Obstetrícia - 1° Sem Flashcards
Toxoplasmose - Causa + sintomas
Toxoplasma gondii (protozoário)
A maioria das infecções agudas em gestantes é assintomática, 10 a 20% apresentam sintomas inespecíficos, como febre, linfadenomegalia, fadiga, cefaleia, mialgia e “rash” cutâneo.
Toxoplasmose - Infecção fetal
Ocorre predominantemente em mulheres que adquiriram infecção primária na gestação.
Principal via: transplacentária.
Casos raros: infecção crônica em mulheres imunocomprometidas.
Toxoplasmose - Diagnóstico Materno
O diagnóstico mais preciso se dá quando se tem 2 amostras de sangue maternas separadas por ao menos 2 semanas, mostrando soroconversão de IgM ou IgG negativos para positivos.
A detecção de anticorpos IgM sozinha não é diagnóstico de infecção aguda porque os anticorpos IgM podem persistir durante anos.
A realização sistemática de sorologia na primeira consulta de pré-natal detecta não só as infecções, como as paciente susceptíveis.
Anticorpos IgG são encontrados a partir de 2 a 4 semanas após a infecção.
Em casos de IgM e IgG positivos:realizar o teste de avidez de IgG.
Alta avidez:se desenvolve em torno de 12 a 16 semanas após a infecção (indica infecção antiga).
Toxoplasmose - Diagnóstico fetal
Após o diagnóstico de infecção materna:PCR para Toxoplasma gondii no líquido amniótico (por amniocentese). Realizar depois de 18 semanas de idade gestacional e após 5 semanas da infecção materna.
Toxoplasmose - Tratamento
Se diagnóstico até a 18ª semana de gestação:
Espiramicina750mg VO de 8/8 horas; e solicitar PCR do líquido amniótico a partir da 18ª semana e USG fetal.
Se diagnóstico após a 18ª semana de gestação:
Pirimetamina50mg VO de 12/12 horas nos 2 primeiros dias, seguido de 25 mg VO de 12/12 horas; + Sulfadiazina0,5-1,0 g VO de 6/6 horas
+ Ácido folínico15 mg VO de 24/24 horas; e solicitar PCR do líquido amniótico e USG fetal;
Se exame do líquido amniótico positivo ou USG com sinais sugestivos de toxoplasmose congênita:
Trocar para Primetamina + Sulfadiazina até 36a semana (voltar para espiramicina na 36a)
USG sem sinais sugestivos de toxoplasmose congênita:
Se em uso de espiramicina:Manter até o termo;
Sífilis - Causa e transmissão
Causada pela bactériaTreponema pallidum.
Transmissão por via transplacentária, principalmente. Menos comuns: transamniótica e intraparto.
A transmissão pode ocorrer em qualquer idade gestacional.
Não há transmissão através do leite materno
Sífilis - Diagnóstico
Testes não treponêmicos: VDRL e RPR:
Testes sensíveis, realizados para triagem de infecção e seguimento pós-tratamento;
Positivam 2 semanas após o aparecimento do cancro duro;
Após tratamento adequado, costumam negativar entre 6 a 12 meses, podendo permanecer baixos por toda a vida (cicatriz sorológica);
VDRL:sugerem infecção ativa: título ≥ 1:8, aumento em 4 vezes dos títulos em sorologias sequenciais e positivação de sorologia anteriormente negativa
Testes treponêmicos:
Aglutinação passiva (TPHA ou MHA-TP), imunofluorescência indireta (FTA-Abs) e ensaio imunoenzimático (ELISA);
Testes específicos, para confirmar infecção;
Positivam 15 dias após o contágio, podendo ficar positivos para o resto da vida. Não são utilizados no seguimento
Sífilis - Tratamento
A única medicação comprovadamente eficaz na prevenção da transmissão materno-fetal e no tratamento da infecção congênita é a penicilina.
Fármaco de escolha:Penicilina G benzatina 2.400.000 UI intramuscular (1.200.000 UI em cada glúteo):
Primária, secundária ou latente precoce:dose única;
Terciária, latente tardia ou ignorada:3 doses com intervalo semanal.
Uma gestante é considerada adequadamente tratada se:
Tratamento com penicilina;
Tratamento finalizado pelo menos 30 dias antes do parto;
Tratamento do parceiro;
Documentação de todo o tratamento.
Sífilis - Seguimento
VDRL mensal até o parto.
Reinfecção:Se os títulos não descerem em 2 titulações ou se aumentar em 4 vezes ou mais.
Seguimento fetal:USG seriada: busca por sinais de sífilis congênita (hepatomegalia, ascite, hidropsia, anemia fetal, placentomegalia, CIUR, etc).
HepatiteB - Transmissão
Transmissão pode ocorrer através de qualquer líquido do corpo, podendo passar pela saliva, secreções vaginais e sêmen.
Gestantes infectadas não oferecem risco ao feto durante o período gestacional, uma vez que o vírus não ultrapassa a barreira hematoplacentária devido ao seu tamanho, a menos durante a amniocentese. O risco que as gestantes infectadas oferecem é durante o parto, desse modo, caso não seja realizada a profilaxia adequada, o recém-nascido corre alto risco de desenvolver uma infecção crônica.
Se uma mulher grávida é portadora de VHB e também é positiva para o antígeno de hepatite B (HBeAg), seu bebê recém nascido tem 90% de probabilidade de se infectar.
HepatiteB - Diagnóstico
Quadro clínico:
Assintomático: a maioria das infecções pelo VHB detectadas na gestação é crônica, sendo diagnosticadas durante a rotina pré-natal.
Fatores de risco:
Usuárias de drogas intravenosas;
Cônjuges portadores de hepatite;
Múltiplos parceiros sexuais.
Abordagem Diagnóstica
HBsAg: positivo (evidencia exposição ao vírus);
HBeAg: positivo (evidencia replicação viral);
Anti-HBC IgM: positivo, se infecção aguda
HepatiteB - Tratamento
Não é recomendado uso de medicação em gestantes portadoras de hepatite B crônica;
Após o parto: realizar imunoglobulina (IGHAHB) e primeira dose da vacina contra o vírus da hepatite B no bebê em até 12 horas após o parto, preferêncialmente na sala de parto;
Todas as gestantes com hepatite B com HBeAg reagente devem receber TDF 300 mg uma vez ao dia VO, a partir do terceiro trimestre
HIV - Rastreio e Diagnóstico
Rastreio no pré-natal:Oferta de teste anti-HIV para todas as gestantes no primeiro trimestre (ou primeira consulta), repetindo-o no terceiro trimestre, caso resultado da primeira avaliação seja negativo.
Diagnóstico:
Testes de triagem:O principal é o ELISA;
Segunda etapa (confirmação):Western Blot ou imunofluorescência indireta;
Resultado indeterminado:Pode indicar infecção recente devendo encaminhar paciente para centro de referência;
Testes rápidos:Indicados na triagem em situação de urgência.
HIV - Transmissão
Transmissão materno-infantil:
Via transplacentária;
Durante o parto (mais comum);
Durante amamentação.
Fatores de risco para transmissão vertical:
Carga viral elevada (principal);
Baixa contagem de CD4+ / infecções oportunistas;
Outras DSTs concomitantes;
Práticas sexuais desprotegidas;
Procedimentos invasivos (amniocentese, cordocentese, etc);
Bolsa rota > 4 horas;
Trabalho de parto prolongado;
Manobras invasivas no trabalho de parto: amniotomia, episiotomia e fórceps;
Prematuridade;
Amamentação;
HIV - Tratamento
Administrar TARV a toda gestante HIV positivo:
Para mulheres com HIV virgens de tratamento, independente da carga viral, deverá ser realizado TARV, ressaltando a importância da adesão na diminuição do risco de infecção materno-fetal. Há possibilidade de iniciar TARV, apenas após o término do primeiro trimestre em virtude do risco de teratogenicidade. No entanto, esse retardo no tratamento pode aumentar a chance de transmissão da doença - tal conduta deve ser desencorajada.
Em pacientes que já tenham usado TARV previamente (checar segurança das medicações):
Para gestantes infectadas pelo HIV, já em uso de TARV prévia ao diagnóstico da gestação e apresentando CV-HIV indetectável ou abaixo de 50 cópias/mL, recomenda-se manter o mesmo esquema ARV, desde que não contenha o DTG;