Normas Fundamentais Flashcards
(62 cards)
Quais são as duas dimensões da constitucionalização do Processo Civil?
São (i) a incorporação de normas processuais ao texto constitucional, compreendendo-as como direitos fundamentais e (ii) o exame e interpretação das normas processuais infraconstitucionais à luz da Constituição.
Quais são os 4 principais componentes do Modelo Constitucional de Processo Civil?
São (i) os princípios constitucionais do direito processual civil, (ii) a organização judiciária, (iii) as funções essenciais à justiça e (iv) os procedimentos jurisdicionais constitucionalmente identificados.
Qual é a relação entre o formalismo processual e a constitucionalização do processo civil?
Os valores constitucionalmente protegidos, sobretudo na figura dos direitos fundamentais, devem orientar a aplicação das formas no processo civil. E as formas processuais devem servir àqueles valores.
O que diferencia o Direito Constitucional Processual do Direito Processual Constitucional?
O Direito Constitucional Processual diz respeito aos princípios e garantias processuais que, por seu grau de fundamentalidade, encontram guarida na Constituição da República (devido processo legal, juiz natural, duração razoável do processo). O Direito Processual Constitucional diz respeito aos procedimentos jurisdicionais especificamente designados na Constituição da República (ações de controle concentrado de constitucionalidade, mandado de segurança, habeas data, mandado de injunção).
Quais são as principais funções das normas fundamentais no Processo Civil?
Elas servem para estruturar o modelo de processo civil brasileiro a partir de direitos fundamentais e para orientar a compreensão de todas as suas normas.
Quais são as duas principais fontes das normas fundamentais no Processo Civil?
São a Constituição da República, onde se encontra o chamado Direito Processual Fundamental Constitucional, e o primeiro capítulo do Código de Processo Civil (artigos 1 a 12).
No contexto das normas fundamentais do processo civil, o que é um princípio-base ou supra princípio?
É um princípio que serve como guarda-chuva de vários outros, dando-lhe fundamento lógico e jurídico. O principal exemplo desse supra princípio no Processo Civil é o devido processo legal.
O que é o princípio do devido processo legal (art. 5º, LIV, da CF/88)?
É um supra princípio que garante contra o exercício abusivo do poder, exigindo que a relação processual se conforme não apenas com a lei, mas sim com o Direito.
Quais são as duas dimensões do devido processo legal?
São: (i) a dimensão formal, que tem por conteúdo as garantias processuais de ordem formal (contraditório e juiz natura, etc) e (ii) a dimensão substancial, entendida como a aptidão do processo para produzir decisões jurídicas substancialmente justas, a partir da razoabilidade e da proporcionalidade.
O que é o princípio da compatibilidade com a Constituição (art. 1º do CPC)?
É aquele que determina uma relação de conformidade entre a relação processual e os valores e normas da Constituição, sobretudo os direitos fundamentais.
O que determina o princípio da inércia (art. 2º do CPC)?
O princípio da inércia emite dois principais comandos: (i) o processo deve se iniciar por iniciativa da parte e (ii) o processo deve se desenvolver por impulso oficial.
Existem exceções ao princípio da inércia no que diz respeito à iniciativa da parte?
Sim. O juiz pode, de ofício, instaurar (i) execução de sentença que impõe obrigação fazer, não fazer ou dar coisa distinta de dinheiro e (ii) certos incidentes processuais, como a resolução de demandas repetitivas.
O que determina o princípio da inafastabilidade da jurisdição (art. 5º, XXV, da CF/88 e art. 3º do CPC)?
Também chamado de acesso à justiça, determina que a lei não excluirá da apreciação jurisdicional lesão ou ameaça a direito.
O que é a razoável duração do processo (art. 5, LXXVIII, da CF/88 e art. 4º do CPC)?
É o direito ao processo sem dilatações indevidas, compreendido como um direito fundamental albergado por cláusula pétrea (STJ, REsp 1.368.773-MS, j. 06/12/2016)
Quais critérios a Corte Europeia dos Direitos do Homem utiliza para definir a razoável duração do processo?
Os critérios são: a) a complexidade do assunto; b) o comportamento dos litigantes e seus procuradores; e c) a atuação do órgão jurisdicional. No Brasil, acrescenta-se a análise da estrutura do órgão judiciário.
Quais instrumentos podem ser usados no Brasil para concretizar o direito à razoável duração do processo?
Podem ser utilizados: i) representação por excesso de prazo (art. 235 do CPC); ii) mandado de segurança por omissão; iii) ação de responsabilidade civil contra o Estado; iv) reclamação por usurpação de competência; e questionamento da promoção do juiz condutor do processo.
O que prevê a teoria da causa madura no Código de Processo Civil (art. 1.013, §3º, do CPC)?
Prevê que o Tribunal, em caso de sentença terminativa, julgue diretamente o mérito se envolver questão de direito ou não exigir nova prova, evitando a devolução ao primeiro grau e agilizando o processo.
De acordo com o Superior Tribunal de Justiça, o magistrado pode considerar o prazo da usucapião completado no curso do processo judicial?
Sim, o magistrado pode reconhecer o prazo de usucapião completado durante o processo, apreciando fatos constitutivos supervenientes, em respeito aos princípios da economia processual e da razoável duração do processo (STJ, REsp 1.361.226/MG, j. 05/06/2018).
O que é o princípio da boa-fé processual?
É a norma do art. 5º do CPC que exige conduta leal e cooperativa de todos os sujeitos processuais, com base na boa-fé objetiva, independentemente de intenções pessoais.
O princípio da boa-fé processual, previsto no art. 5º do CPC, refere-se à boa-fé objetiva ou subjetiva?
Refere-se à boa-fé objetiva, que é uma norma de conduta aplicável a todos os sujeitos processuais, independentemente da intenção ou subjetividade.
Quem são os sujeitos alcançados pelo princípio da boa-fé processual no processo?
Todos os sujeitos processuais, incluindo o juiz, auxiliares da justiça, membros da Defensoria Pública, do Ministério Público e advogados.
Qual a diferença entre boa-fé objetiva e boa-fé subjetiva no âmbito processual?
<div>A boa-fé objetiva é uma norma de conduta que exige comportamento leal e cooperativo de todos os sujeitos processuais, independentemente de intenções pessoais. Já a boa-fé subjetiva analisa a intenção de agir de forma honesta em um caso concreto, mas não se aplica como princípio no processo civil.
</div>
Quais são exemplos de situações em que o princípio da boa-fé é manifestamente violado no âmbito processual?
São exemplos de violação à boa-fé: litigância de má-fé (arts. 79-81 do CPC), atuação contraditória, abuso do direito processual e omissão que gere expectativa de inação.
Por que a vedação ao comportamento contraditório deve ser relativizada no âmbito da Advocacia Pública?
A vedação ao comportamento contraditório é relativizada na Advocacia Pública porque, em um mesmo processo, podem atuar diferentes procuradores (por exemplo, devido a férias), e o interesse público, que é a prioridade, não pode ser prejudicado.