FR Flashcards

1
Q

O que é a FR?

A

Doença inflamatória sistêmica aguda, sendo uma sequela tardia de infecção streptocócica.

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2
Q

Qual o microrganismo envolvido na FR?

A

A FR é desencadeada após uma infecção pelo strepto beta-hemolítico do grupo A de Lancefield.

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3
Q

Qual infecção streptocócica pode desencadear a FR?

A

Apenas a infecção da orofaringe.

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4
Q

Qual a importância da FR?

A

É uma doença ENDÊMICA no Brasil, sendo que a valvopatia reumática crônica é a principal doença CV adquirida em adolescentes e adultos jovens, correspondendo à principal causa de morte CV antes do 40a.

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5
Q

Qual a patogenia da FR?

A

A infecção da orofaringe pelo strepto é necessária, produzindo anticorpos que farão uma reação cruzada com diversos tecidos do organismo (mecanismo auto-imune), promovendo inflamação não supurativa nos tecidos acometidos. A cada novo surto de FR, a reação inflamatória se exacerba, aumentando cada vez mais o dano a cada surto, o que é especialmente importante na lesão cardíaca, pois a cada surto há uma pior sequela cardíaca.

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6
Q

Qual a epidemiologia da FR?

A

5-15 anos, meninas, países em desenvolvimento (baixo nível socioeconômico, acesso à saúde e aglomeração).

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7
Q

Quais os fatores de risco da FR?

A

História prévia de FR (PRINCIPAL), magnitude da resposta imunológica (títulos altos de ASLO) e magnitude do processo infeccioso.

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8
Q

Todos os pacientes com FR apresentam história prévia de faringoamigdalite sintomática?

A

Não, cerca de 1/3 pode se apresentar com uma faringoamigdalite assintomática, apresentando apenas sintomas da FR.

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9
Q

Qual o QC mais COMUM da FR?

A

Febre + sintomas constitucionais + poliartrite migratória, podendo ou nõa haver sopro cardíaco.

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10
Q

Quais os ddx da FR?

A

Outras síndromes febris da idade: EI, doença de Still, leucemia aguda e outras artrites pós-infecciosas.

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11
Q

Qual o período de latência entre a infecção e a FR?

A

1-5 semanas.

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12
Q

Quais os principais alvos da FR?

A

Articulações (p), coração (2° p), pele e SNC.

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13
Q

Como é a artrite da FR?

A

Poliartrite de grandes articulações periféricas (joelho, tornozelo, cotovelo, punhos), migratória (dura 1-5 dias em cada artic) e assimétrica. Não é comum afetar pequenas articc da mão e pé e esqueleto axial.

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14
Q

Quais os achados de exame físico da articulação acometida por FR?

A

Dor, calor, rubor e edema.

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15
Q

Qual o prognóstico do acometimento articular da FR?

A

2-4 semanas tende a durar o quadro, não deixando sequelas/deformidades (“lambe a articulação”).

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16
Q

Qual a relação entre a artrite e a cardite?

A

Existe uma relação inversa entre a gravidade de acometimento da articulação e a gravidade da cardite.

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17
Q

O que é visto artrocentese da FR?

A

Leucócitos entre 10-100 mil, predomínio de PMN e coágulo de mucina.

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18
Q

Qual a importância da cardite da FR?

A

É o grande determinante da morbimortalidade desses pacientes, ditando o prognóstico da doença. “Lambe a articulação e morde o coração”.

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19
Q

Como a cardite se manifesta?

A

Pode acometer os 3 folhetos do coração (endocárdio, miocárdio e pericárdio), porém o endocárdio está SEMPRE acometido. A manifestação do acometimento endocárdico é a valvulite, do miocárdio pode ser assintomático ou ICA e do pericárdio a pericardite. Quando acomete os 3 folhetos, é chamada de pancardite reumática exsudativa.

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20
Q

Quais as principais valvopatias associadas à FR?

A

A insuficiência mitral, seguida da insuficiência aórtica.

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21
Q

Quais outras valvopatias podem ocorrer na FR?

A

Com o passar dos surtos, a maior lesão valvar pode transformar uma insuficiência em estenose ou em dupla lesão (estenose + insuficiência).

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22
Q

Qual o prognóstico da cardite?

A

Caso não tratada, tende a durar 2 meses. O primeiro surto de FR tende ser branda e não deixar sequelas, porém conforme novos surtos vão acontecendo, maior é o grau de lesão e a chance de uma sequela valvar grave.

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23
Q

Qual o achado de exame físico da cardite?

A

Sopro de regurgitação mitral (principal). Caso haja acometimento de miocárdio, pode haver manifestações de ICA (edema pulmonar, turgência jugular patológica, ICC), e do pericárdio pode haver atrito pericárdio, dor pleurítica e supra de ST difusamente no ECG.

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24
Q

Quais outros tipos de sopros podem ser encontrados na FR?

A

Carey coombs (estenose mitral símile, mas com estalido de abertura - ruflar) e supro de insuficiência aórtica.

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25
Q

Explique a semilogia do sopro regurgitativo.

A

Sopro holossistólico, pode abafar B1, grande intensidade e irradia para a região axilar ou dorso.

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26
Q

Quais os achados histopatológicos da cardite por FR?

A

É muito raro ser realizada a bx, porém quando é feita, pode-se visualizar um achado patognomônico de FR, que é o nódulo de Aschoff (pela fusão das células de Anitschkow).

27
Q

Qual o achado de ECG da cardite reumática?

A

Alargamento do intervalo PR (BAV 1° grau).

28
Q

Quais as formas de acometimento cutâneo da FR?

A

Nódulos subcutâneos e eritema marginado.

29
Q

O que é o eritema marginado?

A

É uma manifestação rara da FR, sendo um rash eritematoso, máculopapular, com bordas nítidas avermelhadas e serpiginosas com centro claro. Não é pruriginoso ou doloroso e são migratórias. O calor pode desencadear o aparecimento da lesão. Não responde aos anti-inflamatórios.

30
Q

Com qual lesão o eritema marginado está relacionado? Explique.

A

Com a cardite, sendo que quando o eritema está presente, posso procurar acometimento cardíaco, pois essa associação é extremamente frequente. O contrário não é verdadeiro, pois o eritema é raro.

31
Q

Em qual outra situação o eritema marginado pode estar presente sem relação com a FR?

A

Nas farmacodermias.

32
Q

Comente sobre os nódulos subcutâneos.

A

Semelhantes aos da AR e LES, sendo firmes, indolores, até 2 cm, solitários ou numerosos, sem sinais flogísticos. Comum sobre tendões, superfícies extensoras e sobre proeminências ósseas. Associação com a cardite, sendo que esta costuma ser grave. É a manifestação “maior” mais rara da doença.

33
Q

Como o acometimento do SNC se manifesta na FR?

A

Através da coréia de Sydenham (dança de São Vito).

34
Q

Quando ocorre a coréia de Sydenham?

A

Geralmente após 1-6 meses do início do quadro, podendo ser a ÚNICA manifestação da FR.

35
Q

O que é a coreia?

A

É um distúrbio motor involuntário (extrapiramidal) com movimentos bruscos e fora de propósito nas extremidades e face.

36
Q

Qual a importância da coréia de Sydenham?

A

É a causa mais comum de coreia em crianças, sendo que a presença de coreia nessa faixa etária deve me direcionar para o dx de FR.

37
Q

Qual a patogenia da coréia de Sydenham?

A

Acometimento por auto-Ac nos núcleos da base.

38
Q

O que pode piorar e melhorar a coréia de Sydenham?

A

Costuma desaparecer durante o sono e piorar durante o estresse emocional.

39
Q

Quais manifestações podem estar associadas à coréia de Sydenham?

A

Labilidade emocional.

40
Q

Qual o prognóstico da coréia de Sydenham?

A

Dura 3-4 meses, sendo autolimitado e livre de sequelas. Pode haver maior prevalência de TOC e tiques após a coreia.

41
Q

O que são reagentes de fase aguda?

A

Qualquer proteína plasmática que tenha seus níveis alterados em 25% ou mais por um processo inflamatório sistêmico.

42
Q

Quais os tipos de reagentes de fase aguda e qual é o importante para a FR?

A

Negativos (tem seus níveis diminuídos em 25% ou mais por um processo inflamatório sistêmico) ou positivos (aumentados), sendo estes os importantes para a FR.

43
Q

Quais os reagentes de fase aguda úteis no dx de FR?

A

PCR, VHS e mucoproteínas (alfa-1-glicoproteína e alfa-2-macroglobulina).

44
Q

Comente sobre a PCR na FR.

A

Está SEMPRE > 3 mg/dl (ou 30 mg/L), é o 1° marcador a subir, porém o 1° a se normalizar, ocorrendo antes da resolução do processo inflamatório e pelo uso de drogas anti-inflamatórias, não sendo bom para acompanhar o processo inflamatório da doença.

45
Q

O que é a VHS?

A

Mede a sedimentação das hc ao longo de uma hora. O normal é < 10 mm/h em homens e 20 em mulheres. Quanto menor for a eletrorepulsão entre as hemácias (ou seja, quanto menos carga elas tiverem - negativas), maior é a VHS. Os principais determinantes da VHS são as proteínas plasmáticas, pois as hc apresentam cargas negativas em sua superfície, fazendo com que essas proteínas possam neutralizar essas cargas e aumentarem o VHS. As principais proteínas envolvidas são o fibrinogênio (processo inflamatório agudo) e as gamaglobulinas (processo inflamatório crônico).

46
Q

Comente sobre a VHS na FR.

A

Costuma ser o 2° marcador a se elevar e o 2° a se normalizar, também não tendo relação com a resolução do processo inflamatório e pode normalizar com o uso de anti-inflamatórios.

47
Q

Comente sobre as mucoproteínas na FR.

A

São os reagentes de fase aguda MAIS PRECISOS para acompanhar a resposta inflamatória na FR, pois só se negativam após a resolução dele e não sofrem influência do uso de anti-inflamatórios. São os últimos marcadores a se elevarem e os mais duradouros.

48
Q

Quais as provas imunológicas alteradas na FR?

A

ASLO, anti-DNAse B e anti-hialuronidase, sendo o ASLO o principal, que pode persistir por até 6m após a infecção (é elevado quando > 333 unidades Todd).

49
Q

Quais outras alterações laboratoriais podem estar presentes na FR?

A

Leucocitose com neutrofilia, anemia normocítica hipocrômica (inflamatória) e leve aumento de aminotransferases (especialmente de AST).

50
Q

Como é feito o dx de FR?

A

É um dx de exclusão, sendo feito pelos critérios de Jones modificados (2015), sendo que os critérios necessários para dx mudam de acordo com o risco de FR nos países pelos cenários epidemiológicos.

51
Q

Quais os critérios de Jones modificados?

A

São 5 maiores (principais manifestações clínicas) e 4 menores (comemorativos frequentes mas não específicos), além do critério obrigatório (demonstração da infecção pelo strepto beta hemolítico do grupo A de Lancefield). Para o Brasil, entra como critério de “artrite” quadros de poli ou monoartrite e POLIARTRALGIA também. Febre é > 38° e VHS aumentado > 30.

52
Q

Quantos critérios são necessários para dx de FR no Brasil?

A

Para o primeiro episódio, são necessários 2 critérios maiores ou 1 maior e 2 menores, sempre tendo o obrigatório positivo. Para episódios recorrentes, deve haver 2 maiores, 1 maior e 2 menores OU 3 menores, sempre com 1 obrigatório.

53
Q

Devo sempre respeitar os critérios de Jones para dx da FR? Explique.

A

Não, existem 3 situações em que não precisam ser respeitados, mas a principal é a coreia de Sydenham isolada.

54
Q

No que se baseia o tto da FR?

A

Erradicar o S. pyogenes e controlar a atividade inflamatória. Em todos os casos de cardite deve ser feito ATB, mas apenas em cardite grave cogita-se o GC.

55
Q

Como deve ser feita a erradicação do S. pyogenes?

A

A droga de escolha é a penicilina G benzatina IM dose única (1.200.000 U se > 20 kg e 600.000 se < 20 kg). *Outras drogas podem ser: amoxi, azitro, penicilina V oral, cefalexina, clindamicina, …

56
Q

A erradicação do S. pyogenes altera o curso da FR?

A

NÃO, pois é uma sequela tardia e não infecciosa, apenas sendo útil para erradicar aquela cepa reumatogênica da bactéria.

57
Q

Qual o tto da artrite, febre e sintomas gerais?

A

AAS (escolha), sendo que a resposta da artrite é DRAMÁTICA (primeiras 24h). Adultos: a resposta ao AAS é ruim –> usar prednisona 1 mg/kg/dia.

58
Q

Qual a importância da resposta dramática da artrite ao uso de AAS?

A

Ajuda no ddx, sendo que essa resposta não é tão rápida em casos de artrite pós-infecciosa.

59
Q

´Como é feito o tto da cardite e da coreia?

A

Cardite: prednisona 2 mg/kg/dia (associar AAS durante o desmame). Caso ICA, metilprednisolona em pulsoterapia. Coreia: prednisona + SEDAÇÃO (haloperidol, fenobarbital, clorpromazina, valproato e pimozida).

60
Q

Quais as formas de profilaxia da FR?

A

Primária (evitar o primeiro surto na vigência de uma faringoamigdalite) e secundária (evitar a recorrência de surtos).

61
Q

Como deve ser feita a profilaxia primária da FR?

A

Tratamento oportuno da faringoamigdalite, DEVENDO SER INICIADO EM ATÉ 9 DIAS do início dos sintomas (quanto mais precoce, melhor).

62
Q

Como deve ser feita a profilaxia secundária da FR?

A

Feito para todo o indivíduo que já teve FR pelo alto risco de recorrência na reinfecção (especialmente nos 1os 5 anos após o surto). É feita antibioticoprofilaxia com penicilina G benzatina IM a cada 3 semanas (21 dias) na dose dependente do peso (questões anteriores).

63
Q

Qual a duração da profilaxia 2ária da FR?

A

FR sem cardite: 5 anos após o último episódio ou até os 21 anos (o que for mais longo). FR com cardite leve sem lesão residual ou insuficiência mitral leve: 10 anos ou até os 25 anos. FR com cardite e lesão valvar residual moderada a grave: até os 40 anos ou ad eternum.

64
Q

Qual o prognóstico da FR?

A

Depende da ocorrência da cardite, sendo rara a morte na FR aguda por ICA. A principal valvopatia da FR CRÔNICA é a estenose mitral.