Cicatrização de Feridas Flashcards
(47 cards)
feridas agudas
qualquer violação da integridade de um tecido vivo pode ser considerada uma ferida.
- podem ser abertas quando ocorrem como rupturas, cortes ou punções; ou fechadas / contusão, o traumatismo cego por aplicação de força pode causá-las, em que a pele parece estar intacta, mas está sofrendo em decorrência dos dano causado aos tecidos subjacentes.
feridas abertas podem ser classificadas em:
- lacerações
- perfurações
- abrasões
- avulsões
- amputações
lacerações
rupturas e cortes irregulares, com tecidos moles rompidos subjacentes.
- produzidas por facas cegas, fragmentos de bomba e máquinas, podendo incluir esmagamento tecidual.
- são contaminados com frequência
perfurações
são bastante preocupantes em diabéticos, pois muitos apresentam polineuropatia e insensibilidade nos pés, que levam à aquisição de lesões ocultas.
- podem ser causadas por arames, agulhas, projéteis
abrasões
a camada superficial da pele é removida, se presta à infecção por si só.
- joelhos e cotovelo ralados, queimaduras com corta.
avulsões
cortes de pele rompidas parcialmente (continua presa ao corpo) ou totalmente (se solta do corpo), é comum haver sangramento intenso.
amputações
a não traumática resulta na remoção não cirúrgica do membro do corpo e é acompanhada de sangramento intenso.
técnicas gerais do tratamento de feridas
- 1ª intenção: todos os tecidos, inclusive a pele, são fechados com sutura
- 2ª intenção: a ferida é deixada aberta e se fecha naturalmente
- 3ª intenção: a ferida é deixada aberta por alguns dias e, então, fechada se for considerada limpa.
processo de cicatrização da ferida
pode ser visto como uma cascata que é governada por numerosas alças de feedback e circuitos regulatórias que são dirigidas por sinais oriundos do tecido da própria ferida e do microambiente da ferida, bem como pelas intervenções sob as condições a que a ferida é sujeita na terapia.
cascata da cicatrização de feridas
- fase de hemostasia e inflamatória;
- fase proliferativa [granulação, vascularização e síntese (contração e epitelização) da ferida];
- fase de remodelamento (formação da cicatriz, força tênsil e renovação dos componentes da MEC).
hemostasia
é uma resposta fisiológica protetora à lesão vascular, que resulta na exposição de componentes sanguíneos às camadas subendoteliais da parede do vaso.
- ação de um tampão que se forma na ferida em questão de segundos, através de vasoconstrição, e pela formação de um coágulo sanguíneo hemostático constituído de plaquetas e fibrina.
inflamação
a lesão tecidual deflagra uma resposta de fase aguda inflamatória, com função de preparar o sítio da ferida para o fechamento. ela é caracterizada por padrões espacial e temporalmente variáveis de subgrupos de leucócitos específicos.
- abrange uma série de respostas de tecidos corporais vascularizados à lesão
- rubor, tumor, calor e dor (níveis macroscópicos)
- ao nível celular, a inflamação resulta da coordenação de múltiplos sistemas de receptores e sensores que afetam os programas transcricionais e pós transcricionais necessários à defesa do hospedeiro e resolução da infecção.
resposta inflamatória na ferida
1 - bactérias e outros patógenos entram na ferida;
2 - plaquetas oriundas do sangue liberam proteínas de coagulação sanguínea no sítio da ferida;
3 - mastócitos secretam fatores que mediam a vasodilatação e vasoconstricção - fornecimento de sangue, plasma e células para a área lesada;
4 - neutrófilos e macrófagos removem patógenos por fagocitose;
5 - macrófagos liberal citocinas, que atraem células do sistema imune para o sítio e ativam células envolvidas no reparo tecidual;
6 - a resposta inflamatória continua até o material estranho ser eliminado e a ferida, reparada.
plaquetas
a formação de coágulo ou do trombo depende da ativação plaquetária, o coágulo rico em plaquetas também captura neutrófilos. isso ajuda a amplificar a coagulação e estabelece a base para a resposta defase aguda inflamatória subsequente.
- decorridas algumas horas da aquisição da lesão, numerosos neutrófilos extravasam para o sítio da ferida. para que isso seja possível os vasos sanguíneos locais são ativados por citocinas pós inflamatórias, elas induzem a expressão das moléculas de adesão necessárias à adesão e diapedese dos leucócitos, elas se ligam às integrinas expressas na superfície dos neutrófilos.
- no caso de ferida infeccionada, os produtos bacterianos podem intensificar o recrutamento de neutrófilos para o sítio da lesão.
diapedese
em capilares sadios permeáveis, o revestimento endotelial impede as células sanguíneas de saírem da
circulação. em resposta à lesão, os vasos sanguíneos localizados ao redor do sítio da ferida sofrem vasodilatação, com aumento
da permeabilidade dos capilares. esta alteração permite que as células inflamatórias extravasem através da parede dos capilares e migrem para o sítio da lesão. este processo inclui a liberação de líquido a partir dos vasos, no espaço extracelular, resultando na resposta edematosa comumente observada durante a inflamação
neutrófilos
atravessam as vênulas pós capilares nos sítios inflamatórios, degradam patógenos junto aos fagolisossomos e sofrem apoptose. suas funções variam da fagocitose de agentes infeciosos à depuração de tecidos desvitalizados.
- quando cobertos com opsoninas, os micro organismos se ligam a receptores específicos existentes na superfície dos fagócitos, com invaginação da membrana e incorporação deles para dentro do fagossomo intracelular.
- por estarem relacionados ao
processo inflamatório geral deflagrado em resposta à lesão, os neutrófilos são os principais elementos participantes, pois conseguem modificar a função dos macrófagos e, portanto, regular a resposta imune inata durante a cicatrização da ferida. na ausência de neutrófilos, parece que os macrófagos presentes no sítio da
lesão ficam sem orientação para conduzir o processo da cicatrização.
cessação da infiltração neutrofílica
em uma ferida em processo de cicatrização, a infiltração neutrofílica cessa após alguns dias da aquisição da lesão. os neutrófilos que participaram do processo são programados para morrerem e os neutrófilos que estão morrendo são reconhecidos pelos macrófagos presentes no sítio da lesão e fagocitados. no sítio da ferida, uma
pequena parte dos macrófagos são residentes e a maioria é recrutada a partir da circulação periférica. o
extravasamento dos monócitos sanguíneos periféricos é possibilitado pela interação entre a molécula de adesão celular endotelial vascular-1 e o antígeno de monócito bem tardio-4. depois que os monócitos saem do vaso sanguíneo e transmigram para o sítio da ferida atravessando o
microambiente da MEC, o processo de diferenciação dos monócitos em macrófagos é iniciado.
- no sítio da ferida, os macrófagos atuam como células apresentadoras de antígeno e fagócitos
removedores de células mortas e debris. em adição, eles distribuem uma ampla variedade de fatores
de crescimento que são conhecidos pela capacidade de promover o processo de cicatrização de feridas.
mastócitos
papel central na mediação das respostas alérgicas, eles são fisiologicamente importantes no reconhecimento de patógenos e na regulação da resposta imune, podem liberar instantaneamente vários mediadores pró inflamatórios.
- a ativação do mastócito ajuda a iniciar a fase inflamatória, em resposta a lesão os mastócitos presentes no sítio da ferida degranulam em questão de horas e, assim, são histologicamente silenciados no tecido da ferida. após 48h, eles são vistos novamente e aumentam em número.
eventos centrais da cicatrização controlados pelos mastócitos
- deflagração e modulação do estágio inflamatório;
- proliferação de elementos celulares conectivos;
- remodelamento final da matriz tecidual conectiva recém formada.
um excesso ou déficit de mediadores biológicos degranulados causam comprometimento do reparo, com formação de um exuberante tecido de granulação (queloides e cicatrizes hipertróficas); atrasam o fechamento (deiscência) e tornam crônico o estágio inflamatório.
macrófagos
tipo celular predominante na ferida em cicatrização, decorridos 3-5 dias da aquisição da lesão. a função primária aguda é atuar como fagócitos vorazes limpando da ferida todos os debris de matriz e células. eles também produzem uma gama de citocinas, fatores de crescimento e angiogênicos que conduzem à proliferação dos fibroblastos e à angiogênese.
- são células plásticas e angiogênicas, classificadas em dois grupos: classicamente ativados ou de tipo I, que são efetores pró inflamatórios; e alternadamente ativados ou de tipo II.
- os presentes em feridas diabéticas exibem respostas inflamatórias disfuncionais.
resolução da inflamação
as respostas inflamatórias deflagradas pela lesão somente são úteis ao processo de cicatrização quando ocorrem no momento certo e são transientes.
- para que a resolução ocorra, o recrutamento de leucócitos adicionais deve ser interrompido e acompanhado da remoção dos leucócitos do sítio inflamatório. no sítio da ferida, a fagocitose bem sucedida dos neutrófilos mortos pelos macrófagos é um fator
decisivo. o comprometimento da função do macrófago no sítio da ferida arruína a resolução da inflamação.
mediadores lipídicos
são um novo gênero de poderosos componentes estereosseletivos que contrarregulam a inflamação aguda excessiva e estimulam eventos moleculares e celulares definidores da resolução.
- p êxito da resolução abre caminho para que o processo de cicatrização avance rumo ao fechamento bem-sucedido da ferida. a inflamação prolongada pode não só comprometer o fechamento da ferida como também piorar o
resultado final da formação da cicatriz.
infecção
problema comum nas feridas crônicas. a infecção e subsequente liberação de moduladores pró inflamatórios resulta em dor (compromete a resposta imune à infecção) e atraso da cicatrização.
- a colonização é definida pela presença de bactérias proliferantes na ausência de uma resposta perceptível do hospedeiro, ela pode intensificar ou impedir a cicatrização da ferida, dependendo da carga bacteriana - as superiores a 10^5 organismos/g de tecido ameaçam a cicatrização da ferida, mas pode ser alterado pelo sistema imune do hospedeiro, bem como pelo número e tipos de espécies bacterianas presentes.
tipos de colonização
- colonização crítica: carga bacteriana aumentada ou infecção encoberta e a ferida pode entrar em um estágio inflamatório crônico não cicatrizante.
- colonização substancial: pode não causar os sinais evidentes de inflamação, mas afetará a cicatrização da ferida.
- colonização grave: os sinais são a atrofia ou deterioração do tecido de granulação; descoloração do tecido de granulação em uma cor cinza ou vermelho - escuro; aumento da friabilidade da ferida; e aumento da drenagem. a transição para infecção ocorre quando a proliferação bacteriana supera a resposta imune do hospedeiro e este sofre uma lesão.