Síndrome Metabólica Flashcards
(19 cards)
O que é síndrome metabólica?
É uma constelação de interligados fatores fisiológicos, bioquímicos, clínicos e metabólicos que aumentam diretamente o risco de doença cardiovascular e diabetes melito tipo 2
Que fatores constituem a síndrome metabólica?
Adiposidade visceral, resistência à insulina (RI), liberação excessiva de ácidos graxos livres e citocinas inflamatórias pelos adipócitos viscerais, estresse oxidativo, dislipidemia aterogênica, hiperglicemia, disfunção endotelial, hipertensão e estado de hipercoagulabilidade.
Quais são os critérios diagnósticos de síndrome metabólica?
Presença de 3 ou mais dos seguintes critérios:
- Obesidade abdominal: cintura > 102 cm em homens e > 88 cm em mulheres.
- TG elevados ≥ 150 mg/dL
- HDL-c baixo: < 40 mg/dL em homens e < 50 mg/dL em mulheres.
- PA elevada: ≥ 130/85 mmHg
- Glicemia de Jejum elevada: ≥ 110 mg/dL
Quais os principais fatores que vem contribuindo para o aumento da prevalência de síndrome metabólica no mundo?
- Obesidade
- Sedentarismo
- Tabagismo
- Estresse
- Fatores genéticos
Relação do tecido adiposo e síndrome metabólica
A SM parece ser decorrente diretamente de um excesso de tecido adiposo visceral e de uma diminuição do tecido adiposo subcutâneo, o que levaria a maior liberação de ácidos graxos livres e citocinas inflamatórias na circulação, entre outros achados.
Quais as diferenças entre os adipócitos subcutâneos e adipócitos viscerais?
Os primeiros são células menores, que têm mais facilidade de se multiplicar e são mais responsivos ao efeito antilipolítico da insulina. Eles têm a capacidade de armazenar grandes capacidades de AGL sob a forma de triacilglicerol e produzem poucas citocinas inflamatórias (já que, praticamente, não há infiltração de macrófagos e monócitos). Em contraste, os adipócitos viscerais são células maiores, que se multiplicam pouco, são metabolicamente mais ativos e apresentam atividade lipolítica mais acentuada. Ademais, eles acumulam menos AGL e possuem grande capacidade de secretar citocinas inflamatórias, tais como o fator de necrose tumoral-alfa (TNF-α), a interleucina-6 (IL-6), a proteína C reativa (PCR) e o inibidor do ativador do plasminogênio-1 (PAI-1).
A síndrome metabólica parece ser decorrente de uma desproporção na distribuição de adipócitos subcutâneos e viscerais, logo se tem um excesso de citocinas que leva…
A uma inflamação localizada no tecido adiposo que se propaga para uma inflamação sistêmica global, associada ao desenvolvimento de comorbidades relacionadas a obesidade, resistência à insulina (RI), estresse oxidativo e aterosclerose.
O que origina a lipotoxicidade na síndrome metabólica?
O aumento da lipólise nos adipócitos viscerais ocasiona um aumento do aporte de AGL para o fígado e o músculo esquelético, inibindo a ação da insulina nesses órgãos, por um mecanismo denominado de lipotoxicidade.
A resistência insulínica no fígado desencadeia o que?
Um aumento da gliconeogênese hepática (causando hiperglicemia), da produção de citocinas inflamatórias (inflamação) e da secreção excessiva de VLDL, com consequente hipertrigliceridemia e redução nos níveis de HDL-colesterol (HDL-c).
O acúmulo intra-hepático de TG na síndrome metabólica favorece o surgimento de que?
Doença hepática gordurosa não alcoólica e esteatohepatite não alcoólica
O que está relacionado à gênese da hipertensão na síndrome metabólica?
Maior ativação do sistema renina-angiotensina-aldosterona (SRAA) e do sistema nervoso simpático
Quais são as complicações atreladas à síndrome metabólica?
- DM2
- Dislipidemia
- HAS
- Doença hepática gordurosa não alcoólica
- Apneia do sono
- Hipogonadismo hipogonadotrófico
- Disfunção erétil
- SOP
- Infertilidade
- Aumento do risco de Alzheimer
- Aumento do risco de câncer (?)
- Aumento na taxa de mortalidade cardiovascular e por todas as causas.
Quais fatores da síndrome metabólica aumentam os riscos de doença cardiovascular?
HDL-c baixo, hipertrigliceridemia, hipertensão, aumento do PAI-1, hiperinsulinemia e hipoadiponectinemia, entre outros.
O que esperar de exames hepáticos de pacientes com doença hepática gordurosa não alcoólica na síndrome metabólica?
Os pacientes podem apresentar-se com discretos aumentos nos níveis das enzimas hepáticas (normais, na maioria dos casos), e exames de imagem, seja ultrassonografia (US) abdominal, tomografia computadorizada (TC) ou ressonância magnética (RM) do abdome, sugerem o diagnóstico de NAFLD.
O que leva a hiperatividade do sistema nervoso simpático na síndrome metabólica?
Essa ativação seria um mecanismo compensatório na tentativa de estabilizar o peso corporal pelo aumento da termogênese. Um dos principais ativadores do SNS é a hiperinsulinemia, principalmente pós-prandial (termogênese induzida pela alimentação). Essa hiperinsulinemia, associada a hiperleptinemia, redução do óxido nítrico e aumento da endotelina-1, levaria a uma vasoconstrição periférica importante e retenção de líquidos, reduzindo o fluxo sanguíneo para a musculatura esquelética e ocasionando a RI. Dessa maneira, a hiperatividade do SNS perpetuaria um círculo vicioso, com hiperinsulinemia, hipertensão arterial e aumento da frequência cardíaca, demonstrados na SM.
O que leva a ativação do sistema renina-angiotensina-aldosterona na síndrome metabólica?
Existem evidências de que tanto a hiperglicemia como a hiperinsulinemia ativam o SRAA por aumentar a expressão do angiotensinogênio, da angiotensina II (AT II) e do receptor AT1. Além disso, recentemente demonstrou-se a produção de aldosterona pelos adipócitos em resposta à AT II.
Quais mecanismos estão envolvidos na diminuição do hormônio do crescimento na síndrome metabólica?
(1) inibição direta da liberação de GH na hipófise pela hiperinsulinemia; (2) inibição no fígado da produção das proteínas de ligação do IGF-1 (IGFBP), o que levaria a um aumento da fração livre do IGF-1 (fator de crescimento semelhante à insulina tipo 1) e inibição da liberação do GH; (3) inibição direta da liberação do GH pelos níveis elevados dos AGL; e (4) aumento da somatostatina, relacionado com os níveis elevados de AGL.
O que leva ao hipogonadismo hipogonadotrófico masculino na síndrome metabólica?
O excesso de tecido adiposo correlaciona-se diretamente com aumento da atividade das aromatases, elevando os níveis de estradiol e estrona e inibindo a liberação de LH pela hipófise. A hiperinsulinemia, por sua vez, diminui a produção hepática de proteína de ligação dos hormônios sexuais, reduzindo a testosterona total, e parece inibir diretamente a produção de testosterona. Ademais, parece que a leptina, a exemplo da insulina, age bloqueando a 17,20-liase, inibindo, assim, a conversão de 17OH-progesterona em androstenediona e, consequentemente, a produção de testosterona.
O que leva ao hiperandrogenismo feminino na síndrome metabólica?
A hiperinsulinemia está associada a um aumento direto da produção de androgênios pelo ovário e à diminuição das SHBG, o que gera aumento da fração livre da testosterona. O aumento da atividade da aromatase, relacionado à quantidade de tecido adiposo, está associado a uma elevação dos níveis de estrona, que, por sua vez, levam a maior secreção de LH pela hipófise, com diminuição do FSH. A resposta ovariana ao excesso de LH é um aumento da produção de androgênios.