Psicologia da Personalidade Flashcards
(143 cards)
Que aspetos estão relacionados personalidade, como são percebidos e quais os seus impactos
Ver esquema (1)
Avaliação da Personalidade: o que mede e com o quê?
Abrange a medição dos traços da personalidade, bem como dos estados, que são fluídos e mutáveis
Ferramentas para avaliar padrões característicos exibidos nas várias situações
Avaliação da Personalidade: dimensões
- funcionamento comportamental, cognitivo e afetivo
- autoimagem (eu) e características interpessoais (outros)
- estilos característicos (e.g. BIG FIVE)
- capacidade de enfrentar circunstâncias da vida, incluindo eventos adversos
Avaliação da Personalidade: testes e métodos
Envolve o uso de testes e métodos, incluindo: Incorporação e integração de informações de múltiplas fontes – compreensão abrangente do indivíduo e desenvolver conclusões e recomendações.
* Métodos baseados no desempenho
* Relatórios colaterais/registos
* Inventários heterorrelato
* Inventários de autorrelato
* Entrevistas
* Observações
Pluralismo Metodológico: Considerações Iniciais
Da importância do pluralismo metodológico na avaliação psicológica…
Multidimensional -> Multi-método -> Multi-agente -> Multi-momento
Pluralismo Metodológico: aspetos importantes
- Nenhum método é melhor do que o outro
- Neutraliza limites e inadequações ao emprego isolado de cada método
- Diminui possibilidade de não encontrar material relevante
- Representação mais completa, útil e válida do avaliado
Cuidado com a sobreavaliação:
Contrabalançar (des)vantagens de cada método
Reconhecer complexidade dos fenómenos psicológicos a identificar e compreender
Avaliação da personalidade: utilidade e o que permite compreender
Avaliação da Personalidade: Útil ALÉM do diagnóstico, planear tratamento e outras aplicações clínicas.
Avaliação da personalidade permite compreender:
* Autoconceito de um indivíduo (De Cuyper etal., 2017),
* Motivos subjacentes e expressos (Schultheiss & Brunstein, 2001)
* Controlo de impulsos (Burt et al., 2018),
* Mecanismos de defesa e estilo de coping (Exner & Erdberg, 2005)
* Complexidade cognitiva (Naglieri, 2005)
* Forças pessoais e funcionamento saudável da personalidade
Avaliação da personalidade: Guidelines - domínios
Existência de múltiplas guidelines internacionais de avaliação em diferentes domínios:
1. avaliação neuropsicológica(Conselho de Administração, 2007)
2. avaliações de custódia de crianças (American Psychological Association[APA], 2010)
3. avaliações psicológicas em questões de proteção à criança (APA,2013a)
4. avaliação psicológica forense(APA, 2013b)
Avaliação da personalidade: Guidelines - têm em conta o que?
Têm em conta:
* Âmbito e contextos
* Formação/treino e competência dos profissionais
* Considerações éticas
* Considerações sobre a diversidade
* Uso e interpretação dos instrumentos de avaliação
* Logística da avaliação da personalidade
Avaliação de personalidade: Aplicações e contextos - Clínico
Clínico:
1. Avaliar psicopatologia e sua gravidade, comprometimento funcional e diagnóstico;
2. Avaliar fatores emocionais e comportamentais que impactam no tratamento
3. Avaliar a capacidade funcional
4. Avaliar barreiras psicológicas e pontos fortes facilitadores do tratamento
5. Avaliar fatores de risco
6. Avaliar sintomas na testagem objetiva da eficácia do tratamento e/ou necessidade de encaminhamento para tratamento médico ou farmacológico
7. Confirmar ou refutar as impressões clínicas obtidas a partir de interações com paciente
8. Avaliar sintomas primários em condições neurológicas ou psiquiátricas.
Avaliação de personalidade: Aplicações e contextos - Forense
Forense:
1. Avaliar risco de violência institucional
2. Avaliar risco de comportamentos suicidas
3. Ajudar a determinar a necessidade de segregação da população geral em unidades de saúde mental
4. Apoiar o tribunal na avaliação da competência para testemunhar
5. Avaliação da personalidade dos progenitores e do menor
6. Personalidade, perigosidade, reincidência criminal
7. Nas avaliações forenses civis, auxiliar na determinação de incapacidade intelectual
Avaliação de personalidade: Aplicações e contextos - Organizacional
Organizacional:
Recrutamento e seleção das forças policiais (ex.: PSP, GNR, PJ), bem como outras profissões que requeiram habilidades interpessoais exigentes (recurso a MMPI, 16 PF, NEO-PI-R)
Avaliação de personalidade: Aplicações e contextos - Educacional
Educacional:
1. Relação entre personalidade, vivência e adaptação ao contexto académico
2. Dimensões estruturais e motivacionais,
3. Diversidade de trajetórias na organização da personalidade e percurso escolar
4. Sinalizar dificuldades de adaptação, para melhor intervir
Medidas de Autorrelato: Problemas associados
- Desejabilidade social (quando elevada traduz: evitamento das críticas; necessidade de aprovação social; elevada conformidade social; tentativa de auto-proteção)
- Vontade de permanecer mais aceitável socialmente
- Não reconhecer limitações pessoais
- Ausência de autoconhecimento
- Auto-apresentação
- Auto compreensão
- Simulação de patologia:
o consciente (casos jurídicos)
o inconsciente (psicoterapia)
Medidas de Autorrelato: BSI - medida; dimensão de avaliação; idade mínima de aplicação; população-alvo
Medida: BSI- Inventário de Sintomas Psicopatológicos/ Breve de Sintomas (Versão Canavarro, 1999)
Dimensão de Avaliação: Sintomatologia geral
Idade Mínima de aplicação: 13 anos
Pode ser aplicado a doentes do foro psiquiátrico ou psicológico e a indivíduos da população geral
Medidas de Autorrelato: BSI - dimensões e índices
9 dimensões e pontos de corte:
* Somatização: Queixas centradas nos sistemas cardiovascular, gastrointestinal, respiratório, ou outro qualquer sistema com clara mediação autonómica (≥ 0.6);
* Obsessões-compulsões: cognições, impulsos e comportamentos que são percecionados como persistentes e os quais o indivíduo não consegue resistir; Dificuldade de cognição mais geral (≥ 1.6);
* Sensibilidade interpessoal: sentimentos de inadequação pessoal, inferioridade; Auto depreciação, hesitação, desconforto, timidez… (≥ 1.1);
* Depressão: sintomas de afeto e humor disfórico, perda de energia vital, falta de motivação e interesse pela vida (≥ 1.2);
* Ansiedade: nervosismo, tensão; ansiedade generalizada e ataques de pânico; Apreensão e correlatos somáticos de ansiedade (≥ 1.3);
* Hostilidade: pensamentos, emoções e comportamentos característicos do Estado afetivo negativo da cólera (≥ 1.1);
* Ansiedade fóbica: resposta de medo persistente que sendo irracional e desproporcionada em relação ao estímulo, conduz ao evitamento (≥ 0.6);
* Ideação paranóide: modo perturbado de funcionamento cognitivo (ex. Pensamento projetivo, hostilidade, suspeição, grandiosidade, e o centrismo, medo da perda de autonomia e delírios) (≥1.3);
* Psicoticismo: isolamento e estilo da vida esquizoide; sintomas primários de esquizofrenia como alucinações e controlo do pensamento (≥ 0.9).
Obtemos 3 índices globais e pontos de corte:
* IGS (Índice Geral de Sintomas): pondera a intensidade do mal estares presenciado com o número de sintomas assinalado (≥ 1);
* TSP (Total de Sintomas Positivos): representa o número de queixas somáticas apresentadas; TSP elevado -constelação complexa de sintomatologia (≥ 27);
* ISP (Índice de Sintomas Positivos): oferece a média da intensidade de todos os sintomas assinalados (≥ 1.7).
Medidas de Autorrelato: BSI - versão sintetizada (dimensões e índices)
Versão Sintetizada: instrumento de rastreio de mal-estar psicológico com 18 itens.
3 dimensões:
* Somatização: mal-estar associado a manifestações dos sistemas regulados automaticamente
* Depressão: foca sintomas das perturbações depressivas (ex. Humor disfórico, anedonia, desesperança, ideação suicida)
* Ansiedade: sintomas indicativos de Estados de pânico (ex. Nervosismo, extensão, agitação motora e apreensão)
Obtemos: IGG (índice de gravidade global): nível geral de mal-estar psicológico do indivíduo
Medidas de Autorrelato: BSI - História e fundamentação teórica
Diversas tentativas de quantificação da psicopatologia
Questionário mais recorrente SCL-90-R – Sympton Checklist 90 (Derogatis, 1977)
* Estudo em Portugal por Baptista (1993)
* Avalia um maior número de sintomas (90 itens);
* Tempo de preenchimento – 12-20m – limitação à sua utilização
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BSI – versão reduzida/breve do SCL-90-R: Auxilia a elaboração dos diagnósticos relativos às perturbações do eixo I
Medidas de Autorrelato: BSI - Estudos realizados em Portugal
Primeiros estudos de validação realizados por Canavarro (1999)
Tradução do questionário – administrado individualmente
2 grupos: A1 população geral e A2 clinica
* A1: 404 sujeitos (114H e 290M)
* A2: 147 sujeitos (57H e 91M) Clínica Psiquiátrica dos HUC
* Boa estabilidade temporal
* Validade do construto, discriminatória e predita comprovadas
Atendendo a que a validade é um construto de natureza cumulativa, procedeu-se a correlações com outros instrumentos:
* EAS, PSS, 23 QVS e WHOQOL - revela que as associações encontradas são consistentes concetualmente e reforçadores da validade dos resultados do instrumento.
* Estudos posteriores envolveram grupos especiais (fibromialgia, mulheres c/ filhos c/ paralisia cerebral, …).
Medidas de Autorrelato: BSI - Procedimentos de Aplicação
- Inventário de autorresposta;
- Individual ou coletivamente;
- Período dedicado às instruções gerais: para cada item deverá corresponder ao que melhor descreve a forma como aquele problema o afetou nos últimos 7 dias; Respostas: Nunca, Poucas vezes, Algumas vezes, Muitas Vezes, Muitíssimas vezes;
- Tempo despendido: 8 a 10 minutos.
Medidas de Autorrelato: BSI - Análise e Interpretação
Interpretação linear, dada a natureza descritiva da informação;
Indicador de sintomas de foro psicopatológico;
Avalia mal-estar sintomático, desde psicológico a mórbido;
9 dimensões – (in)existência de perturbação emocional;
Análise individual de cada dimensão, se necessário usar outros procedimentos avaliativos
* Ex: sensibilidade interpessoal elevada - situações de criticismo, ruminação, baixa autoestima, baixa capacidade de autoafirmação
* Realizar entrevista clínica, testes comportamentais, registos de automonitorização
Medidas de Autorrelato: BSI - Como relatar os dados?
“Embora a progenitora não apresentasse à data da presente avaliação perturbação emocional, manifestou sintomatologia psicológica de interesse clínico ao nível da somatização (ex. mal-estar resultante da perceção do funcionamento somático, queixas em equivalentes somáticos de ansiedade, por exemplo, “dores sobre o coração o peito”), obsessões-compulsões (ex. pensamentos, impulsos e comportamentos percecionados como persistentes e que não consegue resistir, por exemplo, “necessidade de verificar várias vezes o que fez”) e depressão (ex. “sentir-se triste” , “sentir-se sozinha”). Esta sintomatologia surgiu, segundo ela, sobretudo associada à atual situação familiar, de afastamento e impossibilidade de um convívio regular e de proximidade com os filhos (“Como é que eu posso estar bem, se não posso estar com os meus filhos, diga-me. Parece que o mundo está-se a fugir dos meus pés”).
Árvore de decisão de avaliação de patologia de personalidade
esquema (5)
Entrevista: considerações
Considerações:
Procedimento de avaliação usado em distintos propósitos:
* obter informação para efeitos de avaliação e intervenção psicológicas;
* indagar sobre as características da personalidade, estratégias e incidentes críticos, habilidades, competências e dados biográficos em processos de seleção;
* explorar aspetos motivacionais, interesses e competências do processo de orientação
Envolve interação verbal e não verbal entre entrevistador e entrevistado
Não é uma conversação convencional; requer conhecimentos e técnica
Permite conhecer ampla e profundamente o entrevistado, as suas particularidades, a maneira de se relacionar com os outros, como e o que pensa sobre determinados assuntos, a sua história, planos futuros, e também o que o incomoda numa diversidade de contextos e situações.