Tutoria 2 - DPOC Flashcards
Diferencie àreas respiratórias e condutoras do pulmão.
- Vias aéreas superiores – sistemas de entrada: nariz/cavidade nasal, boca, faringe e laringe.
- Vias aéreas condutoras – traqueia, brônquios, bronquíolos e bronquíolos terminais
- Vias aéreas alveolares (parênquima pulmonar ou tecido acinar) – bronquíolos transicionais e respiratórios, ductos alveolares e alvéolos; área onde ocorre a troca de gases
O que é espaço morto anatômico?
- Consiste no volume de gás contido nas vias respiratórias de condução e transição (do nariz aos bronquíolos respiratórios), onde não há trocas gasosas significativas.
- Em cada inspiração, cerca de 2/3 do volume corrente alcançam os alvéolos, e o 1/3 final fica retido no espaço morto, ou seja, a composição do gás aí contido é muito semelhante à do ar ambiente. O primeiro gás a atingir os alvéolos na inspiração corresponde àquele deixado no espaço morto pela expiração precedente. Entretanto, é expirado primeiro, antes de qualquer ar dos alvéolos. Ao final da expiração, sua composição é semelhante à do gás alveolar. Portanto, o espaço morto é muito desvantajoso para remover os gases expiratórios dos pulmões.
O que é espaço morto fisiológico?
- É, na realidade, a soma do espaço morto anatômico com outros volumes gasosos pulmonares que não participam da troca de gases.
- Ocasionalmente, alguns dos alvéolos podem ser não funcionantes ou parcialmente funcionantes por causa da ausência ou redução do fluxo sanguíneo pelos capilares pulmonares adjacentes. Assim, esses alvéolos são considerados como parte do espaço morto, sendo ele chamado de espaço morto fisiológico.
- Por exemplo: uma certa região do pulmão é ventilada, mas não perfundida: o gás que chegou a esses alvéolos não pode participar das trocas e é, funcionalmente, “morto”. Conclui-se, que o espaço morto fisiológico é sempre maior que o anatômico.
O que é efeito shunt?
- Quando sangue venoso atravessa capilares pulmonares de alvéolos não ventilados.
- É uma condição fisiológica que resulta quando os alvéolos são perfundidos, mas a ventilação falha em suprir a região perfundida. Refere-se a áreas onde a perfusão no pulmão excede a ventilação.
- Geralmente ocorre quando os alvéolos se enchem de líquido. É a principal causa de hipoxemia em edema pulmonar e condições como a pneumonia, em que os pulmões tornam-se consolidados. É minimizado pela constrição reflexa normal da vasculatura pulmonar à hipóxia, sem essa vasoconstrição hipóxica pulmonar, o shunt e seus efeitos hipóxicos agravariam.
Qual a distribuição da ventilação alveolar?
- A ventilação varia da base para o ápice pulmonar. É maior na base pulmonar e decresce em direção ao ápice.
- A razão fundamental para tal distribuição é a desigualdade dos valores de pressão intrapleural ao longo do pulmão, provavelmente devido à ação da gravidade.
- No ápice pulmonar a pressão intrapleural é mais negativa (-10cmH20) que na base (-2,5cmH20), porque o pulmão repousa sobre a sua base, quando o indivíduo está sentado ou de pé. Consequentemente, a pressão na base é maior (menos negativa que no ápice). Os alvéolos desta região são menores que os do ápice na situação de repouso. Os alvéolos do ápice se enchem menos que os da base, pois partiram de um volume inicial maior. Embora a base pulmonar seja relativamente menos expandida que o ápice, ela é mais bem ventilada.

O que é perfusão pulmonar?
Refere-se ao fluxo sanguíneo da circulação pulmonar disponível para a troca gasosa.
Qual a distribuição da perfusão pulmonar?
- Normalmente, o fluxo é grande na circulação pulmonar (igual ao débito cardíaco), com resistência e níveis pressóricos baixos, enquanto na circulação brônquica a pressão é sistêmica, com resistência elevada e perfusão reduzida.
- Os vasos pulmonares normais têm paredes delgadas, grande complacência e sofrem grande influência das variações da pressão alveolar resultantes dos movimentos respiratórios, por serem circundados pelo parênquima pulmonar. A circulação pulmonar pode sofrer importantes influências de pressões hidrostáticas e, assim, não ser uniforme em todo o pulmão.
- No adulto, na posição ereta, o ponto mais baixo nos pulmões fica normalmente a uns 30 cm do ponto mais alto, o que representa diferença de pressão de cerca de 23 mmHg, com 15 mmHg acima do coração e 8 mmHg abaixo.
- O pulmão é dividido em três zonas, e em cada zona, os padrões de fluxo de sangue são bem diferentes.
Quais são as zonas pulmonares?

- Zona 1: Ausência de fluxo sanguíneo, durante todas as partes do ciclo cardíaco, porque a pressão capilar alveolar local, nessa área do pulmão, nunca se eleva acima da pressão do ar alveolar, em nenhuma parte do ciclo cardíaco. Ocorre somente sob condições anormais, quando a pressão arterial sistólica pulmonar é muito baixa ou quando a pressão alveolar é muito alta para permitir o fluxo.
- Zona 2: Fluxo sanguíneo intermitente, somente durante os picos da pressão arterial pulmonar, porque a pressão sistólica é superior à pressão do ar alveolar, mas a pressão diastólica é inferior à pressão do ar alveolar.
- Zona 3: Fluxo sanguíneo contínuo, porque a pressão capilar alveolar permanece mais alta que a pressão do ar alveolar, durante todo o ciclo cardíaco.

O que é relação ventilação/perfusão?

- Tanto a ventilação quanto a perfusão são grandes na base do pulmão e decrescem em direção ao ápice. A perfusão varia mais que a ventilação, sendo esse fato representado pela maior inclinação da linha reta relacionada com a perfusão.
- A base é mais ventilada e perfundida que o ápice, mas a relação ventilação-perfusão é maior no ápice.
- Supõe-se que a quantidade de 02 no alvéolo resulta de um equilíbrio entre o quanto é trazido pelo processo da ventilação e a grandeza removida pelo sangue capilar pulmonar. Assim, no ápice, onde a relação ventilação-perfusão é superior à unidade (ventilação maior que perfusão), a taxa de oxigênio alveolar é superior à da base, onde a perfusão supera a ventilação.
- Se a ventilação para um alvéolo é reduzida em relação à sua perfusão, a PO2 no alvéolo cai, pois menos O2 chega a ele, e a PCO2 sobe, porque menos CO2 é expirado. Inversamente, se a perfusão diminui em relação à ventilação, a PCO2 cai, pois menos CO2 é aportado, e a PO2 se eleva, porque menos O2 entra no sangue.

O que é a doença pulmonar obstrutiva crônica?
Doenças pulmonares obstrutivas são entidades clinicopatológicas que têm em comum obstrução crônica ao fluxo aéreo, em qualquer nível da árvore respiratória. Os três principais representantes são bronquite crônica, enfisema e asma, mas também são incluídas fibrose cística e bronquiectasia.
Bronquite crônica e enfisema são agrupadas, na prática médica, sob denominação de DPOC.
Qual a etiologia da DPOC?
- Como o tabagismo é o fator etiológico mais importante para o desenvolvimento tanto da bronquite crônica como do enfisema, muitos pacientes apresentam sobreposição das duas doenças, com predomínio ora do componente inflamatório das vias aéreas (bronquite/bronquiolite), ora de destruição do parênquima pulmonar (enfisema).
- Na DPOC, a obstrução ao fluxo é em geral progressiva, embora parcialmente reversível, e pode se acompanhar de hiper-reatividade das vias aéreas. A bronquite causa estreitamento e obstrução da luz de pequenas vias aéreas, enquanto o enfisema é responsável por destruição de septos alveolares e perda do recolhimento elástico pulmonar. A consequência funcional em ambas as doenças é, pois, limitação ao fluxo aéreo.
Qual os fatores de risco da DPOC?
FATORES EXTERNOS
- Tabagismo, inclusive fumo passivo
- Poeira ocupacional
- Irritantes químicos
- Fumaça de lenha
- Infecções respiratórias graves na infância
- Condição socioeconômica.
Qual os fatores de risco da DPOC?
FATORES INDIVÍDUAIS
- Deficiência da alfa-1 antitripsina
- Deficiência da glutationa transferase
- Alfa-1 antiquimotripsina
- Hiper-responsividade crônica
- Desnutrição
- Prematuridade
Qual a patogênese da DPOC?
A patogênese da obstrução das vias aéreas na DPOC está diretamente relacionada à associação de:
(1) estreitamentos e tortuosidades das pequenas vias aéreas por inflamação e fibrose (bronquiolite), que aumenta a resistência de vias aéreas;
(2) perda do ancoramento alveolar e da força de recolhimento elástico (enfisema), que causa fechamento precoce das pequenas vias aéreas durante a expiração.

O que voce espera nos achados clínicos da DPOC?
- Progressão da doença: tórax em tonel, hipersonoridade à percussão, frêmito toracovocal diminuído, murmúrio vesicular diminuído, sibilos e estertores finos esparsos.
- Períodos de exacerbação: aumento da dispneia, tosse com expectoração abundante (pode ser purulenta), taquipneia, período expiratório prolongado, respiração com lábios semicerrados, uso da musculatura acessória, cianose, roncos, sibilos e estertores.
Qual a classificação dos pacientes com DPOC?
- Enfisematoso: pink puffer (PP), soprador rosado – em geral acima de 50 anos de idade; aumento da frequência respiratória e dispneia acentuada com níveis normais de pCO2.
- Bronquítico crônico: blue bloater (BB), pletórico, cianótico – 40 a 45 anos; diminuição do volume corrente e aumento do espaço morto, com consequente retenção de CO2 (hipercapnia).
Caracterize a bronquite cronica da DPOC?
Excessiva secreção de muco na árvore brônquica. A manifestação clínica principal é tosse com expectoração mucopurulenta de pequeno volume, que persiste por meses, alternando períodos de melhora e piora, dependendo se há infecções, poluição atmosférica e uso de tabaco.
- Estertores grossos disseminados em ambos os hemitórax.
- Roncos e sibilos
- Redução bilateral da expansibilidade
- Percussão: hipersonoridade
- Redução do frêmito toracovocal e do murmúrio vesicular nos indivíduos com enfisema associado.

Caracterize enfisema pulmonar da DPOC?
A manifestação clínica mais importante é a dispneia, que se agrava lentamente. Na fase final surgem as manifestações de insuficiência respiratória. Nas fases iniciais, ao exame físico do tórax encontram-se apenas redução do murmúrio vesicular e expiração prolongada.
- Inspeção: expansibilidade diminuída e tórax em tonel nos casos avançados
- Palpação: expansibilidade diminuída, frêmito toracovocal diminuído
- Percussão: sonoridade pulmonar normal no início e hipersonoridade à medida que a enfermidade se agrava
- Ausculta: murmúrio vesicular diminuído. Fase expiratória prolongada. Ressonância vocal diminuída.

Como é a radiografia de um paciente com DPOC?
Os achados de incluem aumento da transparência pulmonar, caracterizada por:
- Hiperinsuflação (retificação ou abaixamento do diafragma abaixo do 6º espaço intercostal anterior; aumento do espaço aéreo retroesternal; alongamento e verticalização do diâmetro transverso do coração)
- Presença de bolhas (área de maior radiotransparência e zona avascular medindo mais de 1 cm de diâmetro; único achado específico de enfisema)
- Alterações vasculares (proeminência de vasos hilares com estreitamento periférico; espessamento das marcas broncovasculares).
Deve-se solicitar uma radiografia simples de tórax nas posições póstero-anterior e perfil (simples execução e baixo custo).

Qual padrão ouro para diagnóstico de DPOC e o que aparece?
é indispensável para o diagnóstico da DPOC, é o padrão ouro; fácil realização em nível ambulatorial. Obstrução ao fluxo aéreo é caracterizada pela relação entre o volume expiratório forçado no primeiro segundo (VEF1), pela capacidade vital forçada (CVF), VEF1/CVF, abaixo de 0,70 após a administração de broncodilatador. É importante para o estadiamento da DPOC com base nos valores de VEF1.

Como dar o diagnostico de DPOC?


O que diferencia a asma da DPOC? (aspectos clínicos e espirométricos)
- Pacientes asmáticos fumantes ou com remodelamento brônquico e obstrução ao fluxo aéreo fixo podem causar maior dúvida diagnóstica. O tratamento da asma e da DPOC são similares, assim, a incerteza diagnóstica entre elas tem pouco impacto sobre o tratamento.
- Favorecem asma:
- Início na infância ou adolescência;
- História familiar;
- Não-tabagista;
- Variação acentuada do grau dos sintomas e sinais;
- Reversibilidade completa da limitação do fluxo aéreo;
- Boa resposta ao corticoide inalado.

O que é enfisema pulmonar?
É uma doença obstrutiva crônica das vias aéreas caracterizada por dilatação anormal e permanente dos espaços aéreos distais aos bronquíolos terminais (dos ácinos pulmonares), acompanhada por destruição de suas paredes (dos septos alveolares) na ausência de fibrose significativa.
Ácino pulmonar: constituído pelo bronquíolo respiratório, ductos e sacos alveolares e alvéolos. O conjunto de três a cinco bronquíolos terminais e seus ácinos constitui o lóbulo pulmonar
QUais os tipos de enfisema?
- Enfisema irregular ou paracicatricial: muitas vezes assintomático, envolve o ácino de forma irregular e está associado a cicatrizes de processos inflamatórios antigos. Pode ser a forma mais comum de enfisema.
- Enfisema centroacinar ou centrolobular: comumente associado ao hábito de fumar e à bronquite crônica. A cometimento da porção central do ácino pulmonar, junto ao bronquíolo respiratório, os alvéolos distais permanecem normais – espaços respiratórios e enfisematosos no mesmo ácino e lóbulos. As lesões usualmente contêm grande quantidade de pigmento antracótico. Na fase avançada, todo o lóbulo pode estar acometido, dificultando a distinção com o enfisema panlobular. Acomete preferencialmente os lobos superiores.



