sangramentos na gravidez parte 1 Flashcards
(36 cards)
Sangramentos da primeira metade (25 semanas)
Abortamento, gestação ectópica, doença trofoblástica.
Abortamento
Interrupção da gestação com feto com menos de 20-22 semanas ou 500 gramas.
Abortamentos - etiologia
- Anormalidade cromossômicas: trissomias, monossomia do X (S. Turner). Mais frequente é a trissomia/ aneoploidia do 16.
Causas mais esporádicas, não necessita de investigação.
Maior de 35 anos é FR para trissomias, logo mais abortamento. - Desordens anatômicas: IIC, malformações uterinas, sinéquias.
- Doenças endócrinas: insuficiência lútea (não produz suporte hormonal suficiente), doença da tireoide, DM.
- Infecções: rubéola, CMV, paravirose, HIV, sífilis.
- Trombofilias hereditárias: questionável, maioria não recomenda rastrear.
- Distúrbios imunológicos: síndrome antifosfolipídeo.
Abortamentos - síndrome antifosfolipídeo
Trombofilia autoimune.
Associada com:
- Abortamento de repetição
- Óbito fetal, pré-eclâmpsia
- Trombose arterial e venosa
- Associação com lúpus
Diagnóstico: necessário 1 clínico e 1 laboratorial.
- Critérios clínicos: trombose arterial/venosa OU óbito fetal após 10 semanas/ parto prematura por PE < 34 semanas/ 3 ou mais abortamentos < 10 semanas.
- Critérios laboratoriais: lúpus anticoagulante, anticardiolipina IgG ou IgM, anti-beta2glicoproteína I IgG ou IgM.
*Se todos presentes, possui alto potencial de abortamento.
*Se positivo repetir 12 semanas depois para confirmação.
Tratamento:
- SAF apenas com critério obstétricos: AAS + heparina profilática (enoxaparina); 40mg/dia.
- SAF com história de trombose: AAS + heparina terapêutica (1mg/kg de 12/12 horas).
*Se em uso de varfarina trocar para enoxaparina.
*Desfecho favorável em 85% dos casos.
Abortamento - classificação
Precoce: até 12 semanas.
*Mais comum.
*Principalmente aneoploidia.
Tardio: entre 12 a 20 semanas.
*Necessário tratamento mais específico.
*Não costuma ser aneoploidia.
Habitual: 3 ou mais episódios consecutivos.
*Em alguns casos 2 ou mais se faz investigação.
Abortamento - diagnóstico
Dois parâmetros principais:
- Colo uterino (verificar se aberto ou fechado).
- USG (nem sempre obrigatório).
Abortamento - ameaça de abortamento/ gestação incipiente
Sangramento e dor discretos
- Beta-hCG: positivo
- Útero: compatível com IG.
- Colo uterino: fechado.
- USG: BCE presente.
Tratamento: sintomáticos. Não possui tratamento específico.
Abortamento - abortamento inevitável
Sangramento intenso, cólicas
- Beta-hCG: positivo
- Útero: compatível com IG.
- Colo uterino: aberto.
- USG: BCE presente/ ausente.
Tratamento: aguardar até 8 semanas de gestação, esperar por 1/2 semanas (casos raros) OU esvaziamento uterino (mais comum), imunoglobulina anti-Rh (se Rh -).
Abortamento - abortamento completo
Sangramento discreto, dor ausente
- Beta-hCG: negativo ou em queda.
- Útero: menor que IG.
- Colo uterino: fechado.
- USG: útero vazio.
Tratamento: Imunoglobulina anti-Rh.
Abortamento - abortamento incompleto
Sangramento variável, cólicas
- Beta-hCG: negativo ou em queda.
- Útero: menor que IG.
- Colo uterino: aberto ou fechado.
- USG: restos ovulares. Espessamento maior que 15mm.
Tratamento: esvaziamento uterino, imunoglobulina anti-Rh.
Abortamento - abortamento infectado
Sangramento fétido, dor abdominal
- Beta-hCG: negativo.
- Útero: amolecido, doloroso.
- Colo uterino: aberto.
- USG: restos ovulares/ heterogêneo + febre.
Tratamento: clindamicina + gentamicina seguido de esvaziamento uterino, imunoglobulina anti-Rh.
Abortamento - abortamento retido
Sangramento e dor ausentes
- Beta-hCG: negativo ou em queda.
- Útero: menor que IG.
- Colo uterino: fechado.
- USG: embrião > ou igual 7mm sem BCE.
*Se menor que 7mm deve-se repetir USG. Se mais que 7mm não fazer novamente.
Tratamento: Repetir USG (confirmatório), esvaziamento uterino, imunoglobulina anti-Rh.
Abortamento - ovo anembrionado
Subtipo de aborto retido.
Ausência de embrião em SG íntegro.
USG: SG > ou igual 25 mm de DM sem embrião.
Tratamento: esvaziamento uterino, imunoglobulina anti-Rh.
Abortamento - esvaziamento cirúrgico
AMIU: para útero pequeno.
- Método de escolha até 12 semanas.
- Menor risco de perfuração (forma vácuo).
*Preferencial.
Curetagem cirúrgica:
- Método de escolha após 12 semanas.
- Maior risco de perfuração (sem vácuo).
Outros: vácuoaspiração (mola), microcesariana.
Abortamento - esvaziamento clínico
Ocitocina: expulsão do feto, paralelamente ao tratamento cirúrgico.
*Após 12 semanas não possui boa indicação.
Misoprostol: método de escolha para expulsão do feto. Complementar ao tratamento cirúrgico.
*Principalmente após 12 semanas.
- Após 12 semanas seu uso é obrigatório.
Conduta expectante: 6 a 8 semanas, estáveis, sangramento discreto.
Incompetência istmocervical - causa
Causa no segunda trimestre (18 a 20 semanas).
Falha do orifício interno em manter a gestação.
Causa:
- Abortamento tardio
- Perdas gestacionais indolores
- Amniorrexe precoce
- Feto morfologicamente anormal
Incompetência istmocervical - fatores predisponentes
Fatores predisponentes:
- Amputações do colo
- Dilatação do colo
- Fatores congênitos
- Partos laboriosos
Incompetência istmocervical - diagnóstico
Diagnóstico fora da gestação:
- Histerossalpingografia (volta do contraste)
- Histeroscopia (facilidade de entrada)
- Passagem da vela de Hegar 8
Diagnóstico na gravidez:
- Dilatação do colo indolor
- USG: encurtamento do colo (preditor de parto prematuro), dilatação cervical
Incompetência istmocervical - tratamento
Circlagem uterina entre 12 e 16 semanas (antes do colo uterino começar a abrir).
*Antes do achado ultrassonográfico.
*Cirurgia de McDonald.
Abortamento - interrupção voluntária
Risco de vida para a gestante:
- Abortamento terapêutico
- Atestado por dois médicos
- Notificação da comissão de ética do hospital
Decorrente de violência sexual:
- Permitida após informar Unidade de Saúde
- Não precisa de B.O ou autorização judicial
- Objeção de consciência
- Até 20-22 semanas
Anencefalia:
- Discriminalização pelo STF em 2012
- Interrupção em qualquer IG (se desejar)
- Diagnóstico USG com 2 fotografias (sagital e transversal)
- Laudo assinado por dois médicos
Gestação ectópica - o que é
Implantação do blastocisto fora da cavidade endometrial.
Mais comum é na tuba uterina (tubária), outras são ovarianas, cavidade abdominal…
Gestação ectópica - fatores de risco
Principais:
- Cirurgia tubária prévia
- DIU
- Gestação ectópica prévia
- DIP (clamídia, gonococo, IST)
- Endometriose
Gestação ectópica - gestação tubária
95-98% das gestações ectópicas.
*Ocorre principalmente na ampola, pois é onde ocorre a fecundação.
*O segundo mais comum é o istmo.
*Descobre principalmente na 6-8 semana pelos sintomas característicos.
Gestação ectópica - gestação tubária/ manifestações clínicas
Manifestações clínicas:
- Sintomas clássicos: dor abdominal, amenorreia, sangramento vaginal.
- Subaguda: dor abdominal, amenorreia, sangramento vaginal, 70% dos casos, região ampular, sem instabilidade hemodinâmica.
- Aguda: 30% dos casos, região ístmica, sangue na cavidade. Presença de sinal de Laffon (irritação do nervo frênico - dor escapular), sinal de Cullen, sinal de Blumberg, Sinal de Proust (grito de douglas), instabilidade hemodinâmica.