Caso 8: meningites Flashcards
(77 cards)
DEFINIÇÃO DE MENINGITE
A meningite é definida como uma inflamação das leptomeninges (aracnoide e pia-máter) que envolvem o cérebro e a medula espinhal
ETIOLOGIA MENINGITE bacteriana
período neonatal até 2 meses de vida
a partir de 2 meses de vida
De modo geral, no período neonatal e até os 2 meses de vida, as bactérias que causam meningites refletem a flora materna e o meio em que os lactentes vivem, sendo as enterobactérias (E. coli, Klebsiella sp., Aerobacter, Salmonella sp., Proteus sp.), o estreptococo do grupo B (Streptococcus agalactiae) e a Listeria monocytogenes os principais agentes etiológicos. Vale destacar que, em nosso meio, a Listeria é um agente isolado em menor frequência do que em relação ao relatado em outros países
A partir de 2 meses de vida, entre as meningites bacterianas de causa determinada, três agentes são responsáveis por mais de 90% dos casos: Neisseria meningitidis (meningococo), Haemophilus influenzae tipo b (Hib) e Streptococcus pneumoniae (pneumococo)
PATOGÊNESE - MENINGITE BACTERIANA
8 ETAPAS
do que resulta, mais frequentemente, a meningite bacteriana
A patogênese da meningite bacteriana se estabelece em sucessivas etapas descritas a seguir: colonização nasofaríngea; invasão e sobrevivência intravascular; invasão meníngea e da barreira hematoliquórica; mecanismos de defesa gerando resposta inflamatória no espaço subaracnoide; aumento de pressão intracraniana, vasculite, alteração no fluxo sanguíneo cerebral e lesão neuronal.
A meningite bacteriana resulta, mais frequentemente, da disseminação hematogênica de microrganismos de um local distante de infecção
Com menor frequência, a meningite pode ocorrer após invasão bacteriana de um processo infeccioso adjacente às meninges, como as sinusites, otites médias agudas, mastoidites, celulites orbitárias e osteomielites craniana ou vertebral. Pode ainda ocorrer invasão direta do sistema nervoso central (SNC) pela bactéria, por exemplo, após traumas cranioencefálicos com fraturas ósseas da calota e da base do crânio, estabelecendo uma comunicação entre a pele ou as mucosas e o líquido cefalorraquidiano (LCR), ou após traumas cranianos penetrantes por objetos contusos. A bactéria pode também atingir diretamente o SNC, através da pele, em crianças portadoras de malformações congênitas, como meningomieloceles ou fístulas neuroectodérmicas
FATORES PREDISPONENTES DE MB 7 ( ver quadro de fatores predisponentes + agentes etiologicos)
Barreira hematoliquórica alterada, implante coclear, síndrome nefrótica
Deficiências de complemento
Asplenia, doença falciforme
Pós-trauma
Após neurocirurgia
Derivação ventrículo–peritoneal
Meningomielocele, presença de cisto dermoide
doença meningocócica definição
infecção bacteriana aguda
Quando se apresenta na forma de doença
invasiva, caracteriza-se por uma ou mais síndromes clínicas, sendo a meningite meningocócica
a mais frequente delas, e a meningococcemia a forma mais grave
doença meningocócica- agente etiológico
A composição antigênica da cápsula polissacarídica permite a classificação
do meningococo em 12 diferentes sorogrupos:
- são os principais responsáveis pela ocorrência da doença invasiva
- Os meningococos são também classificados em sorotipos e sorossubtipos, de acordo com
a composição antigênica das proteínas de membrana externa
-No Brasil, os sorogrupos de maior relevância são
A Neisseria meningitidis (meningococo) é um diplococo Gram-negativo, aeróbio, imóvel, pertencente
à família Neisseriaceae.
A, B, C, E, H, I, K, L, W, X, Y e Z
Os sorogrupos A, B, C,
Y, W e X são os principais responsáveis pela ocorrência da doença invasiva, portanto de epidemias.
Os meningococos são também classificados em sorotipos e sorossubtipos, de acordo com
a composição antigênica das proteínas de membrana externa PorB e PorA, respectivamente
A N. meningitidis demonstrou ter a capacidade de permutar o material genético que é responsável
pela produção da cápsula e, com isso, alterar o sorogrupo.
No Brasil, os sorogrupos de maior relevância são o B, o C, o W e, em menor escala, o sorogrupo Y
doença meningocócica- reservatório
qual local de colonização do microrganismo?
o que caracteriza o estado de portador
O ser humano é o reservatório, sendo a nasofaringe o local de colonização do microrganismo.
A colonização assintomática da nasofaringe pela N. meningitidis caracteriza o estado de portador
doença meningocócica- MODO DE TRANSMISSÃO
Contato direto pessoa a pessoa, por meio de secreções respiratórias de pessoas infectadas,
assintomáticas ou doentes. A transmissão por fômites não é importante.
doença meningocócica- PERÍODO DA INCUBAÇÃO
a probabilidade de desenvolver a doença meningocócica invasiva dependerá de que?
qual órgão exerce importante papel na eliminação da bactéria na corrente sanguíneo
Em média, de três a quatro dias, podendo variar de dois a dez dias.
Após a colonização da nasofaringe, a probabilidade de desenvolver doença meningocócica invasiva
dependerá da virulência da cepa, das condições imunitárias do hospedeiro e da capacidade de
eliminação do agente na corrente sanguínea, pela ação de anticorpos séricos com atividade
bactericida mediada pela ativação do complemento. O baço também exerce um importante papel
na eliminação da bactéria na corrente sanguínea.
doença meningocócica- PERÍODO DE TRANSMISSIBILIDADE
Persiste até que o meningococo desapareça da nasofaringe. Em geral, a bactéria é eliminada da
nasofaringe em até 24 horas de antibioticoterapia adequada.
doença meningocócica- SUSCETIBILIDADE, VULNERABILIDADE E IMUNIDADE
A suscetibilidade é geral, entretanto o grupo etário de maior risco é formado por crianças menores
de 5 anos, principalmente as menores de 1 ano.
doença meningocócica- SUSCETIBILIDADE, VULNERABILIDADE E IMUNIDADE
A doença meningocócica invasiva ocorre primariamente em pessoas suscetíveis recentemente
colonizadas por uma cepa patogênica. Inúmeros fatores de risco têm sido associados, tais como: 7
infecções respiratórias virais recentes (especialmente influenza), aglomeração no domicílio, residir
em quartéis, dormir em acampamento militar ou em alojamentos de estudantes, tabagismo (passivo
ou ativo), condições socioeconômicas menos privilegiadas e contato próximo com portadores.
O risco de desenvolver doença invasiva entre contatos domiciliares de um doente é cerca de 500
a 800 vezes maior que na população geral
doença meningocócica- SUSCETIBILIDADE, VULNERABILIDADE E IMUNIDADE
quais condições que também estão associadas a maior risco de desenvolvimento de doença meningocócica?
Asplenia (anatômica ou funcional), deficiência de properdina, de C3 e de componentes terminais
do complemento (C5 a C9)
As pessoas com tais condições clínicas, em função da incapacidade de provocar
a morte intracelular da bactéria, apresentam maior risco de episódios recorrentes de doença
meningocócica e, portanto, são consideradas grupos prioritários para profilaxia com vacinas.
doença meningocócica- SUSCETIBILIDADE, VULNERABILIDADE E IMUNIDADE
causa imunidade?
Em portadores, a colonização assintomática da nasofaringe por meningococos tipáveis e
não tipáveis e por outras espécies de Neisseria – como, por exemplo, a N. lactamica – acaba
funcionando como um processo imunizante e resulta em produção de anticorpos protetores
doença meningocócica- MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS
A infecção invasiva pela N. meningitidis pode apresentar amplo espectro clínico, que varia desde
febre transitória e bacteremia oculta até formas fulminantes, com a morte do paciente em poucas
horas após o início dos sintomas.
A meningite meningocócica e a meningococcemia são as formas clínicas mais frequentemente
observadas, podendo ocorrer isoladamente ou associadas. A denominação doença meningocócica
torna-se apropriada nesse contexto, sendo adotada internacionalmente.
doença meningocócica- MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS
O quadro de meningite pode se instalar em algumas horas, iniciado com intensa sintomatologia,
ou mais paulatinamente, em alguns dias, acompanhado de outras manifestações geralmente indistinguíveis de outras meningites bacterianas
A meningite X é a
forma mais frequente de doença meningocócica invasiva e associa-se, em cerca de 60% dos casos,
à Y
X:meningocócica
Y: presença de lesões cutâneas petequiais bastante características
doença meningocócica- MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS
Em lactentes com meningite, a pesquisa de sinais meníngeos é extremamente difícil, e a rigidez
de nuca nem sempre está presente. Nessas circunstâncias, deve-se realizar o exame cuidadoso
da
- pesquisando:
fontanela bregmática:
* Abaulamento e/ou aumento de tensão da fontanela, aliados a febre, irritabilidade, gemência,
inapetência e vômitos
doença meningocócica- MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS
Em lactentes jovens, sobretudo no período neonatal, a suspeita de meningite torna-se notadamente
mais difícil, pois a sintomatologia e os dados de exame físico são os mais diversos possíveis:
- No recém-nascido, a febre nem sempre está presente.
- Observa-se, com frequência, hipotermia, recusa alimentar, cianose, convulsões, apatia e
irritabilidade, que se alternam, respiração irregular e icterícia.
doença meningocócica- MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS
sinais e sintomas mais específicos que não tem na meningococcemia 7
- Alteração no estado mental: Inclui delírio, confusão, sonolência e diminuição da consciência
- Fotofobia
- Sinal de kernig
- Sinal de Brudzinski
- Paresia
- Défict neurológico focal: Incluindo o envolvimento do nervo craniano e a anormalidade da pupila.
- Convulsões
doença meningocócica- MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS
o que é a síndrome de Waterhouse-Friderichsen?
quais sinais e sintomas 12
Em 15% a 20% dos pacientes com doença meningocócica, identificam-se formas de evolução muito
rápidas, geralmente fulminantes, devidas somente à septicemia meningocócica, sem meningite, e
que se manifestam por sinais clínicos de choque e coagulação intravascular disseminada (CIVD),
caracterizando a síndrome de Waterhouse-Friderichsen.
Trata-se de um quadro de instalação
repentina, que se inicia com febre, cefaleia, mialgia e vômitos, seguidos de palidez, sudorese,
hipotonia muscular, taquicardia, pulso fino e rápido, queda de pressão arterial, oligúria e má
perfusão periférica.
doença meningocócica- MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS
Suspeita-se da síndrome Waterhouse-Friderichsen nos quadros de
Suspeita-se da síndrome Waterhouse-Friderichsen nos quadros de instalação precoce, em doente
com sinais clínicos de choque e extensas lesões purpúricas. A CIVD que se associa determina
aumento da palidez, prostração, hemorragias, taquicardia e taquipneia
doença meningocócica- MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS
qual apresentação pode estar presente no início do quadro em até 15% das crianças com meningococcemia
Um rash maculopapular, não petequial, difícil de distinguir de um exantema de origem viral, e
geralmente de curta duração, pode estar presente no início do quadro em até 15% das crianças
com meningococcemia.
doença meningocócica- COMPLICAÇÕES 3
As convulsões estão presentes em 20% das crianças com meningite meningocócica.
A ocorrência,
assim como a presença de sinais neurológicos focais, é menos frequente que nas meningites por
pneumococo ou por Haemophilus infuenzae sorotipo b.
Nos casos de meningococcemia, o coma pode sobrevir em algumas horas. Associa-se a elevadas
taxas de letalidade, geralmente acima de 40%, sendo a maioria dos óbitos nas primeiras 48 horas
do início dos sintomas.
doença meningocócica- DIAGNÓSTICO LABORATORIAL
Os principais exames para o esclarecimento diagnóstico de casos suspeitos são: 4
- qual considerado padrão ouro
- Cultura: pode ser realizada com diversos tipos de fluidos corporais, principalmente líquido
cefalorraquidiano (LCR), sangue e raspado de lesões petequeais. É considerada padrão-
-ouro para diagnóstico da doença meningocócica por ter alto grau de especificidade. Tem
como objetivo o isolamento da bactéria para identificação da espécie, e posteriormente
o sorogrupo, o sorotipo e o sorossubtipo do meningococo invasivo. - Bacterioscopia direta: pode ser realizada a partir do LCR e de outros fluidos corpóreos
normalmente estéreis e de raspagem de petéquias. A coloração do LCR pela técnica de Gram
permite, ainda que com baixo grau de especificidade, caracterizar morfológica e tintorialmente as bactérias presentes – no caso do meningococo, um diplococo Gram-negativo. - Aglutinação pelo látex: detecta o antígeno bacteriano em amostras de LCR. Partículas de
látex, sensibilizadas com antissoros específicos, permitem, por técnica de aglutinação rápida
(em lâmina ou placa), detectar o antígeno bacteriano nas amostras. Pode ocorrer resultado falso-positivo, em indivíduos portadores do fator reumático ou em reações cruzadas com
outros agentes - Reação em cadeia da polimerase (PCR): detecta o DNA da N. meningitidis presente nas
amostras clínicas (LCR, soro, sangue total e fragmentos de tecidos). Também permite a
genogrupagem dos sorogrupos do meningococo. A PCR em tempo real (qPCR) é uma modificação da técnica tradicional de PCR que identifica o DNA-alvo com maior sensibilidade
e especificidade e em menor tempo de reação