Infeção em cirurgia Flashcards
(38 cards)
Define Infeção cirúrgica
Consideramos infeção cirúrgica qualquer infeção que deva ou possa ser controlada através da cirúrgia (e também com métodos médicos) e qualquer infeção que surja no pós-operatório, muitas vezes associada ao nosso gesto cirúrgico.
Os microorganismos que mais nos preocupam e que estão associados às infeções ditas cirúrgicas são
as bactérias
Quem foi Ignaz Semmelweis (1818-1865)?
Colega húngaro que trabalhou em Viena em meados do século XIX e que chegou à conclusão que os partos praticados por colegas que tinham acesso a autópsias tinham uma mortalidade por febre puerperal muito mais elevada do que os partos realizados por enfermeiras parteiras.
Concluiu que se houvesse uma lavagem das mãos entre as zonas do hospital essa mortalidade decrescia e até se tornava menor do que os partos realizados pelas enfermeiras parteiras. Assim, incluiu nos procedimentos quotidianos da nossa prática a lavagem das mãos
Quem foi Joseph Lister?
Os trabalhos de Pasteur e Koch foram posteriormente complementados na área cirúrgica pelos trabalhos de Joseph Lister, que foi um cirurgião inglês com a ideia de que realmente existiam microorganismos associados a doenças.
Com a desinfeção e outros avanços tecnológicos que permitiram alcançar a esterilização, houve uma mudança radical naquilo que era o desempenho cirurgico e o prognóstico, dado que a mortalidade e a morbilidade associada às intervenções tornou-se completamente diversa
Imagem da aula
Patogénese da Infeção
Distingue a reação inflamatória Local VS Sistémica
Locais- rubor, tumor, dor e calor
Sistémicas- febre, leucocitose (nomeadamente com neutrofilia), taquicardia e taquipneia
O que é uma Síndrome de Resposta Inflamatória Sistémica (SIRS)?
A junção destes sintomas leva-nos a uma definição de uma Síndrome de Resposta Inflamatória Sistémica (SIRS):
Locais- rubor, tumor, dor e calor
Sistémicas- febre, leucocitose (nomeadamente com neutrofilia), taquicardia e taquipneia
Quando uma Síndrome de Resposta Inflamatória Sistémica (SIRS) é causada por microorganismos, estamos perante o quê?
Quando este síndrome é causado por um microorganismos estamos perante uma Sépsis.
Quando é que estamos perante uma Síndrome de Resposta Inflamatória Sistémica (SIRS)?
Pelo menos 2 dos seguintes parâmetros:
* T>38ºC ou <36ºC
* P >90/min
* RR >20/min ou PaCO2<32mmHg
* WCC>12 ou >10% de formação de bandas imaturas
Temperatura
Frequência Cardíaca
Frequência Respiratória
White Cell Count
Define Sépsis (severa)
Sépsis
Para definirmos sépsis devemos ter ideia de que realmente há uma infeção associada e devemos ir à
procura do diagnóstico etiológico.
Sépsis Severa
Ocorre quando a sépsis é acompanhada de disfunção orgânica, nomeadamente disfunção renal ou hepática.
Define Choque séptico
O choque séptico define-se como sépsis com hipotensão refratária, sendo que a hipotensão é definida como SBP<90 ou MAP<70.
Refratária significa que a hipotensão persiste após 30mL/kg de cristalóide (popularmente conhecido como soro)
Dependência de vasopressores após uma adequada reposição do volume.
Para que haja um reconhecimento de precoce são utilizados 2 tipos de variáveis:
qSOFA (quick SOFA)- apercebemo-nos rapidamente aquando da observação do doente
o Frequência respiratória
o Estado mental
o Pressão sanguínea sistólica
SOFA
o Rácio PaO2/FiO2
o Escala de Glasgow<12 ou 13
o PAM diminuída
o Hipotensão mesmo após a administração de vasopressores
o Função renal deteriorada (creatinina sérica e débito urinário)
o Bilirrubina aumentada
o Trombocitopénia
Quais são as 2 variáveis utilizadas para o reconhecimento precoce do choque séptico?
qSOFA (quick SOFA)- apercebemo-nos rapidamente aquando da observação do doente
o Frequência respiratória
o Estado mental
o Pressão sanguínea sistólica
SOFA
o Rácio PaO2/FiO2
o Escala de Glasgow<12 ou 13
o PAM diminuída
o Hipotensão mesmo após a administração de vasopressores
o Função renal deteriorada (creatinina sérica e débito urinário)
o Bilirrubina aumentada
o Trombocitopénia
Quais são os agentes infecciosos associados à cirurgia?
- Bactérias (mais relevantes nas infeções cirúrgicas)
- Fungos
- Vírus
Caracterize os Agentes infecciosos (bactérias)
As bactérias são os agentes infecciosos mais relevantes nas infeções cirúrgicas:
* Gram positivas- incluem as bactérias comensais aeróbicas da pele e organismos entéricos.
* Enterococos- podem causar infeções nosocomiais, nomeadamente bacteremia e infeções do trato urinário, sobretudo em doentes imunocomprometidos ou com doenças crónicas associadas (como a diabetes, insuficiência renal). Habitualmente estes agentes infecciosos têm uma baixa virulência em indivíduos previamente saudáveis
* Gram negativas- também podem ter importância, nomeadamente nas infeções abdominais polimicrobianas
Caracterize os Agentes infecciosos (Fungos)
São raros os fungos relacionados com infeções do ponto de vista cirúrgico, sendo que nas infeções adominais aos agentes polimicrobianos podem estar associados fungos nomeadamente a Candida albicans; sendo que as restantes situações são muito mais raras
Caracterize os Agentes infecciosos (vírus)
Neste momento estamos a atravessar uma fase pandémica onde há um novo vírus que condicionou
imenso a nossa atividade cirúrgica.
Antes de surgir o Covid-19 os vírus que mais tinhamos contacto e dos quais mais nos devemos proteger enquanto profissionais de saúde são os vírus da hepatite B e C e os da HIV; sendo que ao tratar doentes com este tipo de patologias devemos ter barreiras de proteção.
É raro abordar cirurgicamente doentes Covid-positivos, no entanto caso seja necessário temos também barreiras específicas para os abordar (salas em pressões negativas, com múltiplas máscaras e luvas)
Qual é a melhor forma de lidar com infeções cirúrgicas?
A Prevenção
Quais são as etapas de tratamento do material?
- Descontaminação
- Limpeza
- Desinfeção
- Esterilização
O material que utilizamos, nomeadamente as batas, luvas e o material cirúrgico estão esterilizados, ou seja, há uma completa destruição de todos os microorganismos, incluindo os esporos das bactérias
Exemplo de situação em que a esterilização não é completamente conseguida
Contudo essa esterilização tem alguns limites, por exemplo foram feito estudos (nomeadamente em cirurgias ortopédicas onde há material mais pesado) as luvas passado algum tempo de utilização, mesmo não tendo macroscopicamente soluções de continuidade, têm pequenas infrações que podem ser objeto de translocação bacteriana para a zona que estamos a operar. Deste modo a esterilização é um conceito teórico que na prática não é completamente conseguido.
Gráfico dos locais que são limpos entre pacientes no bloco operatório
3 passos da OMS para a proteção do doente cirúrgico
Quais são os cuidados a ter no Pré operatório para a prevenção da Infeção Cirúrgica?
6
- Na véspera da intervenção é preconizado um banho com um desinfetante
- Remoção dos pelos ou cabelos, de preferência com uma máquina em vez de ser com uma lâmina e quanto mais perto da cirurgia possível de forma a que não haja soluções de continuidade na pele do doente
- Desinfeção do local cirúrgico, na maior parte das vezes com solutos alcoólicos
- Desinfeção cirúrgica das mãos (vai haver uma aula específica com os nossos assistentes), o desinfetante tem um aspeto mecânico e farmacológico atuando como bactericida sobre os microorganismos que transportamos nas mãos
- Suporte nutricional
- Se possível parar imunossupressores
Quais são os cuidados a ter no Peri operatório para a prevenção da Infeção Cirúrgica?
3 + 3
- Identificação e tratamento de infeções antes da cirurgia
- Controlo da hiperglicémia, da pressão de oxigénio e da normotermia - para além da administração de fluidos (controlo da volémia, normalmente feito pelos anestesistas) são os 3 aspetos mais relevantes que temos no peri-operatório
- Cessação tabágica 30 dias antes
De que formas podemos usar os Antibióticos na Cirurgia?
Os antibióticos podem ser utilizados como profiláticos, de forma empírica (quando reconhecemos a presença de uma infeção mas ainda não temos o agente infeccioso isolado) ou como terapêutica dirigida a um microorganismo já identificado.
Caracterize a profilaxia na cirurgia?
Quando vamos iniciar um gesto cirúrgico administramos um antibiótico, habitualmente por via endovenosa e imediatamente antes da incisão de forma a ter grandes concentrações sistémicas e tecidulares quando iniciarmos a intervenção.
A profilaxia deve ser muito limitada no tempo, habitualmente com uma única administração, sendo que no caso da cirurgia colo-retal pode durar no máximo 48 horas, não devendo passar esta fase