Doenças Parasitárias Flashcards
(42 cards)
Defina toxoplasmose
A toxoplasmose é uma zoonose causada pelo protozoário Toxoplasma gondii. Os felinos são hospedeiros definitivos, enquanto os humanos e outros animais são hospedeiros intermediários.
Quais as vias de transmissão do Toxoplasma gondii?
Através da ingestão de oocistos esporulados presentes em água ou alimentos contaminados, pela ingestão de cistos em carne crua ou malcozida de animais infectados, ou por via transplacentária.
Explique o mito de que os gatos podem transmitir Toxoplasmose diretamente aos seres humanos
Os gatos infectados excretam oocistos não esporulados do agente nas fezes. Tocar ou fazer carinho em gatos é uma via improvável de transmissão de toxoplasmose. Ainda, os oocistos se tornam esporulados em condições ambientais específicas.
Quais as formas evolutivas do Toxoplasma gondii? Descreva.
- Oocistos não esporulados, formados por reprodução sexuada no hospedeiro definitivo, e eliminados no meio ambiente.
- Oocistos esporulados e infectantes, formados em condições ideais de temperatura e umidade no meio ambiente. São resistentes a muitos desinfetantes e contaminam água e plantações.
- Taquizoítos são o modo de multiplicação rápida e assexuada, dentro do hospedeiro intermediário. Encontrados na fase aguda da infecção, no sangue, urina, saliva, leite e líquor.
- Bradizoítos são o tipo de multiplicação lenta e assexuada, encontrados no interior de cistos na fase crônica da infecção. Persistem na musculatura cardíaca e esquelética, tecido nervoso e retina.
Explique o ciclo biológico da toxoplasmose
- Multiplicação sexuada do parasita no intestino delgado do HD (gato) e formação de oocistos.
- Eliminação dos oocistos não esporulados nas fezes.
- Esporulação dos oocistos
- Transmissão fecal-oral (ingestão de água ou alimento contaminados com oocistos) ou Transmissão por carnivorismo (ingestão de carne crua/mal cozida contaminada com cistos/bradizoítos) ou Transmissão vertical (da mãe para o feto, taquizoítos).
Quais os principais sinais clínicos de Toxoplasmose em cães e gatos?
- Gatos: filhotes - uveíte, letargia, depressão, ascite, encefalite, hipotermia e morte súbita. Em
adultos - anorexia, letargia, dispnéia, pneumonia, febre intermitente, emaciação, vômito, diarréia, hiperestesia, marcha rígida, claudicação, déficit neurológico, dermatite e morte. - Cães: filhotes - sinais neuromusculares (convulsões,
déficits de nervos cranianos, tremores, ataxia, paresias e paralisias). Em adultos - inapetência, dispnéia, tosse, diarréia, vômito, hematoemese, esplenomegalia, hepatomegalia e linfadenopatia.
Como pode ser feito o diagnóstico de toxoplasmose?
A confirmação do diagnóstico se dá com o isolamento do parasito, exame histopatológico e sorologia, porém achados em outros exames são sugestivos, tais como: anemia não regenerativa, leucocitose com neutrofilia, linfocitose, monocitose e eosinofilia; hipoproteinemia, hipoglobulinemia, aumento de ALT, AST, FA e CK, hiperbilirrubinemia; citologia e PCR de sangue, líquido cefalorraquidiano, lavado broncoalevolar, líquido ascítico ou de efusão pleural.
Quais as principais opções de tratamento da toxoplasmose?
O fármaco de escolha é o cloridrato de clindamicina. Outras opções são sulfonamidas (sulfadiazina-trimetoprim ou
sulfametaxol-trimetoprim), pirimetamina e azitromicina. Em caso de comprometimento ocular: uso tópico de cllindamicina e corticoide. Quando comprometimento de medula óssea é recomendado a suplementação com ácido fólico.
Defina leishmaniose
A leishmaniose é uma zoonose não contagiosa causada por protozoários do gênero Leishmania, que pode se apresentar em 3 formas: leishmaniose tegumentar, leishmaniose visceral e leishmaniose dérmica pós-calazar.
Qual o principal modo de transmissão da leishmaniose?
Através da picada de fêmeas de flebotomíneos (mosquito-palha).
Outras vias de transmissão são: transfusional, sexual, secreções infectadas e transplacentária.
Quais as duas principais formas evolutivas do Leishmania sp. e como ocorre seu ciclo?
As duas principais formas são: promastigota, flagelar extracelular, encontrada no tubo digestivo das fêmeas dos flebotomíneos, e amastigota, intracelular obrigatória, observada dentro de células fagocíticas mononucleares dos hospedeiros vertebrados, como o ser humano e outros animais.
Assim, o ciclo da leishmaniose ocorre da seguinte maneira:
1. O flebotomíneo pica o hospedeiro infectado e ingere amastigotas (livres ou dentro de células mononucleares)
2. No organismo do flebotomíneo, as amastigotas se transformam em promastigotas.
3. O flebotomíneo pica o hospedeiro e inocula as promastigotas (paramastigotas metacíclicas) no hospedeiro, onde serão fagocitadas e se tornarão amastigotas.
Quais são os principais reservatórios dos protozoários do gênero Leishmania?
Os reservatórios dos agentes causadores da leishmaniose cutânea são animais silvestres e sinantrópicos, como roedores.
Já no caso da leishmaniose visceral, os cães são os principais reservatórios da L. infantum e os seres humanos são os principais reservatórios da L. donovani.
Quais as principais manifestações clínicas da leishmaniose cutânea? E da visceral?
Cutânea: lesões nodulares ou ulcerativas na pele, especialmente no escroto, nariz e orelhas, ou em mucosas de vias aero-digestivas superiores.
Visceral: assintomática; linfadenopatia, hepatoesplenomegalia, perda de peso, opacidade de pelo, alopecia, hiperqueratose, descamação (dermatite esfoliativa não pruriginosa), úlceras em orelha, nariz, cauda e articulações (poliartrite), blefarite, ceratoconjuntivite, uveíte, insuficiência renal e onicogrifose (crescimento excessivo das unhas).
Como pode ser classificado o estadiamento clínico da leishmaniose visceral canina?
- Grau I: exposto. Baixos títulos sorológicos. Exames parasitológicos e moleculares negativos. Assintomáticos. Vivendo em áreas com transmissão do agente.
- Grau II: infectado. Baixos títulos sorológicos. Parasito detectado em exame parasitológico ou molecular. Assintomáticos ou sinais leves.
- Grau III: doente. Citologia positiva. Altos títulos sorológicos. Um ou mais sintomas presentes ou alterações laboratoriais compatíveis.
- Grau IV: grave. Evidente nefropatia ou doença renal crônica, sinais concorrentes (oculares, articulares) associados à leishmaniose. Animais não responsivos ao tratamento ou com recidivas.
- Grau V: muito grave. Sinais do grau IV, além de tromboembolismo pulmonar ou síndrome nefrótica e doença renal em estágio III ou IV.
Como pode ser feito o diagnóstico da leishmaniose (visceral)?
O diagnóstico deve ser fundamentado em critérios epidemiológicos, clínicos e laboratoriais. O teste considerado “ouro” consiste na demonstração microscópica de amastigotas em amostras citológicas ou histopatológicas, podendo o material obtido ser aspirado de linfonodo, medula óssea, baço, fígado e esfregaços sanguíneos.
Outros achados importantes são: plasmócitos repletos de imunoglobulinas (corpúsculo de Russell ou células Mott), imunohistoquímica, sorologia (RIFI ou ELISA), anemia normocítica normocrômica e não regenerativa, leucopenia por neutropenia, trombocitopenia, aumento de ureia e creatinina, proteínas plasmáticas totais, hipergamaglobulinemia.
Quais as principais opções de tratamento da leishmaniose visceral canina, de acordo com cada estágio?
- Estágio I: imunoterapia (vacina) + imunomodulação (domperidona)
- Estágio II: imunoterapia + imunomodulação + alopurinol + miltefosina
- Estágios III a V: imunoterapia + imunomodulação + alopurinol + miltefosina + manejo da nefropatia segundo diretrizes da IRIS
Não é permitido pelo MAPA a prescrição de alopurinol para cães com LVC. Além disso, o seu uso prolongado predispõe a formação de cálculos urinários.
Quais os parasitas gastrointestinais mais frequentes em cães e gatos?
Ancylostoma, Toxocara, Trichuris, Strongyloides e Dipylidium
Explique o ciclo de vida do Toxocara canis
- O cão ingere fezes contendo ovos com a larva L3 infectante, ou hospedeiro infectado (pequenos mamíferos e aves).
- Ao chegarem no estômago, as larvas eclodem, penetram a parede intestinal e alcançam a corrente sanguínea, indo para os pulmões.
- Nos pulmões, transformam-se em L4, podendo seguir duas rotas:
- Migração traqueal (vão até a cavidade oral, onde poderão ser expelidas ou voltar ao intestino delgado)
- Migração somática (voltam para a circulação, distribuindo-se em diversos órgãos e musculatura, onde permanecerão em estado de latência). - Os parasitas adultos se reproduzem no intestino delgado, formando ovos que são eliminados pelas fezes.
Quais os modos de transmissão da Toxocaríase?
- Transmissão oral (ingestão de alimentos contaminados com ovos nas fezes ou ingestão de hospedeiros paratênicos)
- Transmissão transplacentária (migração somática; terço final da gestação)*
- Transmissão transmamária (leite)
*Somente em cães
Cite os principais sinais clínicos da Toxocaríase em cães e gatos
Inquietação, diarreia/constipação intestinal, vômitos, abdômen aumentado, obstrução ou rupturas intestinais; pneumonia, crises convulsivas, hipopotassemia, hipoglicemia.
Quais as vias de transmissão de Ancilostomíase em cães e gatos? Como é o seu ciclo de vida?
Vias oral, percutânea, transplacentária ou lactogênica. A mais comum é a percutânea, na qual a larva L3 ativa penetra a pele.
Assim, a L3 alcança a corrente sanguínea, indo para os pulmões. A partir daí, podem realizar migração traqueal ou somática.
Quando a infecção ocorre por via oral, as larvas vão para o lúmen intestinal, onde completam seu desenvolvimento até o estágio adulto.
Cite os principais sinais clínicos da Ancilostomíase
Manifestações cutâneas, prurido intenso e erupções papuloeritematosas; diarreia sanguinolenta, dores abdominais, palidez de mucosas, fraqueza; tosse, secreção nasal, febre, pneumonia. No hemograma, inicialmente se observa anemia normocítica e normocrômica, que pode evoluir para microcítica hipocrômica (infecção crônica com deficiência de ferro).
Discorra resumidamente sobre a Tricuríase, Estrongiloidíase e Dipilidiose.
Tricuríase: os parasitas se reproduzem no intestino grosso, formando ovos que são eliminados pelas fezes. Após a ingestão dos ovos, ocorre liberação das L1 no intestino delgado, que migram para o ceco, onde terminam seu desenvolvimento. Geralmente a infecção é assintomática, mas em casos mais graves pode causar intensa inflamação intestinal, diarreia aquosa, ocasionalmente com muco e sangue.
Estrongiloidíase: fêmeas partenogenéticas colocam ovos no intestino delgado, os quais são eliminados nas fezes. Nestas, estão as L1, que se desenvolvem até L3 no meio ambiente. As larvas L3 adentram o hospedeiro, pela pele, mucosa da boca ou esôfago. Elas vão para a circulação, até os pulmões, onde se tornam L4 e migram à boca para serem reingeridas e levadas ao intestino. Vias de infecção: percutânea ou autoinfecção (constipação). Sinais clínicos mais evidentes em filhotes: diarreia, fezes sanguinolentas, pneumonia, petéquias, prurido.
Dipilidiose: anéis (proglotes) são eliminadas nas fezes, liberando ovos embrionados, que são ingeridos por larvas de pulgas ou piolhos, onde se desenvolverão. O cão/gato se infecta ingerindo o inseto infectado. A larva se fixa no intestino delgado. Irritação das mucosas intestinal e anal, diarreia intermitente e mucoide, perda de peso ou assintomático.
Explique o diagnóstico, profilaxia e controle de verminoses
Diagnóstico clínico, confirmado com exames coproparasitológicos.
Os antihelmínticos mais usados são: benzimidazóis (fembendazol, febantel e flubendazol), pirantel, ivermectina, selamectina, milbemicina.
O tratamento em cães (filhotes) deve ser feito em 2, 4, 6 e 8 semanas de idade e continuar mensalmente até que o animal complete 6 meses. Em gatos, pode ir da 3 à 9 semana. A mãe dos filhotes também deve ser tratada, durante os primeiros 2 a 3 meses pós parto.