Texto 7 Flashcards
(3 cards)
Quais são os principais argumentos de Augusto Santos Silva sobre a rutura com o senso comum?
Os principais argumentos de Augusto Santos Silva sobre a rutura com o senso comum incluem:
- Necessidade de Distanciamento: Santos Silva enfatiza que a rutura com o senso comum é fundamental para a construção de um conhecimento científico nas Ciências Sociais. O senso comum, que se refere a perceções e interpretações imediatas da realidade, muitas vezes é influenciado por ideologias e crenças não fundamentadas em evidências científicas .
- Autonomia do Social: O autor argumenta que a constituição das Ciências Sociais está intimamente ligada à afirmação da autonomia do social, que se desenvolveu ao longo dos séculos XVII, XVIII e XIX. Durante esse período, surgiu a ideia de que a ordem social não é determinada por forças divinas, mas por relações sociais que podem ser estudadas e compreendidas .
- Crítica das Ideologias Dominantes: A rutura não é um processo simples ou consensual; é uma operação conflituosa que envolve a crítica das representações ideológicas e das conceções que dominam o senso comum. Santos Silva propõe que existem diferentes níveis de obstáculos ao conhecimento científico, desde representações imediatas até conceções mais elaboradas enraizadas em formações ideológicas.
- Desenvolvimento de uma Compreensão Profunda: O autor destaca que a ciência deve questionar e problematizar noções pré-existentes para desenvolver uma compreensão mais profunda e precisa dos fenômenos sociais .
Esses argumentos ressaltam a importância de uma análise crítica e fundamentada para o avanço das Ciências Sociais, desafiando as verdades estabelecidas e promovendo um entendimento mais rigoroso da realidade social.
Como a história dos séculos XVII, XVIII e XIX influenciou a autonomia das Ciências Sociais?
A história dos séculos XVII, XVIII e XIX influenciou a autonomia das Ciências Sociais de várias maneiras significativas:
1. Desenvolvimento do Racionalismo e do Empirismo: Durante o século XVII, o surgimento do racionalismo e do empirismo estabeleceu novas bases para o conhecimento. Filósofos como René Descartes e John Locke promoveram a ideia de que o conhecimento deveria ser fundamentado na razão e na observação empírica, desafiando as explicações baseadas em dogmas religiosos e tradições .
2. Iluminismo: O século XVIII, marcado pelo Iluminismo, trouxe uma ênfase na razão, na ciência e na crítica das tradições. Pensadores como Voltaire, Rousseau e Montesquieu questionaram as estruturas sociais e políticas existentes, promovendo a ideia de que a sociedade poderia ser compreendida e reformada através da razão e do conhecimento científico. Essa mudança de paradigma ajudou a estabelecer as Ciências Sociais como disciplinas que poderiam estudar a sociedade de maneira autônoma .
3. Emergência das Ciências Sociais: No século XIX, as Ciências Sociais começaram a se consolidar como disciplinas acadêmicas independentes. Autores como Karl Marx, Émile Durkheim e Max Weber desenvolveram teorias que analisavam a sociedade a partir de uma perspetiva científica, enfatizando a importância de estudar as relações sociais, as estruturas econômicas e as instituições. Essa abordagem científica permitiu que as Ciências Sociais se distanciassem das explicações teológicas e metafísicas que predominavam anteriormente .
4. Crítica ao Senso Comum: A transição histórica também envolveu uma crítica ao senso comum, que muitas vezes era influenciado por ideologias e crenças não fundamentadas. A autonomia das Ciências Sociais foi, portanto, construída sobre a necessidade de questionar e problematizar essas noções pré-existentes, buscando uma compreensão mais rigorosa e fundamentada dos fenômenos sociais .
Esses fatores históricos contribuíram para a afirmação da autonomia das Ciências Sociais, permitindo que elas se desenvolvessem como disciplinas que estudam a sociedade de maneira crítica e científica, em vez de depender de explicações tradicionais ou dogmáticas.
Quais são os obstáculos mencionados por Santos Silva que dificultam o conhecimento científico nas Ciências Sociais?
Augusto Santos Silva menciona vários obstáculos que dificultam o conhecimento científico nas Ciências Sociais, incluindo:
- Representações Imediatas: O autor destaca que as perceções e interpretações imediatas da realidade, que compõem o senso comum, muitas vezes não são fundamentadas em evidências científicas. Essas representações podem distorcer a compreensão dos fenômenos sociais e dificultar a análise crítica .
- Conceções Enraizadas: Existem conceções mais elaboradas que estão profundamente enraizadas em formações ideológicas. Essas conceções podem ser difíceis de desafiar e questionar, pois estão integradas nas crenças e valores da sociedade, tornando a rutura com o senso comum um processo conflituoso .
- Influência de Ideologias: As ideologias dominantes podem influenciar a forma como os fenômenos sociais são percebidos e interpretados. Santos Silva argumenta que é essencial criticar essas ideologias para desenvolver um conhecimento mais rigoroso e fundamentado, mas essa crítica pode encontrar resistência tanto no nível individual quanto institucional .
- Resistência à Rutura: O autor também menciona que, embora as condições para a rutura possam estar presentes, frequentemente há resistência a esse processo. As estruturas de poder e as normas sociais estabelecidas podem dificultar a aceitação de novas abordagens e teorias que desafiem o status quo .
- Obstáculos Metodológicos: Além das questões ideológicas e sociais, Santos Silva sugere que a falta de metodologias adequadas e a necessidade de novas abordagens teóricas também representam obstáculos ao avanço do conhecimento científico nas Ciências Sociais. A pesquisa que utiliza métodos inovadores pode ser necessária para questionar e desmantelar teorias existentes que não se sustentam diante de novas evidências .
Esses obstáculos ressaltam a complexidade do processo de construção do conhecimento nas Ciências Sociais e a necessidade de uma análise crítica e fundamentada para superar as limitações impostas pelo senso comum e pelas ideologias dominantes.