P2 antiga Flashcards
(49 cards)
As doenças autoimunes diferem das autoinflamatórias por exacerbar primordialmente respostas adaptativas. V ou F?
CORRETA. Doenças autoimunes são caracterizadas pela perda da tolerância imunológica a antígenos próprios, com ativação exacerbada de linfócitos T e B autorreativos. Isso contrasta com as doenças autoinflamatórias, nas quais a imunidade inata é o principal mecanismo fisiopatológico, com ativação desregulada de macrófagos, neutrófilos e inflamossomos, independentemente de antígenos específicos ou autoanticorpos.
As doenças autoimunes são mais frequentes, como um todo, em países desenvolvidos; as mais prevalentes são as tireoideanas. V ou F?
CORRETA. Existe uma maior prevalência de doenças autoimunes em países desenvolvidos, possivelmente relacionada a fatores ambientais como infecções, dieta e exposição a substâncias químicas. Dentro do espectro das doenças autoimunes, as tireoidianas, como a Tireoidite de Hashimoto e a Doença de Graves, são de fato as mais prevalentes na população geral.
As doenças autoimunes órgão-específicas, como a miastenia gravis e a púrpura trombocitopênica, são causadas por autoanticorpos patogênicos (hipersensibilidade do tipo 2). V ou F?
CORRETA. Miastenia gravis e púrpura trombocitopênica imunológica são exemplos clássicos de doenças autoimunes órgão-específicas mediadas por autoanticorpos. Na miastenia gravis, autoanticorpos contra receptores de acetilcolina na junção neuromuscular bloqueiam a transmissão sináptica, causando fraqueza muscular. Na púrpura trombocitopênica, autoanticorpos contra plaquetas levam à sua destruição, resultando em trombocitopenia e risco aumentado de sangramento. Ambas se enquadram na classificação de hipersensibilidade do tipo II, caracterizada pela ação de anticorpos contra antígenos presentes na superfície de células ou tecidos.
Tipo I: Hipersensibilidade Imediata (ou Anafilática):
Mecanismo: Mediada por IgE. Após a exposição inicial ao alérgeno, o sistema imunológico produz IgE específica. A IgE se liga a receptores em mastócitos e basófilos. Na segunda exposição ao mesmo alérgeno, este se liga à IgE nos mastócitos e basófilos, causando a degranulação dessas células e a liberação de mediadores inflamatórios, como histamina, leucotrienos e prostaglandinas.
Tempo de reação: Minutos a horas após a exposição ao alérgeno.
Exemplos: Anafilaxia, asma alérgica, rinite alérgica, urticária, alergia alimentar.
Tipo II: Hipersensibilidade Citotóxica:
Mecanismo: Mediada por anticorpos IgG ou IgM que se ligam a antígenos na superfície de células. Essa ligação pode ativar o sistema complemento, levando à lise celular, ou recrutar células fagocíticas que destroem as células-alvo. Também pode causar disfunção celular sem causar dano direto.
Tempo de reação: Horas a dias.
Exemplos: Reações transfusionais, doença hemolítica do recém-nascido, anemia hemolítica autoimune, púrpura trombocitopênica idiopática.
Tipo III: Hipersensibilidade por Imunocomplexos:
Mecanismo: Mediada pela formação de imunocomplexos (complexos antígeno-anticorpo) que se depositam em tecidos, ativando o sistema complemento e causando inflamação local.
Tempo de reação: Horas a dias.
Exemplos: Doença do soro, lúpus eritematoso sistêmico, glomerulonefrite pós-estreptocócica, artrite reumatoide.
Tipo IV: Hipersensibilidade Tardia (ou Mediada por Células):
Mecanismo: Mediada por linfócitos T sensibilizados. Após a exposição inicial ao antígeno, linfócitos T específicos são ativados. Na segunda exposição, esses linfócitos T liberam citocinas que recrutam e ativam macrófagos e outras células inflamatórias, causando dano tecidual.
Tempo de reação: 48 a 72 horas após a exposição ao antígeno.
Exemplos: Dermatite de contato, teste de Mantoux (tuberculose), rejeição de transplantes, diabetes mellitus tipo 1.
Todas as assertivas abaixo compõem os postulados de Witebsky (1957 modificados em 1994) para definição de doença
autoimune, EXCETO:
a. Transferência de doença para animais através de autoanticorpos ou linfócitos T.
b. Reprodução da doença em modelos animais espontâneos ou induzidos.
c. Resolução do quadro clínico com autotransplante de células-tronco mesenquimais.
d. Resposta clínica à imunossupressores.
c. Resolução do quadro clínico com autotransplante de células-tronco mesenquimais.
Os Postulados de Witebsky, modificados em 1994, são critérios utilizados para estabelecer a etiologia autoimune de uma doença. Eles incluem:
- Evidência direta de autoimunidade: Demonstração da presença de autoanticorpos ou linfócitos T autorreativos.
- Evidência indireta de autoimunidade: Reprodução da doença em modelos animais.
- Evidência circunstancial de autoimunidade: Benefício clínico com tratamentos imunossupressores.
A resolução do quadro clínico com autotransplante de células-tronco mesenquimais, embora possa ser um tratamento promissor para algumas doenças autoimunes, não faz parte dos Postulados de Witebsky. Esses postulados focam na demonstração da etiologia autoimune, e não na resposta a um tratamento específico. As células-tronco mesenquimais têm propriedades imunomoduladoras e podem ser benéficas em doenças autoimunes, mas sua eficácia não confirma ou define a natureza autoimune da doença.
Portanto, a alternativa “c” é a única que não compõe os postulados de Witebsky. As demais alternativas (a, b e d) refletem os critérios de demonstração direta, indireta e circunstancial de autoimunidade, respectivamente.
Acerca da patogenia das doenças autoimunes, a expressão tecidual aberrante de HLA de classe II é vista globalmente em modelos animais induzidos. V ou F?
INCORRETA. Embora a expressão aberrante de MHC classe II (o equivalente humano de HLA) em células que normalmente não o expressam possa contribuir para a autoimunidade, isso não é observado globalmente em todos os modelos animais induzidos. A expressão ectópica de MHC classe II é um fator em alguns modelos, mas não é uma característica universal. A patogênese das doenças autoimunes é complexa e multifatorial, variando entre as diferentes doenças e modelos.
MHC (Complexo Principal de Histocompatibilidade):
É um conjunto de genes que codificam proteínas de superfície celular envolvidas na apresentação de antígenos.
Presente em todos os vertebrados com mandíbula.
Desempenha um papel crucial na resposta imune adaptativa, na rejeição de transplantes e na suscetibilidade a doenças autoimunes.
Dividido em classes:
MHC Classe I: Presente em quase todas as células nucleadas do corpo. Apresenta antígenos intracelulares (ex: proteínas virais) aos linfócitos T citotóxicos (CD8+).
MHC Classe II: Presente em células apresentadoras de antígenos (APCs), como macrófagos, células dendríticas e linfócitos B. Apresenta antígenos extracelulares (ex: bactérias) aos linfócitos T auxiliares (CD4+).
MHC Classe III: Codifica proteínas do sistema complemento e outras moléculas envolvidas na resposta imune, mas não está diretamente envolvido na apresentação de antígenos.
Acerca da patogenia das doenças autoimunes, a vitamina D é imunossupressor natural, e sua deficiência pode predispor a fenômenos autoimunes. V ou F?
CORRETA. A vitamina D possui propriedades imunomoduladoras, incluindo a supressão de respostas inflamatórias e a promoção da tolerância imunológica. Deficiência de vitamina D tem sido associada a um risco aumentado de diversas doenças autoimunes.
Acerca da patogenia das doenças autoimunes, a falha na apoptose de linfócitos B é fator predisponente, uma vez que aumenta a meia-vida destas células. V ou F?
CORRETA. A apoptose (morte celular programada) é essencial para eliminar linfócitos autorreativos. Falhas nesse mecanismo podem levar à sobrevivência de linfócitos B que produzem autoanticorpos, contribuindo para o desenvolvimento de autoimunidade.
Acerca da patogenia das doenças autoimunes, mutações da FoxP3 predispõem à autoimunidade por impedirem respostas Treg. V ou F?
CORRETA. O gene FoxP3 é crucial para o desenvolvimento e a função das células T reguladoras (Tregs), que desempenham um papel fundamental na supressão da autoimunidade. Mutações nesse gene comprometem a função das Tregs, aumentando a suscetibilidade a doenças autoimunes.
Os dois principais fatores genéticos que predispõem a doenças autoimunes são:
o sistema HLA e o sistema CTLA-4.
HLA (Antígeno Leucocitário Humano): Certos alelos HLA estão fortemente associados a um risco aumentado de desenvolver doenças autoimunes específicas. Por exemplo, HLA-B27 está associado à espondilite anquilosante, e HLA-DR3 e HLA-DR4 estão associados ao diabetes tipo 1. A ligação entre HLA e autoimunidade provavelmente se deve à sua função na apresentação de autoantígenos aos linfócitos T.
CTLA-4 (Antígeno 4 Citotóxico de Linfócitos T): CTLA-4 é uma molécula expressa na superfície de linfócitos T que atua como um freio na ativação dessas células. Polimorfismos no gene CTLA-4 podem levar a uma função reduzida dessa molécula, resultando em uma ativação excessiva de linfócitos T e aumento da suscetibilidade à autoimunidade.
Uma paciente de 30 anos, lúpica com histórico recente de nefropatia e psicose, pede sua orientação para anticoncepção. Com base na etiopatogênese da doença, a opção de escolha seria, para este caso, de
a. progesterona intramuscular mensal.
b. dispositivo intrauterino.
c. anticoncepcional combinado (estrogênio-progesterona) oral.
d. anticoncepcional combinado transdérmico.
Considerando a etiopatogenia do lúpus, o histórico da paciente (nefropatia e psicose) e os riscos associados aos diferentes métodos anticoncepcionais, a melhor opção, neste caso, seria a letra b. dispositivo intrauterino (DIU).
Vamos analisar as opções e por que as outras são menos adequadas para esta paciente:
a. progesterona intramuscular mensal: Embora geralmente segura, a progesterona injetável pode ter efeitos colaterais como ganho de peso, alterações de humor e irregularidades menstruais, que podem ser problemáticos para pacientes com lúpus, especialmente com histórico de psicose.
c. anticoncepcional combinado (estrogênio-progesterona) oral: Contraindicado para esta paciente. O estrogênio presente nos anticoncepcionais combinados aumenta o risco de eventos tromboembólicos, que já é elevado em pacientes com lúpus, especialmente aquelas com nefropatia. Além disso, o estrogênio pode exacerbar os sintomas do lúpus e aumentar o risco de psicose.
d. anticoncepcional combinado transdérmico: Assim como o anticoncepcional oral combinado, o transdérmico também contém estrogênio e, portanto, apresenta os mesmos riscos de tromboembolismo e exacerbação do lúpus.
b. dispositivo intrauterino (DIU): É a melhor opção para esta paciente. O DIU, especialmente o de cobre, não contém hormônios, eliminando os riscos associados ao estrogênio. O DIU de levonorgestrel (progesterona) também pode ser considerado, mas com cautela, devido ao histórico de psicose da paciente. De qualquer forma, o DIU oferece um método contraceptivo eficaz e seguro, minimizando os riscos para pacientes com lúpus e histórico de nefropatia e psicose.
Em relação a fatores ambientais e inflamação/autoimunidade, os adjuvantes mais suspeitos de deflagar autoimunidade são os patógenos, as vacinas e os materiais siliconados. V ou F?
VERDADEIRO
- Patógenos
Os patógenos (como vírus, bactérias, fungos e parasitas) são considerados adjuvantes suspeitos de desencadear autoimunidade por várias razões:
Mimetismo molecular: Alguns patógenos podem ter estruturas moleculares semelhantes às do hospedeiro. Quando o sistema imunológico ataca o patógeno, pode acabar “confundindo” as estruturas do próprio corpo com as do invasor, levando a uma resposta autoimune.
Ativação policlonal: Certos patógenos podem estimular uma grande quantidade de linfócitos B de maneira não específica, aumentando a chance de ativar células autorreativas.
Inflamação crônica: Infecções persistentes podem manter o sistema imunológico em estado de alerta constante, potencialmente levando à quebra da tolerância imunológica.
- Vacinas
As vacinas, embora sejam cruciais para a saúde pública, também são mencionadas como possíveis adjuvantes na autoimunidade:
Adjuvantes artificiais: Muitas vacinas contêm adjuvantes para potencializar a resposta imune. Em raros casos, esses adjuvantes podem estimular excessivamente o sistema imunológico.
Resposta cruzada: Similarmente ao mimetismo molecular dos patógenos, componentes das vacinas podem, em teoria, desencadear respostas imunes contra antígenos próprios semelhantes.
Predisposição genética: Em indivíduos com predisposição genética para doenças autoimunes, a estimulação do sistema imune por vacinas poderia, teoricamente, acelerar o processo autoimune.
- Materiais siliconados
Os materiais siliconados, especialmente implantes, são considerados potenciais desencadeadores de autoimunidade:
Reação de corpo estranho: O silicone pode induzir uma resposta inflamatória crônica, potencialmente levando à ativação de células autorreativas.
Vazamento de silicone: Em caso de ruptura de implantes, o silicone pode se espalhar pelo corpo, possivelmente desencadeando respostas imunes aberrantes.
Síndrome ASIA: A “Síndrome Autoimune/Inflamatória Induzida por Adjuvantes” (ASIA) é uma condição proposta que sugere que adjuvantes, incluindo silicone, podem desencadear respostas autoimunes em indivíduos suscetíveis.
Em relação a fatores ambientais e inflamação/autoimunidade, a disbiose promove apresentação de antígenos translacionais que aumentam respostas Th17 e inibem respostas Treg. V ou F?
CORRETO. A disbiose, ou desequilíbrio da microbiota intestinal, pode contribuir para a autoimunidade. Alterações na composição da microbiota podem levar a um aumento da permeabilidade intestinal, permitindo a passagem de antígenos bacterianos para a circulação. Esses antígenos, ou produtos do metabolismo bacteriano, podem ativar respostas inflamatórias, incluindo o aumento de células Th17 (produtoras de citocinas pró-inflamatórias) e a inibição de células Treg (reguladoras da resposta imune), favorecendo a autoimunidade.
Em relação a fatores ambientais e inflamação/autoimunidade, no paciente obeso, a produção exagerada de leptina pelos adipócitos aumenta respostas Th1 e inibe respostas Treg. V ou F?
CORRETO. A leptina, um hormônio produzido pelo tecido adiposo, tem efeitos imunomoduladores. Em pacientes obesos, os níveis elevados de leptina podem promover inflamação, com aumento de respostas Th1 (envolvidas na imunidade celular) e inibição de Tregs, contribuindo para um ambiente pró-inflamatório e potencialmente favorecendo o desenvolvimento ou agravamento de doenças autoimunes.
A respeito do uso de corticóides na prática clínica, a betametasona é o de maior ação mineralocorticóide, sendo a droga de eleição na insuficiência adrenal aguda. V ou F?
INCORRETA. A betametasona tem alta potência glicocorticoide e baixa atividade mineralocorticóide. Na insuficiência adrenal aguda, a droga de escolha é a hidrocortisona, por ter uma atividade mineralocorticóide mais balanceada, essencial para regular o equilíbrio hidroeletrolítico.
A respeito do uso de corticóides na prática clínica, a hidrocortisona é de meia-vida rápida e é útil em estados agudos, como crise asmática e sepse. V ou F?
CORRETA. A hidrocortisona tem uma meia-vida relativamente curta e um perfil de efeitos glicocorticoides e mineralocorticóides mais equilibrado, tornando-a adequada para o manejo de situações agudas.
A respeito do uso de corticóides na prática clínica, a dexametasona é de meia-vida longa, e dotada de potente ação anti-edema em traumas cranianos.
CORRETA. A dexametasona é um glicocorticoide potente e de longa duração, com mínima atividade mineralocorticóide. É frequentemente utilizada em traumas cranianos para reduzir o edema cerebral.
A respeito do uso de corticóides na prática clínica, a prednisona é de meia-vida intermediária, sendo o corticóide-padrão em doenças inflamatórias crônicas. V ou F?
CORRETA. A prednisona é um glicocorticoide de meia-vida intermediária, com boa potência anti-inflamatória e imunossupressora. É frequentemente utilizada no tratamento de doenças inflamatórias crônicas.
Entre os fármacos imunossupressores como um todo, os que tendem a causar linfopenias mais profundas são aqueles que inibem a produção de células…
CÉLULAS T.
Os linfócitos T constituem a maior parte da população de linfócitos no sangue. Fármacos que inibem a produção ou a função das células T, como ciclosporina, tacrolimo, micofenolato mofetil e sirolimo, podem causar linfopenias significativas. Esses fármacos são frequentemente utilizados em transplantes de órgãos para prevenir a rejeição.
IMUNOSSUPRESSORES
Monoclonal anti-linfócito B
Rituximabe
O Rituximabe é um anticorpo monoclonal que se liga a um antígeno específico na superfície dos linfócitos B, levando à sua depleção.
IMUNOSSUPRESSORES
Bloqueador do receptor Fc da IgG
Imunoglobulina endovenosa
A imunoglobulina endovenosa (IgEV) atua por diversos mecanismos, incluindo o bloqueio do receptor Fc da IgG, que está envolvido na ativação de células imunes.
IMUNOSSUPRESSORES
Inibidor da via das calcineurinas
Ciclosporina
A Ciclosporina inibe a calcineurina, uma enzima crucial para a ativação dos linfócitos T.
IMUNOSSUPRESSORES
Monoclonal anti-TNF
Adalimumabe
O Adalimumabe é um anticorpo monoclonal que se liga ao TNF-alfa (fator de necrose tumoral alfa), bloqueando sua ação inflamatória.
IMUNOSSUPRESSORES
Inibidor de síntese de purinas
Azatioprina
A Azatioprina interfere na síntese de purinas, que são essenciais para a proliferação celular, incluindo a dos linfócitos.
São indicações oficiais do FDA para uso da imunoglobulina endovenosa:
Deficiência de IgG, doença de Kawasaki e púrpura trombocitopênica idiopática.