Hemoterapia Flashcards
(7 cards)
Para que serve e quando realizar a filtragem (aka. deleucotização ou leucorredução) de um hemoderivado?
A deleucotização reduz os riscos de:
1. Reação transfusional febril não-hemolítica;
2. Transmissão de CMV para um indíviduo susecptível;
3. Aloimunização HLA (que pode dificultar um transplante futuro).
Portanto, está indicada principalmente para:
- Imunossuprimidos susceptíveis ao CMV;
- Pacientes pré-transplante;
- Pacientes já submetidos à TMO e/ou oncohematológicos;
- Politransfundidos (maior risco de aloimunização).
Para que serve e quando realizar a lavagem de um hemoderivado?
Lavagem → reduz proteínas do hemoderivado → reduzo risco de reação alérgica → indicado se história prévia de reação alérgica grave ou se deficiência de IgA.
OBS: porém, além de reduzir as proteínas, reduz também o hemocomponente de interesse, diminuindo sua concentração na bolsa (reduz em até 1/3 a quantidade de plaquetas, por exemplo).
Para que serve e quando realizar a irradiação de um hemoderivado?
Irradiação → inativação de linfócitos → reduz o risco de doença enxerto vs. hospedeiro (que é geralmente fatal).
A indicação é quase exclusiva do hematologista para pacientes oncohematológicos com imunossupressão grave e/ou em uso de certos imunobiológicos.
Para que serve e quando realizar a fenotipagem de um hemoderivado?
A fenotipagem (ex: ABO e Rh) reduz o risco de reações hemolíticas graves.
Além do ABO e Rh, existem inúmeros antígenos. Idealmente, faríamos de rotina para todos se não fossem os custos. Mas, como é caro, devemos indicar pelo menos para aqueles que provavelmente serão politransfundidos ao longo da vida, como os portadores de hemoglobinopatias.
OBS: o ideal é fenotipar o paciente antes ou ≥ 3 meses após a última transfusão para não “contaminar” a análise com amostra do doador.
Quais e como são as reações transfusionais potencialmente fatais?
TACO
- Indidência: < 1%;
- Fisiopatologia: edema pulmonar transudato por sobrecarga de volume;
- Clínica: dispneia e hipervolemia;
- Manejo: diuréticos;
- Prevenção: manejo prévio de hipervolemia e evitar grandes velocidades e/ou volumes transfusionais.
TRALI
- Indidência: < 0,01%;
- Fisiopatologia: edema pulmonar exsudato inflamatório por ativação neutrofílica pela presença de anticorpos anti-HLA ou anti-neutrófilos na bolsa;
- Clínica: dispneia, febre, hipotensão, calafrios
- Manejo: suportivo;
- Prevenção: o doador não pode mais doar.
REAÇÃO HEMOLÍTICA AGUDA
- Indidência: 1:76.000;
- Fisiopatologia: incompatibilidade de antígenos das hemácias (ex: ABO, Rh e outros);
- Clínica: febre, sangramentos, calafrios;
- Manejo: hidratação + diureticoterapia para evitar IRA e CIVD + solicitar marcadores de hemólise;
- Prevenção: fenotipagem de hemácias.
SEPSE
- Indidência: 1:50.000 (plaquetas) e 1:5.000.000 (hemácias);
- Fisiopatologia: hemocomponente contaminado;
- Clínica: de sepse;
- Manejo: de sepse + solicitar leucograma e hemoculturas do paciente e do hemocomponente;
- Prevenção: não coletar sangue de doador infectado.
ANAFILAXIA
- Indidência: 1:20.000 a 50.000
- Fisiopatologia: reação alérgica grave a plasma e proteínas da bolsa;
- Clínica: pele, pulmão, hipotensão e/ou TGI;
- Manejo: adrenalina, anti-histamínico, etc + solicitar dosagem de IgA (pacientes com deficiência tem maior risco de anafilaxia);
- Prevenção: lavagem.
Quais e como são as reações transfusionais não-fatais?
REAÇÃO ALÉRGICA
- Indidência: 1 a 3%;
- Fisiopatologia: reação alérgica a proteínas do doador;
- Clínica: prurido e urticária;
- Manejo: anti-histamínico + pode continuar a transfusão (desde que sem indício de anafilaxia);
- Prevenção: não justifica lavar próximas bolsas se não for reação alérgica grave.
REAÇÃO FEBRIL NÃO-HEMOLÍTICA
- Indidência: 1%;
- Fisiopatologia: eliminação de citocinas dos leucócitos da bolsa;
- Clínica: febre e calafrios + sem outros sintomas (é um diagnóstico de exclusão após afastar TRALI, sepse, anafilaxia e reação hemolítica aguda)
- Manejo: antitérmico;
- Prevenção: deleucotização (filtragem).
REAÇÕES HIPOTENSIVAS
- Indidência: 1%;
- Fisiopatologia: cininas vasoativas (ex: bradicinina), principalmente na transfusão de plaquetas);
- Clínica: hipotensão após início da transfusão com melhora após suspensão (também é diagnóstico de exclusão após afastar TRALI, sepse, anafilaxia e reação hemolítica aguda)
- Manejo: autolimitado.
OBS: a doença do enxerto vs. hospedeiro é na maioria das vezes fatal, mas só costumam ocorrer tardiamente (após alguns dias). É rara e ocasionada pela proliferação de linfócitos T do doador no receptor. Manifesta-se com febre, eritema cutâneo, sintomas TGI, hepatite e pancitopenia. A prevenção é feita pela irradiação do hemoderivado.
Quando podemos retomar a transfusão diante de uma reação?
Apenas em casos de TACO e reações alérgicas menores. Porém, cuidado: tem que ter certeza que a reação alérgica menor não é o início de uma anafilaxia.