HT14 - Cuidados de Suporte ao Doente Neutropénico (1) Flashcards

1
Q

Cuidados de suporte ao Doente Neutropénico - Objetivos?

A

🡪 Perceber a complexidade dos cuidados de suporte ao doente neutropénico, que podem ir desde uma infeção com um curso relativamente benigno e que nem precisa de internamento (caso 1) até uma infeção também com apresentação benigna mas com evolução rapidamente desfavorável, a necessitar de cuidados intensivos (caso 2)
🡪 Emergência de bactérias multirresistentes como um desafio diagnóstico na abordagem empírica do uso de ATB nestes doentes
🡪 Risco de infeção fúngica no doente neutropénico de alto risco e a gravidade que podem acometer

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2
Q

Unidades de Hematologia / Transplante?

A

🡪 Um dos principais pilares dos cuidados de suporte ao doente neutropénico, foi a criação de unidades específicas de hematologia com quartos de isolamento e pressão positiva.
🡪 Também o uso de filtros de partícula fina (HEPA) são essenciais para a qualidade do ar e a diminuição de infeções transmissíveis pelo ar.

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3
Q

Definição e risco?

A

🡪 Neutropenia Febril
🡪 Temp. 38,3ºC isolada ou 38ºC de forma sustentada durante uma hora
E
🡪 neutropenia grave (contagem absoluta de neutrófilos <500/mm3)

Risco definido consoante a duração expectável desse neutropenia seja >/<7 dias
🡪 Alto risco: neutropenia grave expectável >7 dias.
🡪 Baixo risco: neutropenia grave expectável <7 dias.

🡪 O risco da neutropenia febril assume-se como o principal orientador da abordagem terapêutica inicial e um importante factor para o desenvolvimento de infecção fúngica.

🡪 O principal problema da Neutropenia é o aumento do risco de infeção

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4
Q

Protocolo de Atuação na Neutropenia Febril?

A

🡪 Iniciar antibiótico em <60 minutos
🡪 Doente em quimioterapia nas últimas 6 semanas + febre:
– presumir sempre neutropenia mesmo antes dos resultados de hemograma

🡪 Objetivos <60 minutos:
– Anamnese
– sinais vitais
– acesso venoso e estudo analítico
– pesquisas microbiológicas
– iníco da antibioterapia

🡪 Iniciar 1ª dose de antibioterapia: dose única, sem ajuste à função renal ou hepática
🡪 Não se espera pelo resultado do hemograma para iniciar o ATB, se suspeita fundamentada.

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5
Q

qSOFA?

A

🡪 Score que avalia a estabilidade hemodinâmica do doente Quanto mais elevado, maior a probabilidade de gravidade deste doente e consequentemente alargaremos o espetro ATB para B- lactamico e aminoglicosideoconsoante estejamos perante instabilidade hemodinâmica.

🡪 Na N. de alto risco, a probabilidade de o doente precisar de ser admitido em internamento é bastante maior.
🡪 Em função do cálculo do qSOFA e da definição de fatores de risco para bactérias multirresistentes, vamos fazer uma estratégia de ATB de “Escalação” ou de “Descalação” .

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6
Q

MASCC Score?

A

🡪 Usa-se na neutropenia de baixo risco e é específico para neutropenia em ambulatório, define fatores de prognóstico que façam com que o doente possa ter de ser internamento vs possa ser gerido com ATB oral e permanecer em ambulatório.
🡪 Quando maior é o score, mais baixo é o risco e melhor é o prognóstico, probabilidade baixa de complicações.
🡪 MASCC score >= 21 está associado a baixo risco e prognóstico favorável

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7
Q

qSOFA (Sepsis-related Organ Failure Assessment)?

A

🡪 Não é um score específico de neutropenia e pode ser utilizado em todo o tipo de infeções.
🡪 É um score derivado do score SOFA, é uma forma mais simplificada de avaliação se estamos perante um sépsis com provável falência de órgão.
🡪 Baseado em apenas 3 parâmetros.

🡪 Podemos definir a nossa agressividade em termos de uso de ATB, perante o quadro de instabilidade hemodinâmica ou não.

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8
Q

Escolha ATB?

A

🡪 Outro dos fatores que devemos ter em conta na escolha de ATB na abordagem da Neutropenia Febril são os fatores de risco intrínsecos aos doente: fatores de risco intrínsecos para aquisição de bactérias resistentes e fatores de risco para um curso clínico complicado.

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9
Q

Neutropenia Febril de baixo risco - Existe algum foco clínico ou isolamento evidente?

A

🡪 Na presença de foco clínico evidente, o tipo de antibioterapia e sua duração, deve ser ajustada de acordo com o mesmo.
🡪 No caso da existência de isolamento microbiológico recente, previamente ao episódio de neutropenia febril e para o qual não tenha sido efectuada antibioterapia dirigida com resolução da infecção, essa informação deve ser considerada na escolha do esquema inicial.

🡪 Numa neutropenia febril, a ocorrência de um foco clínico evidente é rara, ao contrário de infeções em doentes não neutropénicos.
🡪 Muitas vezes a febre é o único sintoma de infeção associado à neutropenia, sem evidência de um foco claro o que dificulta a escolha do ATB.

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10
Q

Neutropenia Febril de baixo risco - Avaliação de resposta e duração de antibioterapia?

A

🡪 A ASCO (American Society of Clinical Oncology) recomenda um período máximo de 1h (a partir do diagnóstico de neutropenia febril) para o início de antibioterapia.
🡪 Recomenda também, sempre que possível, vigilância por um período mínimo de 4h, antes da alta para domicílio.
– para evitar que haja um deterioração clínica que nos tenha escapado.
🡪 Após as 4h e se houver estabilidade, com um qSOFA baixo e com score MASCC alto e o doente tiver alta para o domicílio
🡪 A avaliação de resposta, deve ser efectuada às 48-72h após o início da antibioterapia

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11
Q

Neutropenia Febril de alto risco – antibioterapia empírica?

A

🡪 Em função da avaliação médica inicial devem ser considerados 2 tipos de estratégia empírica, a escalação ou descalação de antibioterapia.
🡪 Preferencialmente, deverá ser usada a estratégia de escalação, desde que o doente não apresente sinais de gravidade clínica e/ou factores de risco específicos para organismos multirresistentes.
– e dependendo também da epidemiologia do local

🡪 A abordagem de escalação é recomendada nos centros com baixa incidência de espécies multirresistentes
🡪 Importante a vigilância epidemiológica microbiológica a nível hospitalar.

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12
Q

Escalação e Descalação?

A

🡪 Escalação: partir de um esquema ATB com menor espetro e, caso não haja uma evolução favorável, alargar o espetro.
🡪 Preferida geralmente, para evitar desenvolvimento de bactérias multirresistentes.

🡪 Descalação: começar com ATB de largo espetro (ex. combinação de 2 ou mais) e depois em função da evolução clínica e dos resultados microbiológicos, descalar para um esquema de ATB mais simples.

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13
Q

Neutropenia Febril de alto risco – Escalação?

A

🡪 No caso de apresentação inicial com estabilidade clínica e na ausência de factores de risco para organismos multirresistentes:
🡪 “Escalação” – A terapêutica empírica tem cobertura para P. aeruginosa e Enterobacteriaceae.
🡪 Piperacilina/Tazobactam 4,5g, EV, 6/6 horas

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14
Q

Neutropenia Febril de alto risco – Descalação?

A

🡪 No caso de apresentação inicial com gravidade clínica e/ou factores de risco específicos para organismos multirresistentes, ponderar 1ª abordagem com estratégia de Descalação
🡪 “Descalação” – O regime antibiótico empírico tem cobertura para bactérias multirresistentes Gram + ou - (p.e., ESBL+ ou anti-MRSA).

🡪 Imipenem 500mg, EV, 6/6 horas (carbapenema)
+/-
🡪 Vancomicina

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15
Q

Neutropenia Febril de alto risco – Follow-up e Ajustes?

A

🡪 Em qualquer uma das estratégias em curso, avaliar a resposta à terapêutica empírica entre 72-96h.
🡪 No caso de ocorrer deterioração clínica em estratégia de escalação, ou caso se identifique uma espécie resistente ao esquema inicial, a terapia é ajustada para antibióticos de maior espectro
🡪 No caso de doente em estratégia de descalação, com estabilidade clínica e/ou teste de susceptibilidade aos antibióticos com agente sensível, a terapêutica é ajustada para um antibiótico de menor espectro
🡪 No caso de Neutropenia Febril persistente às 72-96h, com estabilidade clínica e analítica e sem isolamentos microbiológicos: manter esquema em curso e aprofundar a investigação de foco infecioso

– Ponderar a realização de TAC Tórax (independentemente da presença de clínica respiratória).
– Se sintomas da via aérea superior compatíveis com sinusite: realizar TAC seios perinasais.

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16
Q

Protocolo de atuação na Neutropenia Febril de Alto Risco?

A

🡪 Iniciar antibiótico em <60 minutos
🡪 Doente em quimioterapia nas últimas 6 semanas + febre:
– presumir sempre neutropenia mesmo antes dos resultados de hemograma

🡪 Sinais de Disfunção Orgânica:
– Neurológico: GCS<15
– Respiratório: PCO2 <32 mmHg ou PaO2 <60 mmHg
– Circulatório: TAS <90 mmHg, PAM <70 mmHg, Lactatos >2 mmol/L
– Urinário: Débito <500 ml/dia ou <45 ml/h em 2h

🡪 1ª dose de antibioterapia: espetro definido pela avaliação de disfunção orgânica e/ou presença de fatores de risco para organismos multirresistentes
🡪 Avaliação às 72-96h e ajustar antibioterapia de acordo com evolução clínica, isolamentos microbiológicos ou esclarecimento de foco

17
Q

Neutropenia Febril de alto risco – antifúngico?

A

🡪 Na neutropenia febril de alto risco, recomenda-se considerar a introdução de antifúngico entre os 4-7 dias de neutropenia febril persistente sob antibioterapia de largo espectro.
🡪 Nos estudos e recomendações de maior relevância, os 3-5 dias (96-120h) de síndrome febril persistente sob antibioterapia de largo espectro, definem o momento mais frequentemente utilizado para a ponderação da etiologia fúngica.

18
Q

A evolução clínica ao final de 3-5 dias de antibioterapia de largo espectro define a urgência da introdução de antifúngico?

A

🡪 Neutropenia febril persistente, com agravamento clínico: introdução de antifúngico de forma empírica (com cobertura para fungos filamentosos), mesmo antes da realização de exames imagiológicos ou identificação de agente por microbiologia

🡪 Neutropenia febril persistente, sem agravamento clínico: espaço para abordagem preemptiva, com a introdução de antifúngico a ser determinada pela identificação de foco sugestivo através de imagiologia ou pela identificação microbiológica (cultural, serologia, PCR), ou seja, nos casos de Infecção Fúngica Invasiva possível ou provável

19
Q

Definição de Infecção Fúngica Invasiva?

A

🡪 Muitas vezes é difícil de comprovar a existência de uma infeção fúngica invasiva porque não há crescimento na microscopia direta ou isolamento cultural
🡪 Então ficamos com um IF provável ou possível, de acordo com critérios relacionados com o hospedeiro (duração da neutropenia febril, tratamento que fez previamente), ou com critérios microbiológicos/ clínicos/ imagiológicos

20
Q

Anti-fúngico - estratégia preemptiva vs. empírica?

A

🡪 Para evitar o sobre-uso de agentes antifúngicos
🡪 Na Neutropenia febril persistente, sem agravamento clínico a estratégia preemptiva tem sido utilizada, cada vez com maior frequência, em detrimento da estratégia empírica.
🡪 A estratégia empírica foi, durante muitos anos, considerada a estratégia standard na neutropenia febril de alto risco persistente e sem foco.
🡪 Mas antigamente as unidades de hematologia não tinham as condições que têm atualmente como p.e. a filtração HEPA.
🡪 Como existem melhores condiçoes físicas, a incidência de infeções fúngicas é menor.
🡪 O uso de profilaxia com posaconazol reduziu imenso a incidência de infeção fúngica