

Na hemorragia intracraniana com perda da reatividade vascular, a pres- são de perfusão encefálica (mmHg) no transoperatório deve ser mantida em torno de:
A) 05 B) 15 C) 30 D) 60 E) 160

A

Resposta D
A hemorragia intracraniana e a perda da reatividade vascular aumentam a pressão intracraniana (PIC) e reduzem a perfusão; a manutenção da pressão arterial normal é necessária para manter a perfusão encefálica. A técnica anestésica deve manter a pressão de perfusão encefálica em PPE > 50 a 60 mmHg.

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16
Q

Na anestesia em paciente com trauma cranioencefálico (TCE), é correto afirmar que:
A) a curva de auto-regulação cerebral torna-se uma reta ascendente no TCE grave
B) a pressão de perfusão encefálica deve ser mantida acima de 60mmHg, mesmo que seja necessária anestesia superficial para manter a pressão arterial (PA) elevada
C) a anestesia profunda é a melhor maneira de proteger o cérebro após o TCE, mesmo que em sua decorrência ocorra hipotensão arterial leve
D) na hipertensão intracraniana grave, reflexamente ocorre hipertensão arterial sistêmica e bradicardia (tríade de Cushing). Nesses casos, a diminuição imediata da PA é fundamental para controle da volemia encefálica e a droga de escolha é o nitroprussiato de sódio
E) no TCE grave, a hiperventilação (PaCO2 25-30mmHg) deve ser instituída profilatica- mente nas primeiras 24 horas

A

Resposta A
No TCE grave há perda da auto-regulação cerebral. Com isso, o fluxo sanguíneo encefáli- co (FSE) fica diretamente proporcional à PA. Não se deve manter a anestesia superficial. A hipertensão intracraniana é esperada nesses casos. Sendo assim, a hipotensão arterial pode ter como consequência baixo FSE e isquemia, agravando a lesão neuronal. Quando há hiper- tensão arterial sistêmica, em decorrência da hipertensão intracraniana, não se deve reduzir a pressão arterial abruptamente, sob o risco de isquemia encefálica. Não há indicação de hiperventilação profilática. A diminuição da PaCO2 pode levar à vasoconstrição acentuada e à isquemia encefálica.

17
Q

Em relação à anestesia para clipagem precoce de aneurisma cerebral roto, é correto afirmar que:
A) nos pacientes grau I, II ou III de Hunt e Hess, a reatividade vascular está preservada e, portanto, a hipotensão arterial controlada pode ser utilizada sem prejuízo da pressão de per- fusão encefálica
B) a hipocapnia (PaCO2 entre 30 e 35 mmHg) é contra-indicada, pelo risco de isquemia cerebral
C) a reposição com as soluções cristalóides isotônicas deve ser instituída após a clipagem do aneurisma
D) na clipagem temporária, é necessária a instituição da hipotensão controlada
E) os agentes inalatórios estão contra-indicados, por causarem vasodilatação encefálica

A

Resposta C
Nos casos grau III de Hunt e Hess, a reatividade vascular não está preservada e a hipotensão arterial não deve ser instituída. Se há hipertensão intracraniana, a hipocapnia leve (PaCO2 entre 30 e 35 mmHg) deve ser instituída, para controle da volemia encefálica, portanto, não está contra-indicada. Quando se utiliza a clipagem temporária do aneurisma, não há indica- ção de hipotensão arterial controlada, pelo contrário, a pressão arterial deve ser aumentada ligeiramente. Apesar de os agentes inalatórios causarem vasodilatação encefálica, eles não estão contra-indicados podendo ser utilizados em baixas concentrações (p. ex. 0,5 CAM). Antes da clipagem do aneurisma, não se deve fazer a reposição volêmica completa (jejum, manutenção e perdas cirúrgicas), para que não haja aumento da volemia encefálica ou ede- ma encefálico. Após a clipagem do aneurisma, os déficits podem ser repostos e um certo grau de hemodiluição é benéfico.

18
Q

Considere a afirmativa: “o fluxo sangüíneo encefálico sofre influência da PaCO2”. Assinale a resposta correta.
A) a reatividade vascular cerebral ao CO2 é maior no neonato quando, comparada ao adulto
B) os fármacos vasodilatadores cerebrais deslocam a curva da PaCO2 para a direita
C) após hemorragia subaracnóidea, a reatividade vascular cerebral é mantida, mesmo na vigência de vasoespasmo
D) o tecido cerebral peritumoral tem menor fluxo sanguíneo, devido ao fenômeno do “roubo”
E) a hipercapnia não aumenta o fluxo sanguíneo encefálico, durante hipotensão arterial intensa

A

Resposta E
A reatividade da vascularização cerebral ao CO2 é menor no neonato em comparação ao adulto. Durante hipotensão arterial intensa, a hipercapnia não aumenta o fluxo sangüíneo encefálico porque a vasodilatação não é suficiente para compensar a diminuição da pressão de perfusão. Os vasodilatadores cerebrais, como os halogenados e o nitroprussiato de sódio, deslocam a curva de PaCO2 para a esquerda. Quanto maior a PaCO2, maior será o fluxo sangüíneo. A reatividade vascular ao CO2 está abolida na presença de vasoespasmo, por he- morragia subaracnóidea. Áreas peritumorais apresentam maior fluxo sanguíneo, fenômeno descrito como perfusão luxuriante.

19
Q

A fórmula PAM – PIC, onde: PIC= pressão intracraniana e PAM = pres- são arterial média, refere- se a:

A) pressão de perfusão venosa cerebral 
B) pressão de perfusão encefálica
C) fluxo sanguíneo cerebral 
D)pressão do bulbo jugular
e) pressão venosa central
A

Resposta B

Pressão de perfusão encefálica é dada pela fórmula: PAM – PIC.

20
Q

Quando o objetivo é neuroproteção, o fármaco que se evita é:

A) etomidato
B) tiopental
C) propofol
D) sulfato de magnésio 
E) isoflurano
A

Resposta A
O etomidato reduz o consumo neuronal de oxigênio, por redução da taxa metabólica, e, com isso, promove vasoconstricção. Entretanto, sua formulação padrão, em propileno glicol, está relacionada à hipóxia tecidual cerebral, acidose tecidual e déficit neurológico.

21
Q

Sobre a embolia aérea venosa, durante craniotomia, em posição sentada, é correto afirmar que:

a) compressão das artérias carótidas é indicada
b) a pressão venosa central aumenta imediatamente
c) aspiração de ar pelo cateter central é a primeira medida a ser tomada
D) a ecocardiografia transesofágica é o método diagnóstico mais sensível
c) alterações da pressão arterial e das bulhas cardíacas são sinais clínicos precoces

A

Resposta D
Clinicamente, a embolia aérea não é aparente, até que grandes volumes de ar tenham entra- do no sistema venoso. Embora a entrada maciça de ar possa causar mudanças hemodinâ- micas súbitas por obstrução de via de saída do ventrículo direito, normalmente alterações da pressão arterial e das bulhas cardíacas são manifestações tardias da embolia aérea veno- sa. Atualmente, o instrumento diagnóstico mais preciso é o eco-Doppler transesofágico ou precordial, capaz de detectar bolhas aéreas de até 0,25ml. A pressão de artéria pulmonar aumenta em proporção direta à quantidade de ar que entrou na circulação. O aumento da PVC só aparecerá quando já houver falência cardiovascular, com hipotensão e taquicardia. Quanto ao tratamento a primeira medida a ser tomada é comunicar ao cirurgião, que deverá irrigar o campo cirúrgico com solução salina e utilizar cera óssea na hemostasia, até identifi- car o sítio de aspiração. O cateter venoso central deve ser aspirado, na tentativa de diminuir a quantidade de ar embolizado. Compressão bilateral das veias jugulares deve ser realizada simultaneamente. Suporte hemodinâmico com infusão volêmica (para aumentar a PVC) e vasopressores deve ser instituído. Em casos de choque persistente, o paciente deve ser colo- cado em céfalo-declive para a ressuscitação hemodinâmica.

22
Q

Quando indicado o acesso venoso central, em um paciente com trauma craniano, a via preferencial é:

a) a veia jugular interna é a primeira opção, pois é a mais segura
b) a veia femoral é a opção mais adequada, uma vez que não apresenta riscos
c) a veia subclávia é a primeira escolha
d) a melhor opção é aquela que o socorrista está mais acostumado
e) a melhor opção é a dissecção da veia femoral, evitando-se a punção

A

Resposta C
O acesso central no paciente politraumatizado é mandatório, na maioria das vezes. A escolha do local de punção deve ser criteriosa. O acesso à veia jugular costuma estar prejudicado pela utilização do colar cervical. Movimentos laterais da cabeça, para a punção da veia jugular, podem exacerbar fraturas cervicais. A veia femoral tem incidência elevada de trombose venosa profunda, não constituindo primeira escolha. A veia subclávia é a primeira escolha, devido à facilidade de punção, sem a necessidade de movimentação do paciente e acesso fácil.

23
Q

Durante trauma cerebral grave as pressões arteriais sistólica, média e a de perfusão cerebral (mmHg), devem ser mantidas até que a medida direta da pressão intra- craniana seja instalada. Estes valores são, respectivamente, no mínimo, em:

A)110, 90, 70 
B) 90, 80, 60 
c)80, 60, 50
D) 70, 50, 40 
E)60, 40, 30
A

Resposta A
A American Association for Neurological Surgeons e Brain Trauma Foundation Guidelines tem determinado as pressões mínimas necessárias que devem ser mantidas em paciente com trauma cerebral grave até que a pressão intracraniana possa ser estabelecida. As pressões arteriais sistólica, média e a de perfusão cerebral devem estar acima de 110, 90 e 70 mmHg, respectivamente.

24
Q

Droga usada para hipotensão deliberada, em neuroanestesia, que dilata os vasos de capacitância, tem meia vida curta e não apresenta metabólito tóxico clinicamente signifi- cante:

A)esmolol 
B)trimetafan
c)nicardipina 
D)nitroglicerina
e)nitroprussiato de sódio
A

Resposta D
A Nitroglicerina dilata os vasos de capacitância, tem meia vida curta e não apresenta meta- bólito tóxico clinicamente significante; o trimetafan libera histamina, causando broncoes- pasmo; quando o nitroprussiato de sódio é metabolizado, há produção de cianeto; o esmolol é um betabloqueador cardiosseletivo e a nicardipina é um bloqueador dos canais de cálcio e tem uma duração prolongada.

25
Q

Paciente de 70 anos vem evoluindo há 3 dias com diminuição progressiva do nível de consciência e poliúria, após trauma craniano. O exame físico revela freqüência cardíaca de 100 bpm, freqüência respiratória: 32 irpm, temperatura axilar: 36oC, mucosas e pele ressecadas. Qual o provável distúrbio hidroeletrolítico desse paciente e que exame o diag- nosticaria:

A)desidratação hipotônica / ECG
B)desidratação hipertônica / sódio urinário
c)desidratação isotônica / densidade urinária
D)desidratação hipertônica / densidade urinária
e)desidratação isotônica / dosagem de aldosterona

A

Resposta D
A história de poliúria iniciada após trauma craniano sugere o diagnóstico de diabetes insipi- dus, entidade que se caracteriza pela perda da capacidade de concentração urinária, devido à redução do hormônio antidiurético circulante (central, como no caso, devido ao trauma da hipófise/hipotálamo) ou à resistência renal ao ADH (nefrogênico). O resultado é uma perda de fluido hipotônico, isto é, a perda de água livre supera a de eletrólitos, levando à desidra- tação hipertônica, com hipernatremia. Após afastar-se outras causas de poliúria (hiperglice- mia, por exemplo), a próxima etapa do diagnóstico é o exame de densidade urinária. Se esta estiver abaixo de 1.010, provavelmente o diagnóstico é de diabetes insipidus.

26
Q

Paciente avaliado na emergência, encontrava-se comatoso. Ao exame clínico apresentava abertura ocular somente aos estímulos dolorosos, flexão anormal dos membros inferiores e respondia às solicitações verbais apenas com palavras desconexas. Considerando a Escala Glasgow de Coma, este paciente seria avaliado com índice:

A) 14 
B) 12 
C) 10 
D) 8 
E) 6
A

Resposta D
A Escala de Glasgow de Coma permite estimar a gravidade do quadro clínico e orientar a conduta clínica inicial. Os sinais avaliados são: abertura ocular, resposta motora a estímulos dolorosos e resposta verbal às solicitações. O paciente avaliado receberia 2 (1-4) por responder com abertura ocular somente aos estímulos dolorosos; 3 (1-6) por, ao ser estimulado, responder com flexão anormal dos membros inferiores; e 3 (1-5) por responder com palavras inapropriadas. A soma dos índices is olados aponta para estimativa de grau 8, no limiar da necessidade de intubação traqueal.

27
Q

O volume sanguíneo cerebral pode estar aumentado por atuação direta sobre as arteríolas cerebrais de:

a)nitroprussiato, hidralazina 
B)nitroglicerina, nitroprussiato
c)hidralazina, trimetafan 
d)esmolol, nitroglicerina
e)trimetafan, esmolol
A

Resposta A
O nitroprussiato de sódio e a hidralazina relaxam a musculatura lisa arteriolar nos vasos cerebrais por meio do óxido nítrico, podendo aumentar o volume sangüíneo cerebral e ini- bir a auto-regulação. Os efeitos da nitroglicerina sobre o volume de sangue são variáveis, entretanto são vistos nos vasos de capacitância. A auto-regulação cerebral não é preservada com nitroglicerina, particularmente nas situações de hipertensão intracraniana. O trimeta- fan possui pequeno efeito sobre o fluxo sangüíneo cerebral, a auto-regulação ou a pressão intracraniana. O esmolol apresenta mínimo efeito sobre a circulação cerebral.

28
Q

Homem de 48 anos é submetido a ressecção de tumor cerebral com efeito de massa. Após a infusão de manitol para melhorar a complacência craniana, a pressão intracraniana (PIC) permaneceu em 25 cmH2O. A medida que reduz a PIC deste paciente antes da incisão cirúrgica é:

A) normocarbia
B) céfalo-aclive
C) PEEP de 8 cmH2O
D) sevoflurano expirado 1,5 CAM 
E) NDA
A

Resposta B
Obstruções da veia jugular interna tais como trombose, rotação extrema do pescoço e com- pressão externa podem diminuir a drenagem cerebral. A posição da cabeça também é importante e manter o céfalo-aclive pode ser a forma mais rápida de diminuir a pressão intra- craniana. A insuficiência do ventrículo direito, trombose da veia pulmonar e PEEP elevada também podem diminuir a drenagem cerebral.

29
Q

Homem de 45 anos e 72 Kg deu entrada na emergência e seu exame físico mostra: turgência jugular, hipofonese de bulhas, tensão abdominal aumentada, murmúrio vesicular preservado, sem alteração na percussão de tórax, PA de 65x30 mmHg, FC de 125 bpm e pontuação 7 na escala de coma de Glasgow. Qual é a primeira medida a ser tomada?

A) pericardiocentese
B) ringer lactato 2.000 mL
C) ultrassom para o trauma (FAST) 
D) intubação orotraqueal e oxigenação 
E) NDA
A

Resposta D
Três conceitos subjacentes ao ATLS foram difíceis de aceitar inicialmente: tratar a maior ameaça à vida inicialmente, a falta de um diagnóstico definitivo nunca deve impedir a apli- cação do tratamento indicado e uma anamnese completa não é essencial para começar a avaliação do paciente com uma injúria aguda. O resultado foi o desenvolvimento do ABCDE na avaliação e tratamento do trauma. O ATLS enfatiza que o trauma mata seguindo certos padrões reprodutíveis. Por exemplo, perda da patência das vias aéreas mata mais rapidamen- te que a perda da habilidade de respirar, que mata mais rapidamente que a perda de volume sanguíneo circulante. A presença de uma massa expansiva intracraniana é o próximo proble- ma mais letal. Assim, o mnemônico ABCDE define avaliações e intervenções específicas que deveriam ser seguidas em todo paciente traumatizado:
1. Airway with cervical spine protection: vias aéreas com proteção da coluna
2. Breathing: respiração
3. Circulation, stop the bleeding: circulação, pare o sangramento
4. Disability or Neurologic status: incapacidade ou status neurológico
5. Exposure (undress) and Environment (temperature control): exposição (despir paciente) e ambiente (controle da temperatura).
Neste caso, há a necessidade de intubação traqueal porque o paciente está inconsciente com pontuação menor que 8 na escala de coma de Glasgow.