Conceito, Objeto, FInalidade e Cifras Flashcards
(42 cards)
FINALIDADE DA CRIMINOLOGIA
Os fins básicos da Criminologia são:
✔ Informar a sociedade e os poderes constituídos acerca do crime, do criminoso, da vítima e dos
mecanismos de controle social.
✔ Lutar contra a criminalidade (controle e prevenção criminal)
Dentro das finalidades declaradas da Criminologia está a prevenção de crimes. A doutrina, classifica a prevenção em primária, secundária e terciária.
a) Prevenção primária: medidas de médio e longo prazo que atingem a raiz do conflito criminal. Ex.:
investimentos em educação, trabalho, bem-estar social.
b) Prevenção secundária: atua onde o crime se manifesta ou se exterioriza. As chamadas “zonas
quentes de criminalidade”. A prevenção secundária tem em suas principais manifestações na
atuação policial. Outros exemplos: programas de ordenação urbana, controle dos meios de
comunicação e melhora do aspecto visual das obras arquitetônicas.
c) Prevenção terciária: possui um destinatário específico, o recluso. Além disso, possui objetivo certo:
ressocialização do preso, evitando a reincidência.
razões que as levam a essas ocorrências de crimes não comunicados ao Poder Público
A vítima omite o ato criminoso por vergonha ou medo (crimes sexuais);
· A vítima entende que é inútil procurar a polícia, pois o bem violado é mínimo (pequenos furtos);
· A vítima é coagida pelo criminoso (vizinho ou conhecido);
· A vítima é parente do criminoso;
· A vítima não acredita no aparato policial nem no sistema judicial
criminalidade real, criminalidade revelada e cifra negra:
● Criminalidade Real - é a quantidade efetiva de crimes perpetrados pelos delinquentes;
● Criminalidade Revelada/Registrada/Aparente - é o percentual que chega ao conhecimento do
Estado;
● Cifras Negras - a porcentagem não comunicada ou elucidada.
atrição (processo de atrição
consiste no distanciamento progressivo entre as cifras
da criminalidade, ou seja, entre a criminalidade aparente e a real.
CIFRA NEGRA, zona obscura, “dark number” ou “ciffre noir”
Refere-se à porcentagem de crimes não
solucionados ou punidos, à existência de um
significativo número de infrações penais
desconhecidas “oficialmente”. É a “mãe” de
todas as cifras.
CIFRA DOURADA
Trata-se especificamente da criminalidade
cometida pelas classes privilegiadas,
referindo-se também a expressão “crimes de
colarinho branco”. Como exemplo pode-se
citar crimes como: sonegação fiscal, lavagem
de dinheiro, crimes eleitorais.
CIFRA CINZA
Tratam-se dos crimes que chegam ao
conhecimento da autoridade policial,
entretanto não prosperam na fase processual.
CIFRA AMARELA
São os crimes cometidos por funcionários
públicos, onde geralmente a vítima deixa de
denunciar o fato às autoridades competentes
por medo de represálias
CIFRA VERDE
Dizem respeito aos crimes ambientais que não
chegam ao conhecimento das autoridades.
CIFRA AZUL
Contrapõem-se aos chamados “crimes do
colarinho branco”, dizem respeito aos
pequenos crimes comuns praticados por
pessoas economicamente desabastadas e se
verifica como uma alusão aos macacões azuis
utilizados nas fábricas dos Estados Unidos
CIFRA ROSA
Tratam-se dos crimes com viés homofóbico
técnicas de investigação da cifra
negra:
· Investigação em face dos autores ou técnica de autodenúncia;
· Investigação em face de vítimas;
· Investigação em face de informantes criminais;
· Sistema de variáveis heterogêneas:
· Técnica do segmento operativo destinado aos agentes de controle formal (polícia e tribunais).
· Sistema de variáveis heterogêneas: impõe três níveis de controle informático, quais sejam: a análise da cifra negra dos delitos leves, que é maior em razão dos crimes graves; a tendência à
autocomposição das vítimas nos delitos leves, a variação dos métodos de análise de país para país.
Prognóstico Criminológico
O prognóstico criminológico orienta o estudo das causas da reincidência, que será sempre
contingente, pode ocorrer ou não. Podem ser:
a) Prognósticos Clínicos
São aqueles em que se faz um detalhamento do criminoso, por meio da interdisciplinaridade:
médicos; psicólogos, assistentes sociais etc.
b) Prognósticos Estatísticos
São aqueles baseados em tabelas de predição, que não levam em conta certos fatores internos e só
servem para orientar o estudo de um tipo específico de crime e de seus autores (condenados). Nesse
contexto, é preciso avaliar o índice de criminalidade (vários fatores), pois devem ser levados em conta os
fatores psicoevolutivos, jurídico-penais e ressocializantes (penitenciários).
● Fatores psicoevolutivos - levam em conta a evolução da personalidade do agente, compreendendo:
a) doenças graves infanto-juvenis com repercussão somático-psíquica; b) desagregação familiar; c)
interrupção escolar ou do trabalho; d) automanutenção precoce; e) instabilidade profissional; f)
internação em instituição de tratamento para menores; g) fugas de casa, da escola etc.; h) integração
com grupos improdutivos; i) distúrbios precoces de conduta; j) perturbações psíquicas.
● Fatores jurídico-penais - desenham a vida delitiva do indivíduo, compreendendo: a) início da
criminalidade antes dos 18 anos; b) muitos antecedentes penais e policiais (“folha corrida”); c)
reincidência rápida; d) criminalidade interlocal; e) quadrilhas (facções criminosas), qualificadoras ou
agravantes; f) tipo de crime (contra o patrimônio, os costumes, a pessoa).
● Fatores ressocializantes - dizem respeito ao aproveitamento das medidas repressivas, embora no
Brasil as instituições penitenciárias sejam, em regra, verdadeiras pocilgas, que funcionam como
“universidade criminosa”, tamanho o desrespeito aos direitos mínimos do homem. Registrem-se: a)
inadaptação à disciplina carcerária e às regras prisionais; b) precário ou nulo ajuste ao trabalho
interno; c) péssimo aproveitamento escolar e profissional na cadeia; d) permanência nos regimes
iniciais de pena
Conceito de criminologia
Paul Topinard
Garofalo
Lombroso
Majoritariamente, no Brasil, a Criminologia é considerada uma ciência autônoma e interdisciplinar, que possui objeto próprio analisado sob uma perspectiva particular ((Seelig e Shecaria dizem que não é ciencia)
Paul Topinard (1830-1911), o primeiro a utilizar este termo no ano de 1879. Todavia, o termo só passou a ser aceito internacionalmente com a publicação da obra “Criminologia”, já no ano de 1885, de Raffaele Garofalo (1851-1934). Além disso, cabe destacar que a obra “O homem deliquente” de Cesare Lombroso (1876) é considerada o marco científico da Criminologia, pois, como será estudado a diante, o estudioso inaugura a Escola Positivista.
Para (Molina, 1999), a Criminologia é a ciência empírica e interdisciplinar que tem por objeto o
crime, o delinquente, a vítima e o controle social do comportamento delitivo; e que aporta uma informação
válida, contrastada e confiável, sobre a gênese, dinâmica e variáveis do crime - contemplado este como
fenômeno individual e como problema social, comunitário assim como sua prevenção eficaz, as formas e
estratégias de reação ao mesmo e as técnicas de intervenção positiva no infrator.
A criminologia é uma ciência do “ser”, empírica, na medida em que seu objeto (crime, criminoso,
vítima e controle social) é visível no mundo real e não no mundo dos valores, como ocorre com o direito, que
é uma ciência do “dever-ser”, portanto, normativa e valorativa.
Nesse sentido, o domínio do saber criminológico possibilita um conhecimento efetivo mais próximo
da realidade que o cerca, concedendo acesso a dados e estudos que demonstram o funcionamento correto
ou não da aplicação da lei penal.
Método, objeto e função no contexto da Criminologia, como ciência
a) Seu MÉTODO é empírico, indutivo e interdisciplinar;
b) Tem como OBJETO o estudo do crime, pessoa do infrator, vítima e controle social;
c) As suas FUNÇÕES incluem estabelecer programas de prevenção eficaz, técnicas de intervenção
positiva no homem delinquente e modelos ou sistemas de resposta ao delito.
Criminologia X Direito Penal X Política Criminal
Ciências Criminais distintas
DIREITO PENAL : Método Dedutivo, Lógico, Abstrato - DEVER-SER
Analisa os fatos humanos indesejados, define quais devem ser rotulados como crime ou contravenção anunciando as penas.
Ocupa-se do crime enquanto NORMA.
Exemplo: define como crime lesão no ambiente doméstico e familiar.
CRIMINOLOGIA : Método Indutivo, Empírico, interdisciplinar. - SER
Ciência empírica que estuda o crime, o criminoso, a vítima e o
comportamento da sociedade
Ocupa-se do crime enquanto FATO.
Exemplo: quais fatores contribuem para a violência doméstica e familiar.
POLÍTICA CRIMINAL: diretrizes e soluções práticas
Trabalha as estratégias e meios de controle social da criminalidade
Ocupa-se do crime enquanto VALOR
Exemplo: estuda como diminuir a violência doméstica e familiar.
Se é ciência, é divergente (para vunesp é)
Características da criminologia: empirismo
Empirismo diz reseito a ,metodologia, que pode ser empirica ou dogmatica. O direito penal é dogmático, pois parte de uma lógica dedutiva (geral para particular), aplicando a lei (dogma), e deduzindo a realidade a partir desse dogma - CIENCIA DO DEVER SER.
A criminologia é empírica, pois seu objetoestá no mundo real (crime, criminoso, vitima, controle social). - ciência do SER
É empírico, mas nãonecessarimaneto experimental, pois sta pode ser ilícitsa ou ijnviável.
Os juristas partem de hipóteses que consideram corretas para delas deduzirem as consequências.
Os criminólogos, por sua vez, partem de dados para induzirem correspondentes conclusões. Antes de tentar explicar o fenômeno do crime, a Criminologia pretende conhecê-lo.
Características da criminologia: interdisciplinaridade
A interdisciplinaridade da criminologia decorre de sua própria consolidação histórica como ciência
dotada de autonomia, à vista da influência profunda de diversas outras ciências. Na interdisciplinaridade, as ciências comunicam-se estreitamente, fornecendo e recebendo
resultados das demais ciências em um modelo de retroalimentação.
Características da criminologia: conceito tradicional e moderno
CONCEITO TRADICIONAL
OBJETO Estudo do crime e do delinquente
ORIENTAÇÃO Orientação repressiva
INTERVENÇÃO Tratamento do criminoso
PARADIGMA Análise etiológica: estuda as causas/raízes da criminalidade
CONCEITO MODERNO
OBJETOIncorpora o estudo da vítima e do controle social
ORIENTAÇÃO Orientação “prevencionista”
INTERVENÇÃO - Intervenção no cenário do crime - Delito nasce na comunidade e deve ser enfrentado no âmbito da comunidade
PARADIGMA Análise dos modelos de reação ao delito (processos de criminalização), sem renunciar à análise etiológica do crime
Considerando a característica de emprirismo da criminologia, quais as metodologias mais utilizadas para estudar seu objeto?
● Estudos comparativos ou de cotejo de réplicas, chamados de diacrônicos e sincrônicos: o diacrônico
busca averiguar em que se difere (objetivo, elementos, técnicas e conclusões) de estudos anteriores,
tendo forte teor histórico, podendo retratar uma evolução do contexto estudado; o sincrônico busca
averiguar em que se difere estudos realizados em diversas localidades (outras cidades, outros
países), o que pode viabilizar um uma “sintonia fina” entre esses estudos.
● Inquéritos sociais (Social surveys): constituídos por realização de interrogatórios diretos em número
considerável de pessoas, colhendo-se respostas a respeito de dados criminologicamente relevantes,
o que resulta na formação de diagramas, e, dessa forma, no mapeamento da criminalidade,
ferramenta extremamente útil à formação das políticas e estratégias criminais.● Estudo biográfico de casos individuais (Case studies): estudo descritivo e analítico de indivíduos e
suas experiências na delinquência – é busca de porquês (causas) pessoais do cometimento de delitos.
Temos aqui um enfoque microcriminal.
● Observação participante: pesquisa que se opera mediante a inclusão do pesquisador no local, no
contexto em que realidade é examinada. Essa pesquisa pode ser realizada da seguinte forma: viver
em uma comunidade onde a criminalidade tem alta incidência; trabalhar no seio da administração
da justiça, penitenciária ou policial; passar pela experiência de estar preso.
● Técnica de grupos de controle: comparação estatística entre dois grupos com algum traço distintivo,
objetivando obter conclusões a respeito da relevância dessa variável nos indivíduos. Exemplo:
acompanhar o grau de reincidência entre grupos condenados criminais, tendo como traço distintivos
a aplicação ou não da pena privativa de liberdade
Além disso, a doutrina (Molina) aponta técnicas de investigação:
● Quatitativas: estatística (método por excelência), questionário, métodos de medição, que explicam
a etiologia, a gênese e o desenvolvimento. Por si só, é insuficiente.
● Qualitativas: observação participante e entrevista, com interpretações valorativas e relacionais.
Permite compreender as chaves profundas de um problema e, não obstante o caráter subjetivo (por
conta do observador), mostra-se lógica e coerente, uma vez que se verifica a luz dos fatos
observados.
● Transversais: tomam uma única medição da variável ou do fenômeno examinado (ex.: dados
estatísticos).
● Longitudinais: tomam várias medições, em diferentes momentos temporais. Apresenta grande
relevância para a criminologia atual (ex.: biografias criminais, case studies).
Função da criminologia
Oferecer um diagnóstico qualificado e de conjunto do fato criminal mais confiável.
A função prioritária da Criminologia, como ciência interdisciplinar e empírica, é aportar um núcleo de conhecimentos mais seguros e contrastados com o crime, a pessoa do delinquente, a vítima e o controle social.
Objeto: controle social do delito
a) Controle Informal
O controle informal é operado no meio da sociedade civil através da família, escola, ambiente de trabalho e demais espaços de convivência, além da própria opinião pública – estes elementos agem de forma mais sutil, por meio da educação e socialização do indivíduo, acompanhando-o em toda sua existência.
Esse controle tem maior influência em sociedades menos complexas, onde os laços comunitários são fortalecidos pela proximidade, pelo cotidiano, pelo compartilhamento de ideais e valores comunitários
(exemplo disso seria um espirito de amizade e vizinhança nas comunidades rurais). Já nas sociedades mais complexas, onde o outro é desconhecido, e as oportunidades são transitórias, esses laços não teriam efetiva oportunidade de serem formados (ex.: anonimato urbano), de modo que o controle informal é menos presente, o que deixa grande margem de manobra para controle social formal.
b) Controle Formal
O controle social formal é formado pelas instâncias das quais o Estado pode lançar mão para controlar a criminalidade: polícia, administração penitenciária, Ministério Público, juiz.
“Quando as instâncias informais de controle social falham ou são ausentes, entram em ação as agências de controle formais” (Shecaria, 2014), sendo estas marcadas pelo formalismo e coerção, quer dizer, uso organizado (racional) da força, operando através das polícias, do Ministério Público, do Poder Judiciário e da Administração Penitenciária, os quais tem como norte a pena (repressão) como instrumento ordenador da conduta dos indivíduos.
A efetividade do controle formal é sempre relativa e, além disso, opera de forma seletiva e discriminatória, de modo que é recomendável que a atuação do controle social formal opere de forma articulada com o informal – exemplo das polícias comunitárias – e baseado no direito penal mínimo (pena, principalmente a privativa de liberdade, como ultima ratio).
Dierença entre controle social formal e informal
AGENTES
MOMENTO
ESTRATÉGIAS
EFETIVIDADE
CONTROLE SOCIAL INFORMAL
AGENTES Família, escola, religião, clubes recreativos, opinião pública etc.
MOMENTO Disciplina o indivíduo por meio de um largo e sutil processo de socialização, interiorizando ininterruptamente no indivíduo as pautas e conduta.
ESTRATÉGIAS Distintas estratégias (prevenção, repressão, ressocialização etc.) e diferentes modalidades de sanções (positivas, como recompensas, e negativas, como punições).
EFETIVIDADE Costuma ser mais efetivo, porque é ininterrupto e onipresente, o que ajuda a explicar os níveis mais baixos de criminalidade nas pequenas cidades do interior, onde é mais forte. Contudo, o atual enfraquecimento dos laços familiares e comunitários explica em boa medida a escassa confiança depositada na sua efetividade.
CONTROLE SOCIAL FORMAL
AGENTES Polícia, Ministério Público, Poder Judiciário, administração
penitenciária.
MOMENTO Entra em funcionamento quando as instâncias informais de controle falham.
ESTRATÉGIAS Atua de modo coercitivo (violento) e impõe sanções mais estigmatizantes, que atribuem ao infrator da norma um singular status (de desviado, perigoso ou delinquente).
EFETIVIDADE A eficaz prevenção do crime não depende tanto da maior efetividade do controle social formal, senão da melhor
integração do controle social formal e informal. O controle razoável e eficaz da criminalidade não pode depender exclusivamente da efetividade das instâncias do controle social, pois a intervenção do sistema legal não incide nas raízes do delito.