aula 6 Flashcards
(10 cards)
Origem do esqueleto
Na final da gastrulação, o embrião apresenta 3 folhetos: ectoderme, mesoderme e endoderme. Lateralmente á. notocorda forma-se a mesoderme paraxial, de onde os sómitos se originam; da mesoderme intermédia formam-se os orgãos como os rins; a mesoderme lateral constitui o folheto visceral e parietal da mesoderme. O folheto parietal juntamente com a ectoderme forma a somatopleura e o folheto visceral com a endoderme forma a esplancnopleura. Entre a somatopleura e a esplancnopleura existe o celoma embrionário que comunica com a cavidade extraembrionária que ao encerrar vai formar as cavidades (pleural, peritoneal…)
Sendo assim, o esqueleto tem 3 origens diferentes:
a porção mais ventral e rostral (cartilagens craniais, arcos faríngeos, região nasal, entre outros) provém das células da crista neural (ectomesênquima); a porção caudal e dorsal do crânio e o restante esqueleto axial provém dos sómitos (provenientes do esclerótomo); os membros posteriores e inferiores vem da mesoderme lateral
desenvolvimento do crânio
O crânio tem dupla origem embrionária: a porção mais ventral e rostral provêm da crista neural, proveniente da ectoderme; a porção mais dorsal e caudal tem origem no esclerótomo dos sómitos que se originaram por fragmentação da mesoderme paraxial. O crânio divide-se em: abóboda do crânio e em base do crânio/condrocrânio.
A abóboda do crânio origina-se a partir de uma ossificação intramembranosa ou direta, isto é, o tecido ósseo diferencia-se diretamente a partir do mesênquima. Á volta das vesículas encefálicas (centros de ossificação primários) existe uma matriz osteoide (osteoclastos e osteoblastos) que vai formar bandas de tecido de colagénio designadas por suturas entre 2 ossos. As suturas vão crescendo de tamanho até formar sinostoses. Em zonas de suturas onde há a confluência de 2 ou mais ossos formam-se fontanelas, que se tratam de áreas grandes que não se encontram ossificadas. Os carnívoros e ruminantes nascem com as fontanelas ainda abertas enquanto que os equinos e suínos nascem com elas já fechadas. Nos carnívoros, a fontanela mastoideia como está aberta expõe muito o nervo facial.
A base do crânio origina-se a partir de uma ossficação endocondral ou indireta, isto é, o tecido mesenquimatoso é depois substituido pelo tecido ósseo. Á frente dos primeiros sómitos formados existe mesoderme paraxial, que se diferencia em somitómeros, que irão posteriormente migrar e formar estruturas. Ao migrar ventralmente forma a lâmina paracordal, que se situa mesmo a frente e ao redor da notocorda e dá origem à porção basilar do occipital. A porção basilar vai-se fundir com os primeiros 3-4 sómitos occipital, formando a placa da lámina basal, que se vai diferenciar na porção lateral do occipital em côndilos occipital e orifício magno.
Á frente da lâmina paracordal existe a lámina pré-cordal (prolongamento do tecido mesenquimatoso da notocorda) que se vai diferenciar em 2 cápsulas hipofisiárias. Uma delas ao diferenciar-se origina o basiesfenóide e a outra origina o pré-esfenóide. Da lãmina précordal ainda se forma as trabéculas do crânio que dão origem à lámina crivosa e perpendicular do etmoide, por onde passam os nervos olfativos. Ás trabéculas do crânio juntam-se as placas caritlaginosas nasais que irão dar origem às conchas nasais e etmoturbinados. Lateralmente, encontram-se as asas orbitárias que se diferenciam nas asas do pré-esfenóide e as asas temporais que se diferenciam nas asas do basiesfenóide.
Perto das vesículas óticas (ouvido) existe a as cápsulas perióticas que formam a porção petroso do osso temporal (ouvido interno). No cão, a lâmina paracordal e a cápsula periótica fundem-se mas o mesmo não acontece nos equinos, o que origina neles o orificio lácero por onde passam o nervo vago e o nervo acessório.
malformações associadas á formação do crânio
acrânia: má formação dos ossos da abóboda do crânio por o neurorpo rotral não se fechar;pode estar relacionada com anencefalia
crânio bífido: má formação dos ossos da abóboda do crânio por exteriorização das meninges (meningecelo) ou do tecido nervoso encefálico (meningoencefalocelo)
malformação do occipital (king Charles): incompatibilidade entre o tamanho do occipital e do encéfalo o que leva á compressão do cerebelo e da medula ablonga
holoprosencefalia: má comunicação entre o tubo neural e a lámina pré-cordal, o que induz uma divisão incorreta do prosencéfaloe m 2 para formar o telencéfalo. A esta malformação está associado uma ciclopia (não há divisão de nada) só há um olho e tem uma probóscide ao invez de ter um nariz.
desenvolvimento da face
Os ossos da face desenvolvem-se mediante um processo de ossificação intramembranosa e endocondral a partir dos arcos faríngeos. O primeiro arco faríngeo apresenta um processo maxilar (dorsal) e um processo mandibular (ventral) que se encontram separados pela proeminência frontal. O processo maxilar vai aumentando de tamanho e quando se junta à eminência nasal lateral surge um sulco nasolacrimal desde o ângulo da boca até ás narinas, por onde as células do ectomesênquima se dirigem e depositam-se no fundo, acabando no final por se formar o canal nasolacrimal. Ventralmente á proeminência frontal existe o estomodeu (esboço da boca) que se apresenta fechado no fundo por uma membrana orofaríngea que depois desaparece. Na proemiência frontal formam-se 2 espessamentos ectodérmicos: os placódios olfativos e os esboços oculares, que dão origem aos olhos. Surgem ainda 2 eminências nasais, uma lateral e outra lateral, que, quando completamente formadas, fazem com que os placódios olfativos se encerrem no fundo da fossa olfativa. As 2 eminências nasais mediais vão-se unir á linha média fundindo-se completamente em alguns animais - os que não se fundem, formam um filtrum no lábio superior. As eminências nasais mediais originam o palato primário, o lábio superior, ao osso incisivo e à porção medial da narina. As eminênciais nasais laterais originam a porção lateral da narina. Nesta altura, a cavidade nasal e a cavidade bucal estão reduzidas mas existe uma membrana oronasal que as separa.
A mandíbula é formada a partir de um processo de ossificação intramembranosa do tecido mesenquimatoso que se encontra ao redor do processo mandibular. Este dá origem aos músculos mastigadores, enquanto que os músculos faciais já derivam do 2º arco faríngeo.
malformações associadas ao desenvolvimento da face
fenda facial: malformação congénita do canal nasolacrimal, por uma deficiência na fusão do processo maxilar com a eminência nasal lateral
fenda labial (desde o lábio até á narina): devida a uma deficiência na fusão do processo maxilar com a eminência nasal medial
braquignatia: devido a uma deficiência no prolongamento do processo maxilar ou mandibular
agnatia: o processo maxilar ou mandibular não está formado
desenvolvimento do palato
O palato é constituído pelos processsos palatinos dos ossos maxilar e incisivo, osso palatino e pelo palato mole.
Á medida que as eminênciais nasais mediais se vão fundindo, vai-se formar o palato primário e uma cavidade na membrana nasal, que permite a comunicação entre a cavidade oral e a nasal: a coana primitiva.
Simultaneamente á formação dos processos maxilares surgem também os processos palatinos. Os processos palatinos vão-se fundindo totalmente na linha média formando o palato duro á medida que a mandíbula cresce e a língua se deprime. O palato duro, mais tarde é coberto pelo palato mole o que constitui o palato secundário. Com a fusão dos processo palatinos, ainda ocorre uma regressão causal das coanas o que forma as coanas definitivas, que permitem comunicação entre a cavidade nasal e oral a nível da faringe. Enquanto isso, a proeminência frontal forma o septo nasal, que se funde com o palato (formado por fusao dos processo palatinos), separando as cavidades nasais em duas.
malformações associadas ao desenvolvimento do palato
fenda palatina - originada por uma má fusão dos processos palatinos, na formação do palato secundário (palato duro + mole)
comum nos animais braquicéfalos, devido ao tamanho reduzido dos processos palatinos
Anatomia comparada das narinas
nota:
Os bovinos apresentam um plano nasolabial, os suínos têm um plano rostral ou tromba e os carnívoros, pequenos ruminantes e coelhos têm um plano nasal.
Todas as espécies apresentam as asas nasais. Os suínos é a única espécie onde as asas nasais se fundem com o chão das narinas - já as restantes, ao não fundir, formam-se neles os sulcos alares.
Todos as espécies - com exceção dos ruminantes- contêm cartilagem do septo nasal , que separa a cavidade nasal direita e da esquerda. Os cães apresentam o septo móvel do nariz ao nível da cartilagem do septo nasal.
Todas as espécies também têm cartilagem alar, embora nos equinos seja mais desenvolvida. Nesta espécie, exitem 2 porções proemintes: uma lâmina e um corno que dão suporte dorsal e ventral, respetivamente, à narina. Ainda é comum a todas as espécies a presença de um vestíbulo nasal, que é mais profunda em equinos. Nestes animais, existe um divertículo nasla denominado por falsa narina.
As narinas são suportadas pela cartilagem dorsal lateral e a cartilagem ventral lateral (esta não existe em equinos). Em cães e suínos, ambas fundem-se, ao contrário do que acontece no caso dos bovinos.
Além destas, existe ainda a cartilagem acessória lateral e medial. Os equinos não têm cartilagem acessória lateral e a medial emite prolongamentos que comunicam com a concha nasal lateral: as pregas alares. Em suínos, a nível da cartilagem acessória lateral existe o osso rostral. Em bovinos adultos o osso rostral pode ossificar.
Descrever as cavidades nasais
As cavidades nasais são separadas dos dois lados (exceto em ruminantes, em que as cavidades nasais comunicam) pelos septos nasais, com uma porção cartilagenosa e uma porção óssea constituída pelo vómer e pela lâmina perpendicular do etmóide.
As cavidades nasais são delimitadas rostralmente pelo osso incisivo e caudalmente pelo osso etmóide, que é constituido por uma porção crivosa que separa a cavidade nasal da cavidade craniana, por uma porção perpendicular que faz parte do septo nasal e pelos etmoturbinados.
A maior parte das cavidades nasais é preenchida por conchas nasais. Existe a concha nasal dorsal, média e ventral.
A concha nasal dorsal situa-se entre o osso etmóide e o osso nasal, tendo uma porção rostral enrolada que comunica com o meato nasal médio e uma porção caudal que delimita o seio da concha nasal dorsal (exceto em carnívoros) e que é contínuo em equinos. Entre o etmóide e o osso nasal existe ainda a concha nasal média que é recuada em todos os animais, exceto nos gatos - nestes, dirige-se mais rostralmente. Os bovinos e os equinos podem apresentar seios.
A concha nasal ventral está fixa ao osso maxilar, mais concretamente na sua crista. Tem uma porção enrolada que contacta com o meato nasal médio e com as cartilagens acessórias mediais através da prega alar (nos equinos esta separa a falsa narina da narina verdadeira). Em equinos existe uma porçao enrolada (seio conchal) que comunica com o seio maxilar rostral. No caso dos cães, gatos e coelhos sao bastante ramificadas e nos bovinos e suínos encerram, formando 2 seios maxilares.
Quanto aos meatos nasais (por onde passa o ar) existe 4: o meato nasal dorsal, nasal médio, nasal ventral e o comum.
O meato nasal dorsal leva o ar á parte posterior da cavidade nasal e encontra-se entre a concha nasal dorsal e o osso nasal; o meato nasal médio está entre a concha nasal ventral e a concha nasal dorsal, sendo que também leva o ar à parte posterior da cavidade nasal; o meato nasal ventral está entre a concha nasal ventral e o palato duro; o meato comum está entre o septo nasal e as conchas nasais e direciona o ar para a nasofaringe.
Descreva a articulação temporomandibular e as outras articulações da cabeça
A articulação temporomandibular é uma articulação do tipo sinovial.
Tem como superfícies articulares o osso temporal (tubérculo articular, fossa mandibular e apófise retroarticular) e mandíbula (propriamente na cabeça da mandíbula).
Como a articulação é um pouco incongruente, é necessário a presença de um disco articular para a articulação adaptar-se melhor. O disco articular é uma peça cartilaginosa regular em equinos e irregular em carnívoros que se situa entre a mandíbula e o osso temporal.
A cápsula articular adere-se ao disco articular e ao bordo das superfícies articulares. Ao articular-se no disco articular, a cápsula sinovial vai dividir duas cavidades: a supradiscal entre o disco e a fossa mandibular do osso temoral e a infradiscal entre a cabeça da mandíbula e o disco. A cápsula é reforçada por 2 ligamentos: ligamento lateral presente no cão e o ligamento caudal em equinos e ruminantes.
A articulação permite os seguintes movimentos da mandíbula: movimentos de lateralidade, importante em hervíboros para moer o alimento; movimentos de elevação e depressão da mandíbula, importante em carnívoros; movimentos de propulsão e retropulsão da mandíbula, importantes em roedores.
Além da articulação temporomandibular (sinovial) existem articulações fibrosas e cartilaginosas.
Existem 2 articulações fibrosas na cabeça: suturas dos ossos da face e da abóboda do crânio (provisórias já que evoluem para sinostoses) e gonfoses (articulações dentoalveolares). Existem 3 articulações cartilaginosas: sincondroses na base do crânio , articulação intermandibular e artculaçação temporohioideia. A articulação intermandibular consiste numa articulação intermédia entre uma sincondrose e uma sínfise. No caso dos bovinos e nos cães a artiulação mantem-se como sincodrose mas em equinos e suínos pode evoluir em sinostose. A articulação temporohioideia está entre o osso temporal e os ossos do hioide e tanto pode ser uma sincondrose como sindesmose.