O problema do livre-arbítrio Flashcards

(17 cards)

1
Q

O que é o problema do livre-arbítrio?

A

1) O problema do livre arbítrio é dos mais antigos na filosofia, mas continua a ser amplamente debatido
2) Embora cheio de enigmas, possui também várias tentativa de resposta, de modo a alcançar uma verdade cada vez mais próxima da absoluta;
3) Este surge devido à aparente contradição entre a visão cientifica que temos do mundo, assente na ideia de que tudo esta inserido em cadeias causais, e a visão que temos de nós, seres humanos, como livres e singulares.

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2
Q

Qual é a importância do livre-arbítrio?

A

1) O problema do livre-arbítrio assume uma particular importância no mundo em que vivemos, devido ao facto de, quando existir uma resposta efetivamente próxima da verdade, a nossa conceção sobre o mundo ira alterar.
2) Ora, se só possuirmos livre-arbítrio, então conceitos da natureza seriam destruídos e a visão científica do mundo também.
3) Ora, se só possuirmos determinismo, então conceitos como o bem e o mal, responsabilidade e justiça deixaram de fazer sentido.

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3
Q

Ação vs acontecimento

A

1) Um acontecimento refere-se a um evento que ocorre num determinado espaço e num determinado tempo, sem intervenção de um agente. Isto é, apenas “acontece” por uma causa anteriormente definida.
2) Uma ação, por sua vez, implica um agente que possui uma intenção e é movido por um motivo. Uma ação é, na verdade, um acontecimento intencional, causado por um agente. Esta pressupõem sempre uma vontade livre e, caso não tivesse acontecido, o acontecimento tomaria outro rumo.

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4
Q

Diferentes perspetivas de ação

A

1) Perspetiva causalista
Corresponde á visão “tradicional” da ação. Isto é, a ação será um acontecimento provocado por um agente. Envolve, portanto, um estado mental (intenção, um querer) e a parte física (o que, efetivamente, aconteceu)
2) Perspetiva Volacionista
Uma ação é, na verdade, uma volição, um querer para um acontecimento. Este pode, ou não, acontecer.
Reparem na distinção entre a forma como introduzi o conceito “a ação É um acontecimento” e “a ação É uma volição, um querer”

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5
Q

Livre-arbítrio

A

1) O livre-arbítrio é a capacidade de escolher entre duas ou mais reais opções de escolha. Não devemos confundir Livre-arbítrio com Liberdade política, que se referem, respetivamente, à capacidade de escolher entre duas ou mais alternativas em qualquer áreas e à capacidade de votar, candidatar, etc.
Só possuímos livre-arbítrio se cumprirmos o princípio das reais alternativas de escolha, isto é, se possuímos duas ou mais reais alternativas e se cumprirmos o princípio do controlo, ou seja, a ação e escolha apenas depender do agente.

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6
Q

Determinismo

A

1) O determinismo é a perspetiva que afirma que tudo que existe se relaciona entre si através de cadeias causais, ou seja, tudo possui uma causa primordial, e tudo aquilo que se segue será, simultaneamente, consequência (do evento do passado) e causador (do evento do futuro).

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7
Q

Respostas ao problema do livre-arbítrio

A

1) Determinismo radical
2) Libertismo
3) Determinismo moderado

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8
Q

Teses incompatibilistas

A

1) Defendem que, num mundo onde exista determinismo, parece não haver lugar para o livre-arbítrio.
2) Sustentam as suas teses no argumento da incompatibilidade:
(1) Se o determinismo é verdadeiro, então todas as nossas ações são consequências das leis da natureza e do passado.
(2) Se todas as nossas ações são consequências das leia da natureza e do passado, então não as controlamos
(3) Se não controlamos as nossas ações, então elas não são da nossa responsabilidade
(4) Se as nossas ações não são da nossa responsabilidade, então não poderiamos escolher agir de modo diferente daquele que agimos
(5) Se não podemos escolher agir de modo diferente daquele que agimos, então não temos livre-arbítrio
(6) Se o determinismo é verdadeiro, então não temos livre-arbítrio.
DE NOTAR: este argumento não visa provar que o livre-arbítrio é falso, apenas que se o determinismo for verdadeiro, então não é logicamente possível temos livre-arbítrio.
3) Constituem teses incompatibilistas o determinismo radical e o libertismo

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9
Q

Determinismo Radical - Tese

A

1) Defende que as ações humanas, não sendo diferentes dos demais acontecimentos (isto é, também estão inseridas nas cadeias causais) são, assim como todas as outras, determinadas.
2) Assim, afirma-se que todas as ações do mundo são determinadas e possuem uma causa, logo não possuímos livre-arbítrio.
3) (Posso referir a experiência do eletricista)
4) Segundo Paul Henri é muito fácil provar que não somos livres, basta imaginar que: nascemos sem consentimento, somos rodeados por um contexto familiar que não escolhemos e as nossas culturas não dependem de nós. Todos estes fatores influenciam quem somos e o que escolhemos, portanto, não somos livres, todas as nossas as ações possuem uma causa, ainda que não a vejamos.
5) Por mais difícil que seja a determinação da causa que esta por de trás de uma ação humana, isto não implica que ela não exista. Basta pensar num ser sumamente inteligente que conhecesse todas as causas e contexto da pessoa: ora, assim como sabemos todos os fenómenos que fazem um fósforo acender, também saberíamos todos os fatores que condicionam a ação da pessoa e, portanto, saberíamos a causa que esta por de trás.
6) A liberdade é apenas uma ilusão porque, na verdade, se soubermos todas as causas que estão por de trás de determinada ação, aperceberíamos que não escolhemos, apenas agimos conforme tínhamos e era determinado agir.

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10
Q

Argumentos - Determinismo Radical

A

1) Argumento da ciência
Objeção: física quântica
contra-argumento: não saber a causa não implica que ela não exista
2) Argumento da ilusão
Objeção: controlamos e é essa sensação de controlo que traduz o livre-arbítrio
Contra-argumento: pode ser, também, uma ilusão e uma mera tentativa de justificar o injustificável.

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11
Q

Objeções - Determinismo Radical

A

1) A evolução é mais plausível do livre-arbítrio
Contra-argumento: As causas podem, por si só, ser um fator de seleção natural
2) A vida, sem o livre-arbítrio, deixa de fazer sentido
Contra-argumento: o sentido da vida não depende exclusivamente da existência do livre-arbítrio

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12
Q

Libertismo - Tese

A

1) O libertismo defende que nem tudo do mundo possui uma causa anterior, por isso, nem tudo é determinado. Existem certos acontecimentos, que possuindo uma intenção, são livres - as ações.
2) Esta corrente filosófica discorda da premissa do determinismo, que afirma que “todas as ações são determinadas por causas anteriores”. Ora, estes concordam que existem certos fenómenos que podem ser previamente determinados, mas há livre-arbítrio, nas ações humanas, as ações livres.
3) Uma ação livre é aquele que não possui na sua base uma causa anterior. Ou seja, uma ação livre autodetermina-se pelo princípio da causalidade e pela intenção, vontade do agente, que possui reais alternativas de escolha: todos os dias, poderíamos optar por utilizar saias, ou camisas, mas mesmo assim escolhemos usar um vestido.
Existem reais alternativas de escolha, pelo que também existem reais alternativas de ação.
4) O princípio da causalidade afirma que uma ação livre autodetermina-se, podendo iniciar cadeias causais, sem ser ele próprio o causador. Exemplo: Estímulos neurológicos.
5) Livre-arbítrio é diferente de omnipotência: podemos escolher entre aquilo que é real (princípio das reais alternativas), mas não aquilo que não é possível fazer.

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13
Q

Libertismo - Argumentos

A

1) Argumento da causalidade do agente
Objeção: Duplicamos o problema, como funcionará esta nova causalidade?
Contra-argumento: Apenas não se insere numa cadeia causal
2) Argumento da experiência
Objeção: Nuvens, sentir é diferente de existir
Contra-argumento: Verdades contingentes, falsa analogia.
3) Argumento da responsabilidade
Objeção: sentir é diferente de existir
Contra-argumento: Falsa analogia, verdades contingentes

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14
Q

Libertismo - Objeções

A

1) Não saber a causa não implica que ela não exista
Contra-argumento: não afirma isso, apenas que não estão em cadeias causais
2) Não há eventos sem causa
Contra-argumento: não afirma isso, apenas que não estão em cadeias causais

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15
Q

Determinismo moderado - Tese

A

1) Principal defensor: David Hume. Afirma ser uma forma de reconciliar a crença que possuímos da visão científica (determinismo) com a crença que temos de nós, como seres livres.
2) É uma tese compatibilista, que afirma que é possível, logicamente, existir ações que são determinados e, simultaneamente, livres. Como? Através de uma reapreciação do conceito tradicional de livre-arbítrio.
3) Afirma que existem provas fortes e concretas para aceitarmos o determinismo. No entanto, a crença que possuímos de liberdade é, igualmente, intensa, pelo que não conseguimos nos desprender dela.
4) Segundo esta corrente o livre-arbítrio não necessita do princípio da causalidade, isto é, não ter uma causa anterior nem causar novas cadeias causais. Temos livre-arbítrio se tivermos controlo, e ter controlo é, diante de várias opções (ainda que previamente causadas) escolhermos e sebermos responder às razões pelas quais escolhemos. Ora, nesta visão, ser livre depende de desejos e vontades, que podem ser causadas por cadeias causais, mas que, diante desses desejos e vontades, não sentimos nenhuma coesão, isto é, sentirmo-nos obrigados ou forçados a escolher uma das alternativas possíveis, devido a fatores externos ou internos.
5) Assim, o agente é livre e simultaneamente determinado.

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16
Q

Determinismo moderado - Argumentos

A

1) Argumento da possibilidade da ação
objeção: se tudo é determinado previamente, não poderia ser de outra forma
resposta: ter controlo, definição tradicional ambígua

17
Q

Determinismo moderado - Objeções

A

1) Baixa a fasquia (experiência mental)
Objeção: Não altera a definição, revê conceitos
2) Não explica as possibilidades de ação (experiência mental)
Objeção: ter controlo, definição ambígua
3) Determinismo envergonhado