Colagenoses I Flashcards
(153 cards)
O que são colagenoses?
As colagenoses são doenças inflamatórias sistêmicas autoimunes idiopáticas.
Qual a fisiopatologia das colagenoses?
Sua fisiopatologia, embora pouco conhecida, é multifatorial, podendo envolver diversas condições, como questões genéticas e infecciosas. Como resultado, há a produção de autoanticorpos que podem atacar antígenos de diversos órgãos alvo do organismo, como rim, cérebro, pele e coração; com isso, há deflagração de uma cascata inflamatória com repercussão sistêmica
Quais as principais manifestações sistêmicas das colagenoses?
como febre, astenia, mialgia, anemia de doenças crônicas, VHS elevado e PCR elevado
Quais os principais tipos de colagenoses?
Entre as colagenoses, há cinco grandes representantes: lúpus eritematoso sistêmico, síndrome de Sjögren, dermatopolimiosite, esclerodermia e doença mista do tecido conjuntivo. A síndrome do anticorpo antifosfolipídeo (SAAF) também pode ser considerada uma colagenose.
Qual o protótipo das doenças autoimunes?
O lúpus é o protótipo das doenças idiopáticas autoimunes
Epidemiologia do LES.
Apresenta acometimento maior em mulheres em idade fértil (90% dos pacientes); além disso, o LES tende a ser mais frequente e mais grave na raça negra.
Por que o LES ocorre com mais frequência em mulheres em idade fértil?
Porque o estrogênio favorece intensificação da atividade imunológica.
Quais fatores envolvidos na fisiopatologia do LES?
A fisiopatologia do LES ainda é pouco conhecida, acreditando-se que esta doença resulte da interação entre fatores genéticos e fatores ambientais para a geração de uma resposta imune anormal.
Qual o modelo mais aceito atualmente para explicar a etiopatogenia lúpica?
De fato, segundo o modelo mais aceito na atualidade, a etiopatogenia lúpica está associada à ocorrência natural de apoptose, uma forma organizada de morte celular com a apresentação fisiológica de autoantígenos em bolhas de membrana. Todavia, a exposição de tais antígenos resulta em hiperativação da imunidade inata e adaptativa, mediada por fatores genéticos específicos que frequentemente determinam deficiência de células T regulatórias, o que culmina na produção de autoanticorpos e imunocomplexos. Além disso, acredita-se que pacientes com LES apresentam fatores adicionais que reduzem o clearence sanguíneo desses autoanticorpos e imunocomplexos pelo sistema retículo-endotelial, o que se associa, comumente, a níveis baixos do sistema complemento.
Como consequência de todos esses fatores, há persistência de imunocomplexos na circulação sanguínea, os quais são capazes de se depositar em diferentes órgãos-alvo, levando a inflamação e fibrose tecidual e favorecendo o consumo do sistema complemento. A resposta inflamatória também leva a manifestações sistêmicas.
A produção de autoanticorpos é uma característica específica de doenças autoimunes?
Não. Destaca-se que a produção de autoanticorpos é algo comum, até mesmo em indivíduos sem doença autoimune; porém, nesses casos, há sua pronta inibição.
Qual o papel dos fatores de risco do LES?
Podem desencadear o quadro clínico em pacientes susceptíveis
Quais os principais fatores de risco do LES?
Os principais fatores de risco do LES, os quais podem desencadear o quadro clínico em pacientes susceptíveis, incluem: (a) radiação ultravioleta (a qual pode favorecer a apoptose de células cutânea e alterações do DNA celular, estimulando a autoimunidade); (b) presença de alelos HLA-DR1, HLA-DR2 e, principalmente, HLA-DR3; (c) deficiência de fatores iniciais do complemento (sobretudo C1, C2 e C4); (d) estrogênio, o qual atua como estimulador da atividade de linfócitos B e T; (e) genes específicos em cromossomos X, como o TREX-1 (que favorece a infiltração linfocitária em tecidos); (f) tabagismo; (g) poeira de sílica; (h) infecções virais, sobretudo por EBV e, em menor grau, por CMV.
Qual a importância prognóstica de níveis baixos do sistema complemento do LES?
Níveis baixos de complemento tendem a estar associados a formas mais graves de LES.
Qual a relação do LES com a síndrome de Klinefelter?
Devido à importância do cromossomo X como fator de risco do LES, pacientes com síndrome de Klinefelter (cariótipo 47, XXY) apresentam risco aumentado de desenvolvimento da doença em comparação com outros indivíduos do sexo masculino.
Quais orientações para mulheres com LES a respeito de TRH e contracepção?
Devido ao importante papel do estrogênio na intensificação das respostas imunes, pacientes com LES não devem fazer uso de métodos contraceptivos ou terapia de reposição hormonal que contenham esse hormônio.
Qual o curso clínico do LES?
O curso da doença é tipicamente intermitente, com remissões e exacerbações, sendo rara a remissão completa duradoura.
Quando podem ser encontrados autoanticorpos no LES?
Além disso, na maioria dos casos, os autoanticorpos lúpicos estão presentes desde as primeiras manifestações do quadro e, em alguns casos, até mesmo 2 a 3 anos antes dos sinais e sintomas.
Quais órgãos são acometidos pelo LES?
As manifestações clínicas associadas ao lúpus são inúmeras, de modo que seus autoanticorpos podem acometer qualquer órgão-alvo. Em geral, no início do quadro, há acometimento de um ou mais órgãos, mas espera-se o aparecimento de novas lesões no decorrer do tempo.
Quais são as manifestações sistêmicas do LES? Quais indicam gravidade?
As manifestações sistêmicas do LES são, de fato, inespecíficas, entre as quais se destacam fadiga, mialgia, artralgia e cefaleia, que acompanham a atividade da doença. Pode haver ainda desenvolvimento de febre, prostração e perda ponderal, as quais, em geral, relacionam-se a formas mais graves da doença.
Manifestações musculoesqueléticas do LES.
Comumente, o lúpus acomete o sistema articular, levando a manifestações de poliartrite não deformante (sobretudo em mãos, punhos e joelhos); todavia, em 10% dos casos, pode haver desenvolvimento de deformidades articulares redutíveis (por frouxidão ligamentar) que caracterizam a chamada artropatia de Jaccoud. Outros importantes problemas musculoesqueléticos em pacientes lúpicos correspondem à osteonecrose e à miosite
Como se caracterizam a osteonecrose e a miosite no LES?
A osteonecrose pode ser favorecida até mesmo pelo tratamento com corticoterapia, de modo que se manifesta classicamente após melhora clínica parcial da poliatrite com instituição de terapia, havendo manifestação de dor profunda, sobretudo em grandes articulações. A osteonecrose é melhor avaliada sobretudo a partir de exames de RM.
A miosite é um quadro infrequente no LES, com fraqueza e dor muscular associada a aumento de marcadores de necrose muscular, como CPK e aldolase muscular.
Diferença entre a poliartrite no LES e na AR.
A poliartrite lúpica diferencia-se da poliartrite da AR por essa ser deformante não redutível.
Manifestações cutâneas do LES.
As manifestações cutâneas do LES estão presentes em diversos portadores da doença e podem ser dividas em alguns grupos principais, entre os quais se destacam o lúpus discoide, o “rash sistêmico” e o lúpus cutâneo subagudo. Podem ocorrer ainda outras manifestações cutâneas lúpicas, mais incomuns, como o lúpus cutâneo bolhoso e a urticária lúpica recorrente. Por fim, o lúpus pode resultar em lesões mucosas, entre as quais se destacam as úlceras aftosas orais.
Como se caracteriza o lúpus discoide?
O lúpus discoide é a lesão cutânea mais comum, sendo marcada por lesões discoides ou circulares, de bordas eritematosas e elevadas, com centro necrótico e destruição dos apêndices cutâneos, acometendo sobretudo couro cabeludo (onde causa alopecia fibrótica) e pavilhão auricular.