Direito Processual Penal - Prisões - parte 1 Flashcards

(72 cards)

1
Q

O que é suplício?

A

Aplicação de penas em que se utilizam, cruelmente, do corpo do condenado. Segundo Foucault, as punições medievais era através de suplícios.

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2
Q

Explique, de forma breve, como ocorre o desaparecimento das penas de suplício para formas mais humanizadas de aplicação da pena.

A

1º. No período feudal e absolutista prevaleciam as penas de suplício, utilizando-se o corpo como alvo da punição;
2º. Com a transição para o regime industrial, o corpo deixou de ser visto como objeto de suplício e passou a ter valor econômico, valorizando-se o tempo útil dele. Seria mais eficiente punir sem destruir o corpo;
3º. Após, surge então a prisão e a discplina. Ao invés de destruir o corpo, o Estado passa discipliná-lo e controlá-lo.

obs.: A pena se tornou “mais humana” não só porque a sociedade ficou mais ética, mas também porque era mais funcional ao capitalismo industrial moldar corpos para trabalhar e obedecer, e não destruí-los.

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3
Q

Explique brevemente o processo de docilização dos corpos trazido por Foucault na sua obra “vigiar e punir”.

A

É um processo em que o corpo entra em uma maquinaria de poder que dissocia o poder do corpo. Esse processo torna o corpo apto/capaz para produzir, mas, ao mesmo tempo, tira a energia e potência disso, fazendo com que esse corpo sujeite-se estritamente.

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4
Q

Qual a diferença entre o pensamento da Escola Clássica e o pensamento de Foucault?

A

Para a Escola Clássica, a pena humanizada vem de um avanço moral e filosófico do direito e da razão. Já para Foucault, a pena humanizada advém de uma mudança na lógica do poder: do castigo visível para o controle sutil.

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5
Q

O que é necropolítica e quem cunhou esse termo?

A

Termo trabalhado por Achille Mbembe e consiste em uma ampliação do conceito de biopoder utilizado por Foucault em sua obra Vigiar e Punir. O Biopoder consiste no poder do Estado de decidir quem fará viver e quem deixará morrer, ou seja, quem o Estado promoverá a vida e quem o Estado negligenciará a vida.

Já a Necropolítica amplia a perspectiva de Foucault e defende que, em alguns contextos, como em caso de racismo sistêmico, colonialismo e guerras, o Estado dita quem pode viver e quem DEVE morrer.

A necropolítica trata da gestão da morte no controle dos excedentes do capitalismo neoliberal.

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6
Q

Conceitue capitalismo neoliberal.

A

Trata-se da redução de tudo e de todos a valores mercadológicos, visando um aumento da economia do país, uma austeridade fiscal e o afastamento de pessoas que não se encaixem nesse projeto. As prisão é uma local para realizar essa neutralização. Diferencia-se do Capitalismo Clássico/liberal principalmente em razão da aceitação de uma pequena intervenção estatal com vistas a garantir condições para o mercado e não para protegê-lo com políticas sociais amplas.

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7
Q

Porque o racismo é um fator chave para a atuação repressiva do poder público e controle da sociedade?

A

Justamente em razão de o capitalismo neoliberal ter por objetivo a extinção das pessoas que não contribuem para esse modelo mercadológico. Ora, a população negra ainda integra os maiores índices de pobreza e desigualdade social, razão pela qual, seguindo a lógica do capitalismo neoliberal, não movimentam a máquina capitalista de forma positiva. Portanto, é, em geral, sobre a população negra que recai a atuação repressiva do poder público na sociedade.

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8
Q

Informe as dimensões do princípio da presunção de inocência.

A

Dimensão interna: dever de tratamento imposto inicialmente ao magistrado de determinar que a carga da prova seja inteiramente do acusador.;

Dimensão externa: proteção do acusado contra publicidade abusiva e estigmatização.

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9
Q

Segundo os Tribunais Superiores, de quem é o ônus da prova?

A

O ônus da prova, conforme entendimento dos Tribunais superiores, cabe a quem alega. Todavia, em uma posição minoritária e defensorial, é possível sustentar que o ônus da prova cabe totalmente ao órgão acusador, que deve provar se o fato é típico, ilícito e culpável. Segundo essa corrente, não caberia à defesa provar nem as excludentes de ilicitude, de culpabilidade e álibis que eventualmente alegue.

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10
Q

Quais as espécies de prisão cautelar no Brasil/?

A

Prisão temporária: aquela com prazo definido em lei e com o objetivo de auxiliar nas investigações durante o inquérito;
Prisão preventiva: não há prazo específico em lei, embora o STF fixe um prazo de 90 dias para que seja revista. Tem por finalidade garantir a a ordem pública, a conveniência da instrução criminal e assegurar a aplicação da lei penal.

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11
Q

Qual o prazo máximo da prisões cautelares?

A

Prisão temporária: prazo padrão - 5 dias+5 dias; crime hediondo - 30 dias+30;

Prisão preventiva: não há prazo específico em lei, embora o STF fixe um prazo de 90 dias para que a medida seja reavaliada.

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12
Q

Encerrada a instrução criminal, fica superada a alegação de constrangimento ilegal por excesso de prazo?

A

Sim. É o entendimento do STJ.

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13
Q

Pronunciado o réu, fica superada a alegação de constrangimento ilegal da prisão por excesso de prazo?

A

Sim. É o entendimento do STJ.

Esse entendimento não é absoluto. Se, após a pronúncia, houver demora irrazoável e injustificada para designar o julgamento pelo Tribunal do Júri, a prisão pode ser considerada ilegal.

O STF e o STJ analisam caso a caso, com base no princípio da razoabilidade e proporcionalidade.

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14
Q

Os diplomados (aqueles com ensino superior) tem direito a prisão especial?

A

Apesar de haver disposição expressa no CPP nesse sentido, o STF, em ADPF proposta pelo PGR, manifestou-se pela não recepção da referida normativa, haja vista que afronta a nova ordem cosntitucional instituída pela CF/88, que assegura a igualdade de todos perante a lei.

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15
Q

Quem pode prender em flagrante delito?

A

Qualquer do povo poderá e as autoridades policiais e seus agentes deverão prender quem quer que seja encontrado em flagrante delito.

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16
Q

Qual a natureza jurídica da prisão em flagrante?

A

Prevalece que trata-se de medida pré-cautelar, porque antecede uma deliberação cautelar por aprte da autoridade judiciária. Corrente minoritária defende que trata-se de ato adm. E há resquício doutrinário de que trata-se de medida cautelar.

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17
Q

Quais as formas de prisão em flagrante? Fale brevemente sobre cada uma delas.

A

a)flagrante próprio: quem está cometendo a infração penal ou acaba de cometê-la;
b)flagrante impróprio: quem é perseguido, LOGO APÓS, pela autoridade, pelo ofendido ou por qualquer pessoa, em situação que faça presumir ser autor da infração;
c)flagrante presumido ou ficto: quando o agente é encontrado, LOGO DEPOIS, com instrumentos, armas e objetos ou papéis que façam presumir ser ele autor da infração;
d)flagrante preparado: é ilegal e crime impossível, conforme súmula 145 do STF. Surge a partir da indução do agente à prática do crime para efetuar a prisão;
e)flagrante diferido, retardado ou ação controlada: é aquele em que os policiais retardam o flagrante para obter mais provas do crime. É considerado legal desde que preenchidos os requisitos legais.

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18
Q

Cessado o prazo contido no mandado de prisão temporária, deve ser aberta vista imediata ao Ministério
Público para se manifestar sobre a continuidade ou não da medida?

A

Não há disposição expressa nesse sentido. Conforme o § 7º do artigo 2º da Lei nº 7.960/1989, decorrido o prazo estabelecido no mandado de prisão temporária, a autoridade responsável pela custódia deve, independentemente de nova ordem judicial, colocar o preso em liberdade, salvo se já tiver sido comunicada da prorrogação da prisão temporária ou da decretação da prisão preventiva.

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19
Q

Qual o lapso temporal que define o “logo após”, em caso caso de flagrante impróprio?

A

A legislação não fixou um lapso temporal para elucidar o que seria o “logo após”. A jurisprudência e a doutrina majoritárias entendem que não há um prazo exato em minutos, mas deve ser compreendido como um intervalo de tempo razoável entre a prática do crime e o início da perseguição, desde que esta seja contínua e initerrupta.

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20
Q

Qual o lapso temporal que define o “logo depois” em caso de flagrante presumido ou ficto?

A

A legislação também não fixou um lapso temporal para elucidar o que seria o “logo após”, todavia a jurisprudência e a doutrina majoritárias admitem uma interpretação mais flexivel em comparação do “logo após” do flagrante impróprio. A jurisp tem admitido um lapso temporal maior nesse caso, desde que existam elementos que façam presumir sua autoria, como a posse de objeto de crime.

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21
Q

É possível a realização de audiência de custódia por videoconferência?

A

Em regra não, todavia o STF atribuiu interpretação conforme ao art. 310 do CPP para assentar que o juiz, em caso de urgência, e se o meio se revelar idôneo, poderá realizar a audiência de custódia por videoconferência.

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22
Q

Desde quando a audiência de custódia tem previsão legal no ordenamento jurídico brasileiro?

A

Inicialmente, a audiência de custódia tinha previsão apenas na Convenção Americana de Direitos Humanos (CADH) e no Pacto Internacional de
Direitos Civis e Políticos, além da Resolução nº 213/2015 do CNJ.
Com o advento do Pacote Anticrime, o CPP foi alterado a fim de incluir expressamente a audiência de custódia em alguns dispositivos.

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23
Q

O que pode ser analisado em audiência de custódia?

A

a) a ilegalidade da prisão, podendo o juiz determinar o relaxamento, se houve algum tipo de violência no momento da prisão em flagrante;
b) liberdade provisória, com ou sem medidas cautelares diversas da prisão;
c)a conversão da prisão em flagrante em prisão preventiva.

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24
Q

A audiência de custódia deve ser realizada em caso de prisão por mandado de prisão ou prisão civil?

A

Conforme entendimento do STF, é para todo e qualquer tipo de prisão. Incluindo prisão civil e definitiva.

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25
O que acontece caso não seja realizada a competente audiência de custódia?
Em geral, se não realizada, cabe reclamação ao STF, considerando a ADPF 347 que reconheceu o Estado de Coisas Inconstitucionais do sistema peninteciário e consignou a obrigatoriedade de realização das audiências de custódia.
26
O que acontece caso não seja realizada a competente audiência de custódia no prazo de 24 hrs?
Trata-se de tema polêmico, mas o STF, em ADI, tem entendimento de que a não obediência ao prazo de 24hrs, por si só, não implica na ilegalidade da prisão em atenção ao P. da Razoabilidade. Nesse caso, a autoridade judiciária deverá avaliar se estão presentes os requisitos para prorrogação do prazo ou sua realização por VIDEOCONFERÊNCIA.
27
É possível realizar audiência de custódia por videoconferência?
Sim. O STF, em julgamento de ADI, atribui interpretação conforme ao art. 310, §4º, do CPP para admitir que, em caso de urgência, e se o meio se revelar idôneo, a audiência de custódia pode ser realizada por videoconferência.
28
Existe previsão sobre a obrigatoriedade de realização de aud de custódia nas normativas internacionais?
Sim. Tanto na CADH quanto no Pacto Internacional de Direitos Civis e Políticos, ambos já incorporados ao direito positivo interno.
29
Aplica-se a audiência de custódia em caso de apreensão de adolescente?
Sim.
30
Informe do que tratam os casos Velasquez Rodrigues vs Honduras, caso Acosta Calderón vs Equador e Caso Chaparro Àlvarez e Lapo Inniguez vs Equador.
Todos eles se relacionam à obrigatoriedade de realização de audiência de custódia.
31
O que é a Guantanamização do Processo Penal?
Expressão trazida pelo juiz da Corte IDH Gárcia Ramirez no Caso Tibi vs. Equador e designa um movimento autoritário e de arbitrariedade que propõe a suspensão ou derrogação de direitos e garantias no marco da luta contra crimes graves. Tem por objetivo abandonar progressos e retornar a aplicação de medidas que já se mostraram suas deficiências éticas e práticas.
32
Do que tratou o Caso Jailton Neri vs Brasil?
Responsabilização do Brasil na Comissão IDH por violação ao direito à audiência de custódia.
33
A realização de audiência de custódia constituiu direito público subjetivo?
O STF já decidiu que sim.
34
É vedada a presença de agentes policiais responsáveis pela prisão do custodiado na audiência de custódia?
Sim.
35
Quando é cabível a fixação de medida cautelar de monitoração eletrônica?
Trata-se de medida excepcional, admissível quando não cabível outras medidas cautelares menos gravosas ou a concessão de liberdade sem qualquer medida cautelar, sendo destinada exclusivamente a pessoas presas em flagrante delito por crimes dolosos puníveis com pena privativa de liberdade máxima superior a 4 (quatro) anos ou condenadas por outro crime doloso, em sentença transitada em julgado, bem como pessoas em cumprimento de medidas protetivas de urgência acusadas por crimes que envolvam violência doméstica e familiar contra a mulher, criança, adolescente, idoso, enfermo ou pessoa com deficiência, quando não couber outra medida menos gravosa.
36
A superveniência de realização de AIJ torna superada a alegação de ausência de audiência de custódia?
STF tem entendimento de que não, até porque o objetivo das duas audiências são diversos.
37
A não realização da audiência de custódia conduz à automátiva revogação da prisão preventiva?
Não. O STF fixou o entendimento de que a falta de audiência de custódia constitui irregularidade que não conduz à automática revogação da prisão preventiva, cabendo ao juízo da causa promover análise acerca da presença dos requisitos autorizadores da medida extrema.
38
Na audiência de custódia, o juiz pode reconhecer, de pronto, a atipicidade da conduta ou a presença de excludentes de ilicitude?
Sim, mas unicamente como fundamento para conceder a liberdade provisória. Esse reconhecimento não faz coisa julgada.
39
Quais as etapas da prisão em flagrante? Todas as infrações penais passam por todas?
a)prisão-captura, prisão-documentação e prisão-cárcere. b) nem todas as infrações passam por todas as fases, a exemplo da contravenção penal. Nesse caso, na fase de documentação será elaborado TCO e se p autor aceitar comparecer ao JECRIm, não haverá a fase de cárcere.
40
Como se dá o flagrante em caso de crimes permanentes e habituais?
a)permanente: entende-se em flagrante delito enquanto não cessar a permanência; b)habitual: não cabe prisão em flagrante de crime habitual, pois não cabe tentativa, já que para sua configuração é necessária uma prática reiterada de atos. Nesse caso, somente 1 ato seria um indiferente penal. Uma outra corrente admite a prisão nesse caso, desde que exista prova segura de habitualidade.
41
No auto de prisão em flagrante deve constar alguma informação sobre a existência de filhos do custodiado?
Sim. Após a promulgação do Estatuto da Primeira Infância, na lavratura da prisão em flagrante deverá constar a informação sobre a existência de filhos, respectivas idade, se possui alguma deficiência e o nome e contato eventual de responsável pelos cuidados dos filhos
42
A decisão que decreta a prisão preventiva pode ser proferida apenas de forma oral em audiência de custódia?
STJ tem entendimento que não e que a ordem de prisão deve ser escrita e fundamentada, conforme previsto no art. 5º, LXI, da CF/88.
43
Na prisão em flagrante, os policiais podem apreender o celular do autuado? E podem acessar as mensagens e dados contidos nesse celular?
Sim. Podem apreeender o celular, mas não podem acessar os dados e mensagens contidos no aparelho sem a devida autorização judicial.
44
Se o juiz determinou a busca e apreensão de telefone celular ou smartphone do investigado, nesse caso admite-se que as autoridades acessem os dados armazenados no aparelho?
Sim. Nesse caso admite-se sim, especialmente quando a referida decisão tenha expressamente autorizado o acesso a esse conteúdo.
45
O juiz pode decretar prisão sem requerimento do MP, querelante ou do assistente ou representação da autoridade policial? E se a prisão em análise for em flagrante? Nesse caso, o juiz pode convertê-la em preventiva ainda que o MP tenha manifestado pela liberdade provisória?
O entendimento atual do STJ (seguindo o STF) é de que o magistrado não pode decretar a prisão preventiva sem pedido do MP ou da autoridade judicial, ainda que trate-se da conversão da prisao em flagrante em preventiva. Se não há pedido do MP para converter, configura-se a prisão de ofício.
46
Deve ser conhecido o pedido de habeas corpus quando, impertrado por terceiros, o paciente não concorda com a impetração do remédio?
Conforme entendimento do STF, não, eis que o HC tem natureza personalissíma, podendo ser impetrado apenas pela própria pessoa que sofre a violação da liberdade, ou por seu representante legal, ou ainda por terceiros quando por ele, o sujeito o qual recái a liberdade de ir e vir, anuído,
47
Quanto à finalidade, diferencie a prisão em flagrante da prisão preventiva.
Prisão em flagrante: natureza administrativa e cautelar e tem por objetivo assegurar a imediata resposta do Estado diante de uma prática de infração penal, conter o autor após o crime e preservar a ordem pública e o andamento das investigações. Não depende de decisão judicial prévia e deve ser imediatamente comunicada ao juiz, MP e DP. Prisão preventiva: natureza jurisdicional e depende de decreto do juiz com o objetivo de garantir a ordem pública/econômica, assegurar aplicação da lei penal e evitar que o réu influa na investigação ou instrução criminal.
48
Quando, em audiência de custódia, o MP pedir a aplicação de medida cautelar diversa da prisão, o juiz pode decretar a prisão preventiva?
Nesse caso, existe divergência entre a 5ª turma do STJ e a 6ª turma do STJ. 5ª turma: Não. Nesse caso também é prisão de ofício; 6ª turma: sim. e que não seria atuação de ofício.
49
Nos crimes relacionados a violência doméstica e familiar contra a mulher, o juiz está autorizado a decretar a prisão de ofício?
Não. Ainda nesse caso, apesar da previsão no art. 20 da Lei Maria da Penha, é vedada a conversão da prisão preventiva de ofício, havendo revogação tácita do referido art. 20.
50
Imagine agora que o juízo decrete a prisão de ofício e em seguida o MP ou a autoridade policial requeira a decretação da prisão preventiva. Nesse caso, o vício estaria sanado?
Existe divergência do STJ quanto ao tema, havendo decisões que no sentido de que o vício estaria sanado e decisões no sentido de que não estaria.
51
Caso o MP tenha requerido a decretação da prisão preventiva e o juízo a tenha decretado, mas posteriormente o MP pede a revogação dessa prisão, o juízo está obrigado a revogar?
STF tem decisão no sentido de que o pedido de revogação não vincula o juiz.
52
A periculosidade do agente e a intimidação de testemunha justificam a decretação da prisão preventiva para garantia da ordem pública e conveniência da instrução criminal?
sim, comforme stj
53
Quais os pressupostos para decretação da prisão preventiva?
a. fumus comissi delicti (prova da materialidade e indícios suficientes de autoria); b. periculum libertatis (perigo gerado pelo estado de liberdade do imputado)
54
Em quais hipóteses, considerando o art. 312 do CPP, admite-se a decretação de prisão preventiva?
a)crimes dolosos de ppl máxima superior a 4 anos; b)pessoa tiver sido condenada anteriormente por outro crime doloso, em sentença transitada em julgado, ressalvado o transcurso do lapso temporal depurador da reincidência; c)crime de violência doméstica e familiar contra a mulher, criança, adolescente, idoso, enfermo ou pessoa com deficiência, para garantir a execução das MPU; d)dúvida sobre a identidade civil, devendo ser revogada a prisão após a identificação
55
Pode-se dizer que a decretação da prisão preventiva, ou sua manutenção, exige contemporaneidade delitiva?
Sim. A prisão, além de fundamentar-se no receio de perigo, deve ser fundamentada na existência concreta de fatos novos ou contemporâneos.
56
Na análise do cabimento da prisão preventiva de pessoas em situação de rua, o magistrado deve analisar outros requisitos para além do previsto no CPP?
Sim. De acordo com a Res. CNJ 425/2021, o magistrado deve observar as recomendações constantes da Resolução, e, caso sejam fixadas medidas cautelares alternativas, deve-se optar por aquela que melhor se adequa a realidade da pessoa em situação de rua, em especial quanto à sua hipossuficiência, hipervulnerabilidade, proporcionalidade da medida diante do contexto e trajetória de vida, além das possibilidades de cumprimento.
57
O que é a chamada revisão periódica dos requisitos da prisão preventiva?
Significa que o juiz deverá reavaliar, de ofício, a necessidade de manutenção da prisão a cada 90 dias, mediante decisão fundamentada, conforme disposição do CPP.
58
A imediata investigação criminal ou a apresentação ou recebimento de denúncia justifica a decretação de prisão preventiva?
Não.
59
Se o juiz verificar, de pronto, a incidência de alguma excludente de ilicitude, ele pode ainda assim determinar a prisão preventiva?
Não.
60
A decisão que decreta a prisão deve ser devidamente fundamentada. Quando considera-se que uma decisão não está fundamentada?
Aquela que: a)indica/reproduz ato normativo, sem explicar a relação; b)emprega conceitos jurídicos indeterminados, sem explicar a relação com a causa; c)invoca motivos genéricos; d)não enfrenta todos os argumentos deduzidos; e)invoca precedente ou súmula, sem demonstrar a relação com a causa; f)deixa de aplicar precedente ou súmula sem demonstrar a superação ou a distinção no caso.
61
A revisão periódica da prisão preventiva se aplica na fase recursal?
Apesar de existir decisão do STJ no sentido de que não se aplicaria, o Enunciado 19 da I Jornada de Direito Penal e Processo Penal do CJF/STJ prevê que caberia sim essa reavaliação periódica em fase recursal. Além do mais o STF tem entendimento que a revisão períodica deve ser realizada até o fim do processo de conhecimento, abarcando o juiz de 1º grau e o TJ/TRF. Em regra, esse dever de revisão periódica não se aplica ao STF/STJ, salvo quando tratar-se de ação penal originária desses Tribunais.
62
A prisão preventiva deve ser revogada automaticamente caso não seja reavaliada no prazo legal de noventa dias?
O entendimento do STF é que não.
63
Réus foragidos podem participar de audiência de instrução por videoconferência?
Podem sim. STF tem entendimento no sentido de que o fato de estarem foragidos não afasta o direito ao contraditório e à ampla defesa.
64
O juiz não pode decretar a prisão preventiva de ofício, mas ele pode revogar a prisão de ofício?
Pode sim.
65
O que é prisão como ultima ratio?
Significa que somente é cabível a prisão quando outras medidas cautelares menos gravosas não se mostrarem suficientes.
66
Pessoa acusada por crime de tráfico de drogas pode responder ao processo em liberdade?
Sim. STF declarou, incidentalmente, a inconstitucionalidade da expressa "liberdade provisória" prevista no art. 44 da Lei de drogas, sendo admissível sim a concessão de liberdade provisória para quem responde a um crime de tráfico.
67
A prática de ato infracional serve de fundamento para prisão preventiva?
STJ entende que sim, encaixando-se no risco de reiteração delitiva.
68
A prisão preventiva pode ser decretada em caso de descumprimento de outras medidas cautelares fixadas?
Sim. Pode. Por expressa previsão legal.
69
Existe alguma hipótese em que pode ser decretada a prisão preventiva em caso de crime culposo?
Sim. Quando houver dúvida sobre a identidade civil da pessoa ou quando esta não fornecer elementos suficientes para esclarecê-la.
70
O que significa o termo lawfare?
Trata-se da utilização da lei e de processos judiciais como uma guerra política ou uma estratégia para atingir objetivos políticos.
71
O período de recolhimento obrigatório noturno e nos dias de folga deve ser reconhecido como período a ser detraído da pena privativa de liberdade?
Conforme entendimento do STJ, sim, em homenagem aos princípios da proporcionalidade e do non bis in idem. Não é necessário que esteja aliado com monitoração eletrônica apra haver a referida detração.
72
As horas de recolhimento domiciliar noturno e nos dias de folga devem ser convertidas em dias para contagem da detração da pena. E se no cômputo total remanescer período menor que vinte e quatro horas?
Nesse caso, essa fração de dia deverá ser desprezada.