Caso 7: desconfortos respiratórios Flashcards
(96 cards)
As síndromes e doenças respiratórias, transitórias ou em progressão, estão entre as condições neonatais que mais frequentemente demandam admissão em unidade neonatal de cuidados progressivos (intensivos e intermediários), principalmente relacionadas a prematuridade, infecções (sepse e pneumonia), síndrome hipóxico-isquêmica e malformações pulmonares e cardíacas complexas.
Atraso ou incapacidade do recém-nascido (RN) para realizar a transição fisiológica da vida intrauterina à extrauterina resulta em síndromes respiratórias, assim sumarizadas: 4
mecanismo da
-taquipneia transitoria
- sindrome da angustia respiratoria
- pneumonia
- - HDC
Retardo na reabsorção do líquido alveolar e deficiência relativa de surfactante: taquipneia transitória do RN.
Deficiência de surfactante: síndrome da angústia respiratória.
Infecção: pneumonia ou sepse precoce.
Pulmões hipoplásicos: hérnia diafragmática ou oligodrâmnio prolongado a partir do segundo trimestre.
Os resultados da melhoria da qualidade do cuidado perinatal obstétrico e neonatal, particularmente relacionados ao controle de
Os resultados da melhoria da qualidade do cuidado perinatal obstétrico e neonatal, particularmente relacionados ao controle de condições adversas na gestação (infecções, síndromes hipertensivas, diabetes, síndromes hemorrágicas) e ao uso de corticoide antenatal na iminência de parto pré-termo, e no período neonatal, a instituição de suporte respiratório (assistência ao nascimento, CPAP precoce, otimização da estratégia ventilatória), monitoramento cardiorrespiratório clínico e eletrônico, nutrição, abordagem das complicações das afecções perinatais (prematuridade, asfixia, infecções), como abordagem farmacológica (surfactante, óxido nítrico, xantinas, prostaglandinas) e abordagem cirúrgica de malformações, reduziram significativamente o risco de morte
No entanto, as complicações do cuidado neonatal continuam um desafio na assistência principalmente dos recém-nascidos pré-termo (RNPT), como
No entanto, as complicações do cuidado neonatal continuam um desafio na assistência principalmente dos recém-nascidos pré-termo (RNPT), como doença pulmonar crônica da prematuridade, retinopatia da prematuridade, enterocolite necrosante, dentre muitas, relacionadas em grande extensão à qualidade do cuidado
ABORDAGEM DO RECÉM-NASCIDO COM SÍNDROMES RESPIRATÓRIAS
A maioria das causas de síndromes respiratórias no período neonatal é de origem X, mas no diagnóstico diferencial deve-se sempre considerar causas extrapulmonares como infecções, cardiopatias congênitas, causas metabólicas, hipoglicemia, policitemia, hematológicas e causas de origem do sistema nervoso central (SNC), como síndrome hipóxico-isquêmica e hemorragias.
X:pulmonar
ABORDAGEM DO RECÉM-NASCIDO COM SÍNDROMES RESPIRATÓRIAS
A formulação de um diagnóstico específico deve ser fundamentada nas causas mais comuns de síndromes de dificuldade respiratória, na idade gestacional (IG) ao nascer (termos e pré-termos), história perinatal e evolução do quadro clínico.
A Figura 1 mostra as causas de síndromes respiratórias com apresentação clínica no período neonatal, em RNT, e na Figura 2, em RNPT.
A formulação de um diagnóstico específico deve ser fundamentada nas causas mais comuns de síndromes de dificuldade respiratória, na idade gestacional (IG) ao nascer (termos e pré-termos), história perinatal e evolução do quadro clínico.
A Figura 1 mostra as causas de síndromes respiratórias com apresentação clínica no período neonatal, em RNT, e na Figura 2, em RNPT.
ABORDAGEM DO RECÉM-NASCIDO COM SÍNDROMES RESPIRATÓRIAS- ANAMNESE
Para o diagnóstico diferencial, considerar:
Fatores mais frequentemente associados aos quadros de síndromes respiratórias: 11
+ 2 GERAIS
Prematuridade (níveis).
RN grande para idade gestacional, filho de mãe diabética (GIG-FMD).
Não uso de corticoide antenatal em situações indicadas.
Colonização vaginal e retal pelo Streptococcus do grupo B.
História de perda de filho anterior com sofrimento respiratório.
Cesárea eletiva sem indicação médica.
Bolsa rota por período maior que 18 horas.
Corioamnionite (taquicardia materna, taquicardia fetal, febre materna, dor suprapúbica, líquido amniótico fétido).
Crescimento intrauterino restrito.
Sofrimento fetal agudo.
Líquido amniótico meconial.
Início dos sinais clínicos.
Evolução do quadro respiratório e sistêmico.
ABORDAGEM DO RECÉM-NASCIDO COM SÍNDROMES RESPIRATÓRIAS- Exame físico
O exame físico, inicial e evolutivo, é fundamental para todos os RN para definir e monitorar a evolução da doença. O exame físico fornece informação imediata do estado clínico da criança e sua resposta às intervenções. O atraso dos exames laboratoriais e de imagem não devem postergar as condutas terapêuticas indicadas. O exame clínico e os complementares podem apresentar variação de acordo com a IG.
devev-se fazer 3
Monitoramento de sinais vitais: saturação de oxigênio (avaliação contínua), frequência respiratória, frequência cardíaca, pressão arterial, temperatura corporal, gases arteriais, quando indicado.
Observação do estado da criança: conforto, cor, perfusão, movimentos, esforço respiratório, frequência respiratória, nível de interação com o ambiente.
Sinais de dificuldade respiratória: taquipneia, padrão respiratório irregular, uso de musculatura acessória da respiração com movimentos de aletas nasais, gemidos expiratórios, retrações dos espaços intercostais (quadros leves), associando-se subcostal (moderados) e esternal (graves), movimentos respiratórios paradoxais e gaspings.
ABORDAGEM DO RECÉM-NASCIDO COM SÍNDROMES RESPIRATÓRIAS - Exame físico
Podem-se usar os escores de Silverman-Anderson (Figura 3) ou de Downes (Quadro 1) para monitorar a evolução da doença e da gravidade.
Como é feito o escore de Silverman- Andersen?
- o que indica o escore 0 e 10
- o que indica o escore acima de 4 e de 8
O escore de Silverman-Andersen é feito a partir da soma dos valores atribuídos a cada um dos cinco parâmetros avaliados
. Cada parâmetro recebe uma pontuação de zero a dois, conforme apresentado na Figura 3.
Escore zero indica ausência de retrações, e 10, o grau máximo de retrações torácicas.
Escore acima de 4 indica dificuldade respiratória moderada-grave. A pontuação superior a 8 indica insuficiência respiratória grave, necessitando de conduta urgente devido à iminência de falência respiratória.
O escore é instrumento valioso na orientação da tomada de decisão diante de RN com desconforto respiratório. A avaliação inicial e sequencial possibilita acompanhar a evolução do quadro e a resposta clínica às intervenções terapêuticas. É um método fácil, de baixo custo, não invasivo, de aplicação rápida e que oferece informação confiável.
ABORDAGEM DO RECÉM-NASCIDO COM SÍNDROMES RESPIRATÓRIAS - Exame físico
Podem-se usar os escores de Silverman-Anderson (Figura 3) ou de Downes (Quadro 1) para monitorar a evolução da doença e da gravidade.
explique sobre o escore de Downes?
- qual interpretação para leve, moderado e grave
O escore de Downes é composto por seis variáveis, pontuadas de 0 a 2, utilizado para avaliar a gravidade e evolução do quadro. O escore seriado é útil na identificação do RN com necessidade de transferência para unidade neonatal de maior complexidade tecnológica.
Leve: escore < 5, com resolução nas primeiras 4 horas pós-nascimento
Moderado: escore de 5 a 8, início ao nascimento ou poucas horas após, sem resolução nas primeiras 4-6 horas de vida. Essas crianças têm risco de evoluírem com piora do quadro e é preciso incluir infecção no diagnóstico diferencial.
Grave: escore > 8, episódios de apneia. Esses RN provavelmente já estão em suporte ventilatório. Na ausência da prematuridade, outras causas precisam ser descartadas.
ABORDAGEM DO RECÉM-NASCIDO COM SÍNDROMES RESPIRATÓRIAS -Avaliação radiológica e laboratorial
A radiografia de tórax é fundamental e deve ser interpretada juntamente com os outros componentes do diagnóstico, citados anteriormente. É importante salientar que as intervenções não devem ser postergadas pela demora do exame radiológico.
Os exames laboratoriais devem ser solicitados de acordo com os diagnósticos diferenciais. As alterações radiológicas estão descritas na apresentação de cada doença.
SÍNDROME DO DESCONFORTO RESPIRATÓRIO
introdução
- associada à ( condição do bebe)
- é também chamada de
É a principal causa de morbidade e mortalidade associada à prematuridade, especialmente com o aumento da sobrevida dos RNPT extremos. É também chamada doença da deficiência do surfactante.
SÍNDROME DO DESCONFORTO RESPIRATÓRIO
introdução
A incidência aumenta quanto maior o grau de prematuridade:
A incidência aumenta quanto maior o grau de prematuridade: 60%, em RNPT < 28 semanas; 30%, nos de 28 a 34 semanas; e menos de 5%, nos nascidos > 34 semanas.
SÍNDROME DO DESCONFORTO RESPIRATÓRIO
qual principal fator de risco e porque
- outros fatores incluem 5
- acomete em maior freq qual sexo
O principal fator de risco é a prematuridade porque o surfactante é produzido somente a partir do final do segundo trimestre ou início do terceiro trimestre da gestação. Outros fatores de risco incluem diabete melito materno, sepse, hipoxemia, acidemia e hipotermia. Acomete com maior frequência o sexo masculino
SÍNDROME DO DESCONFORTO RESPIRATÓRIO
etiologia e fisiopatologia
- principal fator envolvido, caracteriziado por
O principal fator envolvido no desenvolvimento da síndrome do desconforto respiratório (SDR) é a imaturidade pulmonar, caracterizada por deficiência quantitativa e qualitativa de surfactante e desenvolvimento estrutural incompleto do pulmão.
SDR
FISIOPATOLOGIA
Sintese de surfactante e deficiência
síntese de surfactante pelos pneumócitos tipo II do epitélio alveolar inicia e aumenta progressivamente a partir da 20a semana de gestação, atingindo o pico por volta da 35a semana. O surfactante é constituído basicamente por lipídios (90%) e proteínas (10%). A fosfatidilcolina saturada (dipalmitoilfosfatidilcolina) é o principal componente tensoativo e tem a função de diminuir a tensão superficial alveolar durante a expiração. As apoproteínas SP-A, SP-B, SP-C e SP-D são fundamentais para sua estrutura, função e metabolismo. A deficiência ou inativação do surfactante ocasiona aumento da tensão superficial e atelectasia alveolar progressiva, diminuição da capacidade residual funcional e da complacência pulmonar, prejuízo na relação ventilação/perfusão com shunt intrapulmonar, resultando em hipoxemia, hipercapnia e acidose. Hipoxemia e acidose levam a vasoconstrição e hipoperfusão pulmonar, aumento da pressão nas artérias pulmonares com shunt direito-esquerdo pelo canal arterial e/ou forame oval, agravando a hipóxia e a acidose
SDR
caracteristicas dos pulmoes, alveolos e vias areas
- o que contribui para a hipoxemia, hipercapnia e acidose
Os portadores de SDR possuem pulmões estruturalmente imaturos, em geral no estágio canalicular ou sacular do desenvolvimento pulmonar. Ainda não existem os verdadeiros alvéolos e as vias aéreas terminais são tubulares, com paredes espessas e distantes dos capilares; o interstício é abundante e com pequena quantidade de tecido elástico e conectivo; e, a área de superfície para troca gasosa é limitada. Como a membrana alvéolo-capilar ainda é muito permeável, ocorre extravasamento de líquido e proteínas para o interstício e para a luz alveolar, o que provoca inativação do surfactante e contribui para hipoxemia, hipercapnia e acidose (Figura 4).
Figura 4 Fisiopatologia da síndrome do desconforto respiratório.
Figura 4 Fisiopatologia da síndrome do desconforto respiratório.
SDR
Diagnóstico clínico, laboratorial e radiológico
sintomas 7
a evolução da doença é modificada por 4
Os RN apresentam sinais de prematuridade e manifestam, ao nascer ou imediatamente após, desconforto respiratório progressivo caracterizado por gemência, retrações, taquipneia, batimento de asa de nariz, cianose, aumento do requerimento de oxigênio e apneia.
A evolução da doença é modificada por corticoterapia materna antenatal, assistência ao nascimento e uso precoce de suporte ventilatório (CPAP precoce), e surfactante exógeno.
SDR - Diagnóstico clínico, laboratorial e radiológico
a gasometria arterial mostra 3
A gasometria arterial mostra hipercapnia, hipóxia e, eventualmente, acidose metabólica.
SDR - Diagnóstico clínico, laboratorial e radiológico
o RX se caracteriza por
A radiografia de tórax caracteriza-se por infiltrado reticulogranular difuso, em geral homogêneo e simétrico, resultante de atelectasia alveolar e componente de edema pulmonar associado. Imagens de vidro fosco com broncogramas aéreos são raramente observadas em razão do uso precoce de pressão positiva contínua de vias aéreas (CPAP) e uso de surfactante, quando indicado.
SDR- Tratamento
- assistencia em sala de parto
- É importante preservar a função dos pulmões como órgão de troca gasosa, otimizando a ventilação e a perfusão sanguínea por meio da implementação de um conjunto de cuidados: 6
A assistência em sala de parto consiste em dar suporte à transição cardiorrespiratória, evitando intervenções que possam causar danos.
É importante preservar a função dos pulmões como órgão de troca gasosa, otimizando a ventilação e a perfusão sanguínea por meio da implementação de um conjunto de cuidados:
clampeamento tardio do cordão umbilical nos pré-termos vigorosos;
utilização de CPAP precoce;
emprego de ventilação com pressão positiva gentil, se indicada;
uso racional de oxigênio para atingir a saturação desejável
; prevenção de entubação traqueal, sempre que possível; e
instituição de medidas para prevenir a hipotermia.
SDR- prognóstico
O aumento progressivo da sobrevida dos RNPT, decorrente de avanços na abordagem preventiva e terapêutica da SDR, não foi acompanhado da redução das complicações, com aumento na incidência de displasia broncopulmonar, que é um desfecho grave e associado a anormalidades do neurodesenvolvimento
SDR- PREVENÇÃO
administração de X em mulheres com risco aumentado de parto pré-termo aumenta a sobrevida e reduz a incidência de SDR e outras complicações da prematuridade, sem efeitos adversos maternos ou fetais significativos, em curto prazo, com o uso de protocolos atualmente recomendados.
É recomendado
Devem-se identificar precocemente as gestações de alto risco e tratar as causas potencialmente evitáveis de prematuridade. Nos casos de risco, providenciar o transporte seguro da gestante para hospital-maternidade que responda às suas demandas clínicas e do futuro RN.
X:corticosteroide
É recomendada a realização de um ciclo a partir da IG considerada potencialmente viável, entre 24 e 34 semanas, pelo menos 24 horas antes do nascimento, considerado o melhor tempo para otimizar seus benefícios. Se necessário, repetir no máximo um ciclo, após 2 semanas do primeiro. Os ciclos repetidos estão associados com leucomalácia peri-intraventricular no RN.
acelera o desenvolvimento de pneumócitos tipo 1 e tipo 2, levando a alterações estruturais e bioquímicas que melhoram a mecânica pulmonar e as trocas gasosas [2-7]. Os efeitos específicos incluem a indução de receptores beta pulmonares, que desempenham um papel na liberação de surfactante e na absorção do líquido alveolar quando estimulados
Para que estas alterações ocorram, no entanto, os pulmões precisam ter atingido um estágio de desenvolvimento que seja biologicamente responsivo aos corticosteróides.
SÍNDROME DE ASPIRAÇÃO DO MECÔNIO
introdução
- ocorre em % das gestações
- mais freq em IG
- o que é
A presença de mecônio no líquido amniótico ocorre em 10 a 15% das gestações, mais frequentemente em idades gestacionais pós-termo, alcançando 30 a 40% às 42 semanas.
A presença de sofrimento fetal e condições intrauterinas adversas, como insuficiência placentária de diversas causas (p.ex., síndromes hipertensivas), interrupção do fluxo placentário fetal (prolapso, nó verdadeiro de acordo e compressão de cordão umbilical), aumentam o risco de relaxamento do esfíncter anal em resposta à hipóxia, liberação de mecônio, gasping e aspiração pulmonar meconial, antes do nascimento ou no processo do nascimento.
A incidência de SAM diminuiu, ao longo do tempo, acometendo atualmente cerca de 1% dos RN com líquido amniótico meconial, consequente a melhores práticas obstétricas.