Apneia Obstrutiva na Criança Flashcards

1
Q

Qual a prevalencia de SAOS na infância e qual o pico de idade?

A
  • De 1-5% (na parte de respiração oral no tratado informa 1-2%. Decresce com o aumento da idade).
  • Tem pico aos 3-5 anos de idade.
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2
Q

Qual o sintoma mais comum de SAOS na infancia?

A

RONCOS (assim como nos adultos), ocorrendo em 74% dos casos, sendo improvável SAOS na ausência de ronco habitual).

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3
Q

Cite 5 sinais e sintomas noturnos da apneia na infância.

A

Ronco habitual, dificuldade ou pausas respiratórias durante o sono, cianose, sono agitado, boca seca, posicionamento anormal na cama.

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4
Q

Cite 5 sinais e sintomas diurnos da apneia na infância.

A

Respiração oral, cefaleia matinal, dificuldade em acordar, alterações de humor, déficit de atenção ou hiperatividade, sonolência diurna (mais rara nessa idade).

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5
Q

Cite as complicações mais observadas nessa faixa etária com SAOS.

A
  • Alterações de pressão arterial (principalmente diastólica), hipertrofia ventricular, redução da fração de ejeção, cor pulmonale, disfunção endotelial.
  • Resistência à insulina, aumento de leptina, aumento da lipidemia, déficit de crescimento e desenvolvimento (menor produção de Gh em crianças com SAOS).
  • Baixo rendimento escolar, déficit cognitivo, irritabilidade, rebeldia, isolamento social, alterações de humor, déficit de atenção, hiperatividade.
  • Enurese noturna (8-25% nas crianças com SAOS, com redução de vasopressina com prejuízo urodinâmico durante a noite)
  • Infecções de repetição (OMA, OME, faringoamigdalites, IVAS). Alterações otológicas podem levar a desatenção, atraso de linguagem e aprendizado.

Maioria costuma ser reversível com o tratamento.

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6
Q

Cite as principais etiologias para SAOS na infância.

A

Causas de diminuição da patência da VAS:

  • Hipertrofia das tonsilas palatinas ou faríngea
  • Rinite alérgica associada à obstrução nasal
  • Desvio septal
  • DRGE
  • Obesidade
  • Doença de depósito
    (mucopolissacaridoses)
  • Malformações craniofaciais (incluindo hipoplasia de maxila e mandíbula)

Causas de redução do tônus da musculatura faríngea:

  • Doenças neuromusculares
  • Hipotireoidismo.
  • Doenças sindrômicas (Down,
    Prader-Willi)

Causas de diminuição da resposta respiratória central:

  • Lesões cerebrais (tumores, trauma, isquemia)
  • Malformação de Arnold-Chiari
  • Meningomielocele
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7
Q

Qual a principal causa de SAOS na infância?

A

Hipertrofia adenoamigdaliana

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8
Q

Qual a idade de pico de crescimento da adenoide e das amigdalas e quais as hipóteses associadas a esse crescimento?

A
  • Adenoide = 3-7 anos
  • Amigdala = 4-10 anos.

Existem diversas teorias:

  • Infecções virais
  • Genéticos
  • Atopia
  • Rinite alérgica
  • DRGE
  • Resistência antibiótica
  • Biofilme-Poluição

Obs: embora infecções virais estejam associadas a gênese da hipertrofia, 55% das crianças com hipertrofia amigdaliana não apresentam faringoamigdalites recorrentes, justificando outros fatores. Além disso, não há diferença estatística no número de folículos linfoides nos pacientes com infecções recorrentes e aqueles com amigdalas hipertrofiadas.

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9
Q

Além de ser a principal causa de SAOS, a hipertrofia adenoamigdaliana é também a principal causa de respiração oral na infância?

A

NÃO! A principal é rinite alérgica:

  • RINITE ALÉRGICA (81,4%).
  • Hipertrofia adenoideana (79,2%).
  • Hipertrofia amigdaliana (12,6%)
  • Desvio de septo nasal (1%).

Em crianças com respiração oral sem obstrução nasal, investigar síndromes genéticas, distúrbios neuromusculares e hábitos (como chupeta, dedo no palato).

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10
Q

Qual a prevalência de respiradores orais na infância?

A

Respiração oral foi vista em 25-50% das crianças entre 8-10 anos.

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11
Q

Quais características faciais podem ser observadas em respiradores orais crônicos?

A
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12
Q

Qual a idade mais importante no desenvolvimento das alterações da face do respirador oral?

A
  • O padrão de crescimento alterado e VERTICAL da face tende a se estabelecer de forma PRECOCE (em torno de 3 anos de idade).

Cerca de 60% das características faciais vão se etabelecer até os 4 anos e 90% até os 12 anos. Estruturas mandibulares e maxilares se formam em 80% até os 6 anos. Isso nos mostra que justamente essa fase é a mais importante para o desenvolvimento, então não podemos esperar a puberdade e a redução fisiológica das tonsilas.

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13
Q

O crescimento desarmônico da face leva a qual posicionamento da língua, mandíbula, arcos dentários e palato?

A

Posição mais baixa da língua, rotação da mandíbula (para baixo e dentro). Isso altera a relação dos arcos dentários, com aumento da altura facial inferior (face alongada e má oclusão classe II Angle) e do palato (ogival).

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14
Q

No tratado são descrito dois fenótipos de paciente na infância com apneia, aqueles do tipo clássico e do tipo adulto. Qual a diferença?

A
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15
Q

Quais os exames complementares mais indicados na infância?

A

Nasofibroendoscopia ou Rx de cavum, e/ou Polissonografia tipo 1.

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16
Q

Qual o exame de escolha para confirmar SAOS na infância?

A
  • A POLISSONOGRAFIA TIPO 1 (BASAL).

É o exame de escolha e padrão-ouro para o diagnóstico de SAOS. Deve ser realizado em laboratório específico e interpretado por médico experiente na população infantil. Exames de monitorização domiciliar NÃO apresentam estudos suficientes para serem validados em crianças, assim como outros exames de screening como oximetria de noite inteira. Recentemente, tem-se observado que o Questionário Pediátrico de Sono (PSQ — Pediatric Sleep Questionnaire) pode demonstrar informação importante sobre comportamento, sonolência e qualidade de vida, identificando crianças suspeitas de apneia do sono e ainda comparando a evolução pós-operatória (valores a partir de 8 são indicativos de SAOS).

17
Q

A PSG deve ser solictada para toda criança com suspeita de SAOS?

A

A PSG NÃO É INDICADA PARA TODA CRIANÇA, DEVENDO SER FEITA SE:

  • Obesidade
  • Descorrelação anatomoclínica (muita queixa e pouca obstrução, ou pouca obstrução com muitas queixas).
  • Anemia Falciforme
  • Síndromes craniofaciais (Crouzon, Apert, TrecherCollins, Goldenhar, Pierre Robin).
  • Doenças neurológicas (Malformação de Arnold-Chiari, meningoencefalocele, paralisia cerebral edistrofia muscular de Duchenne).
  • Doenças que promovem alterações do tônusmuscular (Down, Prader Willi, Hipotireoidismo).
  • Doenças que afetam a patência da via aéreasuperior (mucopolissacaridose).
  • CRIANÇAS COM < 3 ANOS DE IDADE (capítulo de respirador oral).
18
Q

Quais os valores por hora de apneia leve, moderada e grave na criança, pela PSG?

A
  • Leve: IAHo > 2 (ou IAo > 1).
  • Moderada: IAH ≥ 5 e ≤ 10
  • Grave: IAH > 10

Observação: IAH conta apneia e hipopneia, porém IAo somente apneia, ou seja, criança com mais de 1 apneia obstrutiva por hora já é SAOS leve. No capítulo de respirador oral consideram IAH > 1/h associado a dessaturação < 92% ou retenção de CO2 para SAOS na infância.

19
Q

Qual o principal tratamento para SAOS na infância?

A

Adenoamigdalectomia (curativa em cerca de 60% dos casos).

20
Q

Cite indicações para adenoamigdalectomias universalmente aceitas (ABSOLUTAS) e aquelas que melhoram qualidade de vida (RELATIVAS).

A

ABSOLUTAS:

  • Hipertrofias de tonsilas ocasionando: SAOS, distúrbios de deglutição ou fonação, alteração craniofacial.
  • Afecções crônicas refratárias ao tratamento

RELATIVAS:

  • Amigdalites de repetição (critérios de PARADISE).
  • Amigdalite crônica caseosa
  • Abscesso amigdaliano recorrente
  • Doenças imunomediadas pelo GAS
  • Má oclusão e alteração dentária
  • Complicações locorregionais (OMS crônica, rinossinusite, laringotraqueítes recorrentes).

Observação: critérios de Paradise descritos nos flashcards de estomatologia.

21
Q

Sobre as adenoamigdalectomias:

  • Cite 2 contraindicações relativas ao procedimento.
  • Cite 2 técnicas de Adenoidectomia.
  • Cite 2 técnicas de Amigdalectomia.
A

Contraindicações relativas (se corrigidas, pode operar):

  • Fissura submucosa palatina
  • Alterações hematológicas

Técnicas de Adenoidectomia:

  • (1) Curetagem (instrumental frio): curetas de Beckmann. Paciente em decúbito dorsal. Evitar hiperextensão cervical (fáscia pré-vertebral pode ser lesada). Desvantagem: Pode sobrar material residual peritubário. Cautério bipolar para hemostasia.
  • (2) Telescopia (visualização direta) e Microdebridador. Menor material residual peritubário (segurança). Desvantagem é o custo mais alto.

Técnicas de Amigdalectomia:

  • (1) EXTRAcapsular = extração de tonsilas + cápsula. Incisão a frio com lâmina 12, dissecção (do polo superior ao inferior, hemostasia, catgut 2-0 e subgalato de bismuto). Dissecção com eletrocautério bipolar (atualmente mais difundida e hemostasia mais segura, porém mais dor). Técnica de Sluder (mais tradicional, em desuso, dissecção romba e remoção).
  • (2) INTRAcapsular = Preserva cápsula. Promessa de reduzir dor e sangramento no pós-operatório. Microdebridador, Bisturi bipolar de alta radiofrequência (Coblation) e bisturi de alta radiofrequência pulsada (PEAK-plasmablade). No tratado diz que não houve diferença estatística em relação a dor e sangramento ao fazer intracapsular segundo as metanalises.

As cirurgias são feitas sob hiperextensão cervical de Rose e uso de Abridor de boca McIvor.

22
Q

Sobre as adenoamigdalectomias:

  • Quais os cuidados no pós-operatório imediato?
A
  • Extubação completamente acordado
  • Orientações dietéticas + controle da dor
  • ATB 7-10 dias (sem benefício adicional segundo os estudos).
23
Q

Sobre as adenoamigdalectomias:

  • Qual a taxa de complicações pós-operatórias?
  • Qual das duas tem menor taxa de complicações, adenoidectomia ou amigdalectomia?
  • Quais os 7 principais fatores de risco para complicações após adenoamigdalectomias?
A

Taxas:

  • Prevalência de 0,4-30% de complicações (adulto > criança).
  • Adenoidectomia tem menor taxa de complicações do que amigdalectomia (sangramento quando ocorre é imediato. Fazer observação de pelo menos 6h antes da alta).

Principais fatores de risco:

  • Idade < 3 anos
  • SAOS
  • Anemia
  • Obesidade
  • Doenças cardiorrespiratórias
  • Malformações craniofaciais
  • Crianças sindrômicas
24
Q

Sobre as adenoamigdalectomias:

  • Cite 4 complicações pós-adenoamigdalectomia.
A

DOR:

  • Tratado cita como uma das mais prevalentes.
  • Por exposição da loja + Neuropatia (IX e X).
  • Duração de 5-10 dias (Adulto > criança).
  • Controle da dor: dipirona + AINE.
  • No adulto costuma necessitar de tramadol, codeína, dexametasona.

SANGRAMENTO:

  • Imediato (primeiras 24 horas).
  • Tardio (entre 5-10 dias): se > 30-60 minutos de duração, hospitalizar, Hb/Ht e reposição volêmica.
  • Se persistência: revisão cirúrgica + ligadura vascular. Sistema venoso é mais rico que o arterial nessa região.
  • Costuma sangrar em 0,4 a 10% dos casos (mais em adultos). e a prevalência não difere em técnica intra ou extracapsular.

HIPERÊMESE / DESIDRATAÇÃO HIPONATRÊMICA:

  • Torpor, adinamia, rebaixamento do nível de consciência, PCR.
  • Pouco conhecida, subdiagnosticada.

Lembrar que em crianças a Síndrome do Desconforto Respiratório, hemorragia imediata e hiperêmese com desidratação são as complicações mais comuns.

25
Q

Qual a taxa de persistência de apneia após tratamento cirúrgico e quais os 4 fatores mais associados?

A

Em cerca de 17-50% pode persistir a apneia após cirurgia. Principais causas:

  • Obesidade (MAIS IMPORTANTE)
  • IAH elevado (apneia grave).
  • Idade > 7 anos
  • Asma
26
Q

Quais outras medidas existem para tratamento?

A
  • CPAP (casos selecionados).
  • Controle de peso
  • Medicamentos (o uso de corticoides tópicos nasais e antileucotrienos apresentam resposta discreta, mas é boa opção para SAOS leve).
  • Tratamento ortodôntico
  • Traqueostomia (raro, casos graves, crianças sindrômicas).
27
Q

Quando considerar CPAP na infância?

A
  • Falha da A+A.
  • Contraindicação cirúrgica
  • Tratamento inicial nos casos de crianças com síndromes craniofaciais ou doenças neurológicas (geralmente de risco cirúrgico aumentado).
28
Q

Quando considerar BiPAP na infância?

A

Se indicação para CPAP mas houver necessidade de pressão superior a 14-18 cmH20 (igual do adulto), pacientes com dificuldade expiratória ou hipoventilação associada

29
Q

Qual a principal complicação do uso de CPAP na infância?

A

Risco maior para ATRESIA MAXILAR

30
Q

Qual tratamento deve ser indicado em pacientes com SAOS, hipertrofia adenoamigdaliana e atresia maxilar prévia?

A

A+A associada a
EXPANSÃO RÁPIDA DA MAXILA.