Micoses subcutâneas Flashcards
(41 cards)
Quais são as principais características das micoses subcutâneas?
- Afetam pele e tecido celular subcutâneo (TCSC)
- Transmitidas por implantação traumática com material contaminado: vegetais, madeira, espinhos, unhas de animais.
- Profissionais de zonas rurais são mais acometidos
- Evolução crônica, com lesões nodulares ou verrucosas
- Diagnóstico exige correlação clínico-histopatológica e micológica
Qual o agente etiológico e as formas clínicas da esporotricose cutânea?
- Sporothrix brasiliensis é o principal agente da transmissão zoonótica no Brasil. Encontrado no solo, madeira, vegetação e garras de felinos infectados
- Linfocutânea (LC): forma clínica mais comum, representa 46% a 92% dos casos
- Cutânea fixa (CF): segunda forma clínica em frequência, corresponde, em média, a 25% dos casos
- Inoculação múltipla
Como diagnosticar esporotricose?
- Exame direto: geralmente negativo
- Cultura: crescimento micelial a 25–30 °C e forma leveduriforme a 37 °C
- Micromorfologia: microconídeos em “flor de margarida”
- Histologia: leveduras em forma de “charuto” ou naveta; pode haver corpo asteroide (Splendore-Hoeppli)
Primeira opção de tratamento para esporotricose?
- Itraconazol
- Casos graves: Anfotericina B
O que é a cromoblastomicose e qual seu agente etiológico?
- Dermatose crônica verrucosa causada por fungos demáceos (melanizados) inoculados após trauma, geralmente em membros inferiores
- Principal agente: Fonsecaea pedrosoi
Qual a lesão clássica da doença?
Pápula ou nódulo na perna que progride para formar uma placa verrucosa ou granulomatosa com porcão central evoluindo para cura (cicatrização), podendo apresentar pontos enegrecidos
Quais os achados diagnósticos da cromoblastomicose?
- Exame direto (KOH): presença de corpúsculos fumagoides, células muriformes ou escleróticas — redondas, marrons, com divisões longitudinais e transversais
- Cultura: fungos demáceos com colônias pigmentadas
- Histologia: reação granulomatosa crônica com células gigantes
Qual o tratamento da cromoblastomicose?
Terapia combinada é mais eficaz:
- Cirurgia + antifúngicos (1ª escolha: Itraconazol)
- Crioterapia ou terapia térmica local
Quais são os tipos de micetoma e suas diferenças etiológicas?
- Eumicetomas (fungos): A espécie de maior prevalência é Madurella mycetomatis (70%), seguida de Madurella grisea e Scedosporium apiospermum
- Actinomicetomas (bactérias gram positivas): aeróbios (Nocardia brasiliensis, N. asteroides, Streptomyces somaliensis, Actinomadura madurae, por exemplo) ou anaeróbios (Actinomyces israelii)
Qual a tríade clássica dos micetomas?
- Edema duro da área acometida
- Descarga seropurulenta indolor
- Presença de grãos
Qual o perfil epidemiológicos dos pacientes com micetomas?
Homens entre 20 e 50 anos que trabalham no meio rural de regiões tropicais e subtropicais
Como a coloração dos grãos pode ajudar?
- Eumicetoma: grãos geralmente pretos, com hifas largas, septadas, com clamidoconídios periféricos.
- Actinomicetoma: grãos branco-amarelados, com filamentos finos e ramificados (sem hifas verdadeiras); podem se agrupar em estruturas em clava
Qual o tratamento dos micetomas?
- Eumicetoma: excisão cirúrgica ampla + antifúngicos sistêmicos
- Actinomicetoma: antibióticos sistêmicos, podendo se associar desbridamento cirúrgico
O que é actinomicose endógena e como ela difere clinicamente dos micetomas?
É uma infecção granulomatosa crônica causada por bactérias anaeróbias da ordem Actinomycetales, principalmente Actinomyces israelii, que integra a flora normal da cavidade oral. Apesar de fistulizar e produzir grãos, como os micetomas, difere destes por apresentar:
- Origem endógena (flora bucal)
- Topografia variada (cervicofacial, torácica, abdominal)
- Fisiopatologia distinta (trauma de mucosa, cárie, aspiração)
- Tratamento com antibióticos específicos
- Prognóstico geralmente favorável com terapêutica adequada
Quais são as formas clínicas da actinomicose endógena e suas particularidades?
- Cérvico-facial (mais comum):
- Mais frequente em homens
- Associada a traumas bucais, cáries, fraturas de face, extrações dentárias, má higiene oral
- Evolui com tumefação mandibular de crescimento lento, com fístulas e eliminação de pus com grânulos - Torácica:
- Causada por aspiração ou contiguidade pulmonar
- Forma mais agressiva
- Inicia-se com lesões pulmonares, podendo evoluir para mediastino, pleura, parede torácica e pele
- Pode simular neoplasias pulmonares ou tuberculose - Abdominal:
- Relacionada à disseminação por contiguidade (pulmonar, pélvico, trauma abdominal)
- Pode envolver íleo, ceco, apêndice, fígado, parede abdominal
O quê é a Botriomicose e qual a sua causa?
- É uma infecção granulomatosa crônica rara, geralmente cutânea ou subcutânea, causada por bactérias verdadeiras, que mimetiza clinicamente micoses profundas como micetomas. O termo “botriomicose” deriva de botrys (cacho de uvas) e mycosis (fungo), devido ao aspecto dos grânulos nas lesões, embora o agente causal não seja um fungo. Pode atingir tendões, músculos, ossos e vísceras. Pode produzir grãos branco-amarelados de 1-3 mm. Ocorre em pacientes debilitados e imunossuprimidos
- A principal bactérias causadora é o Staphylococcus aureus (> 80% dos casos)
O que é feohifomicose e qual sua principal característica micológica?
Feohifomicose é uma infecção fúngica causada por fungos demáceos (de coloração escura devido à presença de melanina na parede celular), que apresentam hifas septadas pigmentadas nos tecidos. A melanina é um importante fator de virulência, conferindo resistência à ação dos fagócitos e do estresse oxidativo.
- Basta que seja um fungo demáceo sob a forma de hifa no tecido para chamar de Feohifomicose
Quais são os principais agentes etiológicos da feohifomicose?
- Wangiella dermatitidis
- Exophiala jeanselmei, E. spinifera
- Phialophora parasítica, P. Richardsiae
- Alternaria alternata
- Bipolaris
- Scedosporium prolificans
- Curvularia sp
- Ulocladium sp
- Forma sistêmica ou disseminada: Cladosporium bantianum
Qual a sua principal forma clínica?
Cisto micótico:
- Apresentação mais comum decorrente de traumas
- Nódulo ou cisto subcutâneo, assintomático, de cerca de 2 cm, mais comum em extremidades
- Pode necrosar, abscedar ou ulcerar
- Evolução crônica
Qual o agente e o quadro clínico da doença de Jorge Lobo (Lobomicose)?
- Agente: Lacazia loboi (levedura de paredes espessas). Transmissão por inoculação traumática, acometendo moradores de regiões tropicais e subtropicais das Américas, que têm contato com florestas, como trabalhadores rurais e indígenas
- Lesões nodulares, firmes, assintomáticas, semelhantes a queloides. Predileção por orelhas, face, membros e tronco. Lesões evoluem lentamente por anos
Como é feito o diagnóstico da doença de Jorge Lobo?
- Não cultivável in vitro
- Diagnóstico histopatológico: células leveduriformes unidas por pontes (cadeias catenuladas)
Qual o agente causador da Rinosporidiose?
Rhinosporidium seeberi, protozoário aquático relacionado a um grupo de parasitas de peixes e anfíbios
Qual a epidemiologia da Rinosporidiose?
- Endêmico no Brasil
- Região nordeste
- Homes 8:1
Como ocorre a transmissão na Rinosporidiose?
Inoculação dos esporos em águas estagnadas, açudes (represas) e areia