Materia Livro Flashcards

(132 cards)

1
Q

Como a AGA também é conhecida? O que ela é?

A

Também conhecida como avaliação geriátrica global ou multidimensional, é o padrão ouro da avaliação diagnóstica da geriatria, e é um processo diagnóstico multidisciplinar e multidimensional que determina incapacidades, deficiências e dificuldades do idoso englobando vários aspectos, como o físico, mental, social, funcional e ambiental (psicossocial e funcional). O funcional engloba a habilidade do idoso funcionar em sua vida diária

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2
Q

Como é o teste get up and go no idoso? Quais suas pontuações e qual sua maior problematica?

A

Get up and go test: pedir para o paciente, que se encontra sentado, se levantar, para, andar 3 metros, virar em 180°, voltar e se sentar. Seus resultados são: (1) normalidade; (2) anormalidade leve; (3) anormalidade média; (4) anormalidade moderada; (5) anormalidade grave. Sendo que escore de 3 e mais pontos indica risco aumentado de quedas. A maior problematica é que os resultados podem ser diferentes dependendo do avaliador, sendo um exame avaliador-dependente

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3
Q

Como é o teste timed up and go? Em quais situações ele é bom e em quais ele é ruim?

A

Timed up and go test: é o mesmo teste citado anteriormente, só que cronometrado. Estudos indicam que ele é bom para determinar risco de queda em idosos com baixa performance e menos saudáveis, e não em idosos saudáveis. Estudos indicam que o teste também pode ser útil para detectar demência ou alzheimer.

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4
Q

Quais são os critérios e diagnósticos de sarcopenia e como o diagnóstico é dado?

A

Ela interfere na mobilidade e no equilíbrio, resultando em maior risco de quedas. Ela é avaliada por 3 critérios: (1) baixa força muscular - avaliada por preensão palmar, é o critério mais importante, (2) baixa quantidade/qualidade muscular - avaliada por bioimpedancia, (3) baixo desempenho físico - get up and go test. Apresentar o critério 1 é Sarcopenia provável, 1+2 Sarcopenia confirmada e 1+2+3 Sarcopenia grave

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5
Q

Descreva o teste de preensão palmar, subida na cadeira, circunferência da panturrilha e velocidade de marcha.

A

Pressão palmar: considerado Sarcopenia se <16kg em mulheres ou <27kg em homem. Caso esse teste seja impossível por limitações como artrite, AVE, usamos o teste da subida da cadeira (paciente se levanta 5 vezes sem as mãos - se <15s, tá normal)
Velocidade da marcha: avalia capacidade muscular, sendo o normal >0,8 m/s
Circunferencia da panturrilha: medida mais sensível de avaliação de massa muscular, sendo o normal >31cm.

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6
Q

O que é cognição? Suas alterações estão relacionadas a quais quadros?

A

é o processo de aquisição de conhecimento, incluindo atenção, raciocínio, memória, linguagem, e sua perda pode resultar em dependência e perda de autonomia. Alterações na cognição estão relacionados com quadros demenciais e depressivos

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7
Q

Quais são os valores de corte do MEEM?

A

Analfabetos, 20 pontos; 1 a 4 anos de estudo, 25 pontos; 5 a 8 anos de estudo, 26 pontos; 9 a 11 anos de estudo, 28 pontos; superior a 11 anos de estudo, 29 pontos.

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8
Q

O que é o teste da fluência verbal qual sua nota de corte?

A

Pedimos para o idoso nomear o máximo de animais que ele consegue em 1 minuto. Se ele tiver menos de 8 anos de escolaridade, a nota de corte é 9. Se tiver mais de 8 anos, a nota de corte é 13

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9
Q

Como é o teste do desenho do relógio? Em quem ele deve ser usado? Qual sua nota de corte?

A

recomendado usar em pessoas com pelo menos 4 anos de escolaridade, e pedimos para ela desenhar um relógio marcando 2:45. Não há muito consenso com relação a nota de corte

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10
Q

O que é a escala de depressão geriátrica? Qual sua função?

A

utilizada para rastreio de quadros depressivos em idosos, já que nessa faixa etária, os sintomas de depressão são muito atípicos. Existem várias versões, mas são respostas de sim ou não, sendo o questionário com 15 questões o mais usado em nosso meio. Esse teste não tem função diagnóstica, apenas de rastreio

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11
Q

Quais são as principais alterações sensoriais nos idoso? Quais as consequências disso?

A

Déficits sensoriais relacionados à audição e à visão aumentam muito com o avanço da idade. Alterações subdiagnosticadas na audição resultam em menor confiabilidade nos testes cognitivos, diagnosticando demência em pacientes saudáveis. Alterações no olfato e no paladar também se acentuam com a idade, podendo alterar testes cognitivos

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12
Q

Qual a diferença entre capacidade intrínseca e funcional?

A

Capacidade intrínseca: soma de toda a capacidade física e mental em determinado momento.

Capacidade funcional: aptidão do idoso para cuidar de si e para realizar atividades para cuidar do ambiente ao seu redor.

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13
Q

Quais são as principais escalas para se analisar a capacidade do idoso em realizar atividades da vida diária?

A

Escala de Katz: defende que a perda funcional segue o seguinte padrão de declínio: primeiro se perde a capacidade de banhar-se, seguida pela incapacidade de vestir-se, transferir-se e alimentar-se e, quando há recuperação, ela ocorre em ordem inversa.

Indicie de Barthel: criada inicialmente para analisar a recuperação de vítimas de AVE, ela se mostrou muito útil para analisar idosos. Analisa as seguintes atividades, dividindo em tópicos: banhar-se, vestir-se, promover higiene, usar o vaso sanitário, transferir-se da cama para cadeira e vice-versa, manter continências fecal e urinária, capacidade para alimentar-se, deambular e subir e descer escadas.

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14
Q

O que são atividades instrumentais da vida diária? Quais escalas a analisam e o que ela permitem?

A

As atividades instrumentais da vida diária (AIVD) são um conjunto de atividades mais complexas que demandam o uso do ambiente ao redor do idoso, como limpar a casa, tomar remédio, cozinhar, se deslocar, usar dinheiro, mexer no telefone. A análise dessas atividades determinam se o idoso pode morar sozinho.

A escala de Lawton e o Questionario de Pfeffer são as principais escalas para analisar se o idoso consegue realizar as AIVD e morar sozinho. Elas são importantes pois mostram se os déficits cognitivos trazem dificuldades funcionais.

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15
Q

O que são as atividades avançadas da vida diária?

A

As atividades avançadas da vida diária (AAVD), como dirigir, praticar esportes, tocar instrumentos, não são fundamentais para uma vida independente, mas contribuem para uma melhor qualidade de vida.

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16
Q

A avaliação nutricional é fácil de ser feita? Qual o principal método de avaliação e como sua versão reduzida também pode ser usada?

A

Estado nutricional é um dado de difícil avaliação devido à heterogeneidade populacional, e não existe um método único e eficiente para a análise das condições nutricionais. A miniavalicao nutricional (MAN) é um questionário de 18 perguntas antropométricas (peso, altura, perda de peso, IMC) e pontuação máxima de 30 pts, sendo que <17 é desnutrição, 17-23,5 é risco de desnutrição e >24 é bem nutrido. Existe uma versão reduzida do MAN que é muito útil para detectar risco nutricional em idosos em comunidades, substituindo o IMC por circunferência da panturrilha, o que é ideal na atenção primária

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17
Q

O que é polifarmcia? Como controlar o uso de medicamentos sem evidência clínica clara?

A

Polifarmacia: é o uso regular de vários medicamentos, algo comum e que tende a aumentar com a idade, visando controlar patologias crônicas. Não há um critério definido para falar o que é polifarmácia, mas estudos indicam que a partir de 5 fármacos esse termo pode ser usado. Outro problema na geriatria que deve ser controlado é o uso de fármacos sem evidência clara de eficácia e fármacos cujos efeitos adversos excedem os efeitos clínicos. Tenta-se controlar isso pelo critério de Beer e critério de STOPP/START, que analisam vários medicamentos e seus efeitos no corpo

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18
Q

Qual a diferença de comorbidade e multimorbidade?

A

Comorbidade: efeitos de doenças adicionais que afetam um paciente com uma doença índice, como câncer

Multimorbidade: quando o paciente apresenta duas ou mais doenças crônicas, o que é muito comum em idosos. Entretanto, se um paciente com muitas doenças crônicas seja internado com pneumonia, fratura de fêmur ou recebe diagnóstico de câncer, isso passa a ser a doença indicie, e essas outras condições prévias são comorbidades que devem ser analisadas.

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19
Q

O que é o indicie comorbidade idade de Charlson?

A

Índice de comorbidade-idade de Charlson: lista de 19 condições clínicas muito comuns e elas são pontuadas de acordo com a sua mortalidade (quanto maior, mais mortal). A nota também é acrescida quanto mais velho é o paciente

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20
Q

Doenças cerebrovasculares são responsáveis por qual % das demências?

A

Doenças cerebrovasculares (DCBV) causam 1/3 das demências, mas a demência é apenas parte da perda cognitiva causada por essas doenças.

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21
Q

Qual a diferença entre comprometimento cognitivo vascular e demência vascular? Qual a importância dessa distinção?

A

O CCVa é caracterizado pela redução na qualidade de vida e pela diminuição da capacidade de desempenhar atividades do dia a dia por lesão cérebrovascular, mas sem preencher os critérios para demência. A diferenciação de CCVa e DVa é importante pois devemos detectar idosos em risco com comprometimento cognitivo antes da demência, visando evitar o desenvolvimento da demência

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22
Q

Como a síndrome da fragilidade era vista antigamente e como ela é vista hoje em dia?

A

Antigamente, fragilidade era visto unicamente como algo funcional, como idosos que tinham vários graus de dependência. Atualmente, ela é vista como algo de base fisiopatológica, com redução de reserva funcional e disfunção de sistemas orgânicos.

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23
Q

Qual a definição atual de sarcopenia?

A

Fragilidade ficou definida como uma síndrome de declínio espiral de energia, embasada por um tripé que vem com o envelhecimento, formado por sarcopenia, desregulação neuroendocrina e disfunção imunológica

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24
Q

Idosos com fragilidade estão mais dispostos à apresentar o que? Se isso for associado à outras doenças, em que isso resulta? Em que essa nova avaliação permite?

A

Dessa forma, idosos nessas condições estão propensos a ter menos massa muscular e a ter um estado inflamatório crônico, que, se associado à outras doenças, faz com que eles fiquem mais propensos à entrar em um ciclo vicioso de aumento de dependência.

Essa nova perspectiva permite a identificação de idosos que ainda não são dependentes, mas tem alta chance de serem caso afetados por alguma doença

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25
A prevalência da fragilidade é de fácil mensuração? Qual sua prevalência em idosos de 65-70 e de 90? Como é sua prevalência no Brasil? O que o alto nível de idosos pré frágeis indica?
A epidemiologia da fragilidade depende dos critérios utilizados para diagnóstico. Por Fried e Walston, a prevalência é de 2,5% para idosos entre 65-70 e de mais de 30% para idosos maiores que 90 anos. No Brasil, segundo o Estudo FIBRA, 8% dos idosos eram frágeis e 52,7% pré-frágeis, com base nos critérios de Fried. Em outro levantamento (Guedes et al., 2020), 11,7% foram classificados como frágeis, 51,3% como pré-frágeis e 37% como não frágeis. O alto número de idosos pré frágeis mostram a importância do diagnóstico precoce e da intervenção precoce. Ademais, estudos indicam que idosos frágeis tem mais chance de sofrerem quedas e hospitalizações
26
O estudo da fisiopatologia da fragilidade é simples? Em que ele se baseia?
O estudo da fisiopatologia da fragilidade é difícil, já que, no idoso, coexistem doenças crônicas, agudas e incapacidades. Fried propõe que a fragilidade se baseia na redução de eixos hormonais anabolicos, em um estado inflamatório crônico subliminal e na Sarcopenia.
27
Como a Sarcopenia, desregulação neuroendocrina e disfunção imunológica atuam? O que pode desencadear a fragilidade? Quais são outros fatores que tb podem atuar na fisiopatologia da fragilidade?
Essas três alterações interagem de maneira deletéria, resultando em um ciclo auto sustentado de perda de peso, redução de energia, diminuição da alimentação. Envelhecimento, doenças, quedas, medicamentos podem desencadear o início da fragilidade. Outros autores propõem outros fatores envolvidos na fragilidade, como genética, lesões oxidativas no DNA e outros.
28
Quais são as características clínicas da fragilidade? Qual a diferença entre fragilidade e incapacidade, caquexia e comorbidades.
As características clínicas da síndrome da fragilidade são: perda de peso não intencional, fadiga, fraqueza, redução da velocidade de marcha e redução da capacidade física. Anormalidades de marcha, déficit cognitivo, depressão, quedas não são determinantes de fragilidade, mas podem estar presentes muitas vezes. As características da fragilidade e da incapacidade são muito similares, mas a primeira é de instalação lenta e multisistemico, o segundo pode ter instalação aguda e pode afetar apenas um órgão, como em AVEs. Caquexia e fragilidade são muito similares, mas a fisiopatologia difere um pouco e a primeira surge após uma doença crônica como IC, DPOC, e a segunda surge de maneira independente. As comorbidades não necessariamente apresentam redução de reservas e inadequação da homeostase, e a fragilidade sim.
29
O que é analisado na escala de fragilidade de Fried? Quais os critérios de diagnósticos?
A escala de Fried analisa: redução de força, redução de velocidade da marcha, perda de peso, exaustão diminuição aatividade física. A presença de 3 critérios classifica o paciente como frágil, 1 ou 2 como pré frágil e nenhum como não frágil. Perda de peso, força de preensão palmar e redução da velocidade são critérios objetivos, entretanto, sensação de exaustão ou atividade física baixa não. A primeira é abordada perguntando se o paciente se sente cansado para fazer as tarefas habituais e se ele comseguiu levar suas atividades habituais adiante. O segundo é abordado por questionários, mas eles são muito imprecisos e cada médico usa um questionário.
30
Quais pontos de corte são utilizados para critérios objetivos? Qual a consequência disso?
Para os critérios objetivos, se usa um ponto de corte da população, sendo que em cada país vai ser variável. O ponto de corte brasileiro é muito abaixo que o americano, o que pode causar uma superestimação de fragilidade se os pontos de corte dos artigos originais forem usados.
31
Em que o indicie de fragilidade de Rockwood se baseia? Qual outro critério ele propôs? Quais outras escalas podem ser usadas no diagnóstico de fragilidade?
O indicie de Fragilidade de Rockwood computa o número de déficits do idoso em múltiplos domínios, sendo uma proposta muito criticada por englobar a fragilidade como algo funcional. Ele também propôs a Clinical frailty scale, de 9 itens que já foi validada no Brasil e é muito usada na prática hospitalar, classificando o idoso de doente terminal a muito ativo. Outras escalas como a FRAIL e a VES 13 também são muito usadas.
32
Como os exames laboratoriais podem ser usados para diagnosticar fragilidade?
Nenhum exame laboratorial isolado detecta fragilidade, mas vários exames podem estar alterados em pacientes com essa síndrome, como: aumento de atividade inflamatória, redução de creatinina, redução de albumina, anemia
33
Quais as principais intervenções usadas para combater a fragilidade? Como o exercício físico é a suplementação alimentar devem ser feitos?
As intervenções para fragilidade atualmente propostas são: atividade física, suplementação alimentar, suplementações hormonais, medicações de diversas naturezas. O exercício físico realizado deve ser atividade de força, flexibilidade, equilíbrio e capacidade aeróbica. A suplementação alimentar isolada não tem benefícios, mas se combinada com atividade física, tem muito benefícios. Tratamentos hormonais não se mostraram benéficos.
34
Qual o risco de pessoas de 55-65 desenvolverem HAS? Com que ela geralmente está associada?
Estudos sugerem que o risco o de desenvolver HAS para pessoas de 55-65 anos é maior que 90%, então a HAS se torna muito prevalente em uma população em constante envelhecimento. Além disso, ela tende a estar associada à DM e à arteriosclerose, aumentando a morbimortalidade cardiovascular.
35
Encontramos HAS em qual % de indivíduos com IAM, AVE, ICC e doença arterial obstrutiva periferica? Ela é responsável por qual % das mortes cardiacas e por AVE?
Além disso, a HAS se encontra em 69% de pacientes de primeiro episódio de IAM, 77% com AVE, 75% com ICC e 60% com doença arterial obstrutiva periferica. Ela também é responsável por 45% das mortes cardíacas e por 51% das mortes por AVEs.
36
No Brasil, a HAS atinge quantos adultos e idosos?
No Brasil, a HAS atinge 33% dos adultos (36 milhões) e 60% dos idosos
37
Qual a definição de HAS?
PA acima de 140/90 mmHg
38
Como a PAS é a PAD se controlam no idoso?
Estudos indicam que a PAS aumenta com a idade, e a PAD aumenta até a sexta década de vida, diminuindo com os anos. Isso é perigoso, pois aumenta a pressão de pulso, que, quando alta, está associada com eventos cardiovasculares
39
Como a RVP e o DC funcionam no idoso? Como a parede do invasão do idoso funciona?
Em idosos teremos aumento da RVP, devido à aterosclerose, por causa de uma agressão crônica à parede endotelial. No idoso, teremos grande aumento da RVP e diminuição do débito cardíaco. O endotélio do indivíduo idoso também secreta menos óxido nítrico, mais endotelina (mas a sensibilidade a esse vasoconstritor diminui), o colágeno aumenta, a elastina diminui
40
Qual a relação entre HAS e EDON?
Na HAS, temos alteração no sistema endotélio-óxido nítrico (EDON), diminuindo a secreção de óxido nítrico, mas não se sabe se isso causa ou é decorrente da HAS
41
O que é EVA e quais seus principais fatores de risco? Qual sua relação com a PÁ?
A EVA é o envelhecimento vascular acelerado, que promove aumento da rigidez vascular, aumentando consequentemente a PA. Seus principais fatores de risco são excesso de peso, sedentarismo e hábitos alimentares inadequados. Além disso, um aumento da PA causa retroalimentação e aumenta ainda mais a EVA
42
Qual a relação entre envelhecimento, função renal e HAS?
Com o passar dos anos, o rim diminui, e sua capacidade de filtração também. Em idosos saudáveis, isso não impacta muito a função renal, mas em idosos com HAS e DM sim, podendo desencadear doença renal
43
Como a pressão no idoso deve ser medida? Quais outras técnicas podem ser usadas e o que ela visa impedir?
A pressão é idealmente medida com o paciente em decúbito e deve ser realizada no mínimo duas vezes intervaladas, e realizar mais vezes caso o paciente esteja ansioso. Pode se realizar também o monitoramento ambulatorial da pressão arterial (MAPA) ou o monitoramento residencial da pressão arterial (MRPA), visando afastar a hipertensão do jaleco branco (HAB- prevalência de 43% - 45% em indivíduos maior que 65 anos) ou a hipertensão mascarada.
44
O que causa a pseudohipertensao? Quando podemos diagnostica-la?
Pseudohipertensao: em idosos com arteriosclerose muito acentuada, a arterial braquial pode estar tão dura que o manguito não a fecha corretamente com a pressão da PAS, e a artéria radial continua palpável mesmo com um valor muito acima da PAS. Esse diagnóstico também é sugerido quando o paciente tem PAS elevada e não tem lesão em órgão alvo ou quando ele apresenta hipotensão ao tratamento.
45
O que é hiato auscultatorio? Em que ele resulta e como ele pode ser evitado?
Hiato auscultatorio: é o desaparecimento dos ruídos de Korotkoff após o primeiro som, seguido de um reaparecimento após 40mmHg. Isso pode levar à subestimação da PAS ou superestimação da PAD. Isso pode ser evitado pela medida palmatória da PAS ou pelo sistema finapres
46
O que é hipotensão ortostática? Qual sua prevalência e por que ela pode ser causada?
Hipotensão ortostática: queda de 20mmHg na PAS ou 10mmHg na PAD da posição supino para a ortostática. Isso ocorre em pacientes com aterosclerose em seio carorideo, diminuindo a sensibilidade de barroreceptores. Isso é visto em 34% dos idosos com mais de 75 anos. Diuréticos, anti-hipertensivos e beta bloqueadores também podem ocasionar isso
47
O que devemos fazer com relação as artérias dono exame físico do idoso?
Palpar pulsos arteriais perifericos, visando achar algum acometimento aterosclerótico difuso. Palpamos e auscultamos a carótida, visando encontrar diminuição na amplitude de pulso ou sopros. Na dúvida, podemos fazer exame USG doppler da carótida/vertebrais.
48
O que fazemos no exame abdominal do idoso? O que fazer em caso de dúvidas ou de claudicação + diminuição de amplitude arterial?
A palpacao do abdome visa encontrar dilatação da aorta abdominal e a ausculta na região renal busca sopros. Em casos de dúvida no abdome, fazer Doppler. Em casos de claudicação e diminuição da amplitude arterial, também fazemos doppler.
49
O que a ausculta cardíaca no idoso nos indica?
No precórdio, fazemos inspeção buscando ventrículos aumentados. Na ausculta, uma terceira bulha indica dilatação de VE, e uma quarta bulha indica dificuldade de enchimento ventricular esquerdo, acompanhando uma IC diastólica.
50
A investigação de HAS secundária no idoso é rotina? De que devemos desconfiar? Como devemos fazer o diagnóstico?
Apesar de não ser rotina, pode-se investigar HAS secundária no idoso. Devemos ficar de olho em polifarmacia e estenose de artéria renal por arteriosclerose, podendo se tornar refratária ao tratamento e piorar função renal. Para o diagnóstico dessa segunda, fazemos ausculta e doppler, mas também podemos fazer RM e arteriografia (padrão ouro).
51
O que é pressão arterial central? Como os betabloquadpres se comportam frente à ela?
Pressão arterial central é a pressão do sangue dentro da aorta ascendente ou na carótida. Em pacientes idosos, Os beta bloqueadores não tem muita capacidade de reduzir essa pressão, resultando em maior morbimortalidade cardiovascular, sendo então menos recomendados. Os novos beta bloqueadores, como o nevibolol, se mostraram capazes de reduzir a PA central pois tem ação vasodilatadora intrínseca, mas não tiveram melhores desfechos para evitar morte cardiovascular
52
Como estudos diferenciam o tratamento padrão e o intenso de HAS para transtornos cognitivos, alteração de marcha, desfechos cardiovasculares e hipersinal em substância branca?
O estudo recente SPRINT - MIND para idosos indicam que controle intenso da PA reduz significativamente o risco de transtorno cognitivo leve, mas não reduz tanto assim o risco de demência. O estudo INFINITY também separou a população em tratamento intensivo e padrão, e os desfechos de velocidade da marcha e transtornos cognitivos foram iguais em ambos os grupos. Entretanto, eventos adversos cardiovasculares e hiperintensidade de substância branca foram menores no tratamento intenso.
53
Como é o tratamento não farmacológico da HAS? Para quem ele pode ser usado exclusivamente? - LEMBRAR DE OLHAR GRAUS DE CLASSIFICAÇÃO PELO RESUMO
O tratamento não farmacológico da HAS consiste em mudanças de estilo de vida, o que deve ser incentivado para todos os indivíduos e é obrigatório para indivíduos com HAS ou PA limítrofe. Ademais, ela pode ser o único tratamento por um período de 6 meses para aqueles com HAS estágio 1 e baixo risco adicional. As principais medidas a serem implementadas são: maior atividade física, perder peso, menos álcool, menos sódio, mais potássio. Deve também identificar qualquer fármaco ou fator externo que pode causar essa HAS.
54
Qual o mecanismo de ação dos diuréticos? Quais são seus 3 tipos e quando eles são indicados? Quando eles são contraindicados? Quais são seus efeitos colaterais?
Diuréticos: seu efeito anti-hipertensivo é, inicialmente, a redução de volume e, posteriormente, redução da RVP. Damos preferência para os tiazidicos, os diuréticos de alça são usados em caso de HAS com insuficiência renal ou cardíaca e os diuréticos poupadores de potássio tem pouco efeito, mas podem impedir hipopotassemia se associados à tiazidicos/diurticos de alça (mas podem causar hiperpotassemai se usados em pacientes com problema renal). Seus principais efeitos colaterais são hipopotassemia, que podem induzir hipomagnesio e causar arritmias ventriculares, hiperuricemia, intolerância à glicose, aumento de triglicerídeos, impotência sexual e possíveis quadros depressivos. Sua dose não deve passar de 25mg/dia. A clearance de creatinina abaixo de 30 ml/h contraindica o uso dos diuréticos tiazídicos
55
Qual a ação dos antagonistas de canais de cálcio? Quais são seus 3 tipos? Devemos usar aqueles com qual tempo de ação? Quais são seus benefícios e efeitos colaterais?
Sua principal ação é a redução da RVP pela redução da concentração de cálcio. Eles podem ser divididos em: fenilalquilaminas (verapamil), benzotiazepinas (diltiazem) e di-hidropiridínicos (nifedipino). Eles são eficazes como monoterapia, e os com longo tempo de ação devem ser utilizados, já que os com curto tempo de ação aumentam AVE e IAM. Eles são muito bons pois são favoráveis ao perfil lipídico, glicosídio, hidro eletrolítico e disfunção sexual. Entretanto, podem causar tontura, cefaleia e edema.
56
Quais os benefícios dos betabloqueadores? Qual seu mecanismo de ação? Qual tipo devemos utilizar?
Beta bloqueadores: seus benefícios não são tão claros assim, pois eles geralmente são associados aos diuréticos. Seu mecanismo envolve inicialmente redução do débito cardíaco (inicial), redução da secreção de renina, redução das catecolaminas e redução da ação dos barroreceptores. Devemos dar preferência para os betabloquadores mais seletivos e menos lipossoluveis, já que tem menos efeitos no SNC, brônquios e circulação periferica
57
Qual o mecanismo de ação dos IECA, em que eles se mostraram eficaz e ineficaz, para quem eles são indicados, para quem ele é contraindicado e quais seus efeitos colaterais?
impedem a conversão de angiotensina 1 e 2. São eficazes na redução de morte cardiovascular, mas não se mostraram úteis para pacientes hipertensos. Eles são indicados para idoso hipertensos com ICC ou diabetes. Os principais efeitos colaterais são tosse seca, hipersensibilidade e alteração de paladar e não devem ser usados em pacientes com qualquer problema vascular renal e pode aumentar creatinina em quem tem problema renal, mas tem efeito nefroprotetor
58
Quando os antagonistas de receptor de angiotensina 2 podem ser usados? Qual o mecanismo de ação?
Antagonistas dos receptores de angiotensina II: bloqueiam o receptor AT-1 e são usados quando há intolerância ao IECA, e os efeitos adversos são os mesmos. Já se mostraram com boa eficácia como monoterapia
59
Quais fármacos devem ser idealmente evitado? Por que?
De modo geral, os bloqueadores adrenérgicos de ação central, alfabloqueadores e diuréticos em altas doses devem ser evitados pelo potencial de exacerbação de alterações posturais da PA e de alterações cognitivas nessa faixa etária.
60
As metas de tratamento devem ser alcançadas em quanto tempo para indivíduos em tratamento?
As metas de tratamento para hipertensivos deve ser alcançada em 6 meses, e para os indivíduos de alto risco deve, ser alcançadas em 3 meses, idealmente
61
Qual a prevalência da Hipertensão sistólica isolada? Quem deve ser tratado e quais cuidados devemos tomar?
Hipertensão sistólica isolada acomete 75% dos pacientes com HAS e mais que 70 anos. A PAD muito baixa é maléfica e está muito associada com eventos adversos, especialmente em pacientes com DAC. Estudos apontam que é necessário tratar a HSI, mesmo em pacientes com PAD baixa, mas uma redução da PAD para menos que 55mmHg pode ser muito maléfico para a saúde
62
Qual cuidado devemos tomar no tratamento de HAS para idosos frágeis? O tratamento intensivospadrao resulta em alguma diferença?
Para o idoso frágil, o tratamento to da HAS deve levar em consideração o risco de quedas do paciente. Estudos indicam que a redução intensiva da PA não aumenta o risco de quedas em comparação com o tratamento padrão.
63
O que é crise hipertensiva e qual a diferença entre emergência e urgência hipertensiva? Como deve ser feito o tratamento?
A crise hipertensiva está relacionada com o aumento agudo da PA, geralmente ultrapassando 180/120mmHg. Ela pode ser dividida em emergência hipertensiva, que cursa com lesão de órgão alvo e risco imediato de morte ou como urgência hipertensiva, que não cursa com LOA. O tratamento da emergência hipertensiva deve ser feito com fármacos endovenosos e visar esses valores - OLHAR TABELA DO RESUMO
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Quais cuidados devemos tomar para pacientes com DPOC em uso de betabloqueadores?
Beta bloqueadores podem causar broncoespasmo em pacientes com DPOC
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Qual o problema da depressão no tratamento de HAS? Fármacos podem causar hipertensão ou depressão?
A depressão pode dificultar a adesão ao tratamento da HAS, e agentes hipotensores podem causar depressão. ADTs, Venlafaxina e IMAO podem causar aumento da pressão, mas ISRS são seguros
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Quais fármacos devemos usar para tratar obesos o com HAS? E quais devem ser evitados?
Em pacientes obesos, devemos usar IECA (aumentam sensibilidade à insulina) e antagonistas do canal de cálcio (ação natriuretica e pouca ação no metabolismo lipídico e glicêmico). Entretanto diuréticos e beta bloqueadores devem ser usados com cautela, pois podem aumentar resistência à insulina. Fármacos anorexigenos devem ser evitados pois podem aumentar PA
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Como a HAS se comporta em DM1 e DM2? Quais fármacos podem ser usados nos pacientes? Quais devem ser evitados?
A prevalência de HAS em diabéticos é 2x maior que a na população normal. Na DM1, a HAS está associada à nefropatia diabética, e na DM2, temos associação com patologias cardiovasculares. Diuréticos podem aumentar a resistência à insulina, e betabloquadores também podem aumentar a resistência à insulina e podem mascarar sinais de hipoglicemia, mas eles devem ser usados em angina e pós IAM. Inibidores adrenérgicos e vasodilatadores podem exacerbar sintomas neuropáticos, como disfunção sexual ou hipotensão postural. Os IECA podem ser bem úteis, pois são nefroprotetores, e os antagonistas de angiotensina 2 podem ser alternativas boas. Nos casos de difícil controle da pressão, os antagonistas dos canais de cálcio, os alfabloqueadores e a hidralazina podem ser úteis
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Qual fármacos podem ser usados no controle de HAS e perfil lipídico? Quais não causam alterações? Como os betabloqueadores atuam?
A associação entre dislipidemia e HAS é comum, e alfabloqueadores podem melhorar o perfil lipídico. IECA, antagonistas de canal de cálcio, diuréticos de baixa dose e alfa 2 agonistas não interferem na lipemia. Betabloqueadores podem temporariamente aumentar os triglicerídeos, mas seus benefícios>maleficios em caso de IAM
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Em caso de hipertrofia do VÊ, quais fármacos podem ser usados e quais não podem ser usados?
No caso de hipertrofia do ventrículo esquerdo, todos os fármacos podem ser usados, menos vasodilatadores de ação direta
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Quais fármacos podem ser usados para HAS em quem tem doença renal? Qual a relação deles com o clearance de creatinina?
A HAS pode resultar em casos de doença renal. Todas as classes de hipotensores podem ser usadas, mas IECA e tiazidicos devem ser usados para creatinina abaixo de 2,5 mg/dl. Quem tem creatinina acima desse valor deve usar diuréticos de alça. Diuréticos poupadores de potássio, como amilorida, espironolactona e triantereno, são formalmente contraindicados. Nos idosos, a avaliação renal deve ser feita pelo clearence de creatinina, já que seus níveis séricos normais podem ser pela diminuição de massa muscular
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Quais fármacos indicamos e contraindicamos para HAS e doença arterial periferica?
Para pacientes com HAS e doença vascular periferica indicamos betabloqueadores de 3ª geração, IECA, antagonistas de canais de cálcio, vasodilatadores. Betabloquadores de 1ª e 2ª não devem ser usados
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O que é osteoporose e como se dá seu diagnóstico?
Osteoporose: doença esquelética cronica progressiva que apresenta pouca massa óssea e piora na microarquitetura do osso. Seu diagnóstico pode ser feito pela presença de fraturas sem trauma evidente ou pela diminuição na densidade mineral óssea medida pela densitometria óssea (DXA).
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Como é o estado pré clínico da osteoporose? Em que países a patologia é mais prevalente?
Seu estado pré clínico geralmente apresenta pouca massa óssea mas não apresenta sintomas, retardando diagnóstico. A doença é extremamente prevalente em países em desenvolvimento, já que a nutrição tende a ser baixa em vitamina D.
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Em qual população e em qual idade a doença é mais prevalente?
A doença ocorre principalmente em idosos homens e mulheres (geralmente pós menopausa). Nela, a resistência óssea (densidade + qualidade óssea) fica comprometida, aumentando risco de fraturas, dor, incapacidade física.
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Sempre teremos perda de massa óssea na osteoporose?
Entretanto, nem sempre temos perda óssea, especialmente nos casos em que o adolescente não adquiriu seu auge de massa óssea. Dessa forma, é essencial otimizar o pico de massa óssea.
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A prevalência de osteoporose no Brasil é um dado preciso? Ela afeta mais homens ou mulheres?
A prevalência de osteoporose varia de 6-33% nos estudos, já que o Brasil tem uma população muito variável, mas tudo indica que 50% das mulheres com 80 anos são afetadas, enquanto só 20% dos homens são.
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O que é o osso, quais são as matrizes que o formam e quem atua no seu processo de remodelação?
Osso é uma estrutura rígida de tecido conjuntivo formada por células, osteocitos, osteoblastos e osteoclastos. Os osteocitos ficam em uma matriz proteica de colágeno e outros minerais. Os osteoblastos e osteoclastos estão no periósteo e no endósteo, formando a matriz óssea. O tecido ósseo está em remodelação constante, processo que ocorre na face interna do osso, que é realizado pelos osteoblastos e osteoclastos (unidade básica multicelular).
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Explique o ciclo RANKL e OPG
Esse ciclo é ativado por estímulos como microfraturas, carga mecânica ou baixa de cálcio, levando à ativação de osteócitos e recrutamento de osteoclastos por meio da sinalização RANKL/M-CSF. O RANKL, produzido por osteoblastos e seus precursores, ativa receptores RANK nos osteoclastos, promovendo sua sobrevivência e atividade reabsortiva, processo que é inibido pela osteoprotegerina (OPG). O equilíbrio RANKL/OPG, controlado por hormônios e citocinas (como IL-1, TNF-α e TGF-β), é fundamental para a homeostase óssea e está envolvido na fisiopatologia de doenças como osteoporose, especialmente em situações como menopausa, uso de corticosteroides ou neoplasias ósseas
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Explique a via Wnt
Além disso, a via Wnt desempenha papel crucial no controle dos osteoblastos, influenciando sua proliferação, diferenciação e sobrevivência por meio da ativação da beta-catenina e de receptores como LRP5/6. Substâncias como esclerostina e Dickkopf (Dkk), que inibem essa via, podem ser alvo terapêutico para estimular a formação óssea.
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Quando o ser humano atinge seu pico de massa óssea?
O esqueleto atinge seu pico de massa óssea por volta dos 20 a 30 anos, e, após essa fase, a remodelação óssea predomina. Na velhice, principalmente em mulheres após a menopausa, ocorre maior reabsorção do que formação óssea, levando à perda de densidade mineral e maior risco de fraturas
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Os fatores de risco para osteoporose são um somatório de que? Como é a perda de osso cortical e trabecular no homem e na mulher a partir dos 35 anos?
O somatório de genética e estilo de vida resultam nos fatores de risco para osteoporose. Observa-se que, a partir dos 35 anos, o indivíduo perde 0,3-0,5% de osso cortical (compacto) anualmente, podendo ser 10x maior na menopausa. Já a mulher perde 0,6-2,4% de osso trabecular anualmente e o homem perde 0,2-1,2% anualmente. As mulheres perdem massa óssea mais intensamente pois a massa está diretamente relacionada com hormônios gonadais, (causa primária de diminuição óssea) e esses hormônios diminui em bruscamente nas mulheres com a idade
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A DMO está principalmente relacionada com o que? Quais são dois fatores de risco maiores para a osteoporose? E como ela se relaciona com peso, atividade física, cor de pele e ser confinado ao leito?
A densidade mineral óssea está 85% ligada com genética, por isso histórico de osteoporose ou FFP são fatores de risco maiores. Pessoas magras também estão ligadas à osteoporose, pois em gordas, o osso se calcifica mais para aguentar o peso ou o aumento de gordura aumenta produção de estradiol. Aumento de atividade física diminui risco de OP, já que ela causa deformidade óssea e formação óssea, especialmente em jovens. Pessoas negras também tem menor risco de osteoporose, já que meninas negras formam mais massa óssea que brancas com a idade. Pacientes confinados ao leito podem perder até 1% de osso trabecular por semana. A mobilização recupera parcialmente a massa óssea a 0,25% no mesmo espaço de tempo
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Como a nutrição/idade diminuem a absorção do cálcio?
A nutrição também tem relação com a perda de massa óssea com a idade. O cálcio passa a ser pior absorvido pela queda de 25 (OH) D com a idade (redução a exposição ao sol), diminuição da conversão de 25 (OH) D em 1,25 (OH) D, pela diminuição da função renal e diminuição dos receptores de vitamina D. Uma dieta rica em proteína teoricamente causa hipercalciuria mas, por ser rica em fósforo, isso diminui a excreção de cálcio. Alimentos ricos em sódio tambem podem aumentar a excreção de cálcio pelos rins, mas o consumo de coca, café, álcool em quantidades moderadas não influenciaram a osteoporose.
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Quais outros dois fatores de risco para osteoporose?
Tabagismo também é um grande fator de risco, além de medicamentos que podem diminuir massa óssea, como corticoides, amticonvulsivante, imunossupressores e antiretrovirais.
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O que é a FRAX?
A OMS criou uma ferramenta para avaliar o risco de fratura (FRAX) estimando a probabilidade de uma fratura de quadril ou uma fratura osteoporotica em 10 anos para uma pessoa não tratada, usando ou não densitometria óssea. Para indivíduos com baixo e médio risco, usamos a DXA, mas para indivíduos de alto risco, não precisamos da DXA.
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Quais os lugares mais fraturados de acordo com a idade do paciente?
A OP tende a ser assintomática, diagnosticada em radiografia ou DXA. Geralmente, o paciente fratura punho, fêmur proximal (ambas bem diagnosticadas) e vértebras (pouco diagnosticada). Jovens tendem a fraturar punho, adultos mais velhos vértebras e idosos fêmur, já que perdem os reflexos posturais.
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Por que pedimos exames de sangue na osteoporose?
Os exames laboratoriais são normais na OP involucional ou primária, então pedimos exames para estabelecer uma causa secundária.
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O que são biomarcadores ósseos? Eles são específicos? Como podemos mensurar a velocidade de degradação óssea?
Biomarcadores ósseos são produtos liberados na urina ou no sangue após a degradação do osso, derivados de atividade osteoblastica ou osteoclastica. Entretanto, nenhum marcador é específico para a osteoporose. Conseguimos detectar a velocidade de degradação/reabsorção óssea pela dosagem de enzimas.
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Esses marcadores tem confiabilidade boa? Para que eles são bons?
Esses marcadores tem confiabilidade duvidosa, mas eles são muito bons para: predição de fraturas (maior os biomarcadores, maior o risco de fratura), determinação de resposta terapêutica e identificação de indivíduos com alto turnover ósseo.
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Qual a melhor função dos biomarcadores? Quando percebemos que o tratamento está funcionando?
Sua melhor função é no monitoramento terapêutico, sendo que os valores só são alterados após 3 meses de medicacao, sendo os biomarcadores de formação os primeiros a se modificar, depois os de reabsorção. Os valores de N-telopeptídio do colágeno do tipo I (NTX) e C-telopeptídio do colágeno do tipo I (CTX) - biomarcadores de reabsorção (existem também os de formação) - são maiores na adolescência e pós-menopausa. A resposta terapêutica só é confirmada quando temos um decréscimo de 30% no CTX e no NTX (descíamos maior que a alteração mínima significativa).
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Biomarcadores fazem diagnóstico de osteoporose?
Os biomarcadores não fazem diagnóstico de osteoporose.
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As radiografias tem alta precisão? Quando elas conseguem detectar OP precocemen te é quanto do osso deve estar acometido para ver tais alterações? Em que contexto as radiografias podem ser usadas?
Radiografias não tem alta precisão e sensibilidade para determinar massa óssea, é só pode ser usada para detectar OP precocemente em casos de fraturas vertebrais. As radiografias só mostram alteração após perda de no mínimo 30% de massa óssea, prejudicando o diagnóstico precoce. Elas devem ser usadas como exame complementar, para estabelecer fraturas vertebrais e idosos que perdem altura inexplicável.
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Quais os principais achados na radiografia da osteoporose?
■ Radiolucência ou radiotransparência aumentada, traduzida como osteopenia ■ Afinamento da cortical ■ Desaparecimento primário das trabéculas horizontais, com persistência das verticais, que seguem as linhas de força gravitacionais ■ Estriação longitudinal, principalmente na zona subendosteal, ou tunelização intracortical é sinal patognomônico de alto turnover ósseo ■ Reabsorção óssea subperiosteal, com irregularidade da superfície óssea externa, é encontrada principalmente no hiperparatireoidismo primário ou secundário.
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O que a ultrassonografia óssea analisa, o que ela permite encontrar, o que isso mede e qual sua qualidade?
A ustrassonografia óssea é um método muito novo, mas ele mede a velocidade de propagação (SOS) e a atenuação do som em calcâneo e tíbia (BUA). Combinando esses parâmetros, encontramos a resistência óssea, que mede a chance de fraturas no colo femoral em mulheres acima de 65 anos. Entretanto, ela não se mostra muito boa em comparação com a DXA.
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O que é DXA, qual seu padrão ouro, o que ela permite e quais partes do corpo podem ser analisadas?
DXA sao todos os métodos utilizados para medir a quantidade mineral no osso, calculando então a densidade mineral óssea. Ela é capaz de estabelecer diagnóstico de osteoporose, determinar risco de fraturas, estabelecer intervenção terapêutica e avaliar alterações na massa óssea com o tempo. O padrao ouro da DXA é a DEXA. A parte do corpo a ser analisada depende do paciente: mulheres na menopausa devem avaliar coluna lombar e fêmur próximal e idosos devem analisar FP, já que coluna com doença degenerativa pode dar falso positivo para OP. Pacientes com hiperparatireoidismo e obesidade podem analisar antebraço.
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Em quais indivíduos a DMO pode ser realizada?
■ Todas as mulheres de 65 anos ou mais ■ Mulheres na peri e pós-menopausa com fatores de risco ■ Mulheres com amenorreia secundária prolongada (por mais de 1 ano) ■ Todos os indivíduos que tenham sofrido fratura por trauma mínimo ou atraumática ■ Indivíduos com evidências radiográficas de osteopenia ou fraturas vertebrais ■ Homens com idade superior a 70 anos Homens com idade inferior a 70 anos com fatores de risco ■ Indivíduos que apresentem perda de estatura (2,5 cm) ao longo da vida ou hipercifose torácica ■ Indivíduos em uso de corticoides por 3 meses ou mais, independentemente da dose
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Quais são as 3 medidas que a DXA oferece?
A densitometria óssea (DXA) oferece três tipos de medidas: valor absoluto (g/cm²), que mostra a massa óssea em um momento específico, mas não avalia risco de fratura; Z-score (age matched), curva que compara a densidade do paciente com a de indivíduos da mesma idade, sexo, cor e peso, útil para investigar causas secundárias de osteopenia/osteoporose; e T-score (young adults), que compara a massa óssea com a de adultos jovens entre 20–40 anos e é o parâmetro usado pela OMS para diagnóstico.
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Qual é a classificação da OMS em relação ao T score? Com qual frequência o teste deve ser repetido?
A classificação da OMS com base no T-score é: normal até -1 DP, osteopenia entre -1 e -2,5, osteoporose abaixo de -2,5, e osteoporose grave se houver fratura associada. Usamos 2,5 DP pois ele indica 30% das mulheres pós menopausa com OP. O DXA é preciso e útil para monitorar resposta ao tratamento, mas só deve ser repetido após 1 ano, a não ser em situações de alta remodelação óssea. Para osteoporose pós-menopáusica (tipo I), recomenda-se monitoramento anual; já na osteoporose senil (tipo II), o controle pode ser feito a cada 2 anos.
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O que é a avaliação vertebral lateral? Ela permite diagnóstico precoce?
A avaliação vertebral lateral (LVA) é um método moderno de imagem que usa o densitômetro para medir as alturas anterior, média e posterior das vértebras torácicas e lombares, identificando fraturas vertebrais. Esse exame permite um diagnóstico precoce e preciso da gravidade das fraturas, com base em curvas de normalidade.
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Para que o teste de biópsia óssea é recomendado?
Já a biópsia óssea é indicada principalmente para o diagnóstico diferencial das doenças osteometabólicas, permitindo a avaliação da taxa de turnover ósseo. Esse procedimento pode ser repetido em momentos diferentes para acompanhar a evolução ou resposta ao tratamento.
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A prevenção de OP e fraturas não farmacológica deve se basear em que na alimentação e no exercício físico?
A prevenção da osteoporose (OP) e das fraturas associadas se baseia em três pilares: nutrição adequada, hábitos saudáveis de vida e controle ambiental para prevenir quedas. O cálcio é o nutriente-chave, e a ingestão recomendada é de 800 a 1.200 mg por dia para mulheres pós-menopausa e homens acima de 65 anos. Quando a dieta não é suficiente, pode ser necessário suplementar. Também é importante garantir uma ingestão adequada de proteínas, evitando excessos de carne vermelha, podendo diminuir mortalidade pós fratura de colo femoral Em relação aos exercícios físicos, os mais eficazes para os ossos em idosos são os com carga (como caminhar) e resistência (como musculação). Alongamentos e fortalecimento da musculatura dorsal e abdominal ajudam a prevenir hipercifose. Natação não beneficia diretamente a massa óssea, apesar de ter outros benefícios. A atividade física deve ser realizada no mínimo 3 vezes por semana por 30 minutos, e caminhadas diárias de 40 minutos são recomendadas. Exercícios regulares também ajudam a manter o equilíbrio e a mobilidade, reduzindo o risco de quedas, responsáveis por 90% das fraturas de fêmur, uma das complicações mais graves da OP.
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Para quem o tratamento farmacológico da osteoporose é indicado?
Diretrizes internacionais indicam tratamento farmacológico para mulheres pós-menopáusicas com fratura de quadril ou vertebral, indivíduos com T-score igual ou inferior a –2,5 no colo femoral, quadril total ou coluna lombar, e também para aqueles com T-score entre –1 e –2,5 que apresentem alto risco de fratura em 10 anos, segundo o FRAX adaptado ao Brasil
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Quais principais opções para suplementação de cálcio para o idoso?
O carbonato de cálcio é o sal mais utilizado por conter maior teor de cálcio elementar, devendo ser ingerido após as refeições para melhor absorção e redução de efeitos gastrointestinais. O citrato de cálcio é alternativa para pacientes com constipação ou histórico de cálculo renal. A dose de cálcio deve ser dividida em cerca de 500 mg por tomada para melhor absorção.
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A suplementação da forma ativa da vitamina D é benéfica?
Apesar do clima ensolarado do Brasil, muitos idosos apresentam deficiência de vitamina D, principalmente os institucionalizados. Isso se deve à escassez de fontes alimentares, na baixa absorção intestinal, à menor capacidade do idoso em converter a vitamina D em sua forma ativa, além da necessidade aumentada de exposição solar para síntese eficaz. A vitamina D3, especialmente na forma de colecalciferol, é essencial para absorção de cálcio e saúde óssea. Em idosos, a forma ativa da vitamina D3 (como calcitriol e alfacalcidol) pode ser usada com cautela, em doses baixas e com monitoramento da calcemia, devido ao risco de hipercalcemia. O nível ideal de 25-hidroxivitamina D deve estar acima de 30 ng/dl, podendo ser um pouco maior em idosos, para manter o PTH em níveis normais e evitar a ativação dos osteoclastos.
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Qual a principal classe de medicamentos que atuam no tratamento da osteoporose?
Bifosfosfonatos: agentes antirreabsortivos derivados do ácido pirofosfonico cujo mecanismo de ação é bloquear a adesão dos osteoclastos e aumentar a apoptose dos mesmo
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Cite 3 exemplos de bifosfonatos.
O alendronato é um bisfosfonato oral frequentemente associado à vitamina D (colecalciferol). É eficaz na prevenção da perda óssea, aumentando a densidade mineral óssea (DMO) na coluna e no fêmur e reduzindo fraturas nas vertebras. Pode causar efeitos gastrointestinais, como esofagite, sendo contraindicado em pacientes com distúrbios esofágicos, hipocalcemia e insuficiência renal grave. O risedronato, também oral, com eficácia semelhante ao alendronato, inclusive na osteoporose induzida por glicocorticoides, e exige os mesmos cuidados quanto à administração e contraindicações. O ibandronato, mostrou boa eficácia em aumento de massa óssea na coluna e no fêmur e reduzindo fraturas nas vertebras, mas não reduziu significativamente fraturas de quadril. Seus efeitos adversos são discretos, como náuseas e gastrenterite.
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Quando o zolendronato e o pamidronato podem ser usados? O que o zolendronato exige?
O zolendronato (ácido zoledrônico) é uma alternativa intravenosa anual para pacientes intolerantes aos orais ou com múltiplos tratamentos, exigindo normalização prévia de cálcio e vitamina D. Seus efeitos incluem síndrome gripal nas primeiras 48h após a infusão e, em tratamentos prolongados, raramente osteonecrose mandibular e fraturas atípicas. Já o pamidronato é reservado à osteogênese imperfeita.
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A terapia hormonal com estrogênio tem bons resultados? Quais seus efeitos adversos? Para quem ela é administrada e com que ele deve ser associado?
A terapia hormonal com estrogênio, embora eficaz em aumentar a DMO e reduzir fraturas vertebrais em 24%, não é primeira escolha por riscos cardiovasculares, câncer de mama e tromboembolismo, sendo restrita a mulheres na menopausa recente com sintomas climatéricos. O uso exige acompanhamento ginecológico e associação com progestógeno em mulheres com útero.
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O que é o raloxifeno, para que ele é recomendado, em quais pontos ele é útil, em quais ele é inútil?
O raloxifeno, um modulador seletivo dos receptores de estrogênio (SERM), é indicado para osteoporose pós-menopausa, reduz fraturas vertebrais em até 50% e diminui o risco de câncer de mama, mas não é eficaz para fraturas não vertebrais e pode piorar fogachos e aumentar risco tromboembólico.
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Quais são os efeitos da calcitonina e do denosumabe?
A calcitonina, administrada via spray nasal, tem ação analgésica em pacientes com fratura e efeito discreto sobre a DMO, com possíveis efeitos locais como rinite e epistaxe. O denosumabe, anticorpo monoclonal anti-RANKL, é aplicado a cada 6 meses por via subcutânea, promovendo aumento progressivo da massa óssea e reduzindo fraturas de diversos tipos. Raramente causa hipocalcemia e osteonecrose, mas a interrupção abrupta pode provocar perda óssea rápida, exigindo transição para outro antirreabsortivo.
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O que é a teriparatida e o romozosumabe?
A teriparatida é um agente osteoformador de uso diário subcutâneo por até 24 meses, indicado para casos graves e refratários de osteoporose, com alta eficácia na redução de fraturas. Pode causar hipercalcemia e cãibras, sendo contraindicada em neoplasias ósseas e hiperparatireoidismo. O romozosumabe, ainda em fase inicial de comercialização, atua inibindo a esclerostina, promovendo formação óssea e reduzindo fraturas, mas seus efeitos adversos ainda estão sendo estabelecidos.
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O que é osteomalacia, qual sua principal causa e quem ela afeta?
A osteomalacia é uma doença óssea caracterizada pelo acúmulo de matriz osteoide não mineralizada, geralmente causada por deficiência de vitamina D. É comum em idosos, especialmente os domiciliados ou com fraturas por fragilidade, e também pode ocorrer em ambiente ambulatorial.
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Quais são os principais sintomas, achados radiológicos e achados laboratoriais da doença? O diagnóstico é o que?
O início da doença pode ser silencioso, com sintomas inespecíficos como dor óssea e fraqueza muscular. O diagnóstico é clínico, confirmado por exames laboratoriais e radiológicos. Achados característicos incluem pseudofraturas (zonas de Looser) e vértebras bicôncavas. Em alguns casos, a radiologia pode ser normal ou mostrar aumento de densidade óssea por calos. Exames laboratoriais costumam revelar hipocalcemia, hipocalciúria e hipofosfatemia, decorrente do hiperparatireoidismo secundário. A fosfatase alcalina está elevada devido à intensa remodelação óssea. A hipofosfatemia pode ser agravada por fatores como má nutrição, alcoolismo, uso de antiácidos ou tumores que bloqueiam a reabsorção de fosfato.
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Como de fato diferenciamos osteomalacia de osteoporose? Como tratamos osteomalacia?
A diferenciação entre osteomalacia e osteoporose pode exigir biópsia óssea, pois não há exame não invasivo que quantifique a mineralização do osso. O tratamento preventivo baseia-se em exposição solar adequada, ingestão de cálcio e fósforo e suplementação de vitamina D, com doses que variam de acordo com a condição clínica. Em casos de deficiência, são usadas altas doses de ergocalciferol (vitamina D2) seguidas de manutenção.
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Qual a diferença entre cuidados paliativos e cuidados de fim de vida?
Os cuidados paliativos não devem ser confundidos com cuidados ao fim da vida. Enquanto os primeiros podem ser iniciados desde o diagnóstico de uma doença incurável e acompanhar o paciente durante toda a trajetória da enfermidade, os cuidados ao fim da vida referem-se à etapa final, quando a morte se mostra iminente. Infelizmente, ainda é comum que esses cuidados sejam iniciados tardiamente, o que limita seu impacto positivo
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Qual a diferença do cuidado paliativo no idoso?
Em geriatria, os cuidados paliativos exigem uma abordagem diferenciada. Os pacientes idosos, muitas vezes com múltiplas comorbidades, precisam de estratégias que priorizem o alívio de sintomas que causam sofrimento, evitando intervenções desnecessárias. A tecnologia médica é bem-vinda, desde que usada com critério e sensibilidade, sempre com foco na redução do desconforto e na promoção do bem-estar.
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O que são cuidados paliativos?
os cuidados paliativos são cuidados ativos, integrados e holísticos voltados para pessoas de todas as idades que enfrentam sofrimento relacionado a doenças graves, com especial atenção àquelas em fases avançadas ou terminais. Seu objetivo principal é melhorar a qualidade de vida do paciente, dos familiares e cuidadores, indo além do tratamento físico, ao incluir dimensões emocionais, sociais e espirituais.
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O que acontece com o corpo humano com o avanço de uma doença degenerativa?
À medida que a doença avança, os pacientes entram em fragilidade, seguida de declínio funcional e falência orgânica, culminando em caquexia e morte, descritos pelos “3 Fs”: fragilidade, falência funcional e orgânica
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Porque o cuidado paliativo difere de doenças oncológicas para não oncológicas?
o câncer tende a ter declínio funcional rápido e previsível, enquanto doenças crônicas não oncológicas, como insuficiência cardíaca e DPOC, têm declínio irregular, com episódios de descompensação seguidos de recuperações parciais. A demência, por sua vez, segue um padrão gradual de incapacidade e longa dependência.
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Os cuidados paliativos devem se basear nas necessidades do paciente ou no prognóstico?
. Como o curso das doenças crônicas é imprevisível, os cuidados paliativos devem ser baseados nas necessidades do paciente e da família, e não no prognóstico.
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Qual a prevalência do Alzheimer?
11% dos idosos com 65 anos e 32% com 85 anos ou mais são diagnosticados com Alzheimer. A sobrevida mediana é de cerca de 8 anos, com deterioração progressiva das funções cognitivas e da autonomia. A fase final pode durar anos, e o foco dos cuidados deve ser a proteção e o conforto. A doença sobrecarrega as relações familiares, exigindo cuidados paliativos para garantir dignidade e suporte ao paciente e à família.
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Estimar o tempo restante para pacientes com demência é fácil? Como isso deve ser feito?
Uma das dificuldades mais comuns na prática clínica é estimar o tempo de vida restante de pacientes com demência, frequentemente solicitado pelos familiares. A estimativa é mais precisa quando o paciente cumpre todos os critérios de demência avançada pela Escala de Avaliação Funcional (FAST) e apresenta complicações clínicas significativas, o que sugere uma expectativa de vida inferior a seis meses
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O que é a escala de performance paliativa?
Escala de Performance Paliativa (Palliative Performance Scale) auxilia na comunicação sobre o estágio da doença. Pontuações abaixo de 50% indicam a necessidade de cuidados voltados ao fim da vida. Outra abordagem útil é a “pergunta surpresa”, onde o profissional se questiona se ficaria surpreso se o paciente falecesse no próximo ano.
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O que é a escala de avaliação de sintomas de Edmond?
facilita a avaliação sistemática dos sintomas em cuidados paliativos. Composta por nove itens, ela permite que o paciente avalie a intensidade dos sintomas. Quando o paciente não pode verbalizar, como em casos de demência, o cuidador preenche os itens objetivos
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Para tratamento da dor, quais vias de medicamentos são usadas?
A via de administração preferencial é a oral, seguida pela subcutânea, enquanto a via intravenosa é utilizada como último recurso. A administração intramuscular é evitada devido à dor e à absorção irregular, especialmente em pacientes na fase final, que apresentam catabolismo e perda muscular.
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A morfina é contraindicada nos cuidados paliativos? Ele geralmente causa dependência ou declínio cognitivo?
uso de opioides, especialmente a morfina, em cuidados paliativos está cercado de mitos. Compreender a farmacodinâmica e farmacocinética desses medicamentos é essencial para uma prescrição segura, inclusive para idosos. A morfina pode ser utilizada com sucesso durante anos, e não há risco significativo de dependência em pacientes geriátricos ou com câncer metastático em fase avançada, desde que a dose seja ajustada corretamente. Além disso, a morfina não causa deterioração cognitiva e, quando administrada com cautela, seus efeitos adversos, como a constipação, podem ser controlados com o uso concomitante de laxativos.
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Como a anorexia deve ser tratada no fim da vida? A alimentação por sondas melhora prognóstico?
A anorexia também é comum no fim da vida, sendo importante dar apoio nutricional adequado, como fracionamento das refeições e o uso de medicamentos como corticosteroides ou megestrol. A hidratação deve ser monitorada para garantir o conforto do paciente, e intervenções como o uso de gelo podem aliviar a sensação de sede. A alimentação artificial por sondas não é recomendada para pacientes com demência avançada, pois, conforme evidências recentes, não melhora a qualidade de vida nem previne complicações como pneumonias
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Constipação e náuseas estão muito presentes no final da vida?
Sim
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Depressão e ansiedade no final da vida devem ser tratados com antidepressivos? E a insônia, como deve ser tratada?
A depressão e a ansiedade no final da vida precisam ser avaliadas com cuidado, já que os antidepressivos podem ter um início de ação muito tardio, e o metilfenidato pode ser uma alternativa mais eficaz. Insônia, por sua vez, está frequentemente associada a condições como dor, distúrbios metabólicos ou ansiedade, sendo tratada com medicamentos indutores de sono ou antidepressivos com efeito sedativo.
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A respiração ruidosa é comum? Como ela deve ser tratada?
Quando a morte se aproxima, a respiração ruidosa é um sinal comum, e a administração de medicamentos anticolinérgicos, como hioscina, pode ajudar a reduzir a secreção nas vias respiratórias.
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Quais os dois caminhos que a morte pode seguir?
O processo de morrer pode seguir diferentes trajetórias: um "caminho usual", com redução gradual do nível de consciência, ou um "caminho difícil", marcado por inquietação e agitação, que pode exigir sedação paliativa. O cuidado durante este período deve ser centrado no conforto do paciente e no alívio dos sintomas, e a decisão sobre o ambiente do final da vida deve envolver uma comunicação aberta com o paciente e sua família.
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Como o protocolo spikes sugere a condição de uma conversa?
S (Set up) – criar um ambiente adequado; P (Perception) – avaliar o que o paciente sabe sobre sua condição; I (Invitation) – convidar o paciente a participar da conversa; K (Knowledge) – fornecer informações claras, no ritmo do paciente; E (Emotions) – acolher as emoções do paciente; S (Strategy and Summary) – resumir a conversa e sugerir próximos passos.