Ponto 08: SNC Flashcards

(66 cards)

1
Q

Quais são os quatro componentes da hipótese de Monro-Kellie?

A

Parênquima cerebral, <br></br><b>Sangue arterial</b>, <br></br><b>Sangue venoso</b> e <br></br><b>Líquor</b>.

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2
Q

Qual é a fórmula da pressão de perfusão cerebral (PPC)?

A

PPC = PAM - PIC</b> <br></br><br></br><span>(valores normais: <b>PPC 60–70 mmHg</b>, <b>PIC 8–12 mmHg</b>).</span>

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3
Q

O que é autorregulação cerebral e qual seu intervalo de PAM?

A

Capacidade de manter o fluxo sanguíneo cerebral constante entre PAM de <b>65–150 mmHg.</b>

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4
Q

Qual o valor médio do fluxo sanguíneo cerebral (FSC) e da demanda de oxigênio?

A

FSC: ~<b>50 ml/100 g/min</b>; <br></br><br></br>Consumo de O₂: <b>3–3,5 ml/100 g/min.</b>

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5
Q

Qual anestésico reduz TMC e FSC em 60% mantendo acoplamento?

A

<b>Tiopental</b>.

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6
Q

Qual anestésico altera o acoplamento TMC-FSC reduzindo mais <b>FSC</b> do que <b>TMC</b>?

A

<b>Propofol</b> (TMC –40%, FSC –60%).

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7
Q

Qual agente tem mínimo efeito sobre TMC e FSC e libera histamina?

A

<b>Morfina</b> (< –20%), mas piora PPC por <b>hipotensão</b>.

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8
Q

Como a <b>cetamina </b>afeta a <b>TMC </b>e o <b>FSC</b>?

A

Aumenta <b>TMC discretamente </b>(< +20%) e <b>FSC desproporcionalmente </b>(+40%).

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9
Q

O que acontece com o FSC sob anestesia inalatória >1 CAM?

A

Vasodilatação <b>cerebral direta</b> e <b>aumento exagerado do FSC</b>, com <b>queda progressiva da PAM.</b>

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10
Q

Qual agente inalatório reduz TMC sem causar vasodilatação cerebral?

A

<b>Xenônio</b> (Xe).

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11
Q

Quais mecanismos compensatórios mantêm a complacência craniana na HIC?

A

<b>Drenagem venosa</b> e <b>liquórica</b>.

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12
Q

Quais manobras otimizam a drenagem venosa cerebral?

A

Cabeceira a <b>30°, </b><br></br><br></br>Pescoço <b>sem flexão ou rotação</b>, <br></br><br></br>Evitar <b>compressão cervical</b> ou aumento de pressões <b>torácica/abdominal</b>.

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13
Q

Qual é o benefício do <b>NaCl 3%</b> em comparação ao <b>manitol</b> na HIC?

A

<b>Menor risco de edema de rebote</b>; <br></br><br></br><b>Menor GAP osmolar</b>; <br></br><br></br>Não causa <b>depleção</b> volêmica.

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14
Q

Quais são os principais riscos do <b>manitol</b> na HIC?

A

<b>Edema</b> de rebote, <br></br><br></br><b>Depleção</b> volêmica e <br></br><br></br><b>Vasodilatação</b> cerebral se infundido <b>rapidamente</b>.

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15
Q

Como a <b>hiperventilação</b> atua na HIC e qual é seu risco?

A

<b>Reduz FSC</b> por <b>vasoconstrição</b> cerebral; <br></br>Porém pode <b>piorar isquemia</b> — usar apenas como medida transitória.

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16
Q

Quais valores-alvo de PaCO₂ e ETCO₂ para hiperventilação em HIC?

A

PaCO₂ <b>30–35 mmHg; </b><br></br><br></br>ETCO₂ <b>25–30 mmHg.</b>

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17
Q

Quais agentes <b>aumentam</b> secreção de LCR?

A

<b>Enflurano</b> e <b>desflurano</b>.

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18
Q

Qual anestésico é mais favorável ao <b>equilíbrio</b> liquórico?

A

<b><span>Etomidato</span></b>: <b>reduz secreção</b> e <b>aumenta absorção</b> de LCR.

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19
Q

Qual o impacto da <b>corticoterapia</b> na HIC?

A

<b>Melhora clínica em 24h</b> e redução da PIC após <b>48–72h</b>; <br></br><br></br>Indicada em <b>edema peritumoral</b> ou <b>necrose pós-radioterapia.</b>

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20
Q

Por que a <b>metilprednisolona</b> está contraindicada no TCE?

A

Porque <b>aumentou a mortalidade</b> em pacientes com trauma cranioencefálico.

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21
Q

Qual o efeito do <b>aumento do CO₂</b> sobre o fluxo cerebral?

A

Leva à <b>vasodilatação cerebral</b> por liberação de <b>NO</b> e <b>prostaglandinas</b>.

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22
Q

Qual a relação estimada entre <b>PaCO₂</b> e <b>FSC</b>?

A

A cada <b>1 mmHg</b> de aumento na PaCO₂, o FSC aumenta cerca de <b>1–2 ml/100 g/min.</b><br></br><br></br><img></img>

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23
Q

Qual a resposta cerebral à <b>acidose respiratória</b>?

A

<b>Vasodilatação cerebral</b> com aumento do <b>FSC</b> e da <b>PIC</b>.

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24
Q

O que acontece com a <b>autorregulação</b> cerebral em <b>CAM >1</b>?

A

Há perda <b>progressiva da autorregulação</b>, tornando-se <b>linear com 2 CAM</b>.

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25
Como o halotano afeta a secreção e absorção de LCR?
Reduz ambas, mas causa grande aumento do FSC e da PIC.
26
Qual é o comportamento do enflurano sobre o LCR?
Aumenta secreção e reduz absorção de LCR — pior opção para HIC.
27
Qual o efeito do isoflurano sobre o LCR?
Aumenta absorção, sendo favorável à drenagem liquórica.
28
Como a hipóxia influencia o FSC?
Causa vasodilatação cerebral a partir de uma
PaO₂ < 50 mmHg.
29
Qual o risco da vasodilatação cerebral induzida por hipercapnia em pacientes com HIC?
Elevação da PIC com possível redução da PPC e risco de herniação.
30
Como a curva FSC x CO₂ se comporta?
É aproximadamente linear dentro da faixa fisiológica de 20–80 mmHg de PaCO₂.

31
Qual efeito da febre sobre a TMC?
Aumenta a taxa metabólica cerebral e deve ser tratada para reduzir a PIC.
32
Por que é importante evitar a hiperglicemia na HIC?
Potencializa o dano neuronal em situações de isquemia cerebral.
33
Qual estratégia ventilatória ajuda a reduzir a PIC?
Pressões mínimas para ventilação e hiperventilação leve e transitória.
34
Por que evitar tosse ou estímulo do reflexo de deglutição em pacientes com HIC?
Aumenta a PIC por elevação da pressão intratorácica e reflexo autonômico.
35
Como a posição do paciente influencia a PIC?
Flexão ou rotação cervical podem comprimir jugulares e elevar a PIC.
36
Quais cuidados com a pressão abdominal em pacientes com HIC?
Deve-se evitar distensão abdominal ou hipertensão intra-abdominal — laparotomia pode ser necessária.
37
Qual a relação entre relaxamento muscular e PIC?
Evita elevações da PIC induzidas por contração ou reflexo de tosse.
38
Como o CO₂ atua na autorregulação cerebral?
Modula o tônus vascular cerebral diretamente, deslocando a curva FSC para a direita ou esquerda.
39
Qual é o limite inferior crítico de PaCO₂ na hiperventilação terapêutica?
Evitar valores < 25 mmHg devido à isquemia cerebral.
40
Quais agentes são ideais para evitar aumento de PIC durante indução anestésica?
Propofol, tiopental, etomidato e opioides potentes.
41
Qual agente inalatório aumenta muito o FSC mas reduz pouco a TMC?
Halotano
42
Qual o comportamento do desflurano em relação à TMC e FSC?
Reduz TMC (~30%) e aumenta FSC discretamente; eleva secreção de LCR.
43
Qual a medida mais eficaz para elevar a PPC?
Aumentar a PAM (pressão arterial média).
44
Quando está indicado usar levetiracetam ou fenitoína profilática na HIC?
Sempre que houver lesão cortical associada (trauma ou neoplasia).
45
Qual é o principal objetivo da ventilação controlada em pacientes com HIC?
Manter normocapnia ou leve hipocapnia para controle temporário da PIC.
46
Qual a principal causa de aumento do FSC durante anestesia geral?
Vasodilatação cerebral induzida por anestésicos inalatórios.
47
Quais anestésicos não aumentam significativamente o FSC?
Etomidato, dexmedetomidina, fentanil e sufentanil.
48
Qual a relação da TMC com a eletrofisiologia cerebral?
Cerca de 60% da TMC está relacionada à atividade elétrica (EEG).
49
Quais drogas podem suprimir completamente o EEG e reduzir drasticamente a TMC?
Tiopental e propofol.
50
Qual a diferença entre redução da FSC e da TMC quanto à segurança cerebral?
Reduzir TMC protege o cérebro;
Reduzir FSC sem redução proporcional da TMC pode causar isquemia.
51
Quais são os 2 estágios do sono?
O sono é um estado fisiológico fundamental para a recuperação física e mental, caracterizado por padrões específicos de atividade elétrica cerebral, movimento ocular e tônus muscular. Ele é dividido em dois estágios principais:

😴 Sono Não REM (NREM) - Estágio mais profundo e restaurador.

💤 Sono REM (Rapid Eye Movement) - Caracterizado por intensa atividade cerebral e sonhos vívidos.
52
Como os estágios desperto, sonos NREM e REM são subdivididos?
Essa imagem mostra traçados de EEG típicos para os diferentes estágios do sono:

W (Wakefulness) 🌅: Ondas rápidas e de baixa amplitude, refletindo a atividade cortical intensa e desorganizada típica do estado desperto. Frequências predominantes são beta (16-30 Hz) e alfa (8-13 Hz).


REM (Rapid Eye Movement) 👁️💤: Atividade semelhante ao estado desperto, com baixa amplitude e alta frequência, mas com movimentos oculares rápidos e paralisia muscular. Aqui, os padrões se assemelham a ondas beta, mas com características únicas, como a presença de ondas teta (4-7 Hz) geradas no hipocampo, que em humanos não são detectadas no EEG de escalpo.


NREM 1 🌘: Transição entre a vigília e o sono leve, caracterizado pela redução da atividade alfa e aumento da atividade teta. Há relaxamento muscular, mas movimentos oculares lentos podem ocorrer.


NREM 2 🌗: Sono leve, marcado por complexos K e fusos do sono (breves explosões de atividade rápida, 12-16 Hz, que indicam bloqueio sensorial e consolidação da memória).


NREM 3 🌑: Sono profundo ou "sono de ondas lentas" (SWS, Slow-Wave Sleep), caracterizado por ondas delta (<4 Hz), de alta amplitude e baixa frequência, refletindo a sincronização da atividade cortical. Este é o estágio mais restaurador e associado ao crescimento celular, reparo tecidual e fortalecimento do sistema imunológico.

53
Como é a transição das ondas cerebrais durante o sono?
🔋 Linhas Superiores (EEG C3-A1 e C4-A1): Mostram sinais bipolares de EEG, com uma mudança gradual para ondas de maior amplitude e menor frequência conforme o indivíduo adormece.


📊 Linhas Inferiores (Beta, Alfa e Teta): Representam a potência relativa dessas frequências. Note que, ao longo da transição, a potência das ondas beta (16-30 Hz) diminui enquanto a atividade alfa (8-13 Hz) se reduz e a atividade teta (4-7 Hz) aumenta, sinalizando o início do sono.

Esta imagem ilustra as mudanças no EEG durante a transição da vigília para o sono:

54
O que é um hipnograma?
O hipnograma representa as flutuações entre os estágios do sono ao longo da noite:

📐 Eixo Y: Mostra os diferentes estágios (vigília, REM, NREM 1, 2 e 3).

🕛 Eixo X: Reflete as horas da noite, normalmente entre 10pm e 6am.

O padrão típico inclui ciclos repetitivos de sono que começam com NREM e progridem para REM, com ciclos de aproximadamente 90 minutos.

O sono NREM é mais profundo nas primeiras horas da noite, enquanto o sono REM predomina nas últimas horas.

Despertares breves podem ocorrer entre os ciclos, muitas vezes sem lembrança ao despertar pela manhã.

55
Como é o espectrograma do sono?


Esta figura mostra a análise espectral do EEG durante uma noite completa:

🎵 Seção A: Sinal bruto de EEG, sem filtragem, apresentando alta variabilidade.


📊 Seção B: Espectrograma multitaper, que mostra a potência das frequências ao longo do tempo. Note a transição clara das ondas rápidas (vigília) para as ondas lentas (NREM profundo) e o retorno às ondas rápidas (REM).


🔍 Seções C: Zoom em três segmentos:

- Vigília (Awake) 🌅: Alta potência em frequências rápidas (alfa e beta).

- Sono NREM 🌑: Predomínio de ondas lentas e de alta amplitude (delta).

- Sono REM 👁️💤: Ondas alfa e teta presentes durante o sono REM (movimento rápido dos olhos), com destaque para atividade teta.


🧪 Características importantes para nós:

NREM 1 🌘: Similar ao estado hipnótico leve, com redução da atividade cortical e muscular.

NREM 3 🌑: Importante para recuperação física, mas difícil de ser alcançado em pacientes críticos ou sob efeito de sedativos.

REM 👁️💤: Semelhante ao bloqueio neuromuscular profundo, com exceção dos músculos oculares e diafragma.

💊 Impacto Farmacológico: Anestésicos e sedativos, como benzodiazepínicos e opioides, tendem a suprimir o sono REM, o que pode influenciar na recuperação cognitiva dos pacientes.
56
Quais são os sistemas de alerta e indução do sono?
A regulação do sono e da vigília depende de dois sistemas principais: o Sistema de Alerta Ascendente (Ascending Arousal System, AAS) e os Caminhos Promotores do Sono (Sleep-Promoting Pathways). Estes sistemas funcionam como um "flip-flop switch" (interruptor de alternância rápida) para garantir transições rápidas e completas entre vigília e sono, evitando estados intermediários instáveis.
57
O que compõe o sistema de alerta ascendente (AAS)?
O AAS é responsável por manter o estado de alerta e promover a vigília. Ele é composto por diversos núcleos que liberam neurotransmissores excitatórios:

🌀 Neurônios Colinérgicos: Originam-se nos núcleos pedunculopontino (PPT) e laterodorsal tegmental (LDT), projetando para o hipotálamo lateral, córtex pré-frontal e núcleos de retransmissão talâmicos.

⚡ Neurônios Glutamatérgicos: Localizam-se próximo ao locus coeruleus e nos núcleos parabranquiais, projetando para o hipotálamo lateral e o prosencéfalo basal.

🧨 Neurônios Monoaminérgicos: Incluem os neurônios noradrenérgicos do locus coeruleus, histaminérgicos do núcleo tuberomamilar (TMN) e serotoninérgicos dos núcleos da rafe.

🚀 Neurônios Dopaminérgicos: Situam-se próximos aos núcleos da rafe dorsal e também contribuem para o estado de alerta.

🦸‍♂️ Neurônios Orexinérgicos (OX): Produzem orexina A e B (hipocretina 1 e 2), essenciais para estabilizar a vigília, projetando amplamente para o córtex, prosencéfalo basal e outras áreas de excitação. A deficiência de orexina causa narcolepsia, caracterizada por sonolência diurna extrema e episódios de cataplexia.
58
Quais são os principais caminhos neuroanatômicos promotores do sono?
As principais estruturas promotoras do sono estão localizadas na região pré-óptica do hipotálamo:

🛌 VLPO (Ventral Lateral Preoptic Nucleus) e MnPO (Median Preoptic Nucleus): Estes núcleos disparam com alta frequência durante o sono e inibem o sistema de alerta ascendente, promovendo o sono NREM. Eles liberam ácido gama-aminobutírico (GABA) e galanina para inibir os neurônios excitatórios do AAS.

🔄 Inibição Mútua (Flip-Flop Switch): Existe uma relação de inibição mútua entre os núcleos promotores do sono (VLPO/MnPO) e o sistema de alerta ascendente, criando um mecanismo de alternância rápida entre os estados de sono e vigília. Isso garante uma transição rápida e estável, minimizando a ocorrência de estados intermediários.
59
Como funciona a regulação entre as vias de Alerta Ascendente (AAS) e de caminho Promotor do Sono?
Através do Mecanismo de Alternância entre Vigília e Sono (Flip-Flop Switch):



Imagine que o cérebro é como uma cidade com dois grandes distritos que nunca dormem ao mesmo tempo: o Distrito da Vigília e o Distrito do Sono. Cada distrito tem seus próprios habitantes (neurônios) e sistemas de segurança (neurotransmissores) que controlam o fluxo de energia e mantêm a ordem.

----------------------

🏙️Distrito da Vigília (Wakefulness) - Lado A da Imagem

🕹️ Interruptor Ligado para Vigília
Quando estamos acordados, o Sistema de Alerta Ascendente (AAS) está no controle, enviando sinais para manter o cérebro ativo e alerta. Isso funciona assim:

- Núcleos do Tronco Enérgicos (Brainstem Nuclei): Como guardas noturnos, eles usam neurotransmissores poderosos (como norepinefrina, serotonina, dopamina e histamina) para enviar sinais excitatórios para o tálamo, o prosencéfalo basal e o córtex, mantendo a cidade acordada e alerta.

- Orexina (OX): Como o chefe do distrito, a orexina age como uma patrulha contínua, garantindo que o sistema de alerta permaneça ativo. Ela conecta todos os principais centros de vigília, como o prosencéfalo basal e o córtex, prevenindo que a cidade caia no sono sem aviso.


🔋 Circuito Energizado (Sinal +)

- Quando o circuito da vigília está ativo, os núcleos do tronco (AAS) e as vias orexinérgicas enviam sinais positivos (+) para ativar o córtex e o tálamo, bloqueando ao mesmo tempo os núcleos do sono (VLPO/MnPO).

- Esse sistema é tão robusto que bloqueia qualquer tentativa dos núcleos promotores do sono de assumir o controle, garantindo que o cérebro permaneça desperto.


-----------------------‐-

🌙 Distrito do Sono (Sleep) - Lado B da Imagem

🛌 Interruptor Ligado para o Sono
Quando a cidade decide que é hora de dormir, o interruptor muda para o lado do sono. Aqui, os núcleos do sono, como o Ventral Lateral Preoptic Nucleus (VLPO) e o Median Preoptic Nucleus (MnPO), entram em ação:

- VLPO e MnPO: Agem como os bombeiros do sono, apagando os sinais de alerta ao liberar neurotransmissores inibitórios (GABA e galanina) que silenciam os núcleos do tronco e as vias orexinérgicas.

- Inibição Forte (Sinal -): Os sinais inibitórios do VLPO/MnPO bloqueiam os núcleos do tronco e as vias orexinérgicas, permitindo que o cérebro entre em um estado profundo de repouso.


-----------------------

⚖️ O Flip-Flop Switch: O Grande Interruptor da Cidade Cerebral - Mecanismo de Alternância Rápida
- O sistema é desenhado para funcionar como um "flip-flop switch", garantindo que a transição entre vigília e sono seja rápida e completa.

- Quando o VLPO/MnPO assume o controle, ele suprime completamente o AAS, evitando estados intermediários perigosos, como sonolência extrema ou microdespertares.

- Da mesma forma, quando o AAS está ativo, ele bloqueia os núcleos do sono para evitar que você caia no sono de repente enquanto está em uma reunião importante ou dirigindo.

-----------------

E quando esse sistema não funciona?

💤 Narcolepsia e Cataplexia:
Se o sistema orexinérgico (OX) falha, como em casos de narcolepsia, o flip-flop switch perde estabilidade, permitindo transições abruptas entre vigília e sono, como episódios súbitos de cataplexia (perda de tônus muscular).

🕵️‍♂️ Efeito de Medicamentos:
Medicamentos como antagonistas de orexina (ex. suvorexant) agem diretamente neste interruptor, inibindo as vias de alerta e facilitando a indução do sono.
60
Qual a relação entre função eletrofisiológica cerebral e taxa metabólica cerebral após o uso de um barbitúrico?


Mesmo que mais barbitúricos sejam administrados, o consumo de energia não diminui mais além da taxa metabólica basal, pois o cérebro ainda precisa de energia mínima para manter suas funções básicas e evitar danos irreversíveis.

Awake, Active EEG
Consumo de energia e oxigênio é alto, e o fluxo sanguíneo está no máximo

Slowing EEG
À medida que os barbitúricos entram em ação, o consumo de energia (CMR) começa a cair. O EEG mostra ondas mais longas e lentas.

Early Burst Suppression
Com uma dose maior, ainda há explosões de energia intermitentes e o EEG agora apresenta padrões de "burst suppression", onde períodos de silêncio elétrico são interrompidos por rajadas de atividade elétrica. O consumo de energia continua a cair.

Burst Suppression e Supressão Total
Se a dose de barbitúricos continua aumentando, a atividade elétrica cessa quase completamente, mas a energia necessária para manter as estruturas celulares se mantém. Esse é o ponto onde o cérebro atinge o "metabolismo basal", com cerca de 40% do consumo original de energia, e não pode ir abaixo disso sem risco de dano permanente.
61
O que significam essas imagens abaixo?

São 2 curvas de autorregulação cerebral.

Gráfico A: Limites da autorregulação

Regulação Automática - Fase do Platô (50 a 150 mmHg)
Entre 50 e 150 mmHg de pressão arterial média (MAP), o cérebro mantém um fluxo sanguíneo constante.

Limite Inferior (LLA - Lower Limit of Autoregulation)
Se a pressão arterial cai abaixo de 50 mmHg, o sistema de autorregulação não consegue mais compensar, com o fluxo de sangue diminuindo drasticamente.

Limite Superior (Upper Limit of Autoregulation)
Se a pressão arterial ultrapassa 150 mmHg, o cérebro perde o controle do fluxo e começa a receber sangue em excesso, aumentando a PIC e levando a edema e hemorragia.

Gráfico B: Variação dos limites da autorregulação
Os limites não são fixos. Eles podem variar entre pessoas e até mesmo dentro do mesmo indivíduo em diferentes condições, como em casos de hipertensão crônica, onde os limites podem ser deslocados para a direita, permitindo que o cérebro tolere pressões mais altas sem perder o controle do fluxo.
62
Qual é a influência no fluxo cerebral durante a mudança de decúbito?


Ondas de Pressão e Fluxo (Gráfico A)
Quando você muda de posição, como de sentado para em pé (representado pelas setas para cima), a pressão arterial sistólica (SBP, linha vermelha) e a velocidade do fluxo na artéria cerebral média (MCAv, linha azul) mudam em resposta. Essa mudança cria ondas que representam as flutuações na pressão arterial e na velocidade do fluxo.

Deslocamento de Fase (Phase Shift):
As duas ondas (SBP e MCAv) não estão perfeitamente alinhadas. Esse atraso (deslocamento de fase) indica que o cérebro leva um tempo para ajustar o fluxo sanguíneo às mudanças de pressão.

Amortecimento (Damping): O sistema de autorregulação age como um "amortecedor", reduzindo o impacto dessas flutuações na pressão arterial sobre o fluxo cerebral. Esse amortecimento é medido em 0,8 cm/s por mmHg, indicando que o cérebro tenta minimizar variações bruscas.


Platô de Autorregulação (Gráfico B)
Aqui, vemos que a relação entre a pressão arterial média (MAP) e o fluxo sanguíneo cerebral (CBF) não é linear. Existe um platô (região em rosa), onde o cérebro mantém o fluxo constante, mesmo com variações de pressão de cerca de ±10%.

Zona de Conforto (Autorregulatory Plateau): Dentro dessa faixa, o cérebro consegue ajustar o fluxo para se manter constante.

Fora do Platô: Fora desse intervalo, o controle é perdido, e pequenas mudanças na pressão arterial causam grandes oscilações no fluxo.


É crucial manter a PA dentro dessa zona de conforto para garantir que o cérebro receba um suprimento constante de sangue durante a cirurgia. Mudanças bruscas na pressão podem comprometer a segurança do paciente, resultando em isquemia ou hiperperfusão.
63
Qual é o efeito da redução da temperatura na taxa metabólica cerebral?


Em situações como neurocirurgias complexas ou paradas cardíacas controladas, a hipotermia é induzida para proteger o cérebro pela redução do consumo de oxigênio.

Normotermia (37ºC)
Cérebro desempenha 100% de função, está com integridade 100% e EEG apresenta ondas rápidas e intensas, indicando alta atividade elétrica.
CMRO₂: Cerca de 3,3 mL·100 g⁻¹·min⁻¹, um consumo energético elevado para suportar funções complexas, como pensamento crítico e memória.


Hipotermia grave (27ºC):
Cérebro com 25% de função, 16% de integridade, EEG com ondas mais lentas e espaçadas e CMRO₂ reduzido para 1,4 mL·100 g⁻¹·min⁻¹, menos da metade do normal.


Parada circulatória total (17ºC)
Cérebro com 0% de função, 4% de integridade e CMRO₂ apenas de 0,8 mL·100 g⁻¹·min⁻¹, o mínimo necessário para evitar danos permanentes.
64
Qual a relação entre fluxo sanguíneo cerebral e PaCO2?


É uma relação diretamente proporcional (Gráfico B)

Normocapnia - "Trânsito Normal" (PaCO₂ ~ 40 mmHg)
FSC mantido em um nível constante, ideal para o funcionamento do cérebro. CBF ~ 50 mL·100 g⁻¹·min⁻¹ e responde de forma equilibrada a pequenas mudanças na pressão arterial (MAP)

Hipercapnia - "Trânsito Intenso" (PaCO₂ > 40 mmHg)
Com a vasodilatação, o fluxo aumenta 2,5% por mmHg de aumento no PaCO₂ (Linha Vermelha). Se a PaCO₂ ultrapassa 80 mmHg, o fluxo atinge o máximo e não pode aumentar mais, mesmo que o PaCO₂ continue subindo.

Hipocapnia - "Trânsito Reduzido" (PaCO₂ < 40 mmHg)
Vasoconstrição, com redução do fluxo em 1,67% por mmHg de redução no PaCO₂. Mesmo com reduções extremas no PaCO₂, o fluxo não chega a zero, pois o cérebro precisa de uma circulação mínima para sobreviver.


Porém, essas relações mudam frente a variações na PAM (Gráfico A):

Hipotensão Moderada (<33% de Redução): Resposta ainda é significativa, mas limitada (Linha Azul).

Hipotensão Severa (<66% de Redução): O efeito do PaCO₂ é praticamente anulado, pois os vasos estão tão contraídos que não conseguem responder ao aumento de CO₂ (Linha Verde).
65
Qual a relação entre FSC e PaO2?


PaO₂ e Fluxo Sanguíneo Cerebral (Gráfico A)
Acima de 60 mmHg o FSC é relativamente constante, enquanto que abaixo de 60 mmHg, o CBF (FSC) aumenta rapidamente.


SaO₂ e Fluxo Sanguíneo Cerebral (Gráfico B)
Conforme a saturação diminui, o FSC aumenta de maneira proporcional (inversamente proporcional)


CaO₂ e Mudanças no CBF (Gráfico C)
O CaO2 pode reduzir tanto pela hemodiluição quanto pela hipoxemia.

Hipoxemia Hipóxica (Linha Azul): Quando a quantidade de oxigênio cai devido a uma baixa PaO₂, o CBF aumenta rapidamente para compensar

Hemodiluição (Linha Vermelha): com a queda da Hb, o aumento no CBF é mais modesto, pois o cérebro não consegue compensar tão facilmente a redução na capacidade de transporte.


CaO₂ e Entrega de Oxigênio (Gráfico C, Painel Inferior)
Por outro lado, a entrega total de oxigênio para os tecidos cerebrais em situações de hemodiluição ou hipoxemia (DO₂) tende a cair mesmo que o fluxo aumente, porque a quantidade de oxigênio por unidade de sangue está reduzida:

Hipoxemia: DO₂ cai, porém de forma mais suave, devido ao grande aumento no CBF em resposta à hipoxemia.

Hemodiluição: DO₂ tem uma queda mais acentuada, em parte devido ao menor aumento compensatório do CBF.
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O que se espera a nível celular do neurônio diante de sua morte?


Minutos Após a Lesão - Excitotoxicidade (Crise Inicial)
Explosão de Atividade (Excitotoxicidade): Há uma liberação massiva de glutamato (um neurotransmissor excitador), que ativa exageradamente os neurônios, sobrecarregando mitocôndrias e inundando as células com Ca²⁺ e ROS (espécies reativas de oxigênio), causando danos severos.

Perigo de Colapso: o excesso de atividade destrói as células rapidamente


Horas Após a Lesão - Início da Resposta Anti-Excitotoxicidade (Controle de Danos)
Sistemas de controle, como os receptores GABA_A​ (que inibem a atividade excessiva), adenosina (que reduz a excitabilidade) e K+ATP (canais que ajudam a estabilizar a energia celular), começam a ser ativados.


Dias Após a Lesão - Inflamação e Tentativa de Sobrevivência (Reconstrução Inicial)
Inflamação e Apoptose: Os "bombeiros" do sistema imune começam a trabalhar, mas também causam danos colaterais, liberando IL-1 e caspases, que promovem apoptose.

Sobrevivência e Reparo Inicial: Ao mesmo tempo, fatores de sobrevivência como IL-10, Bcl (proteínas anti-apoptóticas) e EPO (eritropoietina estimula a formação de novos vasos) ajudam as células sobreviventes a resistir e se adaptar.


Semanas a Meses - Regeneração e Reparo (Reconstrução Longa)
Cicatrização e Reparo: Formação de cicatrizes, vasculogênese (criação de novos vasos) e neurogênese (formação de novos neurônios) começam a ocorrer de forma lenta e constante mas ainda apenas com recuperação parcial.