PRV04 - Vigilância da Saúde Flashcards

(42 cards)

1
Q

Qual a diferença entre endemia e epidemia?

A
  • Epidemia: casos novos acima do esperado. Incidência crescente, ultrapassa o limiar epidêmico
  • Endemia: casos novos dentro do esperado. Incidência regular e esperada, com variações cíclicas ou sazonais

Essa diferença depende de um padrão esperado de incidência (últimos 10 anos).

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2
Q

O que é um diagrama de controle? Quais parâmetros podemos tirar dele?

A

É um gráfico de incidência média, dividida por mês, dos últimos 10 anos de uma determinada doença.
- Faixa endêmica (+/- 1,96 DP da média): média e limites tolerados como normais em cada mês do ano.
- Limiar superior endêmico (limiar epidêmico): valor máximo de normalidade (+1,96 DP dá média).

  • Variação da incidência:
    > Dentro da faixa: endemia.
    > Acima da faixa: epidemia.
    > Abaixo da faixa: decréscimo endêmico.

**Logo, para ser considerado endêmica uma doença tem que ter pelo menos 10 anos.

***Curva epidêmica num gráfico número de casos pelo tempo é uma onda de progressão (aumento de casos) e regressão (queda de casos) de casos novos de uma doença.

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3
Q

Como podemos classificar uma epidemia geograficamente e quanto a velocidade de crescimento?

A
  1. Classificação geográfica:
    - Surto (restrita): casos com relação entre si ou área geográfica pequena.
    - Pandemia (ampla): atinge vários países / mais de um continente.
  2. Quando a velocidade de crescimento:
    - Explosiva / Maciça (fonte comum): ar (Legionela); água (Cólera); alimento (”maionese”).
    - Progressiva / Propagada (pessoa-pessoa / vetor): respiratória (gripe, COVID…); sexual (IST); mosquito (FA, dengue…).

*O gráfico da explosiva tem um crescimento muito acentuado em pouco tempo (chega ao pico mais rápido). Já o gráfico da progressiva tem progressões e regressões variadas, com novos casos surgindo por mais tempo (demora mais para chegar ao pico).

**Existem 3 tipo de gráfico possível para a epidemia explosiva, pode ser por fonte pontual (rápido pico e rápida regressão, sem mais novos casos); fonte persistente (rápido pico e estabilização do numero de novos casos por um tempo) e casos segundários (rápido pico com regressão e surgimento de novas progressões menores que a primeira).

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4
Q

Qual a diferença entre vigilância epidemiológica, sanitária, ambiental e do trabalhador?

A
  • Vigilância epidemiológica: controle de doenças, coleta de dados (notificação compulsória) para promover ações de prevenção e controle.
  • Vigilância sanitária: vigilância de bens, produtos e serviços (medicamento, alimento coméstico).
  • Vigilância ambiental: vigilância do ambiente físico, psicológico e social (água, resíduos, vetores…).
  • Vigilância do trabalho: situações relalacionadas ao trabalho.
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5
Q

O que é um caso autoctone e um caso alóctone?

A
  • Caso autoctone: surgiu na própria comunidade.
  • Caso alóctone: caso externo, veio de fora da comunidade.
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6
Q

Quem, quando, como e o que deve ser notificado compulsoriamente?

A
  1. Quem: Qualquer pessoa! É obrigação do profissional de saúde (com risco de processos éticos e penais).
  2. Quando: na suspeita e/ou confirmação. Não precisa da confirmação para notificar.
  3. Como: normal (semanal) ou imediata (até 24h).
  4. O que:
    - Agravos nacionais (e internacionais).
    - Agravos estaduais e municipais.
    - Agravos desconhecidos / surtos.

*O município pode adicionar doenças de notificação compulsória (não podem retirar), usando o princípio da descentralização.

**E se não houver doenças de notificação compulsória? Notificação negativa (semanal).

***A “semana epidemiológica” compreende de domingo a sábado.

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7
Q

Quem são as doenças de notificação compulsória do grupo das “internacionais”?

A
  1. Internacionais: VIPS.
    - Varíola.
    - Influenza (para novos sorotipos virais).
    - Polio / Paralisia Flácida Aguda.
    - SARS (COVID-19) e tudo relacionado a COVID.

*A varíola é uma doença erradicada no mundo. Já a pólio é uma doena eliminada no Brasil, mas pode reemerger.

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8
Q

Quem são as doenças de notificação compulsória do grupo dos “anticorpos”?

A
  1. Anticorpos: vacinas do MS.
    - Tuberculose.
    - Hepatites Virais.
    - Difteria, Tétano, Coqueluche, Hemófilo “invasivo”.
    - Rotavírus (Diarreia Aguda / SHU).
    - Doença Pneumocócica “Invasiva”
    .
    - Doença Meningocócica / Outras meningites.
    - Febre Amarela.
    - Sarampo / Rubéola (caXumba não é mais de notificação compulsória).
    - Varicela (Grave / Óbito).
    - Síndrome gripal.
    - Evento adverso grave pós-vacina.

*Igual a notificação apenas em Unidade Sentinela (unidade de referência).

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9
Q

Quem são as doenças de notificação compulsória do grupo das “síndromes febris”?

A
  1. Síndromes Febris:
    - Dengue / Chikungunya / Zika.
    - Malária.
    - Leptospirose.
    - Hantavirose.
    - Febre Tifoide.
    - Febre Maculosa / Riquetisioses.
    - Febre do Nilo Ocidental / Arboviroses.
    - Febre Hemorrágica e reemergente.
    - Febre purpúrica brasileira.
    - Marburg.
    - Arenavírus.
    - Lassa.
    - Ebola.

*A hantavirose é transmitida pela saliva do rato, a febre tifoide por alimentos, água contaminados ou contato próximo com infectados. Já a febre maculosa é transmitida pela picada do carrapato.

**A febre do nilo ocidental é considerada uma arbovirose por ser transmitida por pombos e é uma das principais arboviroses do hemisfério norte.

***A febre purpúrica brasileira não está presente no Brasil há muitos anos.

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10
Q

Quem são as doenças de notificação compulsória do grupo do “terrorismo”?

A
  1. Terrorismo: BAVTT.
    - Antraz pneumático.
    - Botulismo.
    - Tularemia.
    - Violência Doméstica e Sexual.
    - Tentativa Suicídio.

*Violência contra criança e adolescente também requer notificação ao Conselho Tutelar.

**O botulismo dá uma “síndrome de Guillain Barré” invertida com paralisia descendente, podendo paralisar o nervo frênico e o diafragma.

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11
Q

Quem são as doenças de notificação compulsória do grupo dos “bichos loucos”?

A
  1. Bichos loucos:
    - Doença de Creutzfeldt-Jacob.
    - Toxoplasmose (Congênita / Gestante).
    - Peçonhentos (escorpião, cobra, aranha…).
    - Raiva / Acidente com animal potencialmente transmissor de raiva (mamífero).
    - Peste (”pulga louca”).
  • Acidentes com animais peçonhentos mais comuns no Brasil: 1º Escorpião / 2º Aranha / 3º Serpente / 4º Abelha / 5º Lagarta.

**Não se notifica mordedura como raiva e sim como acidente com animal potencialmente transmissor de raiva.

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12
Q

Quem são as doenças de notificação compulsória do grupo das “endêmicas”?

A
  1. Endêmicas: ENDEMICA.
    - Esquistossomose.
    - Neoplasias.
    - Doença de Chagas (aguda ou crônica).
    - Eventos de risco a saúde pública (surtos).
    - Malformação congênita.
    - Infantil e Materno (óbitos).
    - Calazar e Tegumentar (Leishmaniose).
    - Acidente de trabalho (biológico e doenças*).

*Igual a notificação apenas em Unidade Sentinela (unidade de referência).

**Qualquer acidente de trabalho, exceto com material biológico, agora é de notificação imediata

***As neoplasias são a única doença crônica de notificação compulsória.

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13
Q

Quem são as doenças de notificação compulsória do grupo das “exógenas”?

A
  1. Exógenas:
    - Agrotóxicos (glifosatos, organofosforados…).
    - Metais pesados.
    - Gases tóxicos.

*Os organosfosforados inibem a acetilcolinesterase, causando uma síndrome colinérgica.

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14
Q

Quem são as doenças de notificação compulsória do grupo do “si…”?

A
  1. Si…
    - Sífilis.
    - SIDA/HIV e tudo relacionado.
    - “Sinistra” Cólera.
    - Síndrome do Corrimento Masculino.*
    - Síndrome Neurológica Pós “Febre”.*

*Igual a notificação apenas em Unidade Sentinela (unidade de referência).

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15
Q

Quem são as doenças de notificação compulsória do grupo das “Ranseníase”?

A
  1. Ranseníase:
    - Hanseníase.
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16
Q

Qual mnemônico utilizado para gravar os nove grandes grupos das doenças de notificação compulsória?

A

Mnemônicos BESTEIRAS.
- Bichos loucos.
- Endémica.
- Síndromes febris.
- Terrorismo.
- Exógenas.
- Internacionais.
- Ranseníase.
- Anticorpos.
- Si.

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17
Q

Quais são as doenças de notificação imediata? Qual mnemônico podemos utilizar?

A

Mnemônico: IMEDIATAS
- Internacionais (VIPS).
- Mata “todos” (raiva e acidente com animal potencialmente transmissor de raiva).
- Eventos de risco a saúde pública.
- Doença de Chagas aguda.
- Internacionais antigas (CPF - Cólera, Peste e Febre amarela).
- Acidentes.
- Terrorismo (BAVTT).
- Anticorpos / Vacinas (com exceção de tuberculose e hepatites virais).
- Síndromes febris (para dengue, zika e chikungunya somente se óbito; malária fora da região amazônica e zika em gestantes).

*Dica prática para doenças de notificação semanal (o resto): evolução crônica, difícil modificação e doenças endêmicas normalmente são de notificação semanal.

18
Q

O que significa prevenção primária, segundária terciária, quaternária e quinquenária? O que é período pré-patogênico e patogênico?

A
  1. Período pré-patogênico: a doença ainda não existe.
    1.1 - Prevenção primária: combate fatores de risco.
    - Proteção específica:
    > Vacinação.
    > Uso de EPI.
    > Sal iodado (prevenção de bócio).
    > Água fluorada (prevenção de cárie).
    > Ácido fólico na gestação.
  • Promoção da Saúde:
    > Saneamento básico.
    > Alimentação saudável.
  1. Período patogênico: a doença já existe.
    2.1 - Prevenção secundária: atua na fase inicial da doença.
    - Detecção e tratamento precoces.
    > Rastreamento (fase assintomática/subclínica).
    > Diagnóstico precoce (fase sintomática).
  • Prevenção de danos: evitar complicações.

2.2 - Prevenção Terciária: atua na fase avançada, a doença já está estabelecida.
- Tratar complicações.
- Reabilitação.

  1. Período pré-patogênico e patogênico:
    3.1 - Prevenção quaternária: prevenção contra iatrogenias (“menos é mais”).
    - Atua no paciente.
    - Evitar intervenções desnecessárias.
    - Identificar e evitar supermedicalização (desprescrição).
    - Não solicitar exames sem indicação

3.2 Quinquenária: atua no médico.
- Prevenção contra o Burn-Out
- Qualidade de vida, trabalho…

19
Q

Quais são os princípios da bioética?

A
  • Beneficência: fazer o bem. Prevenções primária, secundária e terciária.
  • Não Maleficência: minimizar o risco, prevenção quaternária.
  • Autonomia: respeito a decisão do paciente. Sigilo médico e TCLE.
  • Justiça: igualdade respeitando as diferenças (conversa com o princípio da equidade do SUS).

*A beneficência foi o primeiro princípio a ser criado e sempre está acima dos demais (ex.: paciente em greve de fome, respeito a greve de fome, mas se paciente estiver desnutrido e em risco de morte, podemos nutri-lo).

20
Q

O sigilo médico pode ser quebrado?

A

Não. Exceto por autorização por escrito do paciente ou se a omissão médica causar dano ao paciente (ex.: paciente fala que irá se suicidar).

*Em menor de idade, exceto quando manutenção do sigilo causar dano ao paciente (ex.: abuso de álcool/drogas, gravidez, aborto, violência, bullying, risco de suicídio, negativa de tratamento).

21
Q

Podemos usar grupos de WhatsApp para discutir casos?

A

Sim. Em mídia social fechada, grupo sério, só de médicos e sem expor o paciente.

*Mídia social aberta (TikTok, Instagram…) é proibido, mesmo consentido pelo paciente.

22
Q

Podemos omitir informações ou negar o acesso a elas?

A

Não. Exceto se romper o princípio da beneficência (ex.: piorar transtorno de ansiedade prévio, paciente sem capacidade para lidar com informações…).

23
Q

Podemos omitir intervenções inúteis em pacientes terminais?

A

Sim. É o conceito da ortotanásia (prevenção quaternária). Morte boa, natural e sem sofrimento.

24
Q

O que é ortotanásia, distanásia e eutanásia?

A
  • Ortotanásia: morte boa, natural e sem sofrimento.
    > Faz parte da prevenção quaternária.
    > Paciente deve ter feito Diretivas Antecipadas de Vontade ou seu representante legal .
  • Distanásia: morte má e com sofrimento
  • Eutanásia: abreviar a vida do paciente a pedido do próprio paciente. É proibida no Brasil.
25
Quais são os três tipos de erros médicos?
- Imperícia: fazer o que não deveria, o que não está capacitado a fazer (despreparado). - Imprudência: fazer sem cuidado (precipitado). - Negligência: não fazer o que deveria (omisso).
26
Qual a diferença entre declaração, atestado e certidão de óbito?
1. Declaração versus Atestado: - São palavras sinonimas - O formulário oficial no Brasil em que se atesta a morte é a Declaração de Óbito (nome oficial). *A decaração de óbito é dada em 3 vias autocopiativas: branca (abastecimento do SIM); amarela (família - entregue no cartório) e rosa (prontuário). 2. Certidão de Óbito: - Documento jurídico emitido pelo cartório de registro civil após o registro do óbito. - Para o corpo ser liberado, é preciso que a família entregue a via amarela para o cartório.
27
Em que situações devemos emitir e em quais não devemos emitir a Declaração de Óbito?
1. Deve emitir: - TODOS os óbitos (natural ou violento): > Inclusive nascidos vivos que faleceram logo depois (independe de IG, peso...). Nesses casos, preenche ficha de nascido vivo e DO logo depois. - Óbito fetal (qualquer um abaixo): > Gestação com duração ≥ 20 semanas. OU > Feto com peso ≥ 500 gramas. OU > Estatura ≥ 25 cm. 2. Não deve emitir: - Peças anatômicas amputadas (nesses casos, documento timbrado do hospital autorizando o paciente a levar a peça anatômica). - Óbito fetal (todos abaixo para não preencher DO): > Gestação com duração < 20 semanas. E > Feto com peso < 500 gramas. E > Estatura < 25 cm. *Nos casos de óbito fetal fica facultativo ao médico preencher DO. Pode ser feito se familiar solicitar para realizar sepultamento, o nome deve ser preenchido como “Natimorto”.
28
Como deve ser o preenchimento correto da Declaração de Óbito? O que significa cada linha do campo V da declaração?
1. Documento: contém 9 blocos, 59 campos e 3 vias. 2. Forma de preenchimento: - Nunca rasurar. - Uso de caneta preta ou azul (preferível). - Não preencher CID no campo V (responsável do governo o faz). - Não entregar documento em branco apenas com assinatura (risco de fraude) 3. Preenchimento correto do Campo V: - Parte I: Causas diretamente relacionadas. a: Causa imediata (terminal). > Última causa que levou ao óbito. > Evitar termos vagos, tais como parada cardiorrespiratória, mal súbito, falência múltipla de órgãos... b: Causa antecedente (intermediária). d: Causa básica. > 1ª causa que levou ao óbito. > Doença ou estado mórbido. > Causa externa. > Nunca se deve colocar uma cirurgia na causa básica, colocamos o que motivou a cirurgia (ex.: d) CA colorretal; c) cirurgia de Hartmann). *Não se deve pular linhas, caso a história seja "pequena", podemos preencher as linhas "a" e "b" apenas.
29
Quem deve preencher a Declaração de Óbito em causas naturais e em causas não naturais?
1. Causa natural: doença ou estado mórbido na linha "d". - Com assistência médica (PSF, particular, plantonista, ambulância, substituto): > Quem preenche é preferencialmente o médico assistente. > Pode ser outro médico que saiba a história do paciente caso o médico assistente esteja indisponível. - Sem assistência médica (ninguém assistia o paciente, ninguém o acompanhava): > Encaminhar paciente para o Serviço de Verificação de Óbitos, que irá emitir a declaração de óbito > Sem SVO (sem indícios de trauma/envenenamento): médico de serviço público de qualquer serviço próximo ou qualquer médico preenche DO. > Sem médico (sem indícios de trauma/envenenamento): 1 responsável pelo indivíduo + 2 testemunhas (cartório) preenchem DO e fazem certidão de óbito. 2. Causa não-natural: causa externa/suspeita na linha "d". - Encaminhar para médico legista do IML, independente do tempo da causa básica até a morte (se a causa básica foi uma facada há 20 anos, mesmo assim, deve ser encaminhado para o IML) - Sem IML (acionar entidade policial): qualquer médico como “perito legista eventual” (instituído por juíz). *Para preencher a DO é NECESSÁRIO examinar o corpo. **É proibido cobrar pela emissão da DO, Sobre a visita médica, se o paciente for SUS, nunca cobrar. Caso o paciente seja particular, não cobrar se for médico assistente, pode-se cobrar a visita se for médico substituto.
30
O que é e quais são os tipos de acidente de trabalho?
1. Conceito: lesão, doença, morte, agravo ou evento que tem relação com trabalho e que leve a redução temporária ou permanente daquele trabalho. 2. Tipos: - Típico (no horário do trabalho): acontece durante a realização do trabalho, tendo relação ou não com a atividade laboral. - Trajeto: acidente que ocorre num trajeto por conta do trabalho. Para ser considerado acidente de trajeto, precisa ser um trajeto habitualmente feito, sem desvios. - Doença ocupacional: doença que acontece por conta do trabalho (nexo causal). *Para fins previdenciários, o acidente de trabalho e o típico são iguais. **Acidente de trabalho típico e de trajeto depende da função do trabalhado, por exemplo se um avião cai levando um representante comercial, para ele é acidente de trajeto, para o piloto é acidente de trabalho.
31
O que fazer frente a um acidente de trabalho?
1. Atendimento ao paciente: - Buscar nexo causal. - Fornecer atestado. 2. Notificações - SINAN: Ficha de Notificação. > Trabalhador formal e informal (todos, para fins epidemiológicos). > Qualquer acidente, é de notificação imediata. Exceções: >> Exposição biológica (semanal). >> CA, PAIR, DORT e LER (unidades sentinela). >> Dermatoses e Pneumoconioses (unidades sentinela). >> Intoxicação exógena - agrotóxicos (semanal). - INSS: CAT. > Apenas trabalhadores formais (carteira assinada). > Para preencher o CAT pode ou não ter afastamento (é uma notificação ao INSS de possível afastamento). > Documento em 4 vias. > Empresa preenche, mas qualquer um inclusive o médico pode preencher. > Acidente padrão notificação em até um dia útil, se morte é imediata.
32
O que NÃO é acidente de trabalho?
- Doenças degenerativas. - Doenças endêmicas. *Exceção para o profissional de saúde que sabidamente tem maior risco de desenvolver uma doença pelo seu meio de trabalho (ex.: medico que trabalha em isolamento para tuberculose). - Doenças não incapacitantes.
33
O que é a classificação de Schilling?
Tipo 1) O trabalho é a causa obrigatória. - Nexo causal é automático. - Ex.: Pneumoconioses, benzenismo... Tipo 2) O trabalho é um fator de risco. - Para nexo causal tem que ter alto risco epidemiológico na profissão em relação a população geral. - Ex.: PAIR, DORT, LER, CA, doença coronariana, Burnout... Tipo 3) O trabalho é um agravante (piora condição de base). - Ex.: Asma, dermatite de contato...
34
O que é e quais dois tipos principais da Pneumoconiose? Como é a clínica dessa doença?
1. Conceito: deposição de partículas no parênquima pulmonar que levam a fibrose. *Em tipos menos comuns a fisiopatologia pode ser diferente. 2. Tipos: - Silicose (Quartzo) > Principal pneumoconiose no Brasil > Associada a: jateamento de areia, pedreira, mineração, produção de vidro, cerâmica... - Asbestose (Asbesto ou Amianto) > Associada a: isolamento térmico, caixa d’água, telha, cimento, produtos a prova de fogo no geral. 3. Clínica: - Assintomática no início. - Evolução progressiva com fibrose. > Silicose: fibrose nodular em lobos superiores (opacidades apicais); linfonodos perimediastinais “em casca de ovo”. > Asbestose: fibrose mais difusa; placas ou calcificações pleurais em “asa de anjo”.
35
Como é feito o diagnóstico e o tratamento da Pneumoconiose? Quais as doenças associadas a essa condição?
4. Diagnóstico: - História ocupacional. - Rx de tórax. 5. Tratamento: não existe. Prevenção com uso de EPI. 6. Doenças associadas: - Silicose: > Tuberculose. - Asbestose: > Mesotelioma (de pleura, principalmente mas também de petiônio e pericárdio). > CA de Pulmão. *Abesto odeia a pleura!
36
O que causa a perda auditiva induzida por ruído (PAIR)? Como é sua evolução clínica? Existem agravantes? Como é feito o diagnóstico e o tratamento dessa condição?
1. Causa: som alto (≥ 85 dB) por ≥ 8h/dia. 2. Clínica: perda auditiva. - Evolução lenta. - Perda irreversível (há apoptose das células auditivas do orgão de Corti). - Perda neurossensorial (erro na conversão do estímulo mecânico para elétrico nos neurônios). - É bilateral. - Não há progressão da doença sem ruídos. *Diagnóstico diferencial (mesmo mecanismo fisiopatológico): presbiacusia (perda auditiva pela idade) e uso de aminoglicosídeo. 3. Agravantes: - Vibração. - Substancias químicas. 4. Diagnóstico: história clínica-ocupacional + audiometria. - Perda em frequências entre 3-6KHz (sons mais agudos) → Padrão em gota 5. Tratamento: não existe. Prevenção com uso de EPI.
37
O que causa a Lesão por Esforço Repetitivo / Doença Osteomuscular Relacionada ao Trabalho (LER / DORT)? Como é sua clínica? Existem agravantes? Como é feito o diagnóstico dessa condição?
1. Causa: superutilização de estruturas com pouco tempo de recuperação. Associado a profissões como violinistas, digitador (movimentos repetitivos/monótonos, com ritmo e pressão por produção)... 2. Clínica: dor e parestesias que pioram com movimento. 3. Agravantes: - Ambiente com muita vibração. - Frio. 4. Diagnóstico: história clínico-ocupacional e exame físico.
38
Quais as principais doenças típicas na LER/DORT? Quais as profissões associadas a elas?
1. Exemplos principais: - Síndrome do Impacto (manguito rotador): trabalho com movimento de elevação dos MMSS (jogador de basquete, nadador...). - Epicondilites: tenista (lateral), gosfista (medial)... - Síndrome do Túnel do Carpo (compressão do nervo mediano): digitadores, pianistas... > Testes de Phalen (dorso das mãos encostados por um minuto, positivo se dor/parestesia) e Tinel (percussão sob nervo mediano, positivo se dor ou parestesias). > Piora a noite (paciente acorda com as mãos queimando / com dor). > Dor pode irradiar para cotovelo e ombro e poupa o mindinho. - Tendinite / Tendossinovite de De Quervain: associada ao uso de celular (dor na região proximal ao polegar). > Teste de Finkelstein (abraça o polegar com a mão e estende, positivo se dor).
39
Qual a causa do Burnout? Como é sua evolução clínica? Existem agravantes? Como é feito o diagnóstico e o tratamento dessa condição?
1. Causa: trabalhos estressantes, sob pressão, que lidam com o público. 2. Clínica: tríade. - Exaustão emocional. - Baixa da realização pessoal. - Despersonalização (se vê no automático, sensação de que está em um sonho, fora do corpo). *Por definição o Burnout é obrigatoriamente relacionado ao trabalho. Apesar disso, é classificado como Schilling 2 (possível mudança futura). 3. Agravantes: - Doença psiquiátrica prévia. 4. Diagnóstico: história clínico-ocupacional. 5. Tratamento: - Psicoterapia. - Avaliar necessidade de uso de medicamento. - Medidas comportamentais. *Prevenção quinquenária reduz risco de Burnout. **Diagnóstico diferencial: depressão, ansiedade...
40
O que é Benzenismo? Qual a causa e a clínica dessa condição?
1. Benzenismo: intoxicação por Benzeno. - Causa: petróleo e derivados (posto de gasolina, refinaria...). - Clínica: > Aplasia de medula óssea (fadiga, pancitopenia, risco elevado a infecções, palidez cutânea, sangramentos...). > Sintomas neuropsíquicos (astenia, cefaleia, irritabilidade, problema de memória, sonolência, desmielização do SNC...). > Danos hepáticos e renais. > Irritação de pele e mucosas. *Mnemônico: benHEMO, o principal efeito é aplasia medular.
41
O que é Saturnismo / Plumbismo? Qual a causa e a clínica dessa condição?
1. Saturnismo / Plumbismo (Pb): intoxicação por Chumbo. - Causa: tintas, pilhas, baterias, indústria bélica, funilaria... - Clínica: > Dor abdominal sem peritonite (pode ser muito intensa, fazendo diagnóstico diferencial com isquemia mesentérica). > Gota (por aumento da absorção de ácido úrico). > Hipertensão (aumento de reabsorção de água e sódio). > Linha de Burton (linha arroxeada/azulada entre dente e gengiva). > Anemia sideroblástica (porfiria segundária).
42
O que é Hidrarginismo? Qual a causa e a clínica dessa condição?
1. Hidrargirismo (Mg): intoxicação por Mercúrio. -Causa: termômetros, lâmpadas fluorescentes, garimpo... e pacientes que consomem alimento contaminados. - Clínica: > Rim (Sd. nefrótica). > Cabeça (irritabilidade e tremores). *Mnemônico: meRCúrio , rim e cabeça.