Estudos Epidemiológicos Flashcards
(163 cards)
OS CRITÉRIOS DE BRADFORD HILL listam alguns critérios por meio dos quais podemos julgar se uma determinada associação entre exposição e desfecho pode ser causal. São eles:
- Força de associação
- Consistência
- Especificidade e associações reversíveis
- Temporalidade
- Gradiente biológico
- Plausibilidade biológica
- Coerência
- Experimento ou evidência experimental
- Analogia
Essa força pode ser aferida por meio das famosas medidas de associação. É necessário que essa medida seja diferente do número 1. Caso contrário, não existirá associação entre a exposição e o desfecho. É a força com que a exposição e o desfecho estão associados. Em outras palavras, é a força de ligação entre eles.
FORÇA DE ASSOCIAÇÃO
É a repetição dos resultados em estudos com outras populações, indicando que a associação entre a exposição e o desfecho provavelmente é verdadeira. Afinal, se fosse falsa, não teria sido vista também por outros pesquisadores.
CONSISTÊNCIA
Demonstra que o desfecho ocorre especificamente na presença da exposição. Por exemplo, ao introduzirmos a exposição, o desfecho acontece.
ESPECIFICIDADE
Se retirarmos a exposição, o desfecho some.
SENSIBILIDADE
É o critério MAIS IMPORTANTE de Bradford Hill. Para uma associação ser do tipo causal, a exposição deve necessariamente preceder a ocorrência do desfecho!
TEMPORALIDADE OU SEQUÊNCIA CRONOLÓGICA
Guarde isso:
A TEMPORALIDADE É O CRITÉRIO MAIS IMPORTANTE PARA JULGAR UMA RELAÇÃO CAUSAL E SUA PRESENÇA É INDISPENSÁVEL!
Em outras palavras, todos os outros critérios podem estar ausentes, exceto a sequência cronológica entre exposição e desfecho.
É o critério que avalia se a hipótese acerca da associação entre exposição e desfecho é, de fato, plausível. A hipótese deve ter explicação científica.
Por exemplo, durante a pandemia de covid-19, um artigo propôs a associação entre o tratamento com azitromicina e a diminuição da carga viral pelo SARS-CoV-2. Porém, não havia plausibilidade biológica, uma vez que antibióticos não atuam em vírus. No entanto, a ausência de plausibilidade não exclui a relação causal – afinal, pode ser que realmente estejamos diante de uma quebra de paradigma!
PLAUSIBILIDADE BIOLÓGICA
Diz respeito ao desfecho aumentar em frequência conforme a exposição aumenta. Quando isso ocorre, dizemos que existe um gradiente dose resposta. É importante ressaltar que a ausência desse efeito NÃO descarta a causalidade. Em outras palavras, se a associação entre uma exposição e um desfecho não apresentar gradiente biológico, ainda assim a relação pode ser causal.
GRADIENTE BIOLÓGICO
É um critério muito confundido com a plausibilidade biológica, mas existe diferença entre eles. Ela diz respeito ao fato de que a associação encontrada não deve contradizer o que já se sabe sobre a história natural daquela doença
COERÊNCIA
Nada mais é do que a existência de estudos experimentais, principalmente em cobaias ou até mesmo ensaios in vitro, que demonstrem o fenômeno em ambiente controlado. Dessa forma, se a associação entre exposição e desfecho for encontrada na ausência de possíveis fatores confundidores, então aquela associação realmente pode ser do tipo causal.
EVIDÊNCIA EXPERIMENTAL
Afirma que, se outras exposições parecidas ou da “mesma categoria” que a da exposição estudada causam desfechos semelhantes ao desfecho estudado, é possível que a associação vista seja verdadeira. Por exemplo, se uma determinada medicação “A” causa arritmia cardíaca, e foi visto que a medicação “B”, que é da mesma classe que “A”, também está associada a efeitos arritmogênicos, então é provável que o efeito de “B” seja verdadeiro.
ANALOGIA
Resumindo: a presença dos critérios fortalece a hipótese de relação causal, mas a ausência deles não descarta essa hipótese. No entanto, a temporalidade é o único critério que precisa estar obrigatoriamente presente e cuja ausência descarta a causalidade.
Antes de descrevermos os estudos epidemiológicos, é importante que você saiba que eles podem ser classificados segundo quatro critérios fundamentais. Portanto:
- Tipo de dado coletado (individual x agregado)
- Atitude do pesquisador (observador x experimentador)
- Estratégia de observação (longitudinal x transversal)
- Sentido do estudo na linha do tempo (retrospectivo x prospectivo)
O principal fator que caracteriza a atitude observacional é o fato de que o pesquisador
não oferece a exposição aos participantes
Em contrapartida, quando a atitude é experimental, como o próprio nome indica, o pesquisador é um experimentador. Nesse sentido, ele vai interferir ativamente na amostra, oferecendo a exposição para uma parte dos indivíduos, justamente para entender como aquela exposição atua
Em relação à estratégia de observação, um estudo pode ser
transversal ou longitudinal
Nesse estudo, os indivíduos são avaliados em um único momento de uma linha do tempo e a exposição é aferida ao mesmo tempo que o desfecho:
transversal
Os ESTUDOS TRANSVERSAIS podem ser analíticos ou descritivos, bem como podem utilizar dados agregados ou individuados.
- Quando utilizam dados agregados, são chamados de:
- Quando utilizam dados individuais, geralmente, são estudos que:
- estudos ecológicos
- utilizam a prevalência para aferir o desfecho entre expostos e não expostos.
Nesse estudo, os indivíduos são avaliados em pelo menos dois momentos diferentes dessa linha do tempo (ou, em outras palavras, ao longo do tempo).
longitudinal
Quando um estudo é longitudinal, podemos julgá-lo ainda em relação à direção de um estudo:
1. quando ele inicia em um determinado momento e segue em direção ao futuro – em outras palavras, o estudo inicia com a exposição, mas o desfecho ainda não aconteceu.
2. quando ele inicia no presente momento, mas segue em direção ao passado – ou seja, o desfecho e a exposição já aconteceram.
1. prospectivo
2. retrospectivo
Ainda, os estudos podem ser classificados em analíticos x descritivos.
- Os estudos descritivos são aqueles que, como o próprio nome diz, apenas descrevem a ocorrência de um fenômeno!
- estudos analíticos são aqueles que analisam a relação entre duas variáveis (geralmente a exposição e o desfecho), verificando não só se existe associação entre elas, mas também se essa associação é do tipo causal. Esses estudos trazem, obrigatoriamente, uma medida de associação.
QUAL OBJETIVO DO ESTUDO DESCRITIVO:
gerar conhecimento ou até mesmo prognóstico.
O ESTUDO DESCRITIVO NÃO POSSUI MEDIDAS DE ASSOCIAÇÃO