Trauma Flashcards

1
Q

Paciente de 25 anos foi trazido à sala de urgência após ter sido vítima de espancamento há cerca de 8 horas. Sua avaliação inicial confirmou diagnóstico de traumatismo raquimedular cervical, sem outras lesões traumáticas. Após 2 horas de internação, passou a apresentar quadro clínico compatível com insuficiência respiratória. Qual a conduta?

A) Somente cricotireoidostomia, intubação contraindicada.
B) Intubação orotraqueal ou nasotraqueal.
C) Traqueostomia de emergência.
D) Ventilação não invasiva até realização de tratamento cirúrgico definitivo.

A

Temos um indivíduo vítima de espancamento há cerca de oito horas. Em sua avaliação inicial foi detectada Trauma Raquimedular (TRM).

Após duas horas, apresentou insuficiência respiratória aguda, certamente por perda do controle do diafragma (lesão de C3 a C5) e/ou da musculatura intercostal (lesão cervical baixa ou torácica alta), com evolução para fadiga respiratória.
É só lembrarmos que estamos lidando com um TRM cervical. Qual deve ser a nossa conduta?
Bom, o acesso definitivo à via aérea está mais do que indicado. Na abordagem inicial desse quadro agudo, a intubação endotraqueal se encontra indicada.
A intubação orotraqueal pode e deve ser realizada, lembrando que o time de trauma deve retirar o colar cervical e estabilizar manualmente a coluna para que o procedimento seja feito.
Outra opção seria a intubação nasotraqueal, desde que não houvesse sinais de fratura de base de crânio. Em um segundo momento, já de forma eletiva, a traqueostomia poderá ser indicada… Sendo assim, a opção correta é a B.
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2
Q

Mulher, 25a, internada imediatamente após queda de moto, na qual teve fratura fechada da diáfise do fêmur e da fíbula direitos, há 18 horas. Evolui há 20 minutos com confusão mental e agora com insuficiência respiratória, com necessidade de uso de máscara não reinalante com reservatório. Exame físico: PA = 104x72 mmHg, FC = 124 bpm, FR = 28 irpm, T = 37,9oC e oximetria de pulso (ar ambiente) = 90%. Ausculta cardíaca e pulmonar normais. O membro inferior direito está edemaciado com diversas escoriações. Você é chamado para avaliação, indica a intubação orotraqueal e, quando estão expondo a paciente para o procedimento, identifica essa alteração em axila direita (ANEXOA): A HIPÓTESE DIAGNÓSTICA É: PETEQUIAS NA IMAGEM

A

Muita atenção, uma vez que podemos, de uma hora para outra, nos deparar com uma situação dessas em pronto-socorro. Nossa paciente é uma mulher jovem, vítima de trauma, que apresenta fratura fechada de ossos longos há 18 horas. Evolui com confusão mental, insuficiência respiratória e a imagem demonstra petéquias em tórax e axila. O que está acontecendo? Sabemos que em fraturas de ossos longos, principalmente as não fixadas precocemente e as abertas (que não é o nosso caso), pode ocorrer embolia gordurosa, fenômeno mais encontrado em 24 a 72 horas do trauma. A Síndrome de Embolia Gordurosa (SEG) é reconhecida pela tríade de hipoxemia (evoluindo para insuficiência respiratória), alterações neurológicas e rash petequial. Outras alterações da SEG incluem anemia, trombocitopenia, febre, depressão miocárdica, choque etc. Na SEG, glóbulos de gordura alcançam o coração direito e obstruem os capilares pulmonares. Além disso, as células de gordura apresentam potencial pró-trombótico levando à agregação de plaquetas na circulação; mediadores lipídicos pró-inflamatórios podem levar a um quadro sistêmico grave, com ativação da cascata de coagulação e possível síndrome do desconforto respiratório agudo. O tratamento da SEG é basicamente de suporte. O uso de corticosteroides é controverso e a heparina, ao contrário do tromboembolismo venoso, não é recomendada. Contudo, uma metanálise recente demonstrou que o uso profilático de corticosteroides em indivíduos com múltiplas fraturas de ossos longos, pareceu reduzir em 78% a taxa de SEG. Gabarito: Síndrome de Embolia Gordurosa.
Vi

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3
Q

Um homem de 24 anos foi vítima de ferimento por arma branca em região cervical. Tem a via aérea pérvia e saturação de O2 de 96%, em ar ambiente. Está consciente e orientado (Glasgow 15). Pulso: 90 bpm, rítmico, PA: 130 × 90 mmHg, frequência respiratória: 18 irpm. Queixa-se de dor em região cervical. A endoscopia digestiva alta e o esofagograma mostraram laceração de 1/3 da circunferência esofágica, com extravasamento de contraste. Conduta, além de analgesia, antibioticoterapia sistêmica e vacinação antitetânica:
A) Cervicotomia exploradora, sutura do esôfago, drenagem e passagem de sonda nasoenteral durante a operação.
B) Tratamento não operatório, jejum oral, monitorização em terapia intensiva, gastrostomia, traqueostomia e seguimento radiológico.
C) Cervicotomia exploradora com sutura primária da lesão esofágica e faringostomia para alimentação.
D) Via aérea cirúrgica e tomografia de pescoço e tórax. A endoscopia não deveria ter sido feita, por poder piorar a lesão esofágica.
E) Tratamento não operatório, jejum oral, internação em terapia intensiva e passagem de sonda nasoenteral guiada por endoscopia.

A

Paciente vítima de lesão por arma branca na região cervical. Como o paciente está estável e não apresenta nenhum sinal inicial de lesão óbvia, foi realizada a investigação com endoscopia e esofagograma que identificaram lesão esofágica. Na presença de lesão esofágica, a exploração cirúrgica vai estar indicada, com isso já excluimos as opções que não incluem uma abordagem cirúrgica. Como o paciente está bem, estável e a lesão é de 1/3 da circunferência, podemos realizar a sutura primária desta leão. Este paciente deve ser nutrido de alguma forma, ou por uma gastro ou jejunostomia, ou por uma sonda nasoenteral, que já é passada durante o ato cirúrgico.

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4
Q

Homem, 18 anos, vítima de trauma torácico fechado (colisão carro com ônibus), com fratura costal única (oitavo arco costal direito), foi tratado com drenagem pleural fechada por pneumotórax. Apresentou boa resolução e expansão pulmonar, e o dreno foi retirado após 24 horas, seguida de alta hospitalar. Retornou ao serviço de emergência após 5 dias da alta com queixa de dor pleurítica e picos febris (não medidos). A radiografia de tórax mostra nível hidroaéreo à direita. A tomografia de tórax é compatível com hemotórax coagulado. Qual a conduta mais adequada?
A) Videotoracoscopia ou VATS (Video Assisted Thoracoscopic Surgery).
B) Toracotomia póstero-lateral com decorticação pulmonar e pleurectomia para controle de sangramento.
C) Dreno pleural calibroso (36F) utilizando o mesmo orifício da drenagem prévia e colocado em irrigação contínua e aspiração à vácuo.
D) Passagem de dreno pleural tipo ““pigtail”” para realização de terapia com trombolíticos na cavidade pleural, e irrigação contínua por 48 horas.

A

»Estamos diante de um paciente vítima de trauma torácico, que após a drenagem evoluiu com hemotórax retido! Guarde este conceito: diante de um quadro de hemotoráx retido ou hemotórax coagulado, a melhor conduta é a extração mecânica deste coágulo. Esta pode ser realizada através de toracotomia ou videotoracoscopia. Evidentemente, a conduta preferencial é a videotoracoscopia por ser um procedimento com menos complicações, pouco invasivo e com baixa morbimortalidade em relação à toracotomia. Portanto, a melhor conduta está descrita na letra A. Gabarito: letra A.
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5
Q

Mulher, 25a, vítima de atropelamento, é trazida por populares ao pronto-socorro. Exame físico: PA = 83x57 mmHg, FC = 147 bpm, FR = 32 irpm; Abdome: escoriação e hematoma à direita; Neurológico: Glasgow = 7 e anisocoria; Extremidades: deformidade e edema na coxa esquerda. FAST (focused assessment with sonography for trauma) positivo nos espaços hepatorrenal e esplenorrenal. Realizada intubação orotraqueal, iniciada ventilação mecânica e reposição volêmica de 1000mL de solução de Ringer com lactato aquecido. ALÉM DA FREQUÊNCIA CARDÍACA E DA PRESSÃO ARTERIAL, O OUTRO FATOR QUE COMPÕE O “ABC SCORE” PARA PROTOCOLO DE TRANSFUSÃO MACIÇA É:

A

Uma questão muito bem-feita e quem prestou atenção na aula acertou. Em primeiro lugar, nossa paciente apresenta uma hemorragia classe IV, não concordam? Instabilidade hemodinâmica e uma FC > 140 bpm não nos deixam dúvidas. A deformidade e edema na coxa esquerda representam uma fratura que pode levar à perda hemorrágica, mas nesse caso o trauma abdominal é o grande responsável pelo sangramento (FAST positivo). Em casos de ressuscitação volêmica de doentes críticos, a necessidade do emprego do Protocolo de Transfusão Maciça (PTM) tem como base um escore conhecido como ABC (Assessment of Blood Consumption), que apresenta como seus componentes: PA sistólica < 90 mmHg; FC > 120 bpm, FAST positivo e lesão penetrante em tronco. Cada um destes achados corresponde a 1 ponto. O escore ≥ 2 pontos indica o PTM. Dessa forma, o outro componente do escore ABC, além da FC e PA, que este indivíduo apresenta é o FAST, que foi o gabarito. A transfusão maciça envolve o emprego de > 10 UI de concentrado de hemácias nas 24 horas da admissão hospitalar ou > 4 UI na primeira hora. Nesse contexto, a administração de plasma e plaquetas de forma precoce parece também aumentar a sobrevida. GABARITO OFICIAL: FAST positivo/líquido livre.

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6
Q

Mulher, 27a, primigesta, com 38 semanas de gestação, vítima de acidente automobilístico, chega à Unidade de Pronto Atendimento, trazida pelo SAMU em prancha rígida. Exame físico: PA = 88x56mmHg, FC = 124 bpm, FR = 23irpm. ALÉM DA REANIMAÇÃO VOLÊMICA, A CONDUTA É DESVIAR MANUALMENTE O ÚTERO PARA A:
A) Esquerda ou elevar o lado direito do dorso.
B) Direita ou elevar o lado esquerdo do dorso.
C) Esquerda ou elevar o lado esquerdo do dorso. D) Direita ou elevar o lado direito do dorso.

A

»Antes de avaliarmos nossa paciente, vamos recordar alguns dados interessantes. Sabemos que o útero permanece um órgão intrapélvico até aproximadamente a 12a semana de gravidez, quando se expande para fora desses limites, alcançando a cicatriz umbilical por volta das 20 semanas; em torno de 34 a 36 semanas, o útero se estende até as margens costais. À medida que o órgão aumenta, o intestino delgado é deslocado superiormente, localizando-se no abdome superior. Dessa forma, o intestino delgado é mais “protegido” na contusão abdominal, enquanto o útero, feto e placenta ficam mais expostos. No terceiro trimestre, o útero se encontra bem aumentado e com paredes finas… Outro detalhe importante: o aumento do volume de plasma é uma adaptação esperada a uma gravidez saudável, sendo responsável pela famosa anemia fisiológica da gravidez. Dessa forma, para que uma gestante desenvolva sinais e sintomas de hipovolemia, é necessária uma perda de 1.200 a 1.500 ml de sangue, o que já traz um enorme prejuízo ao bem-estar do feto (evidenciado por alterações na frequência cardíaca fetal). A gravidez resulta em uma queda nas pressões sistólica e diastólica de 5 a 15 mmHg durante o segundo trimestre; ao termo, os níveis tensionais retornam a valores quase normais. Voltando ao enunciado: temos uma paciente de 27 anos, com 38 semanas de gestação (terceiro trimestre), vítima de acidente automobilístico, que se encontra hemodinamicamente instável. Nesse contexto, além da ressuscitação volêmica, uma manobra habitualmente realizada consiste em desviar manualmente o útero para esquerda, aliviando a compressão sobre a Veia Cava Inferior (VCI), que está à direita da aorta; com isso, há uma melhora imediata no retorno venoso, o que auxilia a ressuscitação volêmica da gestante. Outras estratégias possíveis para aliviarmos a pressão sobre a VCI incluem a elevação do lado direito do dorso, ou posicionarmos a paciente em decúbito lateral esquerdo. Sendo assim, a opção correta é a A.
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7
Q

Homem 27a, trazido ao hospital após queda de escada de 2 metros de altura. Exame físico: descorado +/4+, PA = 102x78 mmHg, FC = 101 bpm, FR = 16 irpm, oximetria de pulso (ar ambiente) = 98%; Abdome: dor e crepitação à palpação sobre o gradil costal inferior, Glasgow = 15. Hematócrito = 38%, Hb = 12,5 g/dL. Ultrassonografia de abdome: lesão de fígado e líquido peri-hepático. PARA AVALIAR A POSSIBILIDADE DE TRATAMENTO NÃO OPERATÓRIO DEVE-SE REALIZAR:

A

Temos uma vítima de trauma abdominal contuso após queda de dois metros. O paciente se encontra hemodinamicamente estável e com dor à palpação abdominal no nível do gradil costal inferior. Agora, um dado importantíssimo: o FAST revelou lesão hepática e líquido peri-hepático, ou seja, o exame é positivo para lesão de estrutura intra-abdominal! Sendo assim, nesse momento, qual será o nosso próximo passo? Sabemos que nos pacientes com FAST positivo e que se encontram hemodinamicamente estáveis, a tomografia computadorizada de abdome com contraste é o método complementar a ser solicitado a seguir. O exame avaliará melhor a lesão de órgãos, no caso o fígado, permitindo uma graduação exata da lesão hepática, informação de extrema importância para decidirmos entre uma conduta conservadora ou operatória. Um detalhe que pode ter confundido alguns candidatos: a dor em gradil costal à palpação é um achado totalmente normal e isso não representa sinais peritoneais (defesa e descompressão abdominal dolorosa). Na presença de peritonite, aí sim laparotomia estaria formalmente indicada. GABARITO OFICIAL: tomografia computadorizada de abdome com contraste.
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8
Q

Homem, 25a, vítima de colisão frontal de carro a 100 km/hora, ocupante no banco dianteiro e com cinto de segurança. Atendido pelo SAMU no local. Exame físico: PA= 130x80 mmHg; FC= 110 bpm, FR= 30 irpm, oximetria de pulso (máscara de oxigênio 10 litros/min)= 90%; neurológico: Glasgow= 5, anisocoria (direita maior que esquerda). Foram realizados intubação orotraqueal, 1.000 mL de solução de Ringer com lactato e transferido para um hospital. Na admissão realizaram-se: exames radiográficos simples do tórax e de bacia e FAST (focused assessment with sonography for trauma), na sala de emergência, sendo respectivamente: sem alterações e negativo. A CONDUTA A SEGUIR É:
A) Tomografia computadorizada de crânio.
B) Tomografia computadorizada de corpo inteiro. C) Lavado peritoneal diagnóstico.
D) Tomografia de coluna cervical.

A

Paciente vítima de colisão frontal de auto, a 100 Km/hora, estável hemodinamicamente, com Sat O2 em 90%, mesmo com oxigênio suplementar, além de Glasgow de 5, com anisocoria. Foi realizada a IOT e administração de 1000 ml de RL. As radiograifas e FAST não identificaram alterações, qual é a conduta? A grande preocupação neste caso é o TCE. No entanto, lembre-se que paciente vítima de trauma contuso de abdome, que não podemos confirar no exame, que está estável, deve ser avaliado através de tomografia. Entre as opções encontramos tomografia de crânio e tomografia de corpo interio. Qual vamos marcar? Tomografia de corpo inteiro. Vamos entender? O nome diz tudo, é realizarmos uma tomografia indiscriminada, avaliando o corpo como um todo e não somente a realização da tomografia direcionada de acordo com as lesões. Apesar de não ser um consenso e os estudos ainda serem contraditórios, alguns autores e na prática alguns serviços indicam a realização de tomografia de corpo inteiro para aqueles pacientes gravemente feridos e que apresentam alteração no nível de consciência. Geralmente são paciente vítimas de explosões, acidentes automobilísticos em alta velocidade ou queda de grandes alturas. Gabarito letra B.

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9
Q

Vítima de colisão de moto com poste, um homem de 22 anos tem dor em hipogástrio e hematúria. Na investigação, a tomografia de corpo inteiro, feita com contraste venoso, mas apenas com fase arterial e portal, evidenciou líquido livre em pelve. Não teve outros achados, exceto fratura estável de bacia. Diagnóstico mais provável e melhor conduta:
A) Lesão de uretra posterior − Exploração cirúrgica
B) Trauma renal − Fazer a fase excretora da tomografia, para planejamento cirúrgico C) Lesão de bexiga extraperitoneal − Sondagem vesical
D) Lesão de bexiga intraperitoneal − Exploração cirúrgica
E) Nada se pode afirmar − Uretrocistografia retrógrada

A

Paciente vítima de trauma, estável hemodinamicamente que apresenta dor em região do hipogástrio e hematúria. Ou seja, na presença de hematúria, devemos pensar em lesão do trato urinário. A TC identificou líquido livre na pelve e fratura estável de bacia. Qual a provável lesão? Lesão de uretra? Não, lembre-se que os achados são retenção urinária, hematoma perineal e sangramento no meato uretral, não hematúria. Trauma renal? Também não, a TC não identificou lesão renal. Lesão de bexiga? Provável. Agora, intra ou extra peritoneal? Intra, veja que a presença de liquido livre em cavidade fala a favor do acúmulo de urina. Nestes casos, a conduta é a exploração cirúrgica para a rafia da lesão. Gabarito letra D.

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10
Q

Mulher, 30 anos de idade, vítima de acidente motociclístico, é trazida ao PS. Na avaliação primária, ela encontra-se consciente, GCS 15, pupilas mióticas e fotoreagentes, taquidíspneica, Sat O2 90% com máscara O2 a 50%, FR 32 irpm, MV abolido em hemitórax esquerdo, com hipertimpanismo à percussão, FC 126 bpm, PA 90/60 mmHg, BRNF em 2T sem sopros. Qual é a conduta mais adequada?
A) Ressuscitação volêmica.
B) Drenagem pleural esquerda. C) Radiografia tórax.
D) Pericardiocentese.

A

»Estamos diante de uma mulher, 30 anos, vítima de acidente de moto, que apresenta instabilidade hemodinâmica, taquidispneia e queda na saturação (SO2 90%), mesmo com máscara de O2 a 50%. Ao exame, apresenta murmúrio abolido em hemitórax esquerdo, hipertimpanismo à esquerda e bulhas cardíacas normais. Pelos indícios do exame do tórax associado à instabilidade hemodinâmica, muito provavelmente, estamos diante de um pneumotórax hipertensivo. Este consiste em um pneumotórax que vai, progressivamente, comprimindo os grandes vasos, desviando traqueia e, até mesmo, levando à compressão do mediastino. Diante deste contexto, a conduta inicial deve ser a realização uma toracocentese de alívio à esquerda imediatamente e, posteriormente, realização de drenagem torácica no mesmo hemitórax (tratamento definitivo do pneumotórax). Caso a paciente esteja com saturação razoável (> 90%) e boa condição hemodinâmica, ela pode ser submetida de cara à drenagem pleural esquerda. Gabarito: letra B.

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11
Q

Homem, 43a, foi admitido no pronto-socorro após queda de motocicleta. Exame físico: Abdome: palpação dolorosa e abaulamento em região suprapúbica, dor e crepitação à palpação dos trocanteres e abertura da sínfise púbica de 4 cm; Genitais: sangue em meato uretral externo e equimose perineal. Radiograma de bacia: presença de fratura. A PORÇÃO DA URETRA LESADA É:

A

Nosso paciente foi vítima de queda de motocicleta. Apresenta de objetivo em sua avaliação primária: (1) evidências de fratura pélvica, como dor à palpação dos trocanteres e abertura de sínfise púbica de 4 cm, confirmada posteriormente pela radiografia; e (2) achados compatíveis com lesão uretral, como abaulamento em região suprapúbica (retenção urinária), sangue em meato uretral e equimose perineal. Bom, o enunciado deseja saber qual a porção (ou segmento) da uretra que foi lesada. Sabemos que a lesão da uretra posterior (segmentos prostático e membranoso) é causada por traumatismo de grande impacto, geralmente associado à fratura pélvica. Nesse contexto, a uretra membranosa pode ser rompida, ou seja, separada do ápice prostático, com a próstata deslocada superiormente; lembrando que o segmento membranoso é compreendido entre a próstata e o início do pênis, sendo a região mais envolvida. Muitos alunos citaram apenas uretra posterior como gabarito, o que não deixa de estar correto. Após recurso, o termo “uretra posterior” foi também aceito… Lembrando que a uretra anterior é mais frequentemente envolvida em vítimas de “queda a cavaleiro”, de mordeduras, de fraturas penianas e de lesões iatrogênicas. GABARITO OFICIAL: membranosa. GABARITO PÓS- OFICIAL: membranosa/posterior.

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12
Q

Menino, 8a, vítima de atropelamento, trazido à Unidade de Emergência. Exame físico: descorada++/+4, PA= 93x65 mmHg; FR= 18 irpm; FC= 100 bpm; oximetria de pulso (ar ambiente)= 97%; abdome; distendido; Glasgow= 15. Hb= 9,4 g/dL; Ht= 28%. Ultrassonografia abdominal: traumatismo esplênico grau III e moderada quantidade de líquido na cavidade. A CONDUTA INICIAL É:
A) Reposição volêmica com coloides, tomografia de abdome e paracentese abdominal. B) Reposição hidroeletrolítica, internação em UTI e controle de hemoglobina.
C) Concentrado de hemácias e laparotomia exploradora.
D) Cateter venoso central, concentrado de hemácias e esplenectomia de urgência.

A

»Estamos diante de um menino de 8 anos, vítima de atropelamento e que, para os percentis de uma criança de 8 anos, está hemodinamicamente estável. Apresenta Glasgow 15, porém, com hemoglobina de 9,4 g/dL. Além disso, foi detectada uma lesão esplênica grau III e moderada quantidade de líquido na cavidade. Em pacientes com lesões esplênicas de grau I a grau III, sem instabilidade hemodinâmica e sem sinais de irritação peritoneal, o manejo preferencial é conservador. Naturalmente, pela cinemática do trauma, pela probabilidade de se tornar um abdome cirúrgico e pela necessidade de uma monitorização mais vigilante, o manejo deve ser realizado em uma unidade de terapia intensiva. Por ser um paciente vítima de trauma, devemos realizar a reposição volêmica e, além disso, como há queda da hemoglobina, devemos realizar também um controle rigoroso deste parâmetro. Portanto, a melhor conduta neste momento está descrita na letra B. Gabarito: letra B.

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13
Q

Acerca do traumatismo renal, assinale a alternativa CORRETA.
A) A hematúria está presente em 95% dos casos de trauma renal, sendo que o grau de lesão renal normalmente corresponde ao grau de hematúria.
B) A hematúria microscópica nem sempre é sinal de lesão do trato urinário.
C) Pequenas lesões renais (grau III e IV) causadas por traumatismo contuso representam 90% dos casos e quase sempre dispensam operação.
D) Pacientes com hematúria microscópica, mas não em choque, não precisam de exames de imagem. Porém, se o exame físico ou as lesões associadas levantarem suspeita de lesão renal, deve-se proceder a um estudo de imagem renal, especialmente nos pacientes com traumatismo por desaceleração rápida e que possam ter sofrido lesão renal sem hematúria.
E) A lesão renal penetrante, com laceração menor que 1 cm, sem extravasamento urinário e sem qualquer indício de lesões de outras vísceras abdominais, constitui exceção ao tratamento conservador, devendo ser abordada cirurgicamente, pois apresenta alto risco de evolução para gravidade.

A

»Em relação ao trauma renal, vamos avaliar as alternativas: A- incorreta: a hematúria é a grande manifestação clínica, no entanto, não está presente em todos os casos e tem baixa especificidade, não estando relacionada à gravidade do quadro. No entanto, a presença de hematúria, associada a uma história compatível, fala muito a favor de uma lesão renal. B- incorreta: em um cenário de trauma sim. Ela pode não ser causada por lesão renal, mas por alguma lesão ao nível do trato urinário sim. C- Incorreta: as lesões que não atingem o sistema coletor, graus I, II e III, representam a maioria dos casos. D- Correta: A hematúria microscópica em um paciente com trauma contuso sem choque não é uma indicação para a realização de exame de imagem, lesões com este quadro são leves e não requerem intervenção, apenas tratamento conservador. Porém, se a cinemática do trauma ou mesmo o exame clínico for sugestivo de trauma renal, o exame de imagem deve ser prontamente realizado. E- Incorreta: Lesão cortical menor do que 1 cm, sem extravasamento urinário é uma lesão grau II, ou seja, uma lesão de baixo grau. Estas, em sua maioria, são tratadas de maneira conservadora. Repare que não estamos falando em hematoma na zona. II, mas sim, lesão renal. Gabarito letra D.

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14
Q

Um paciente de 56 anos de idade sofreu trauma por guindaste na região lateral direita do tórax. Foi levado pelos colegas de trabalho ao pronto-socorro e deu entrada no setor de emergência com área de crepitação em costelas (8a, 9a e 10a) do lado direito, que se movimentava irregularmente durante a respiração (paradoxal). Murmúrio vesicular presente e simétrico, crepitações à palpação de costelas (8a, 9a e 10a) do lado direito, sem ferimentos locais. Frequência cardíaca de 120 bpm, frequência respiratória de 28 ipm e pressão arterial de 140 x 90 mmHg. Com base nessa situação hipotética, assinale a alternativa que apresenta, CORRETA e respectivamente, a lesão mais provável e a abordagem inicial.
A) Pneumotórax hipertensivo e toracocentese com agulha.
B) Hemotórax maciço e drenagem torácica imediata.
C) Tamponamento cardíaco e pericardiocentese.
D) Pneumotórax aberto e realização de curativo de três pontas.
E) Tórax instável e promover oxigenação adequada, podendo ser utilizado desde o oxigênio por máscara até a intubação, se houver hipóxia.

A

Temos uma vítima de traumatismo torácico fechado, que apresenta fratura de três arcos costais consecutivos do lado direito. A movimentação paradoxal da caixa torácica durante a respiração nos faz considerar imediatamente a presença de tórax instável. O indivíduo se encontra hemodinamicamente estável, taquipneico, taquicárdico e com crepitações à palpação das costelas, achado compatível com as fraturas; o Murmúrio Vesicular (MV) está universalmente audível. A estabilidade hemodinâmica e o MV presente e simétrico afastam de imediato o pneumotórax hipertensivo e o hemotórax maciço como lesões associadas. Bom, o enunciado nos solicita o diagnóstico, que é tórax instável, e a abordagem inicial, que consiste em oxigênio suplementar e analgesia. Uma PaO2 < 60 mmHg ou uma SatO2 < 90% em ar ambiente são indicações claras de intubação e ventilação com pressão positiva. Nesse contexto, devemos ficar atentos para a presença de contusão pulmonar, uma

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15
Q

Um rapaz de 23 anos foi vítima de colisão de moto × auto. No pronto-socorro, tem a via aérea pérvia e o exame pulmonar é normal. FR: 14 irpm. Saturação de O2 em ar ambiente: 95%. Pulso: 120 bpm, PA: 100 × 60 mmHg, tempo de enchimento capilar: 3 segundos. A pelve é estável. Sondagem vesical: hematúria. Glasgow: 14. Tem escoriações em tórax e abdome e fratura fechada de rádio direito, com pulso distal presente. Após reanimação volêmica, fez tomografia de corpo inteiro, com os seguintes achados: fratura de maxilar, hemossinus, fratura dos 3 arcos costais inferiores à esquerda, hemotórax, lesão esplênica grau II e lesão renal grau II. Foi submetido a drenagem de tórax, com saída de 200 mL de sangue. Recebeu já 3 litros de cristaloide aquecido. Apresenta agora: pulso: 100 bpm, PA: 110 × 80 mmHg. Melhor conduta, em condições ideais, em relação às lesões de baço e de rim:
A) Condução não operatória (observação em terapia intensiva), tanto da lesão do rim quanto do baço.
B) Cirurgia imediata (laparoscopia ou laparotomia), para reparo das lesões ou retirada do órgão.
C) Embolização de ambas as lesões.
D) Esplenectomia, preservando-se o rim, caso não haja hematoma em expansão, no intraoperatório.
E) Embolização da lesão renal; tratamento conservador da lesão esplênica.

A

»Paciente vítima de politrauma que apresenta lesão esplênica grau IIe lesão renal grau II, estável hemodinamicamente, sem indicios de abdome cirúrgico. Qual deve ser a nossa conduta? Como o paciente está estável e estamos diante de lesões de baixo grau, o ideal é adotarmos uma abordagem conservadora em terapia intensiva. Como não há extravazamento de contraste, a arteriografia não se faz necessária.

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16
Q

Vítima de queda de motocicleta, um homem de 32 anos foi atendido e estabilizado na sala de emergência, permanecendo estável todo o período. A cinética do trauma foi baixa, porém o paciente tem dor à palpação de gradeado costal esquerdo. A radiografia de tórax não mostra alteração pleural, mas identifica fratura do oitavo arco costal esquerdo. Pelo achado, foi submetido a tomografia que, além da fratura, mostra pneumotórax laminar à esquerda. Pulso: 90 bpm, FR: 14 irpm, saturação de O2: 98%, PA: 120 × 70 mmHg. Diagnóstico e conduta:
A) Pneumotórax oculto. Drenagem com dreno tubular fino.
B) Pneumotórax simples. Observação.
C) Pneumotórax associado à fratura. Drenagem, independentemente dos sinais vitais. D) Pneumotórax oculto. Observação.
E) Pneumotórax simples. Drenagem com pigtail.

A

»Questão sobre pneumotórax oculto! Pneumotórax oculto é aquele que não é visto na radiografia de tórax, porém, é visto na tomografia. Portanto, estamos diante de um pneumotórax muito discreto e sem qualquer repercussão clínica. Diante deste cenário, a conduta mais adequada é apenas observar. Gabarito: letra D.

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17
Q

Um homem de vinte anos de idade deu entrada no pronto-socorro, com pneumotórax espontâneo de grande volume à direita. Foi indicada uma drenagem pleural. Com base nesse caso hipotético, assinale a alternativa correta.
A) A causa mais provável é a ruptura espontânea do esôfago.
B) O dreno deve ser inserido na região torácica mais caudal possível, em torno do 10. o espaço intercostal, para facilitar a drenagem de sangue, eventualmente presente na cavidade.
C) Durante a realização do procedimento, deve-se evitar a exploração digital da cavidade pleural, devido ao risco de lesão pulmonar ou de órgãos mediastinais.
D) A aspiração contínua com pressão negativa de 15 a 20 cmH2O é de fundamental importância para a reexpansão pulmonar e deverá ser instalada o mais cedo possível.
E) Para que o dreno possa ser retirado, o pulmão deverá estar adequadamente expandido e não deverá haver borbulhamento no frasco coletor durante a tosse.

A

»Vamos avaliar as alternativas: A- Incorreta: a causa mais comum é a ruptura de blebes pulmonares. B- Incorreta: o dreno deve ser inserido ao nível do 5o EIC, entre as linhas axilares média e anterior. C- Incorreta: a exploração digital é indicada nos casos de pnumotórax. D- Incorreta: na imensa maioria das vezes a pressão negativa não é necessária em quadros de pneumotórax. E- Correta: o pulmão deve está expandido, não deve haver borbulhas no selo d’água. Neste momento, fecha-se o dreno, espera-se cerca de 24 horas. Se tudo se mantiver normal, aí sim retira-se o dreno. Gabarito letra E.

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18
Q

Um paciente de 40 anos, vítima de queda de paraquedas, é transferido para o centro de trauma, devido a trauma raquimedular. Estável, tem nível sensitivo em T10. O esfíncter anal é hipotônico. Na palpação da coluna vertebral tem muita dor e um hematoma no nível torácico baixo. A prancha rígida usada para o transporte deve ser
A) retirada apenas após a volta do reflexo bulbocavernoso.
B) prontamente retirada, mantendo-se o paciente imobilizado e movimentando-se o mínimo possível, sempre em monobloco.
C) mantida até esclarecimento do diagnóstico por ressonância nuclear magnética. D) mantida até a avaliação e liberação pela neurocirurgia.
E) retirada apenas após resultado da tomografia.

A

Perceba que o enunciado não está falando sobre o colar cervical, mas sim a prancha rígida. Lembre-se que ela deve ser retirada o mais raído possível, não encessitando de TC ou avaliação neurocirúrgica. O contato com superfície rígida pode levar a formação de áreas de isquemia e úlceras de pressão. Agora, a imobilização deverá ser mantida.

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19
Q

Um homem de 32 anos, que pesa aproximadamente 70 kg, é atendido no pronto-socorro após colisão moto × auto. Não recebeu volume no pré-hospitalar. Está descorado. Pulso: 105 bpm, PA: 85 × 65 mmH, Glasgow: 15. A pelve é estável e o FAST (Focused Assessment with Sonography for Trauma) é claramente positivo. Optou-se por laparotomia exploradora. Melhor forma de reposição volêmica, entre as apresentadas a seguir, até o momento de o paciente ser anestesiado:
A) Apenas cristaloides, em volume suficiente para manter a pressão sistólica acima de 90 mmHg.
B) 2 litros de Ringer lactato, seguidos de noradrenalina periférica.
C) 2 litros de Ringer lactato, seguidos de noradrenalina central.
D) 1 litro de soro fisiológico aquecido, seguido de transfusão sanguínea tipo específica. E) Protocolo de transfusão maciça, sem administrar cristaloide.

A

Atualmente no paciente vítima de trauma, exceto nos pacientes com TCE, buscamos o conceito de hipotensão permissiva. Neste sentido, não devemos mais enxarcar o paciente. De acordo com o ATLS, devemos realizar a reposição com 1000 ml de cristaloide aquecido e, se necessário, hemotransfusão, podendo até mesmo indicar a transfusão maciça, mas a etapa inicial de cristaloide acaba sendo indicada. Melhor resposta: 1 litro de SF. aquecido, seguido de transfusão sanguínea tipo específica.

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20
Q

Uma paciente de vinte anos de idade foi admitida na sala de trauma do pronto-socorro após ter sido vítima de acidente automobilístico. Na avaliação inicial, estava com 13 pontos na escala de coma de Glasgow, com colar cervical, respirando espontaneamente com máscara de O2, com membros inferiores direito e esquerdo imobilizados em prancha longa, frequência cardíaca de 120 bpm e perfusão periférica regular. A ausculta pulmonar e o exame do abdome eram normais, inclusive com FAST abdominal negativo. Radiografia de tórax normal e tomografia de crânio e cervical aparentemente sem lesões. Foi feita uma reposição volêmica com cristaloide e sangue, com melhora hemodinâmica. Foi operada pela ortopedia para fixação das fraturas após 12h do trauma. Nesse período, evoluiu com rebaixamento do nível de consciência e insuficiência respiratória, exigindo ventilação mecânica, mas hemodinamicamente normal. Estava edemaciada, com petéquias na conjuntiva e no tórax. Com base nesse caso hipotético, é CORRETO afirmar que a evolução é mais bem justificada por:
A) Embolia gasosa pulmonar e cerebral.
B) Edema pulmonar e cerebral.
C) Síndrome da embolia gordurosa.
D) Concussão cerebral e contusão pulmonar. E) Tromboembolismo pulmonar.

A

Paciente vítima de trauma, que foi operada pela ortopedia para a fixação das fraturas 12 horas após o trauma e evolui com redução do nível de consciência, insuficiência respiratória e com petéquias em conjuntiva e no tórax, nos faz pensar obrigatoriamente em embolia gordurosa. Uma característica importante é que a clínica geralmente se manifesta 24-72 horas após o insulto inicial e raramente ocorre antes de 12 horas. A tríade clássica é composta por: hipoxemia, alterações neurológicas e petéquias. Estes achados, apesar de não serem específicos, quando presentes falam muito a favor do diagnóstico. Manifestações pulmonares: hipoxemia, dispneia e taquipneia. Alterações neurológicas: geralmente se manifestam após as manifestações respiratórias. As manifestações vão desde confusão mental até alterações do nível de consciência, convulsões e déficits focais. As petéquias costumam ser o último componente da tríade e ocorrem em cerca de 20-50% dos casos. Os locais mais característicos são: cabeça pescoço, tórax anterior, axilas e conjutivas. Gabarito letra C.

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21
Q

Um paciente foi levado pelo resgate ao pronto-socorro, com colar cervical e em prancha rígida, após colidir com o seu carro contra um poste. Estava alcoolizado e não usava cinto de segurança. No local, foi visto o sinal do alvo no vidro dianteiro do carro. Ao exame físico de entrada, encontrava-se irresponsivo, com respiração ruidosa e oximetria de pulso marcando 85% de saturação de oxigênio. Tinha equimose periorbitária bilateral, lacerações na face e provável fratura de ramo direito da mandíbula. Com base nesse caso hipotético, assinale a alternativa que apresenta a melhor conduta imediata.
A) Intubação orotraqueal.
B) Intubação nasotraqueal.
C) Cricotireoidostomia por punção. D) Cricotireoidostomia cirúrgica.
E) Traqueostomia.

A

»Estamos lidando com uma vítima de trauma, que chega ao pronto-socorro com colar cervical e em prancha rígida. Foi identificada pela equipe de atendimento pré-hospitalar evidência de colisão do paciente contra o para-brisas do veículo (sinal do alvo). Afinal, ele não utilizava cinto de segurança. Seguindo o ABCDE na admissão hospitalar, o paciente se encontra não responsivo, com respiração ruidosa e diminuição acentuada na saturação de O2 (uma saturação < 90% nos indica uma PaO2 < 60 mmHg). Além disso, existe equimose periorbitária bilateral, que representa fratura de base de crânio (sinal do guaxinim), lacerações em face e uma possível fratura de ramo direito da mandíbula. Embora não seja descrita a escala de coma de Glasgow, podemos concluir que provavelmente trata-se de um TCE grave (até que ponto o álcool pode prejudicar nossa avaliação não sabemos). Em todo o caso, pela não responsividade, respiração ruidosa e oxigenação comprometida, existe indubitavelmente indicação de acesso definitivo à via aérea. Reparem que a via aérea pode estar até pérvia, mas não está segura! Agora, a dificuldade da questão para muitos candidatos foi escolher entre as alternativas A e D. Sabemos que mesmo sendo um fator que nos traz dificuldade, a fratura de mandíbula não contraindica de forma imediata a tentativa de Intubação Orotraqueal (IOT). Caso esta não seja bem-sucedida, outros métodos podem ser empregados, como a cricotireoidostomia cirúrgica. Lembrando que a fratura de base de crânio é contraindicação formal para a intubação nasotraqueal e não para IOT. Dessa forma, a opção correta é a A

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22
Q

Um paciente foi atendido no pronto-socorro após colidir com a sua moto contra a traseira de um carro. Após estabilização inicial, realizou uma radiografia simples de tórax, que mostrou uma opacidade na metade inferior do pulmão, com pequeno velamento do seio costofrênico e fraturas da nona a da décima segunda costela (todas as alterações do lado direito). Com base nessa situação hipotética, assinale a alternativa que apresenta a melhor conduta.
A) analgesia
B) analgesia e fisioterapia respiratória
C) analgesia e administração de antibiótico
D) analgesia, fisioterapia respiratória e administração de antibiótico E) redução das fraturas das costelas e fixação com síntese metálica

A

Estamos diante de um paciente vítima de trauma de tórax que apresenta provável quadro de contusão pulmonar com tórax instável. Qual é a conduta inicial? Analgesia e suporte de oxigênio. Gabarito letra B.

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23
Q

Um paciente de 25 anos de idade foi levado ao pronto-socorro de um hospital quaternário por bombeiros, após receber atendimento pré-hospitalar no local, com história de trauma por queda de moto. Na sala de trauma, apresentava vias aéreas pérvias, exame físico do aparelho respiratório normal e estabilidade hemodinâmica. Não havia sinais de peritonite. Foi submetido à tomografia, cujo laudo evidenciou lesão esplênica grau 3, associada a extravasamento de contraste na fase arterial, sem líquido livre na cavidade. Nesse caso hipotético, o próximo passo no tratamento do paciente é
A) realizar laparotomia exploradora. B) realizar arteriografia.
C) repetir a tomografia em 6 h e indicar laparotomia exploradora se mantiver extravasamento de contraste.
D) repetir a tomografia em 6 h e indicar arteriografia se mantiver extravasamento de contraste.
E) encaminhá-lo à unidade de terapia intensiva para controle hematimétrico e exame físico seriado.

A

A presença de lesão esplência grau III, em um paciente estável e sem outra indicação de laparotomia, nos permite pensar em tratamento conservador. Agora, veja que a. tomografia evidencia a presença de extravasamento de contraste na fase arterial, mas sem repercussões e sem líquido na cavidade. Nestes casos, ao invés de uma abordagem cirúrgica, podemos e devemos indicar uma arteriografia com angioembolização. Gabarito letra B.

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24
Q

Um rapaz de 22 anos foi vítima de ferimento por arma branca no pescoço, profundo, com 10 cm de extensão, do lado esquerdo, 2 cm acima da clavícula. A tentativa de intubação no local não teve sucesso. Foi rapidamente levado ao pronto-socorro, tendo chegado em menos de 10 minutos. Na chegada, estava arresponsivo e com pressão sistólica de 60 mmHg. Na sala de emergência, foi feita intubação traqueal pelo próprio ferimento, após visualização fortuita da traqueia. Constatou-se sangramento intenso pelo ferimento, que se tentou tamponar digitalmente e com compressas, sem sucesso. Suspeitou-se de ferimento na zona ɪ do pescoço, com sangramento oriundo da região retroclavicular esquerda, por lesão de vasos da base ou de vasos sub-clávios. Foi ativado o protocolo de transfusão maciça e preparada a sala operatória para possível esternotomia. Melhor forma de controle efetivo do sangramento, até o início da operação:
A) Toracotomia no terceiro espaço intercostal e colocação de compressas. B) Colocação de clampe vascular em posição retroclavicular.
C) Tamponamento com compressas.
D) Compressão digital.
E) Colocação de sonda de Foley calibrosa pelo ferimento e insuflação do balão.

A

Ótima questão. Veja que situação caótica. Para conter o sangramento, o ideal é realizarmos a compressão. Agora, a compressão digital neste caso é impossível, veja o local da lesão, região retroclavicular, o dedo, literalmente não chega. Como podemos fazer esta compressão: Através de um balão. Introduzimos uma sonda, aí sim, mais fina e maleável e quando chegarmos no ponto exato do sangramento, insufalmos o balão para gerar a compressão. Gabarito letra E.
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25
Q

Um paciente de 23 anos de idade foi levado ao pronto-socorro em prancha longa e com colar cervical após história de politrauma por acidente de trânsito. O atendimento pré- hospitalar relatou colisão de moto versus anteparo fixo, em alta energia cinética, e perda momentânea da consciência do paciente no local. Na sala de trauma, foram observados sinais de traumatismo cranioencefálico grave, escala de coma de Glasgow com 8 pontos, midríase em pupila direita e um episódio de vômito. Com base nessa situação hipotética, é CORRETO inferir que a lesão, sua gênese, a lateralidade acometida e o tratamento são, respectivamente:
A) Lesão axonal difusa por concussão cerebral e contragolpe à esquerda e tratamento conservador.
B) Hematoma subdural por lesão de vasos corticais à direita e craniotomia descompressiva à esquerda.
C) Hematoma epidural agudo por sangramento da artéria meníngea média à direita e craniotomia descompressiva à direita.
D) Fratura da base do crânio com extensão à direita, hemorragia do polígono de Willis e abordagem cirúrgica com acesso mastóideo à direita.
E) Hematoma subaracnóideo traumático por sangramento da artéria vertebrobasilar à esquerda e abordagem endovascular.

A

»Temos um indivíduo de 23 anos, vítima de politrauma, no qual sua motocicleta colidiu contra anteparo fixo, em alta energia cinética. A equipe de atendimento pré-hospitalar relatou perda momentânea da consciência. Agora, o nosso ambiente é a sala de trauma, onde o paciente dá entrada com colar cervical, em prancha rígida e com sinais de traumatismo cranioencefálico grave, pontuando 8 na Escala de Coma de Glasgow (ECG); além disso, observamos um dado de extrema importância: a presença de midríase à direita. Qual o provável diagnóstico da lesão cerebral e a conduta a ser tomada? Bom, reparem que estamos lidando com a descrição do intervalo lúcido: o paciente no atendimento pré-hospitalar teve perda momentânea da consciência, ou seja, perdeu a consciência e depois recobrou, e na sala de trauma dá entrada com ECG de 8, o que significa novo rebaixamento do sensório. Quando ouvimos o termo “intervalo lúcido” devemos sempre considerar primeiro a existência do hematoma epidural agudo, que se acompanha de fratura de osso temporal, tendo em sua gênese a lesão da artéria meníngea média. A midríase em pupila direita é consequência do aumento de pressão intracraniana pela lesão expansiva (no caso, o hematoma), com compressão do III par (oculomotor) no mesencéfalo pelo uncus (parte do lobo temporal) herniado. Lembrando que o III par “não cruza”, e o seu envolvimento determina uma midríase ipsi (ou homo) lateral ao hematoma epidural. Sendo assim, o tratamento imediato consiste na craniotomia descompressiva à direita. Opção C é a correta.

26
Q

Com relação às lesões esplênicas grau IV, é correto afirmar:
A) Atualmente, a idade do paciente é um dos principais fatores a serem considerados na decisão por tratamento operatório ou não operatório.
B) Não são passíveis de tratamento não operatório.
C) Podem ser tratadas de modo não operatório, desde que haja disponibilidade de arteriografia.
D) O que define a conduta é a condição hemodinâmica do paciente.
E) Não devem ser tratadas de modo não operatório, se o doente precisar de transfusão de duas ou mais unidades de concentrado de hemácias.

A

Vamos avaliar as alternativas: A lesão esplênica grau IV é definida como: Laceração com comprometimento de vasos segmentares ou hilares produzindo desvascularização de > 25% do baço. Tradicionalmente essas lesões eram abordadas cirurgicamente. No entanto, hoje em dia, com o uso da angioembolização, elas podem ser conduzidas de maneira conservadora. A- Incorreta: a idade do paciente não entra na decisão sobre abordagem cirúrgica ou conservadora. Vamos avalair a estabilidade hemodinâmica, o grau da lesão e a capacidade estrutural (equipe à disposição, tomografia, terapia intensiva, angioembolização…). B- Incorreta: como vimos, atualmente, no paciente estável, podemos tentar o tratamento conservador nas lesões grau IV. C- Incompleta: por isso tida como incorreta. Não somente a arteriografia e angioembolização, mas outras condições devem ser garantidas. D- Correta: no paciente instável, não podemos tentar o tratamento conservador. A estabilidade é um dos principais pontos para indicarmos o tratamento conservador. E- Incorreta: este conceito do número de concentrado de hemácias vem caindo em desuso, mas o valor seria maior do que 4-6 bolsas.

27
Q

Um paciente jovem, sem morbidades, desenvolveu pneumotórax hipertensivo de natureza traumática. Foi submetido imediatamente a descompressão digital no quarto espaço intercostal, na linha axilar anterior, sob anestesia local, uma vez que a descompressão com agulha grossa não foi efetiva. Tratamento definitivo:
A) Apenas observação, com radiografias seriadas do tórax.
B) Fazer radiografia de tórax e só drenar se a imagem de pneumotórax residual for maior que 30%.
C) Colocar um dreno pigtail no segundo espaço intercostal.
D) Colocar um dreno pigtail no mesmo orifício utilizado para a descompressão digital, independentemente do tamanho do pneumotórax residual.
E) Drenar o tórax pelo orifício usado para a descompressão digital, com dreno tubular de silicone; fazer radiografia só após a drenagem.

A

»Questão direta e tranquila. Paciente com pneumotórax hipertensivo. Após a conduta imediata (toracocentesede alívio ou finger descompression), pensamos na condutadefinitiva que é a drenagem em selo d’água. Sempre após a drenagem o ideal é realizarmos um exame radiográfico para avaliarmos a posição do dreno

28
Q

Paciente 32 anos, masculino, vítima de politrauma, evento carro x carro em rodovia, sem cinto de segurança, chega ao hospital com colar e prancha, com vias aéreas prévias, ausculta pulmonar preservada, PA 130 x 90 mmHg e FC 87 bat/min. Pulsos preservados e bacia estável. Dor abdominal à palpação e hematoma na região, com US FAST positivo em loja esplenorrenal (hipocôndrio esquerdo). A conduta correta é:
A) Tomografia de abdome total com contraste EV.
B) Analgesia e observação por 24h.
C) Lavado peritoneal diagnóstico e, se positivo, indicar laparotomia exploradora.
D) Devido ao FAST positivo e mecanismo de trauma, indicar laparotomia exploradora. E) Devido ao FAST positivo, indicar videolaparoscopia diagnóstica.

A

»Estamos diante de um paciente vítima de politrauma, que se apresenta estável hemodinamicamente. Na admissão, apresenta FAST positivo em lojaesplenorrenal. Neste momento, a melhor conduta é realizar uma tomografia abdominal com contraste endovenoso para avaliarmos a presença e definir o grau da lesão esplênica. Em lesões graus I a III, em pacientes estáveis e sem peritonite, a conduta poderá ser conservadora (melhor resposta: letra A). No entanto, o enunciado trouxe erros na digitação e este motivo, a questão foi devidamente anulad

29
Q

Em relação aos hematomas traumáticos de retroperitônio, assinale a alternativa correta.
A) Hematoma em Zona 1 nunca deve ser explorado.
B) Hematoma em Zona 3 sempre deve ser explorado.
C) Hematomas em Zona 2 nunca devem ser explorados.
D) Zonas 1 e 3 sempre explorar pelo risco iminente de hemorragia grave. E) Hematomas em Zona 1 sempre devem ser explorados.

A

Vamos avalair as alternativas” A incorreta e E correta: os hematomas na zona I, zona mais central decorrem de lesões da aorta ou da veia cava e sempre devem ser explorados, sejam decorrentes de trauma penetrante ou trauma fechado. B, C e D incorretas: os hematomas das zonas II (rim e supra renal) e III (pelve) nem sempre são explorados. Eles devem ser explorados no trauma penetrante e nos casos de trauma contuso em que há a exsanguinação ou hematoma em expansão, que justifica a instabilidade. Gabarito letra E.

30
Q

Paciente do sexo masculino de 40 anos, morador de rua, usuário de drogas, foi encontrado em via pública, vítima de agressão física, com diversos golpes de socos e chutes na região do abdome superior e epigástrio. Foi atendido pelo SAMU e levado ao pronto-socorro sob protocolo ATLS, com vias aéreas pérvias, ausculta pulmonar sem alterações, PA 130 x 80 mmHg, FC = 89 bat/min, abdome plano, doloroso, sem sinais de peritonite. Exames laboratoriais com HB 12,0 e Amilase de 420. Foi, então, submetido a uma tomografia de abdome total, que identificou uma laceração entre a cabeça e o corpo do pâncreas, com lesão parenquimatosa e transecção distal, com lesão do ducto pancreático principal. Frente ao caso descrito, segundo a classificação da American Association for the Surgery of Trauma, o trauma de pâncreas deste paciente pode ser classificado como trauma grau
A) I. B) II. C) III. D) IV. E) V.

A

Estamos diante de um paciente, vítima de agressão física, que apresenta, ao exame tomográfico, uma laceração entre a cabeça e o corpo do pâncreas, com lesão parenquimatosa e transecção distal, com lesão do ducto pancreático principal. De acordo com American Association for the Surgery of Trauma (imagem), se tem lesão do ducto pancreático principal, devemos pensar em lesão pancreática grau III em diante. Se for uma transecção distal, é uma lesão grau III, se for proximal, grau IV, e se for uma lesão maciça, evidentemente, pensaremos na lesão mais avançada, grau V. Como o paciente apresenta uma transecção distal com lesão de ductal pancreático principal, trata-se de uma lesão grau III. Gabarito: letra C.

31
Q

Paciente do sexo masculino de 40 anos, morador de rua, usuário de drogas, foi encontrado em via pública, vítima de agressão física, com diversos golpes de socos e chutes na região do abdome superior e epigástrio. Foi atendido pelo SAMU e levado ao pronto-socorro sob protocolo ATLS, com vias aéreas pérvias, ausculta pulmonar sem alterações, PA 130 x 80 mmHg, FC = 89 bat/min, abdome plano, doloroso, sem sinais de peritonite. Exames laboratoriais com HB 12,0 e Amilase de 420. Foi, então, submetido a uma tomografia de abdome total, que identificou uma laceração entre a cabeça e o corpo do pâncreas, com lesão parenquimatosa e transecção distal, com lesão do ducto pancreático principal. Se fosse documentada uma lesão parcial do ducto pancreático principal, com paciente sem peritonite, e mantendo estabilidade, a melhor opção terapêutica, neste momento, seria.
A) pancreatectomia caudal.
B) pancreatectomia total.
C) CPRE para tentativa de passagem de prótese endoscópica e canalização da lesão. D) gastroduodenopancreatectomia (cirurgia de Whipple).
E) anastomose da alça de delgado junto ao ducto pancreático principal.

A

»Estamos diante de uma lesão pancreática grau III (imagem). No trauma pancreático grau III com envolvimento do ducto pancreático principal, a abordagem é mais agressiva. Nas lesões distais, que se localizam na região corpocaudal – portanto, à esquerda dos vasos mesentéricos –, o tratamento é pancreatectomia distal (ressecção do corpo e cauda). A realização da pancreatectomia corpocaudal permite a retirada do tecido pancreático desvitalizado e a ligadura do ducto pancreático principal, diminuindo muito o risco de fístula pancreática pós-operatória. Porém, a questão gerou polêmica e acabou tendo seu gabarito alterado. Inicialmente, a banca liberou como gabarito a letra A, pancreatectomia caudal, e, como vimos, o tratamento é realizado através de uma pancreatectomia corpocaudal e não somente caudal. Além disso, repara que no final do enunciado está descrito “melhor opção terapêutica, neste momento”, o que dá margens para realizarmos uma medida provisória, menos invasiva, até a realização do tratamento definitivo: pancreatectomia corpocaudal. Portanto, neste cenário, uma medida provisória que poderia ser lançada seria a CPRE com passagem de prótese para a canalização da lesão ductal até a cirurgia definitiva. Por isso, a banca acabou cedendo e alterando o gabarito oficial para a alternativa C. Gabarito: letra C.

32
Q

Mulher de 23 anos de idade, caiu de motocicleta em via expressa. Chega ao serviço de emergência após 30 minutos do acidente, trazida pela equipe de resgate. Na avaliação de admissão na sala de trauma apresenta-se: A: conversando. Saturação de O2 93%; B: ausculta pulmonar sem alterações. Ausência de deformidade no tórax; C: PA = 80x50mmHg; FC = 120bpm; FAST positivo no espaço hepatorrenal; D: escala de Glasgow de 15, porém agitada; E: equimose no flanco e hipocôndrio direitos. Após a infusão de 1L de Soro Fisiológico (SF), apresentou PA = 90x60mmHg e FC de 105bpm. Com relação ao tratamento do choque hemorrágico desta paciente, qual é a melhor estratégia na sala de trauma?
A) Complexo protrombínico, concentrado de hemácias e plasma fresco congelado.
B) Ácido tranexâmico, reposição guiada por tromboelastograma e reposição de cálcio. C) Infusão de mais 1 L de SF, reposição guiada por tromboelastograma e fibrinogênio. D) Ácido tranexâmico, concentrado de hemácias e reposição de cálcio.

A

Temos aqui uma vítima de trauma, com lesão intra-abdominal, que evoluiu para choque hemorrágico. Como abordar este caso? Em primeiro lugar, devemos classificar esta perda hemorrágica. Identificamos uma pressão arterial sistólica reduzida e uma frequência cardíaca de 120 bpm, dessa forma temos uma hemorragia classe III. Foi infundido 1 L de cristaloide com uma recuperação apenas discreta dos níveis tensionais. Sabemos que as perdas classe III devem ser tratadas com reposição de cristaloide (infusão inicial de 1 L) seguida de concentrado de hemácias. A acidose decorrente da hipovolemia altera a cascata de coagulação, retardando a formação de fibrina (via comum da coagulação) e favorecendo a fibrinólise. Com isso, dentro das primeiras três horas do acidente, vítimas de traumas graves com sangramento importante devem receber um agente antifibrinolítico, sendo o ácido tranexâmico empregado (a primeira dose deve ser infundida já no atendimento pré-hospitalar). Bom, só recordando, as vítimas com hemorragia classe IV necessitam para sua ressuscitação do Protocolo de Transfusão Maciça (PTM), caracterizado pela infusão de > 10 concentrados de hemácias nas 24 horas ou > 4 UI em uma hora. As infusões de outros hemoderivados durante a reanimação volêmica tem como base as medidas do tempo de protrombina, tempo de tromboplastina parcial ativado e contagem de plaquetas ou a avaliação pelos estudos de viscoelasticidade (tromboelastograma). Esses parâmetros devem ser obtidos cada vez que infundimos de 5 a 7 concentrados de hemácias. Sabemos que o cálcio pode ser quelado pelo citrato, empregado como conservante em bolsas de sangue. Sendo assim, temos que repor sempre o íon? Vejam o que nos diz o ATLS em sua última edição (10a): “A maioria dos doentes que recebe transfusão de sangue não necessita de reposição de cálcio. Quando for necessária, a administração de cálcio deve ser guiada pela dosagem do cálcio ionizado. A suplementação excessiva de cálcio pode ser nociva”. O gabarito liberado foi a opção D. Realmente a infusão de concentrado de hemácias está correta, assim como a de ácido tranexâmico. O emprego de cálcio sem os devidos cuidados não deveria ser feito ou exigiria cautela em sua administração (como a dosagem prévia do cálcio ionizado no sangue). Concluímos que a alternativa não está totalmente correta… Vamos agora às outras opções. Não existem dados laboratoriais no enunciado que nos indique a transfusão de outros hemoderivados, como complexo protrombínico ou plasma fresco congelado, o que torna a opção A errada. Falta na opção B a terapia inicial mais importante na ressuscitação, que é o concentrado de hemácias. A abordagem inicial envolve a reposição de 1 L de cristaloide, seguida de concentrado de hemácias, o que torna a opção C errada.

33
Q

Homem, 52 anos de idade, é admitido no PS com disfagia, taquicardia e febre após endoscopia digestiva alta há mais de 24 horas. Radiografia de tórax: pneumomediastino e alargamento mediastinal. Tomografia computadorizada: coleção líquida e ar na região mediastinal. Qual é a conduta mais adequada?
A) Drenagem pleuromediastinal bilateral e antibioticoterapia.
B) Toracotomia com limpeza e drenagem ampla do mediastino.
C) Tratamento conservador com sonda nasogástrica, jejum e antibioticoterapia.
D) Drenagem, guiada por ultrassonografia, da região mediastinal, jejum e antibioticoterapia.

A

»Estamos lidando com uma questão de trauma, só que um pouco diferente… Nosso paciente está evoluindo após uma Endoscopia Digestiva Alta (EDA) realizada há 24 horas, com febre taquicardia e disfagia. Radiografia simples com pneumomediastino e alargamento mediastinal e tomografia computadorizada apresentando coleção líquida e ar na região do mediastino. Bom, o que aconteceu? Esse é um quadro clássico de mediastinite pós-perfuração esofágica, esta última ocasionada pela EDA (uma infelicidade, que raramente acontece). Como há sinais sistêmicos e franca coleção mediastinal, a conduta é cirúrgica, caso contrário a evolução será catastrófica. Sabemos que o principal fator prognóstico na perfuração do esôfago é o tempo entre o surgimento da lesão (< 24 horas o prognóstico é mais favorável) e a instituição do tratamento. Só que em nosso caso, já temos uma complicação potencialmente fatal. A conduta envolve hidratação, antibioticoterapia, visando a cobertura de germes Gram-negativos, Gram-positivos e anaeróbios, toracotomi

34
Q

Mulher, 60 anos de idade, internada na UTI, foi traqueostomizada há 12 horas. Durante o banho da paciente, ocorre perda da cânula de traqueostomia. Qual é a conduta mais adequada?
A) Intubação orotraqueal.
B) Recolocar a cânula de traqueostomia. C) Realizar ventilação não invasiva.
D) Cricotireoidostomia.

A

»Paciente traqueostomizada há 12 horas que apresenta perda da cânula durante o banho! Veja que cenário desesperador. Qual deve ser a nossa conduta? Se você pensou na recolocação da cânula, o seu raciocínio até estaria correto caso o procedimento tivesse sido realizado a mais tempo (5-7 dias pelo menos) e o trajeto já estivesse sido estabelecido. Neste caso, a tentativa de reintrodução pode ser catastrófica e gerar falso trajeto. O ideal é garantirmos e proteger a via aérea desta paciente através da IOT, que é mais imediata do que uma cricotireoidistimia cirúrgica. Gabarito letra A.
Video c

35
Q

Homem, 30 anos de idade, com lesão raquimedular sacral, evoluiu com quadro de bexiga acontrátil. Qual é a técnica de drenagem vesical de escolha?
A) Cateterismo intermitente. B) Cistostomia.
C) Sonda vesical de demora. D) Uretrostomia.

A

»O tratamento da bexiga hipotônica ou acontrátil é realizado com o cateterismo vesical intermitente, que pode ser realizado pelo próprio paciente ou pelo cuidador, sem necessidade de algo mais invasivo como a cistostomia. Gabarito letra A.
Vide

36
Q

Homem, 60 anos de idade, é trazido ao PS vítima de trauma penetrante na parede torácica anterior, com suspeita de ferimento cardíaco. Frente à necessidade de toracotomia na sala de emergência, qual é a via de acesso preferencial?
A) Toracotomia anterolateral esquerda. B) Toracotomia posterolateral esquerda. C) Toracotomia posterolateral direita.
D) Toracotomia anterolateral direita.

A

»Bom, a toracotomia na sala de emergência, ou toracotomia de ressuscitação, é uma medida emergencial em vítimas de trauma torácico, penetrante ou fechado, que evoluem em parada circulatória, neste caso conhecida como parada circulatória traumática. Dissociação eletromecânica, fibrilação ventricular ou assistolia são os ritmos que podem ser encontrados. As principais causas incluem hipóxia significativa, pneumotórax hipertensivo, contusão miocárdica grave, herniação cardíaca e hipovolemia profunda. A toracotomia de ressuscitação é uma toracotomia anterolateral esquerda, realizada no nível do 4o ou 5o espaço intercostal esquerdo. A incisão se inicia na altura da junção costocondral, na borda superior da costela (abaixo do mamilo), e avança em direção à linha axilar posterior esquerda. Coração, pulmão, esôfago e aorta descendente são usualmente expostos. Quais as contraindicações para a toracotomia de ressuscitação? (1) tempo de ressuscitação cardiopulmonar pré-hospitalar > 10 minutos; (2) vítima sem sinais de vida na cena do trauma; e (3) presença de lesões múltiplas que inviabilizam a vida. Resposta: letra A.

37
Q

Paciente vítima de lesão por projétil de arma de fogo no membro inferior esquerdo. Chega ao hospital com sinais de choque hipovolêmico é prontamente atendido, e recebe sangue e cristalóides. Sai do estado de choque, sobre esta recuperação é incorreto afirmar:
A) Devido ao estímulo causado pelo choque e pela resposta inflamatória correspondente, estes pacientes são considerados potencialmente imunodeprimidos.
B) Após a reanimação a homeostase se recupera rapidamente, e o paciente estará apto a qualquer procedimento.
C) A hemotransfusão é item de conflito, porém é consenso que pode acarretar consequências imunológicas adversas.
D) Na fase II do choque após a estabilização do quadro há aumento do ganho de peso devido à repleção de volume, bem como diminuição do débito urinário.
E) A presença de febre e/ou calafrios pode indicar reação transfusional.

A

Vamos avaliar as alternativas: A- Correta: a prórpia REMIT pode levar a um quadro de imunossupressão. Por isso podem ser considerados POTENCIALMENTE imunodeprimidos. B- Incorreta: vamos lembrar que o paciente apresenta risco de evolui com a tríade letal. Nestes casos devemos evitar ao máximo qualquer procedimento. A homeostase demora a se reestabelecer pois as respostas já foram deflagradas antes da estabilização. C- Correta: mesmo atualmente a indicação de hemotransfusão estar bem estabelecida, ainda é item de conflito como ela deve ser realizada, com inúmeros protocolos diferentes, a depender do serviço. Essa pluralidade de protocolos se deve muito ao fato das consequências imunológicas advindas da transfusão; D- Correta: mesmo sendo uma definição antiga, a síndrome de choque apresenta 3 estágios clássicos:1. A fase inicial, precoce e reversível aonde os mecanismos compensatórios, mediados pelos sistemas renina-angiotensina- aldosterona e arginina-vasopressina, sistema nervoso autônomo e a permeabilidade transcapilar, ainda estão intactos, não havendo lesão tissular;2. No 2o estágio, inicia-se o desarranjo celular microvascular, sendo, ainda possível nesse estágio, reversão do quadro, apesar da existência de disfunção de 1 ou mais órgãos (disfunção renal e dismotilidade intestinal são os mais comuns);3. No 3o estágio, chamado fase tardia ou irreversível, as lesões teciduais estão estabelecidas e a evolução para o óbito é inexorável. Esta fase tardia do choque ocorre por alterações vasomotoras, interação endotélio-neutrófilos, deformidade nos eritrócitos, modificações na despolarização celular, bradiarritmias e falência miocárdica, podendo manifestar sinais e sintomas de disfunção multiorgânica (pulmões , coração, rins, tubo digestivo, fígado, sistema nervoso central, sistema retículoendotelial e sistema imune); Vemos então que na fase II do choque o paciente realmente pode cursar com diminuição débito urinário (comparado ao débito normal) e má distribuição de fluidos, pois o metabolismo contrarregulatório já estava em atividade, demorando um pouco para normalizar as funções orgânicas.E- Correta: febre e calafrios podem ocorrer na reação transfusional. Gabarito letra B. Vemos então que o gabarito permanece letra B, não cabendo recurso.

38
Q

O baço é um órgão intra-abdominal muito comumente lesado no trauma abdominal fechado. Na Escala de Lesão Esplênica da American Association for the Surgery of Trauma, uma laceração envolvendo vasos segmentares ou hilares produzindo desvascularização do baço maior que 25% é uma lesão nível:
A) I B) II C) III D) IV E) V

A

»Questão bem decoreba. Por sorte, é a classificação IV das lesões esplênicas a única que decoramos, em trauma de baço, para as provas - justamente porque é aquela a partir da qual se indica cirurgia com maior grau de recomendação. Mas vamos revisar (ver imagem). Resposta: D.

39
Q

Paciente de 31 anos dá entrada na emergência desacordado após colisão automobilística, onde não usava cinto de segurança. Apresenta hematoma extenso no hipocôndrio e flanco direito que se encaminha para o dorso. PA de 80X40 mmHg, após reposição de 2000 ml de cristalóide, FC 120 bpm. O exame abdominal demonstra sinais de irritação peritoneal, a frequência respiratória é de 28 ipm. Qual a conduta a ser tomada?
A) Após ATLS rápido, cirurgia imediata.
B) Após ATLS rápido, fazer ultrassom abdominal, hemotransfusão imediata.
C) Após ATLS rápido, hemotransfusão, tomografia abdomino-pélvica para indicação ou não de cirurgia.
D) Após ATLS rápido, hidratação com colóide, ultrassom abdominal, hemotransfusão e cirurgia caso hematócrito caia após a transfusão.
E) Após ATLS rápido, radiografia de crânio, tórax e abdome.

A

»Paciente vítima de trauma, sempre deve ser atendido de acordo com o ATLS, seguindo o ABCDE. Além disso, temos um paciente com abdome cirúrgico. Trauma contuso de abdome + irritação peritoneal. Neste caso, a cirurgia é mandatória. Gabarito letra A.

40
Q

No trauma cervical, a área de maior dificuldade de exploração cirúrgica delimitada pela base do crânio e o ângulo da mandíbula é denominada de:
A) zona 1 B) zona 2 C) zona 3 D) zona 4

A

»Vamos recapitular as zonas no trauma cervical? Zona 1 - Aquela que se estende da fúrcula esternal até a cartilagem cricoide; Zona 2 - Estende-se da cartilagem cricoide ao ângulo da mandíbula; Zona 3 - Vai do ângulo da mandíbula até a base do crânio. Como podemos perceber, o enunciado está se referindo à zona 3. Gabarito: letra C.

41
Q

Homem de 41 anos, sem comorbidades, apresenta quadro de hematêmese volumosa. No exame clínico encontra-se acordado, lúcido, hipocorado (+/4+), anictérico; PA = 90 x 60mmHg, FC = 122bpm e FC = 30irpm. Segundo a classificação do Advanced Trauma Life Support (ATLS), o choque hemorrágico apresentado pelo paciente deve ser classificado como sendo de classe:
A) I B) II C) III D) IV

A

Para estimarmos a perda volêmica do paciente devemos levar em consideração alguns parâmetros. Os principais são: PA e FC. Temos uma PA limítrofe, de 90x60 mmHg, o que pode até gerar alguma discusão, afinal, pacientes hipotensos são classificados como classes III ou IV e normotensos como I ou II. No entanto, uma FC entre 120-140 indica um paciente na classe III. Gabarito letra C.

42
Q
O sinal de Battle aparece em que condição clínica?
A) IAM.
B) TEP.
C) TCE.
D) Pancreatite crônica.
E) Tireoidite de Quervain.
A

Questão decoreba que pede a interpretação de um epônimo… com essa abordagem, só acerta quem já ouviu falar nesse nome alguma vez na vida. E se você nunca ouviu, guarda mais essa informação para as próximas provas… O sinal de Battle é o hematoma na ponta da mastoide. Ele indica a presença de um trauma no osso temporal, ou seja, é um sinal de fratura da base do crânio. Consequentemente, nossa resposta será a letra C, a condição clínica na qual esse sinal aparece é o traumatismo cranioencefálico (TCE). Outros sinais clínicos do trauma de osso temporal são: fratura ao longo do teto do canal auditivo externo, rotura de membrana timpânica com otorreia e otorragia, hemotímpano, fístula liquórica, perda auditiva e paralisia facial. Resposta: letra C.

43
Q

A ultrassonografia no trauma - FAST - é um exame diagnóstico rápido para avaliar pacientes com lesões toracoabdominais potenciais. A alternativa correta em relação às áreas avaliadas quanto a presença ou ausência de sangue é:
A) pericárdio, quadrante superior esquerdo, pelve.
B) quadrante superior direito e quadrante superior esquerdo.
C) quadrante superior esquerdo.
D) pericárdio e pelve.
E) pericárdio, quadrante superior esquerdo, quadrante superior direito, pelve.

A

O FAST (Focused Assessment with Sonography for Trauma) é o exame de escolha para avaliação de pacientes em choque hipovolêmico hemorrágico em trauma fechado. Consiste na avaliação da presença de líquido (sangue) das seguintes janelas: Saco pericárdico Quadrante superior esquerdo (espaço esplenorrenal) Quadrante superior direito (espaço hepatorrenal/Morrison) Pelve/fundo de saco Resposta: Letra E.

44
Q

A escala de coma de Glasgow é frequentemente utilizada para avaliação de pacientes vítimas de trauma de crânio. Um paciente que abre os olhos espontaneamente obedece aos comandos e responde de forma orientada, recebe a seguinte pontuação:
A) 1 B) 3 C) 10 D) 15

A

»Questão mais tranquila do que você imagina, bastava lembrar da nota máxima de cada parâmetro da escala de coma de Glasgow (escala em anexo) para chegar na resposta correta. Perceba que o paciente apresenta abertura ocular espontânea (4 pontos), resposta verbal orientada (5 pontos) e obedece a comandos (6 pontos). Portanto, 4 + 5 + 6, logo, Glasgow de 15 pontos. Gabarito: letra D.

45
Q

Alguns pacientes críticos, vítimas de trauma, têm indicação de toracotomia de reanimação. Em relação a esse procedimento, é correto afirmar que:
A) apresentam melhor prognóstico os pacientes vítimas de lesões por arma de fogo do que aqueles vítimas de lesão por arma branca
B) obtêm-se melhores resultados em pacientes com trauma torácico penetrante C) tem por objetivo único a massagem cardíaca interna
D) deve ser sempre realizado em centro cirúrgico

A

»Vamos analisar as alternativas: A) Incorreta. As lesões por arma de fogo são muito mais graves do que uma lesão por arma branca, consequentemente, o traumatismo torácico em vítimas de lesão por arma de fogo tem pior prognóstico. B) Correta. As lesões por arma branca são lineares ou mesmo puntiformes, em geral, durante a toracotomia de reanimação, são mais facilmente reparadas do que as lesões por arma de fogo. C) Incorreta. Além da massagem cardíaca, como vimos, a toracotomia tem como objetivo acessar e reparar rapidamente uma lesão cardíaca ou de grande vaso (ex: realizar a sutura de uma laceração em átrio esquerdo). D) Incorreta. A toracotomia de reanimação é uma medida heroica que é realizada em pacientes que apresentam parada circulatória traumática ocasionada por uma traumatismo grave de tórax, portanto, este procedimento pode ser realizado até mesmo em uma sala de emergência. Gabarito: letra B.
Video com

46
Q

Homem, 30 anos, sofre um acidente automobilístico e é conduzido para o hospital. Exame físico: turgência jugular, dispneia, taquicardia e pulso paradoxal. A hipótese diagnóstica mais provável é:
A) Tamponamento cardíaco. B) Choque hipovolêmico.
C) Choque cardiogênico.
D) Anemia aguda.

A

Bom, o enunciado descreve uma vítima de trauma que apresenta turgência jugular, taquicardia, pulso paradoxal e dispneia. Nesse contexto, o diagnóstico que se impõe é o de tamponamento cardíaco! Na realidade, o tamponamento cardíaco se desenvolve quando há uma compressão do coração por acúmulo de líquido no saco pericárdico. Com as câmaras cardíacas comprimidas, existe tendência a equalização das pressões intracavitárias e uma dificuldade em se realizar o retorno venoso, explicando a turgência jugular. O pulso paradoxal ocorre quando observamos uma queda superior a 10 mmHg na pressão sistólica ao término da inspiração: ao inspirarmos, ocorre aumento de retorno venoso para as câmaras cardíacas direitas; sendo assim, o ventrículo direito recebe mais sangue e “empurra” o septo interventricular em direção ao Ventrículo Esquerdo (VE), que não tem para onde se expandir (existe sangue na cavidade pericárdica em torno do coração). A redução do volume do VE justifica a queda do volume sistólico e, consequentemente, da PA sistólica. A taquicardia pode ser reflexa à diminuição de pressão arterial (que não é descrita) ou consequência de dor. A dificuldade em retornar sangue para as cavidades esquerdas pode justificar a dispneia encontrada (por congestão pulmonar). Mesmo sem a presença de abafamento de bulhas e hipotensão, que juntamente com turgência jugular formam a tríade clássica do tamponamento (tríade de Beck), o diagnóstico indubitavelmente é de tamponamento. Sabemos que a tríade completa nem sempre está presente (30 a 40% dos casos). Choque cardiogênico cursaria, dentre outros achados, com instabilidade hemodinâmica e pulsos filiformes; choque hipovolêmico apresenta jugular colabada, extremidades úmidas e pulsos periféricos reduzidos; e anemia aguda no trauma decorre da perda hemorrágica, que é a etiologia mais comum do choque hipovolêmico. A opção A é o gabarito.

47
Q

O pescoço pode ser uma das regiões mais devastadas no caso de lesão grave. Sobre este tema, é correto afirmar que:
A) classicamente o pescoço é dividido em 4 zonas.
B) a zona 1 se estende do anel torácico superior à cartilagem tireoidea.
C) a zona 3 contém as artérias carótidas e vertebrais, veias jugulares e estruturas do trato aerodigestório.
D) no caso de trauma penetrante, os pacientes devem ser levados imediatamente ao centro cirúrgico.
E) tradicionalmente, nas lesões da zona II é mandatória a exploração cirúrgica.

A

»A abordagem ao trauma na região do pescoço vem se alterando ao longo dos anos. Veja a imagem em anexo com a divisão e algumas características. A- Incorreta: como vimos, são 3 zonas. B- Incorreta: Base do pescoço e desfiladeiro torácico. Fúrcula esternal à cartilagem cricoide. C- Incorreta: Essas estruturas pertencem a zona II. D- Incorreto e E correta: Tradicionalmente, as lesões nas zonas I e III deveriam ser avaliadas por métodos complementares, enquanto as lesões na zona II requeriam cirurgia imediata. No entanto, esta conduta vem sofrendo alterações e atualmente temos: 1- Pacientes instáveis ou com sangramento ativo, ou hematoma em expansão, ou que apresentem lesão aerodigestiva óbvia = EXPLORAÇÃO CIRÚRGICA; 2- Paciente estável e sem outra indicação cirúrgica = avaliação complementar antes de uma possível intervenção cirúrgica: os principais exames incluem Tomografia Computadorizada (TC), Angiografia por Tomografia Computadorizada (Angio-TC), ultrassom-Doppler, arteriografia por subtração digital, laringoscopia, broncofibroscopia, Endoscopia Digestiva Alta (EDA) e esofagografia. Veja que a letra E expressa o termo TRADICIONALMENTE, por isso aceitamos como melhor resposta.

48
Q

Homem, 40 anos, sofre acidente em corrida ciclística e é levado ao setor de emergência com queixa de dor intensa no abdome inferior. Relata intensa vontade de urinar. Exame físico: hemodinamicamente estável; abdome distendido com bexiga palpável; sem sinais de irritação peritoneal. A hipótese diagnóstica mais provável e a conduta mais adequada, respectivamente, são:
A) lesão de testículo / início de anti-inflamatórios B) lesão de bexiga / cateterismo vesical de demora C) lesão de uretra / cistostomia imediata
D) lesão nervosa / cateterismo vesical de alívio

A

Paciente vítima de acidente em corrida de bicicleta, que apresenta intensa vontade de urinar e com bexiga palpável, ou seja, bexigoma, que é um sinal de lesão de uretra e esta é a nossa hipótese. Somente com isso já chegamos a uma resposta. O ideal é realizarmos uma uretrocistografia retrógrafa para avaliar o tipo e o local da lesão. Não devemos sondar este paciente. Por isso, para lidarmos com este bexigoma, devemos realizar uma cistotosmia. Seja cirúrgica ou por punção. Gabarito letra C.

49
Q

Homem, 23 anos, vítima de acidente automobilístico é levado à emergência em insuficiência respiratória aguda. Exame físico: hipotensão arterial; turgência jugular; ausência de murmúrio vesicular no hemitórax direito. A conduta inicial, mais adequada, neste paciente, é a realização de:
A) Traqueostomia.
B) Intubação orotraqueal. C) RX de tórax.
D) Drenagem torácica.

A

»Essa questão não é difícil, vamos raciocinar… Nosso paciente é uma vítima de acidente automobilístico que desenvolve insuficiência respiratória aguda. Apresenta turgência jugular e hipotensão. Nesse contexto, vocês devem considerar a existência de dois diagnósticos possíveis: pneumotórax hipertensivo ou tamponamento cardíaco. Mas reparem que o murmúrio vesicular se encontra abolido no hemitórax direito. Sendo assim, a condição presente é o pneumotórax hipertensivo! A única opção possível é a D, drenagem torácica. Na realidade, uma melhor alternativa seria a toracocentese de alívio, no nível do quinto espaço intercostal direito… A traqueostomia é um procedimento utilizado no trauma quando não há possibilidade de intubação orotraqueal em vítimas de fratura de laringe. Embora muitos pensem imediatamente na intubação, esta opção não está correta; a mobilização e a ventilação após o acesso a via aérea pioram o pneumotórax. A solicitação de uma radiografia de tórax é um absurdo. O diagnóstico do pneumotórax hipertensivo é clínico; o ATLS cita que o FAST estendido (e-FAST) pode ser utilizado para o diagnóstico só quando estiver imediatamente disponível. Opção D é o gabarito.

50
Q

Sabe-se que a hipertensão intracraniana é fator preponderante no desfecho desfavorável dos pacientes com traumatismo craniano. Nesse particular, é CORRETO afirmar que:
A) O nervo facial é o nervo mais frequentemente afetado na síndrome de hipertensão intracraniana.
B) A hiperventilação reduz a PaCO2 e como consequência a pressão intracraniana (PIC) através de vasoconstrição e redução no volume sanguíneo intracraniano.
C) O aumento da pressão intracraniana (PIC) leva à elevação da pressão de perfusão cerebral (PPC) e do fluxo sanguíneo cerebral (FSC).
D) Hipotensão arterial, bradicardia e irregularidade respiratória (tríade de Cushing) são manifestações de hipertensão intracraniana.
E) As herniações cerebrais ocorrem precocemente na síndrome de hipertensão intracraniana.

A

Uma boa questão sobre Trauma Cranioencefálico (TCE) e hipertensão intracraniana. Vamos às alternativas… O par craniano mais frequentemente acometido em indivíduos com aumento de Pressão Intracraniana (PIC) é o nervo oculomotor (III par); hematomas cerebrais expansivos podem levar à herniação do uncus (parte medial do lobo temporal) através da tenda do cerebelo, com comprometimento do nervo no mesencéfalo. O quadro é dramático, com midríase ipsilateral ao hematoma e hemiplegia contralateral (a via motora é comprimida no mesencéfalo). O nervo facial (VII par) pode ser comprometido em fraturas do osso temporal ou em fraturas de base de crânio. A redução da PaCO2 em indivíduos com TCE grave provoca vasoconstrição, com redução do volume sanguíneo cerebral (e da perfusão cerebral) e diminuição da PIC. Embora essa estratégia reduza a PIC, pode, quando utilizada incorretamente, provocar isquemia cerebral, a famosa lesão cerebral secundária do TCE. Dessa forma, a hiperventilação (PaCO2 de 25 a 30 mmHg) só é recomendada, por um breve período, em casos de deterioração neurológica aguda, enquanto outras medidas estão sendo tomadas. A Pressão de Perfusão Cerebral (PPC) é igual a pressão arterial média menos a PIC. Dessa forma, quanto maior a PIC, menor é a PPC. A tríade de Cushing da hipertensão intracraniana se caracteriza por hipertensão (e não hipotensão), bradicardia e irregularidade respiratória. No geral, as herniações cerebrais ocorrem de forma tardia em indivíduos com hipertensão intracraniana.

51
Q

No trauma raquimedular, a síndrome da cauda equina cursa com:
A) diminuição do tônus retal;hiperreflexia e anestesia em sela
B) disfunção vesical; diminuição do tônus retal e hiperreflexia
C) anestesia em sela; disfunção vesical e diminuição do tônus retal D) hiperreflexia; anestesia em sela e disfunção vesical

A

»A síndrome da cauda equina pode ser de causa traumática e não traumática, tendo como etiologias mais comuns: hérnia distal lombar extrusa, hematoma, neoplasia espinhal, fratura lombrar, espondilite anquilosante, abscesso espinhal. Não há predileção por gênero, podendo ocorrer em qualquer faixa etária (sendo mais comum em adultos). É caracterizada pela presença de lombalgia, dor em membros inferiores associado à déficit motor e sensitivo (inclusive com hipo/arreflexia e flacidez muscular), disfunção genitourinária, incontinência fecal e anestesia em sela.
A: Incorreta: não costuma cursar com hiperreflexia, pelo contrário, comumente os reflexos e tônus muscular permanecem diminuídos ou ausentes;B: Incorreta: como dito acima, não costuma cursasr com hiperreflexia;C: Correta: todas características da síndrome;D: Incorreta: como já dito, não costuma cursar com hiperreflexia. Gabarito letra C.
Video comentári

52
Q

Rapaz, 22 anos, dá entrada em uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA) com quadro de queda de moto ocorrida há aproximadamente uma hora. Refere que durante o acidente sofreu trauma no abdome com o guidão da moto. Apresenta-se estável hemodinamicamente e refere dor abdominal intensa. Na unidade, é solicitada radiografia simples do abdome que revela presença de ar desenhando a sombra renal direita. Esse sinal sugere a ocorrência de
A) ruptura de víscera oca intraperitoneal. B) ruptura hepática.
C) ruptura de víscera oca retroperitoneal. D) ruptura renal.
E) hemoperitôneo.

A

»Vítima de trauma com história de ter batido o abdome no guidão da moto. Esse mecanismo é o mesmo do “sinal do cinto de segurança”, que indica lesão do duodeno. E agora, precisamos revisar uma parte de anatomia sobre o duodeno: 1) ele faz parte do intestino delgado, ou seja, é um segmento de víscera oca que contém ar; 2) ele é um órgão retroperitoneal. Sendo assim, quando ocorre a sua rotura, haverá escape de ar para o compartimento retroperitoneal. Outros órgãos que também estão nesse compartimento são os rins. Dito isso, vamos para a nossa questão. Já que encontramos ar desenhando a sombra renal direita, nossa suspeita é de rotura de uma víscera oca retroperitoneal, ou seja, do duodeno. Isso torna a letra A correta e invalida as outras alternativas. Resposta: letra A.

53
Q

Sobre o ureter, assinale a alternativa correta.
A) Possui duas áreas de estreitamento relativo com importância clínica: ponto onde o ureter cruza anteriormente os vasos ilíacos e a junção ureterovesical.
B) O ureter após cruzamento dos vasos ilíacos obtém irrigação das artérias ilíacas comuns e internas e das artérias espermática interna e vesical, medialmente.
C) O procedimento de escolha em caso de lesões do terço inferior do ureter é o reimplante ureteral em bexiga psóica.
D) Em casos de lesões de ureter alto, o autotransplante é uma opção cirúrgica ideal como tratamento.
E) Situam-se paralelo ao músculo psoas, passam lateralmente às articulações sacroilíacas e cruzam os vasos ilíacos.

A

Vamos analisar as alternativas: Letra A: Incorreta. O ureter apresenta três pontos de estreitamento: junção ureteropiélica, cruzamento com os vasos ilíacos e junção ureterovesical. Letra B: Incorreta. O ureter recebe irrigação de pequenos ramos da aorta medialmente, antes do cruzamento com os vasos ilíacos. Após o cruzamento, a irrigação é lateral através de vasos pélvicos como artérias ilíacas, espermáticas e vesical. Letra C: Correto. O tratamento de escolha para lesão ureteral de terço inferior é o reimplante ureteral. Pode ser realizado através de diversas técnicas, inclusive bexiga psoica, onde a bexiga é fixada ao músculo psoas para alívio de tensão da anastomose entre bexiga e ureter. Letra D: Em lesões de ureter alto (terço proximal), as opções são autotransplante ou interposição de íleo entre o rim e a bexiga. Letra E: Situam-se mediais aos psoas, passando medialmente às articulações sacroilíacas e cruzam os vasos ilíacos. Resposta: letra C.
Video comentário:

54
Q

É muito importante evitar que um paciente politraumatizado evolua para o quadro conhecido como ““tríade da morte””, que se caracteriza por:
A) acidose respiratória + bradicardia + taquipneia B) sudorese + coagulopatia + taquicardia
C) hipotermia + acidose metabólica + coagulopatia D) hipotermia + taquicardia + hiperpotassemia

A

»O nome é um tanto quanto “dramático”, mas fato é que a tríade fatal é composta
por acidose, hipotermia e coagulopatia, sendo achado comum nos pacientes com sangramento, em vítimas de trauma ou até mesmo em quadros de choque por outras etiologias. Como que essa tríade se instala? A hipoperfusão tecidual gera aumento da lactatemia e, como consequência, acidose. Além disso, o aporte celular de nutrientes reduz com a hipoperfusão, diminuindo também a produção de ATP e causando, assim, hipotermia. Essa hipotermia, por sua vez, impacta na função das diferentes enzimas presentes no corpo (que funcionam melhor a uma temperatura de 37°C), mas em particular naquelas que atuam na cascata de coagulação, levando a coagulopatia. A coagulopatia gera mais sangramento, o sangramento piora a hipoperfusão que resulta em mais acidose, em mais hipotermia e mais coagulopatia. O Sabiston chama esse ciclo de “vicious circle of death” ou círculo vicioso da morte. Para interrompê-lo, precisamos agir nas causas do sangramento e da hipotermia. Resposta: letra C.
Vid

55
Q

Sobre o trauma renal, assinale a correta.
A) Lesões renais de alto grau, com estadiamento apropriado e seleção cuidadosa do paciente, podem ser tratadas clinicamente.
B) Hematúria não é o melhor indicador de lesão traumática do sistema urinário.
C) Extravasamento de urina é considerado uma indicação absoluta de exploração renal.
D) Hematoma perinéfrico pulsátil é considerado uma indicação relativa de exploração renal.
E) Quando indicada a exploração cirúrgica para trauma renal, recomenda-se exploração precoce do hilo renal e da vasculatura logo após acesso ao retroperitônio.

A

Vamos analisar as alternativas: Letra A: Correta. Lesões renais grau III e IV podem ser tratadas de maneira conservadora, desde que o paciente esteja estável. Letra B: Incorreta. O sintoma mais sugestivo de lesão traumática do trato urinário é a hematúria, lembrando que a ausência de hematúria não exclui lesão de trato urinário. Letra C: Incorreta. O extravasamento de urina não indica exploração cirúrgica, desde que o paciente esteja estável. Letra D: Incorreta. Hematoma pulsátil perinéfrico ou expansivo é indicação absoluta de abordagem cirúrgica. Letra E: Incorreta. Deve-se focar em comprimir a lesão parenquimatosa, para logo após, obter o controle do hilo. Resposta: Letra A.
Video come

56
Q

Garoto de 16 anos foi trazido pelo SAMU ao hospital metropolitano sendo relatado que há cerca de 2 horas, em uma partida de futebol, durante disputa de bola, chocou-se cabeça com cabeça com um adversário. No momento do trauma não perdeu a consciência e continuou jogando, porém após 15 minutos começou a sentir dor de cabeça e pediu para ser substituído. Após alguns minutos piorou da dor de cabeça e começou a apresentar vômitos; depois de 1 hora do trauma, evoluiu com sonolência e rebaixamento progressivo do nível de consciência. Durante o exame no pronto-socorro, o Glasgow era de 8, com Anisocoria à esquerda. Nesse caso, o provável diagnóstico é
A) Hematoma Subdural.
B) Hematoma Extradural.
C) Contusão Cerebral.
D) Hemorragia Sub Araquinodea. E) Lesão Axonal Difusa.

A

Estamos diante de um paciente jovem, vítima de traumatismo craniano contuso e que apresentou grave rebaixamento do nível de consciência. Diante deste contexto, as hipóteses mais comuns são as lesões cerebrais focais (hematoma subdural ou mesmo extradural). O grande dado clínico que nos ajuda muito na diferenciação do tipo de hematoma é a presença do intervalo lúcido (intervalo consciente entre dois episódios de rebaixamento do nível de consciência). Este dado fala fortemente a favor de hematoma extradural. A questão não trouxe esse dado clássico, mas, ainda assim, a nossa principal hipótese continua sendo o hematoma extradural por 2 motivos: piora progressiva em um breve intervalo de tempo e por ser um paciente jovem. Vale a pena lembrar que o grande fator de risco para o surgimento de hematoma subdural é a presença de atrofia cortical, alteração mais comumente vista nos pacientes idosos e naqueles que fazem uso abusivo de álcool (letra A - Incorreta). A lesão axonal difusa já se apresentaria como um rebaixamento do nível de consciência grave já desde o início do acidente, assim como uma contusão cerebral (letra C e E - Incorretas). A hemorragia sub aracnoidea é um evento raro associado ao trauma e se apresentaria como uma cefaleia intensa que surgiria de forma abrupta e que imediatamente também evoluiria com rebaixamento do nível de consciência (letra D - Incorreta). Por todo esse contexto clínico, a melhor hipótese diagnóstica é, de fato, o hematoma extradural. Gabarito: letra B.

57
Q

Paciente de 52 anos, vítima de ferimento por arma de fogo na região superior do hemitórax esquerdo com entrada anteriormente e sem saída, deu entrada no pronto atendimento de um hospital geral, referindo falta de ar, dor torácica, PA=70x40 mmHg, FR=35rpm, turgescência jugular bilateral, hipertimpanismo à percussão do hemitórax, SAT O2 = 87%. A conduta inicial para o atendimento deste paciente é
A) toracotomia.
B) RX tórax em AP seguido de drenagem de tórax sob selo d’água.
C) intubação orotraqueal seguida de drenagem de tórax sob selo d’água. D) toracocentese + drenagem torácica sob selo d’água.
E) máscara facial de oxigênio 15 litros/Min + RX tórax.

A

»Estamos diante de paciente de 52 anos, vítima de ferimento por arma de fogo em hemitórax esquerdo apresentando dor torácica, instabilidade hemodinâmica, dessaturação, turgência jugular bilateral e hipertimpanismo ipsilateral. Devemos pensar, obrigatoriamente, em pneumotórax hipertensivo. Vamos analisar as alternativas: Letra A: Incorreto. Toracotomia é ideal para hemotórax maciço com drenagem imediata de 1500 ml de sangue ou 200 ml/h nas primeiras 2-4 horas. Letra B: Incorreto. Não se realiza Rx em suspeita de pneumotórax hipertensivo, visto que o atraso na conduta levará ao óbito. Letra C: Incorreto. Se intubar e ventilar o paciente, a pressão pleural aumentará ainda mais e o paciente ficará mais instável, evoluindo pra óbito. Letra D: Correto. O tratamento para pneumotórax hipertensivo é a drenagem torácica em selo d’água, precedida ou não, por toracocentese de alívio. Resposta: letra D.

58
Q

Em relação ao traumatismo abdominal:
A) O mecanismo do trauma abdominal fechado geralmente é desvalorizado pela maioria dos cirurgiões, uma vez que não oferece auxílio no diagnóstico da lesão.
B) O potencial da energia cinética é um fator de grande valor, já que lesões com maior energia têm maior poder de hemostasia de tecidos vizinhos e, como consequência, lesões menos graves.
C) Em casos de trauma abdominal fechado e lesões diafragmáticas, a via de escolha na abordagem imediata é a abdominal, diferente de casos tardios, onde a via torácica pode ser a escolhida.
D) Traumas abdominais fechados, com pequena quantidade de líquido livre diagnosticado no US FAST, devem obrigatoriamente ser abordados.
E) Paciente hemodinamicamente instável, com trauma abdominal, deve ser levado para tomografia antes da abordagem, para facilitar a localização do foco hemorrágico.

A

Vamos analisar as alternativas; A) Incorreto. O trauma abdominal deve ser valorizado pelo cirurgião, principalmente em casos com cinto de segurança, escoriações abdominais ou trauma de grande energia. B) Incorreto. Traumas de grande energia estão associados com lesões graves de orgãos intra-cavitários, principalmente visceras sólidas, conferindo uma maior mortalidade. C) Correta. Lesões diafragmáticas aguda tem a via abdominal como primeira escolha, que permite inclusive avaliar e reparar outras lesões concomitantes. Em casos crônicos, a via torácica ou abdominal podem ser escolhidas. A via torácica tende ter menos aderências. D) Incorreta. Pacientes com trauma abdominal fechado e FAST positivo, devem ser melhores avaliados com tomografia se alcançarem estabilidade hemodinâmica. E) Incorreta. Pacientes vítimas de trauma instáveis apresentam contraindicação para realização de tomografia. Alternativa C está correta.

59
Q

Paciente, 63 anos, deu entrada na emergência com aneurisma de aorta abdominal roto, sendo submetido a aneurismectomia e bypass aorto-bifemoral. Evoluiu no 2o dia de pós- operatório com distensão abdominal, desconforto respiratório e oligúria nas últimas 24 horas. Ao exame, apresenta-se taquicárdico, hipotenso, taquipnéico, ECG com ritmo sinusal e afebril. Exames laboratoriais: Hb: 11,3 g/dL, leucócitos: 13.200/mm3 sem desvio, plaquetas: 220.000/mm3, marcadores para IAM negativos. Qual a conduta diagnóstica inicial?
A) Laparotomia exploradora.
B) Tomografia de abdome com contraste.
C) Raio X de tórax e abdome em ortostase e decúbito.
D) Aferição da pressão intra-abdominal pela sonda vesical de demora.

A

Vamos somando as informações: paciente submetido a aneurismectomia e bypass aorto- bifemoral, que evolui no 2o dia de pós operatório com distensão abdominal, desconforto respiratório e oligúria. No que devemos pensar? Veja o tamanho do procedimento cirúrgico realizado neste paciente. Provavelmente ele está evoluindo com uma síndrome compartimental abdominal. E qual deve ser a conduta diagnóstica INICIAL? Mensurar esta PIA de maneira indireta através de um cateter vesical. Gabarito letra D.