Julgados (leis especiais) Flashcards

(295 cards)

1
Q

De acordo com a jurisprudência do STJ sobre loteamentos, a venda de terrenos em situação irregular com publicidade enganosa configura alguma violação jurídica passível de reparação coletiva?

A

A venda de terrenos em loteamento irregular com publicidade enganosa sobre autorização pública e registro cartorial configura lesão ao direito coletivo e enseja indenização por dano moral coletivo.

STJ, 4ª Turma, REsp 1.539.056/MG, 06/04/2021 (Info 691).

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2
Q

Quem tem competência, segundo a lei que trata dos crimes de responsabilidade, para definir esses crimes e estabelecer suas normas de julgamento?

A

A definição dos crimes de responsabilidade e o estabelecimento das respectivas normas de processo e julgamento são da competência legislativa privativa da União.

(Súmula vinculante 46 - STF)

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3
Q

De acordo com a lei que regula o processo de impeachment do Presidente da República, é obrigatório oferecer defesa prévia antes do recebimento da denúncia?

A

Não há direito a defesa prévia no ato de recebimento da denúncia pelo Presidente da Câmara, conforme previsto no art. 19 da Lei nº 1.079/1950.

(STF, ADPF 378)

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4
Q

No processo de impeachment regulado pela Lei 1.079/1950, como deve ser formada a comissão especial responsável por analisar a denúncia?

A

O art. 19 da Lei nº 1.079/1950, que exige proporcionalidade com base em partidos políticos, foi superado pela Constituição de 1988, que permite a representatividade por blocos parlamentares (art. 58, § 1º), delegando a regulamentação ao Regimento Interno da Câmara. A proporcionalidade por blocos, aplicada historicamente, foi mantida no caso Collor.

(STF, ADPF 378)

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5
Q

Segundo o rito estabelecido na Lei dos crimes de responsabilidade, a Câmara dos Deputados pode avaliar o mérito da acusação ao deliberar sobre a denúncia?

A

Recepção dos arts. 19 a 21 da Lei nº 1.079/1950: Esses artigos foram recepcionados pela CF/1988, desde que limitados ao esclarecimento da denúncia, sem avaliar a procedência da acusação.

(STF, ADPF 378)

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6
Q

A Câmara dos Deputados, segundo o processo previsto na Lei 1.079/1950, pode produzir provas e deliberar duas vezes sobre a mesma denúncia?

A

Não recepção dos §§ 1º a 4º do art. 22 da Lei nº 1.079/1950: A CF/1988 não recepcionou os dispositivos que previam dilação probatória e segunda deliberação na Câmara dos Deputados, por entender que essa Casa não deve se pronunciar sobre o mérito da acusação.

(STF, ADPF 378)

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7
Q

Quais dispositivos da lei que trata do impeachment do Presidente da República e de outras autoridades não foram recepcionados pela Constituição de 1988?

A

Não foram recepcionados pela CF/1988 os arts. 23, §§ 1º, 4º (por arrastamento) e 5º; 80, 1ª parte; e 81, todos da Lei nº 1.079/1950, porque estabelecem os papéis da Câmara e do Senado Federal de modo incompatível com os arts. 51, I; 52, I; e 86, § 1º, II, da CF/1988.

(STF, ADPF 378)

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8
Q

Em que momento, segundo a Lei 1.079/1950, ocorre o recebimento da denúncia no processo de impeachment do Presidente da República?

A

O recebimento da denúncia no processo de impeachment, segundo a CF/1988, ocorre somente após decisão do Plenário do Senado Federal, por votação nominal e maioria simples, com presença da maioria absoluta dos membros.

(STF, ADPF 378)

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9
Q

Conforme interpretação da Lei 1.079/1950, o rito aplicável ao impeachment de Ministros do STF pode ser aplicado ao Presidente da República?

A

É constitucional a aplicação analógica dos arts. 44 a 49 da Lei nº 1.079/1950, que regulam o impeachment de Ministros do STF e do PGR, ao processo de impeachment do Presidente da República no Senado Federal. Contudo, não se aplica o quórum de 2/3 do Plenário para a instauração do processo.

(STF, ADPF 378)

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10
Q

O Código de Processo Penal pode ser aplicado subsidiariamente ao processo previsto na Lei dos crimes de responsabilidade?

A

Interpretação do art. 38 da Lei nº 1.079/1950: É permitida a aplicação subsidiária dos Regimentos Internos da Câmara e do Senado ao processo de impeachment, desde que compatíveis com as normas legais e constitucionais. Contudo, a aplicação subsidiária do Código de Processo Penal é limitada, pois o art. 36 da Lei nº 1.079/1950 já regula hipóteses de impedimento e suspeição, adequando-se à natureza político-partidária da atuação parlamentar, distinta da imparcialidade exigida de magistrados.

(STF, ADPF 378)

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11
Q

Quais foram as principais decisões do STF sobre o rito de impeachment adotado no processo da Presidente Dilma Rousseff, com base na Lei 1.079/1950?

A

Não há direito à defesa prévia antes do recebimento da denúncia pelo Presidente da Câmara; É permitida a aplicação subsidiária dos Regimentos Internos da Câmara e do Senado; A defesa se manifesta após a acusação; O interrogatório do acusado deve ser o ato final da instrução probatória; O recebimento da denúncia ocorre apenas após decisão do Senado Federal; A decisão do Senado para instaurar o processo ocorre por maioria simples, com maioria absoluta presente; É possível aplicar analogicamente os arts. 44 a 49 da Lei nº 1.079/1950; As hipóteses de impedimento do CPP não se aplicam ao processo de impeachment; A comissão especial deve ser formada por indicação dos líderes e por voto aberto.

(STF, Plenário, ADPF 378/DF – Info 812)

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12
Q

Constituições estaduais podem exigir autorização da Assembleia Legislativa para o processamento criminal de Governadores, à luz da lei federal sobre responsabilidade?

A

Não é necessária a autorização prévia da Assembleia Legislativa para que o STJ receba denúncia ou queixa e instaure ação penal contra Governador por crime comum. Constituições estaduais que exigem essa autorização são inconstitucionais.

(STF, ADI 4777/BA, ADI 4674/RS, ADI 4362/DF, ADI 5540/MG, ADI 4764/AC, ADI 4797/MT, ADI 4798/PI – Info 863 e 872)

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13
Q

O recebimento da denúncia criminal pelo STJ resulta automaticamente no afastamento do Governador, conforme entendimento relacionado à Lei 1.079/1950?

A

O recebimento da denúncia pelo STJ não resulta automaticamente no afastamento do Governador. O afastamento deve ser decidido de forma fundamentada, podendo o STJ aplicar medidas cautelares, como prisão preventiva ou monitoração eletrônica.

(STF, ADI 4777/BA, ADI 4674/RS, ADI 4362/DF, ADI 5540/MG, ADI 4764/AC, ADI 4797/MT, ADI 4798/PI – Info 863 e 872)

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14
Q

Quem é o órgão competente para julgar Governadores por crime de responsabilidade, segundo o que foi decidido em relação à Lei 1.079/1950?

A

O Estado-membro não pode dispor sobre crime de responsabilidade, ainda que seja na Constituição estadual. Isso porque a competência para legislar sobre crime de responsabilidade é privativa da União, nos termos do art. 22, I, e art. 85 da CF/88. As Constituições estaduais não podem prever que os Governadores serão julgados pela Assembleia Legislativa. Isso porque o art. 78, § 3º da Lei 1.079/50 afirma que a competência para julgar os Governadores de Estado em caso de crimes de responsabilidade é de um “Tribunal Especial”, composto especialmente para julgar o fato e que será formado por 5 Deputados Estaduais e 5 Desembargadores, sob a presidência do Presidente do Tribunal de Justiça.

(STF, ADI 4791/PR, ADI 4800/RO e ADI 4792/ES – Info 774)

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15
Q

Segundo o entendimento jurisprudencial aplicado ao Estatuto da Pessoa Idosa, o funcionário de banco que se apropria de valores ao receber cartão e senha da vítima comete alguma infração penal específica?

A

O funcionário do banco que, ao receber o cartão e a senha de uma idosa para auxiliá-la no saque, transfere valores para sua conta pessoal, comete crime previsto no art. 102 do Estatuto da Pessoa Idosa.

STJ, 6ª Turma, REsp 1358865-RS, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 04/09/2014 (Info 547).

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16
Q

Segundo o entendimento aplicado à Lei das Contravenções Penais, quem deve julgar contravenção mesmo quando há interesse da União envolvido?

A

Súmula 38, STJ: Compete à Justiça Estadual Comum, na vigência da Constituição de 1988, o processo por contravenção penal, ainda que praticada em detrimento de bens, serviços ou interesse da União ou de suas entidades.

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17
Q

Conforme interpretação da Lei das Contravenções Penais, é necessária a identificação do apostador ou banqueiro para punir o intermediador do jogo do bicho?

A

Súmula 51, STJ: A punição do intermediador, no jogo do bicho, independe da identificação do “apostador” ou do “banqueiro”.

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18
Q

A prática de contravenção penal contra a mulher com violência ou grave ameaça permite a substituição da pena privativa de liberdade por pena restritiva de direitos?

A

Súmula 588, STJ: A prática de crime ou contravenção penal contra a mulher com violência ou grave ameaça no ambiente doméstico impossibilita a substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos.

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19
Q

A direção sem habilitação, como prevista na Lei das Contravenções Penais, foi afetada pelo Código de Trânsito Brasileiro?

A

Súmula 720, STF: O art. 309 do Código de Trânsito Brasileiro, que reclama decorra do fato perigo de dano, derrogou o art. 32 da Lei das Contravenções Penais no tocante à direção sem habilitação em vias terrestres.

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20
Q

Conforme entendimento do STJ, é possível decretação de prisão preventiva com base apenas em contravenção penal, inclusive nos casos de violência doméstica?

A

A prática de contravenção penal no âmbito de violência doméstica não é motivo idôneo para justificar a prisão preventiva do réu, pois o inciso III do art. 313 do CPP se aplica exclusivamente a crimes, e não a contravenções penais. A redação do inciso fala em “crime”, não abrangendo contravenção penal. Portanto, não há previsão legal para a prisão preventiva contra o autor de uma contravenção penal, e decretá-la nesta hipótese configura ofensa ao princípio da legalidade estrita.

STJ, 6ª Turma, HC 437535-SP, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, Rel. Acd. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 26/06/2018 (Info 632).

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21
Q

A Lei das Contravenções Penais pode absorver a tipificação de crimes previstos no Código Penal?

A

Não é possível que um crime tipificado no Código Penal seja absorvido por uma infração tipificada na Lei de Contravenções Penais.

STF, 1ª Turma, HC 121652/SC, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 22/04/2014 (Info 743).

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22
Q

O porte de arma branca ainda é punível com base na Lei das Contravenções Penais?

A

O porte de arma branca é uma conduta que permanece típica na Lei das Contravenções Penais.

STJ, 5ª Turma, RHC 56.128-MG, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em 10/03/2020 (Info 668).

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23
Q

O preceito incriminador da Lei das Contravenções Penais relacionado ao porte de arma branca continua aplicável?

A

O art. 19 da Lei de Contravenções Penais permanece válido e é aplicável ao porte de arma branca, cuja potencialidade lesiva deve ser aferida com base nas circunstâncias do caso concreto, considerando o elemento subjetivo do agente.

STF, ARE 901.623/SP, relator Ministro Edson Fachin, redator do acórdão Ministro Alexandre de Moraes, julgamento virtual finalizado em 04.10.2024.

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24
Q

De acordo com a interpretação atual da Lei das Contravenções Penais, há inconstitucionalidade nessa legislação?

A

Não há inconstitucionalidade na Lei de Contravenções Penais, recepcionada pela Constituição Federal e tratada pela legislação atual como delito de pequeno potencial ofensivo, incluindo o delito do art. 19 da Lei de Contravenções Penais.

STJ, 6ª Turma, AgRg no HC 331.694/SC, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado em 03/12/2015.

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25
A habitualidade é requisito para configurar a contravenção de exploração de jogo de azar, conforme previsto na Lei das Contravenções Penais?
A jurisprudência tem exigido a reiteração de atos (habitualidade). Em relação aos apostadores, não se exige habitualidade, configurando-se a contravenção sempre que for flagrado jogando mediante apostas. ## Footnote (Comentário jurisprudencial ao art. 50 da LCP)
26
A criminalização da vadiagem como prevista na Lei das Contravenções Penais ainda é compatível com a Constituição Federal?
O art. 25 da Lei de Contravenções Penais NÃO FOI RECEPCIONADO pela CF/88 por violar os princípios constitucionais da dignidade da pessoa humana e da isonomia. ## Footnote STF. Plenário. RE 583523/RS e RE 755565/RS, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgados em 3/10/2013 (Info 722).
27
O exercício da atividade de flanelinha configura contravenção penal à luz da jurisprudência sobre a Lei das Contravenções Penais?
O exercício, sem o preenchimento dos requisitos previstos em lei, da profissão de guardador e lavador autônomo de veículos automotores (flanelinha) não configura a contravenção penal prevista no art. 47 do Decreto-Lei 3.688/1941 (exercício ilegal de profissão ou atividade). ## Footnote STJ, 5ª Turma, RHC 36280-MG, julgado em 18/02/2014 (Info 536).
28
A extinção do mandato impede o Prefeito de ser processado por crimes funcionais previstos no Decreto-Lei 201/67?
Súmula 703-STF: A extinção do mandato do Prefeito não impede a instauração de processo pela prática dos crimes previstos no art. 1º do DL 201/67.
29
Um ex-prefeito pode ser processado por crime funcional previsto no Decreto-Lei 201/67 mesmo após o fim do mandato?
Súmula 164-STJ: O prefeito municipal, após a extinção do mandato, continua sujeito a processo por crime previsto no art. 1º do Dec. lei n. 201, de 27/02/67.
30
O art. 1º do Decreto-Lei 201/67 trata de crimes de responsabilidade em sentido técnico-jurídico?
O art. 1º não trata de crimes de responsabilidade em sentido estrito, mas de crimes comuns ou funcionais cometidos por Prefeitos, similares às infrações penais previstas no Código Penal e em leis penais. Os crimes de responsabilidade (infrações político-administrativas) estão definidos no art. 4º do DL 201/67. STF, Plenário, HC 70671, 13/04/1994.
31
O Prefeito pode ser responsabilizado por crimes funcionais de outras leis, mesmo existindo previsão no art. 1º do DL 201/67?
Os Prefeitos não respondem exclusivamente pelos crimes do art. 1º do DL 201/67. Também podem ser responsabilizados por crimes funcionais previstos no Código Penal, na Lei de Licitações (Lei nº 8.666/93) e em outras leis penais, desde que as condutas não estejam descritas no art. 1º do DL 201/67, que prevalece por ser norma específica.
32
É possível responsabilizar secretários e outros agentes públicos como partícipes dos crimes funcionais descritos no art. 1º do DL 201/67?
Embora seja crime próprio do Prefeito, é possível a coautoria e a participação, conforme o art. 29 do Código Penal. Assim, outras pessoas, como Secretários Municipais, contadores ou assessores, podem ser responsabilizadas como coautores ou partícipes.
33
O princípio da insignificância pode ser aplicado aos crimes do art. 1º do DL 201/67?
a. STF: É possível aplicar o princípio da insignificância, considerando as circunstâncias do caso concreto, como no exemplo de uso de máquinas públicas para terraplanagem em terreno particular. STF, HC 104286, 2ª Turma, 03/05/2011. b. STJ: Não é aplicável, pois o Prefeito, em razão de seu cargo, deve agir com ética e moralidade, sem margem para desvios, independentemente da relevância do dano. STJ, HC 148.765/SP, 6ª Turma, 11/05/2010.
34
O crime previsto no art. 1º, I, do DL 201/67 admite a participação de terceiros fora da função de Prefeito?
É crime próprio do Prefeito, mas admite participação. Exemplo: Deputado Federal, Prefeito e empresários, em conluio, direcionaram licitação superfaturada para compra de ambulância com verba pública. Todos responderão pelo delito. STF, 2ª Turma, Inq 3634/DF, 02/06/2015 (Info 788).
35
O pagamento a funcionário fantasma caracteriza o crime de apropriação ou desvio previsto no art. 1º, I, do DL 201/67?
Não configura apropriação ou desvio de verba pública, previsto no art. 1º, I, do DL 201/67, o pagamento de remuneração a funcionários, mesmo que fantasmas, pois o salário é devido, ainda que a contratação seja questionável. STJ, 6ª Turma, AgRg no AREsp 1162086-SP, 05/03/2020 (Info 667).
36
A aplicação de verba pública vinculada a programas específicos, em finalidade diversa, caracteriza crime do DL 201/67?
Configura o crime do art. 1º, III, do DL 201/67, a utilização de verbas vinculadas a programas específicos, como do Fundo Nacional de Saúde, para finalidades diversas, como pagamento de débitos previdenciários municipais. O delito não exige desvio em proveito próprio nem prejuízo efetivo à Administração. STF, 1ª Turma, AP 984/AP, 11/06/2019 (Info 944).
37
O descumprimento intencional dos prazos para prestação de contas configura crime previsto no art. 1º, VII, do DL 201/67?
O crime do art. 1º, VII, do DL 201/67 configura-se quando há intenção deliberada de descumprir os prazos para a prestação de contas. STJ, 6ª Turma, REsp 1695266/PB, 23/06/2020 (Info 676).
38
Para configurar o crime de descumprimento de ordem judicial previsto no art. 1º, XIV, do DL 201/67, basta a intimação da Procuradoria do Município?
Para configurar o crime, é indispensável que o Ministério Público comprove que o Prefeito teve ciência inequívoca da ordem judicial. A intimação de terceiros, como a Procuradoria Municipal, não é suficiente para responsabilização criminal, sendo necessária a intimação pessoal do Prefeito. STF, 1ª Turma, AP 555/SC, 06/10/2015 (Info 802).
39
A defesa prévia prevista no art. 2º, I, do DL 201/67 é obrigatória mesmo quando o acusado não é mais Prefeito?
Se, no momento do oferecimento da denúncia, o acusado não ocupa cargo público, é dispensável a defesa prévia prevista no art. 2º, I, do DL 201/67, pois sua finalidade é proteger o interesse público e a atividade do servidor. Além disso, a ausência de notificação prévia não gera nulidade se não demonstrado prejuízo à ampla defesa, conforme o art. 563 do CPP. A resposta à acusação no rito ordinário supre a defesa preliminar, permitindo até mesmo juízo de sumária inocência. STJ, AgRg no RHC 163.645-TO, 5ª Turma, 16/08/2022 (Info 746).
40
Quem é o órgão competente para julgar Prefeitos por crimes comuns, segundo entendimento sobre o DL 201/67?
O art. 29, X, da CF (redação da EC 1/92) estabelece que Prefeitos sejam julgados pelo Tribunal de Justiça por crimes comuns, alterando parcialmente o art. 2º do DL 201/67, que atribuía a competência ao juiz singular. STF, RHC 73210, 2ª Turma, 31/10/1995, DJ 01/12/1995.
41
De acordo com a Lei de Lavagem de Dinheiro, é necessário que o autor do crime de lavagem seja também o autor da infração penal antecedente?
É desnecessário que o autor do crime de lavagem de dinheiro tenha sido autor ou partícipe da infração penal antecedente, basta que tenha ciência da origem ilícita dos bens, direitos e valores e concorra para sua ocultação ou dissimulação. ## Footnote (STJ, 5ª Turma, RHC 56.610/BA, 07/12/2017; Jurisprudência em Teses – Edição 166)
42
Conforme a Lei de Lavagem de Dinheiro, o crime de lavagem pode ser considerado crime permanente?
O crime de lavagem ou ocultação de bens, direitos e valores, quando praticado na modalidade típica de ocultar, é permanente, protraindo-se sua execução até que os objetos materiais do branqueamento se tornem conhecidos. ## Footnote (STF, 1ª Turma, AP 863/SP, 23/5/2017 – Info 866; Jurisprudência em Teses – Edição 166)
43
A condenação por corrupção pode absorver o crime de lavagem de dinheiro, nos casos de autolavagem?
Na autolavagem, não ocorre a consunção entre a corrupção passiva e a lavagem de dinheiro. ## Footnote (STJ, Corte Especial, APn 989-DF, 16/02/2022 – Info 726)
44
No contexto da Lei de Lavagem de Dinheiro, o recebimento de valores em espécie já configura o delito?
O mero recebimento de valores em dinheiro não tipifica o delito de lavagem, seja quando recebido pelo próprio agente público, seja quando recebido por interposta pessoa. ## Footnote (STF, 2ª Turma, AP 996/DF, 29/5/2018 – Info 904)
45
Depósitos bancários fracionados podem caracterizar lavagem de dinheiro?
O agente praticou a lavagem pelo fato de ter recebido a propina em depósitos bancários fracionados, em valores que não atingem os limites estabelecidos pelas autoridades monetárias à comunicação compulsória dessas operações. ## Footnote (STF, 2ª Turma, AP 996/DF, 29/5/2018 – Info 904)
46
A ausência de condenação por crime antecedente impede a imputação por lavagem de dinheiro?
A inexistência de delito antecedente exclui a tipicidade do crime de lavagem de dinheiro e torna insubsistente a imputação do crime de organização criminosa, pela ausência da prática de infrações penais. ## Footnote (STJ, RHC 161.701-PB, 19/3/2024)
47
A movimentação de valores vultosos interfere na dosimetria da pena prevista na Lei de Lavagem de Dinheiro?
A pena-base pode ser aumentada se a lavagem de dinheiro ocorrer em um contexto de múltiplas transações financeiras e de múltipla transnacionalidade, o que interfere na ordem jurídica de mais de um Estado soberano. Se a lavagem de dinheiro envolveu valores vultosos, a pena-base poderá ser aumentada, considerando a maior violação ao bem jurídico tutelado. ## Footnote (STF, 1ª Turma, AP 863/SP, 23/5/2017 – Info 866)
48
A pena pode ser agravada na Lei de Lavagem de Dinheiro em razão do cargo público do réu?
A circunstância de o réu ser um homem de longa vida pública justifica maior reprovabilidade, dada sua capacidade acentuada de compreender as regras jurídicas. Na dosimetria, a pena-base pode ser aumentada para o Deputado Federal de longa carreira, considerando sua maior culpabilidade. ## Footnote (STF, 1ª Turma, AP 863/SP, 23/5/2017 – Info 866)
49
No crime de lavagem de dinheiro, qual é o impacto da complexidade das operações e dos valores movimentados?
A elevada complexidade dos mecanismos de lavagem de dinheiro utilizados e o montante total movimentado pela empreitada criminosa autorizam a valoração negativa das circunstâncias e consequências do crime, para exasperar a pena-base. ## Footnote (STJ, 5ª Turma, AgRg no REsp 1866173/SP, julgado em 30/03/2021 – Jurisprudência em Teses – Edição 167)
50
No âmbito da Lei de Lavagem de Dinheiro, é possível considerar o crime de evasão de divisas como antecedente?
O delito de evasão de divisas é autônomo e antecedente ao crime de lavagem de capitais, não constituindo este mero exaurimento impunível daquele, nem consunção entre os abordados crimes. ## Footnote (STJ, Jurisprudência em Teses – Edição 167)
51
No âmbito da Lei de Lavagem de Dinheiro, é válida a imputação simultânea de lavagem e do crime antecedente praticados pelo mesmo agente?
Embora a tipificação da lavagem de dinheiro dependa da existência de uma infração penal antecedente, é possível a autolavagem — isto é, a imputação simultânea, ao mesmo réu, da infração antecedente e do crime de lavagem —, desde que sejam demonstrados atos diversos e autônomos daquele que compõe a realização da primeira infração penal, circunstância na qual não ocorrerá o fenômeno da consunção. ## Footnote (STJ, Jurisprudência em Teses – Edição 166)
52
Segundo o entendimento atual da Lei de Lavagem de Dinheiro, a extinção da punibilidade pelo crime antecedente torna atípico o delito de lavagem?
O reconhecimento da extinção da punibilidade pela prescrição da infração penal antecedente NÃO implica atipicidade do delito de lavagem. ## Footnote (STJ, Jurisprudência em Teses – Edição 167)
53
Conforme a Lei de Lavagem de Dinheiro, quais são os efeitos da realização de sucessivos empréstimos pessoais para justificar patrimônio ilícito?
A realização, por período prolongado, de sucessivos contratos de empréstimo pessoal para justificar ingressos patrimoniais como se renda fossem — sem que se esclareça a forma e a fonte de pagamento das parcelas, acrescidas de juros, e sem que isso represente, em nenhum momento, uma correspondente redução do padrão de vida do devedor — é apta a configurar, em tese, ato de dissimulação da origem ilícita de valores, elemento constituinte do delito de lavagem de dinheiro. ## Footnote (STJ, Jurisprudência em Teses – Edição 166)
54
No contexto da Lei de Lavagem de Dinheiro, é legítima a valoração negativa das consequências do crime se envolver quantias elevadas?
Nos crimes de lavagem ou ocultação de bens, direitos e valores, é legítima a exasperação da pena-base pela valoração negativa das consequências do crime em decorrência da movimentação de expressiva quantia de recursos envolvidos que extrapole o elemento natural do tipo. ## Footnote (STJ, Jurisprudência em Teses – Edição 167)
55
A continuidade delitiva e a causa de aumento prevista no § 4º do art. 1º da Lei de Lavagem de Dinheiro podem incidir cumulativamente?
A incidência simultânea do reconhecimento da continuidade delitiva (art. 70 do CP) e da majorante prevista no § 4º do art. 1º da Lei n. 9.613/1998, nos crimes de lavagem de dinheiro, acarreta bis in idem. ## Footnote (STJ, Jurisprudência em Teses – Edição 167)
56
Conforme a Lei de Lavagem de Dinheiro, é válida a medida assecuratória contra pessoa jurídica beneficiada, ainda que não investigada?
É possível o deferimento de medida assecuratória em desfavor de pessoa jurídica que se beneficia de produtos decorrentes do crime de lavagem, ainda que não integre o polo passivo de investigação ou ação penal. ## Footnote (STJ, Jurisprudência em Teses – Edição 167)
57
A suspensão do processo em razão da citação por edital aplica-se aos crimes de lavagem de dinheiro?
No processo por crime previsto nesta Lei, não se aplica o disposto no art. 366 do Código de Processo Penal, devendo o acusado que não comparecer nem constituir advogado ser citado por edital, prosseguindo o feito até o julgamento, com a nomeação de defensor dativo. ## Footnote (Art. 2º, § 2º da Lei 9.613/1998)
58
Nos crimes regidos pela Lei de Lavagem de Dinheiro, é necessário prévio acordo para a colaboração premiada prevista no § 5º do art. 1º?
O art. 1º, § 5º, da Lei n. 9.613/1998 trata da delação premiada, ato unilateral, praticado pelo agente que, espontaneamente, opta por prestar auxílio tanto à atividade de investigação quanto à instrução procedimental, independentemente de prévio acordo entre as partes interessadas. ## Footnote (STJ, Jurisprudência em Teses – Edição 167)
59
De acordo com a Lei de Lavagem de Dinheiro, o acesso a dados cadastrais do investigado depende de autorização judicial?
A autoridade policial e o Ministério Público têm acesso, independentemente de autorização judicial, aos dados meramente cadastrais de investigados que não são protegidos pelo sigilo constitucional. ## Footnote (STJ, Jurisprudência em Teses – Edição 167; art. 17-B da Lei 9.613/1998)
60
É possível a aplicação imediata das medidas assecuratórias previstas no art. 4º da Lei de Lavagem de Dinheiro, mesmo após sua alteração pela Lei 12.683/2012?
Não há óbice à aplicação imediata das medidas assecuratórias previstas no art. 4º da Lei n. 9.613/1998 e implementadas pela Lei n. 12.683/2012, por se tratarem de institutos de direito processual à luz do princípio tempus regit actum. ## Footnote (STJ, Jurisprudência em Teses – Edição 167)
61
Segundo a Lei de Lavagem de Dinheiro, quem tem competência para julgar crimes praticados parcialmente no Brasil com origem no exterior?
A autoridade judiciária brasileira é competente para julgar os crimes de lavagem ou ocultação de dinheiro cometidos, mesmo que parcialmente, no território nacional, bem como na hipótese em que os crimes antecedentes tenham sido praticados em prejuízo da administração pública, ainda que os atos tenham ocorrido exclusivamente no exterior. ## Footnote (STJ, Jurisprudência em Teses – Edição 167)
62
É possível adotar o domicílio do investigado como foro competente em casos complexos de lavagem de dinheiro, conforme a Lei 9.613/1998?
No crime de lavagem de dinheiro que envolve grande quantidade de agentes residentes em diversas unidades da federação, a regra de competência do local onde se realizaram as operações irregulares será afastada para, em homenagem aos princípios da razoável duração do processo e da celeridade de sua tramitação, dar lugar ao foro do domicílio do investigado. ## Footnote (STJ, Jurisprudência em Teses – Edição 167)
63
A prática de organização criminosa pode ser considerada crime antecedente à lavagem de dinheiro antes da Lei 12.850/2013?
A prática de organização criminosa como crime antecedente da lavagem de dinheiro é atípica antes do advento da Lei n. 12.850/2013, por ausência de descrição normativa. ## Footnote (STJ, Jurisprudência em Teses – Edição 167)
64
É possível aplicar medidas assecuratórias sobre patrimônio de terceiros com confusão patrimonial, conforme a Lei de Lavagem de Dinheiro?
A medida assecuratória de indisponibilidade de bens, prevista no art. 4º, § 4º, da Lei nº 9.613/1998, pode atingir bens de origem lícita ou ilícita, adquiridos antes ou depois da infração penal, bem como de pessoa jurídica ou familiar não denunciado, quando houver confusão patrimonial. ## Footnote (STF, Inq 1.190-DF, 15/09/2021)
65
O afastamento automático de servidor público investigado por lavagem de dinheiro é compatível com a Constituição?
É inconstitucional a determinação de afastamento automático de servidor público indiciado em inquérito policial instaurado para apuração de crimes de lavagem de dinheiro, sendo necessário que o afastamento seja justificado por risco demonstrado nos autos, com apreciação do Poder Judiciário. ## Footnote (STF, Plenário, ADI 4911/DF, 20/11/2020)
66
De acordo com a Lei 13.964/2019, é obrigatória a realização da audiência de custódia para a decretação da prisão preventiva?
Não é obrigatória a realização da audiência de custódia para a decretação da prisão preventiva, quando presentes elementos concretos e idôneos que demonstrem o preenchimento dos requisitos legais. ## Footnote (STJ, 5ª Turma, RHC 135037/SP, 23/03/2021 – Info 712)
67
O juiz das garantias, criado pela Lei 13.964/2019, foi considerado constitucional?
O STF declarou que a criação do juiz das garantias é constitucional, porém, sua implementação é obrigatória apenas após estruturação adequada pelos tribunais, sem imposição imediata. ## Footnote (STF, ADIs 6.298, 6.299, 6.300 e 6.305, julgamento em 24/08/2023)
68
Conforme a Lei 13.964/2019, o juiz das garantias é aplicável ao Tribunal do Júri?
O juiz das garantias aplica-se também aos procedimentos do Tribunal do Júri, inclusive nas hipóteses em que há conexão ou continência. ## Footnote (STF, ADIs 6.298, 6.299, 6.300 e 6.305, julgamento em 24/08/2023)
69
É possível aplicar o juiz das garantias no âmbito dos juizados especiais criminais, segundo a Lei 13.964/2019?
Não. O juiz das garantias não se aplica aos procedimentos dos juizados especiais criminais. ## Footnote (STF, ADIs 6.298, 6.299, 6.300 e 6.305, julgamento em 24/08/2023)
70
Conforme entendimento sobre a Lei 13.964/2019, o juiz das garantias se aplica aos processos penais militares e eleitorais?
Não. O juiz das garantias não se aplica aos processos penais militares e eleitorais. ## Footnote (STF, ADIs 6.298, 6.299, 6.300 e 6.305, julgamento em 24/08/2023)
71
A cadeia de custódia de vestígios, prevista na Lei 13.964/2019, é obrigatória mesmo quando não houver exame pericial?
Sim. A cadeia de custódia deve ser observada sempre que houver coleta de vestígios, independentemente de realização de exame pericial imediato, sendo necessária a preservação da idoneidade do material. ## Footnote (STJ, 6ª Turma, AgRg no AREsp 1592130/SP, 24/11/2020 – Info 700)
72
Na vigência da Lei 13.964/2019, quais são os efeitos da não observância da cadeia de custódia no processo penal?
A inobservância das regras da cadeia de custódia pode ensejar a nulidade da prova, quando ficar demonstrado prejuízo à defesa decorrente de dúvidas sobre a integridade do vestígio. ## Footnote (STJ, 5ª Turma, AgRg no REsp 1916205/SP, 20/04/2021 – Info 712)
73
O acordo de não persecução penal (ANPP), inserido pela Lei 13.964/2019, tem aplicação retroativa?
Sim. O ANPP aplica-se retroativamente a fatos praticados antes da vigência da Lei 13.964/2019, desde que preenchidos os requisitos legais. ## Footnote (STJ, 5ª Turma, HC 590.039/SP, 09/06/2020 – Info 691)
74
É possível oferecer ANPP no crime de estelionato após a alteração trazida pela Lei 13.964/2019?
Sim, desde que haja representação da vítima, o ANPP é cabível para o crime de estelionato, mesmo após a mudança trazida pela Lei 13.964/2019. ## Footnote (STJ, 5ª Turma, HC 598.051/SP, 24/11/2020 – Info 700)
75
Conforme a Lei 13.964/2019, a execução da pena de multa ocorre de ofício pelo juízo da execução?
Sim. A pena de multa deve ser executada de ofício pelo juízo da execução penal, e não mais pela Procuradoria da Fazenda Nacional, conforme alteração do art. 51 do Código Penal pela Lei 13.964/2019. ## Footnote (STF, Plenário, ARE 964246/SE, 24/04/2019 – Info 927)
76
É possível responsabilizar criminalmente o magistrado por simples divergência na interpretação da lei segundo a Lei de Abuso de Autoridade?
A jurisprudência já rechaçava, na vigência da antiga Lei de Abuso de Autoridade (Lei nº 4.898/65), a responsabilização criminal do magistrado pela mera divergência de interpretação. Para que se configure o abuso de autoridade, é necessário demonstrar má-fé e intenção de causar dano à pessoa, não sendo suficiente a simples discrepância na decisão judicial. ## Footnote (STJ, Corte Especial. APn 858/DF, 24/10/2018)
77
A condução coercitiva de investigado ou réu para interrogatório é permitida após a vigência da Lei de Abuso de Autoridade?
O STF declarou que a expressão “para o interrogatório”, prevista no art. 260 do CPP, não foi recepcionada pela Constituição Federal. Assim, se for determinada a condução coercitiva de investigados ou réus para interrogatório, essa conduta pode ensejar: a responsabilidade disciplinar, civil e penal do agente ou da autoridade; a ilicitude das provas obtidas; e a responsabilidade civil do Estado. O STF modulou os efeitos, afirmando que não invalida os interrogatórios realizados até a data do julgamento, mesmo que os interrogados tenham sido coercitivamente conduzidos. ## Footnote (STF, Plenário, ADPF 395/DF e ADPF 444/DF, 13 e 14/06/2018)
78
É cabível ação penal privada subsidiária na hipótese de arquivamento do inquérito pelo Ministério Público conforme entendimento da Lei de Abuso de Autoridade?
Não. A ação penal subsidiária da pública só é cabível quando houver inércia do Ministério Público, caracterizada pela não apresentação da denúncia no prazo legal. Não é cabível na hipótese de arquivamento do inquérito promovido pelo Ministério Público e acolhido pelo juiz. ## Footnote (STJ, 5ª Turma. AgRg no REsp 1508560/SP, 06/11/2018)
79
A realização de diligências internas pelo Ministério Público impede o exercício da ação penal privada subsidiária conforme a Lei de Abuso de Autoridade?
Não. O ajuizamento da ação penal privada subsidiária pode ocorrer após o decurso do prazo legal sem que tenha sido oferecida denúncia, promovido arquivamento ou requisitadas diligências externas. Diligências internas à instituição são irrelevantes. A conduta do Ministério Público posterior ao surgimento do direito de queixa não prejudica sua propositura. ## Footnote (STF, Plenário virtual, ARE 859251 RG, 16/04/2015)
80
Segundo entendimento atual da Lei de Organização Criminosa, o crime de impedir ou embaraçar investigação é compatível com o princípio da legalidade?
Não viola o princípio da legalidade (CF, art. 5º, II e XXXIX) a norma que criminaliza as condutas de "impedir" e "embaraçar" a investigação de infração penal envolvendo organização criminosa, previstas no art. 2º, §1º, da Lei 12.850/2013. ## Footnote (STF, ADI 5.567/DF, Info 1117)
81
A extinção da punibilidade do crime antecedente impede a responsabilização por organização criminosa segundo a Lei 12.850/2013?
A extinção da punibilidade do crime antecedente não descaracteriza o crime de organização criminosa, pois ele é autônomo e independe de persecução criminal ou condenação pelas infrações penais a ele vinculadas. ## Footnote (STJ, AgRg no HC 865.042-SP, julgado em 21/11/2023, DJe 27/11/2023)
82
Na Lei de Organização Criminosa, o tipo penal de embaraçar investigação se aplica apenas ao inquérito policial?
Não. O tipo penal previsto no art. 2º, §1º, da Lei nº 12.850/2013 abrange tanto o inquérito policial quanto a ação penal, sendo aplicável desde a investigação até o processo judicial. ## Footnote (STJ, HC 487.962-SC, Info 650)
83
É possível celebrar acordo de colaboração premiada, segundo a Lei de Organização Criminosa, fora de contextos de organização criminosa formalmente estruturada?
Sim. É possível celebrar acordo de colaboração premiada em qualquer conduta praticada em concurso de agentes, independentemente de haver uma organização criminosa formalmente estruturada. ## Footnote (STJ, HC 582.678-RJ, Info 722)
84
A homologação judicial de acordo de colaboração premiada, conforme a Lei de Organização Criminosa, tem natureza meramente homologatória?
Sim. A decisão que homologa o acordo de colaboração premiada tem natureza meramente homologatória, não julgando o mérito da acusação. O juiz analisa apenas a regularidade, legalidade e voluntariedade do acordo. ## Footnote (STF, Pet 7074/DF, Info 870)
85
A homologação do acordo de colaboração premiada gera vinculação automática aos benefícios acordados?
Não. O direito do colaborador aos benefícios do acordo só se concretiza com o cumprimento integral de suas obrigações. O acordo homologado gera vínculo jurídico, mas a fruição dos benefícios depende do comportamento efetivo do colaborador. ## Footnote (STF, Pet 7074/DF, Info 870)
86
É possível impor ao colaborador, na fase de execução penal, condições que não estejam previstas no acordo de colaboração premiada?
Não. O Juízo da Execução Penal não pode impor condições ao colaborador que não estejam previstas no acordo de colaboração premiada homologado. ## Footnote (STJ, AgRg no HC 846.476-RJ, julgado em 22/10/2024, DJe 25/10/2024)
87
A inadimplência da multa prevista no acordo de colaboração premiada impede a progressão de regime?
Não. O inadimplemento da multa compensatória prevista no acordo de colaboração premiada, por comprovada hipossuficiência financeira, não impede a progressão de regime acordado. ## Footnote (STJ, processo em segredo de justiça, rel. Min. Daniela Teixeira, 5ª Turma, julgado em 04/02/2025, Info 839)
88
A celebração de acordo de colaboração premiada que viole o sigilo profissional do advogado é válida?
Não. É inadmissível a celebração de acordo de colaboração premiada que viole o sigilo profissional do advogado, ainda que ele seja investigado. ## Footnote (STJ, RHC 179.805-PR, julgado em 21/05/2024)
89
O terceiro delatado pode impugnar o acordo de colaboração premiada segundo a Lei de Organização Criminosa?
Sim. O terceiro delatado tem direito de impugnar o acordo de colaboração premiada, podendo acessar as gravações das tratativas e da audiência de homologação para verificar a legalidade, regularidade e voluntariedade do colaborador. ## Footnote (STJ, REsp 1.954.842-RJ, julgado em 14/05/2024)
90
Segundo a Lei de Organização Criminosa, é possível celebrar acordo de colaboração premiada sem a anuência do Ministério Público?
Não. Para que o acordo de colaboração premiada formalizado pelo delegado de polícia produza efeitos, é necessária a anuência do Ministério Público. ## Footnote (STF, PET 8482 AgR/DF, julgado em 31/05/2021)
91
O simples descumprimento do acordo de colaboração premiada, conforme a Lei de Organização Criminosa, autoriza prisão preventiva?
Não. O simples descumprimento do acordo de colaboração premiada não justifica, por si só, a imposição de prisão preventiva. ## Footnote (STF, HC 138.207/PR, Info 862; STJ, HC 396.658-SP, Info 609)
92
A gravação ambiental feita por colaborador sem consentimento do outro interlocutor é lícita?
Sim. A gravação ambiental realizada por colaborador, um dos interlocutores da conversa, sem o consentimento dos outros, é lícita, ainda que obtida sem autorização judicial, e pode ser validamente utilizada como meio de prova no processo penal. ## Footnote (STJ, Jurisprudência em Teses, Edição 193)
93
É possível obrigar o Ministério Público a celebrar acordo de colaboração premiada, conforme a Lei de Organização Criminosa?
Não existe direito líquido e certo de compelir o Ministério Público a firmar acordo de colaboração premiada, pois trata-se de um ato voluntário, personalíssimo e discricionário do MP, que não se submete ao controle do Judiciário. ## Footnote (STF, MS 35693 AgR/DF, Info 942)
94
A colaboração premiada na Lei de Organização Criminosa pode ser aplicada em ações civis públicas por ato de improbidade administrativa?
Sim. É constitucional o uso do instituto da colaboração premiada em ação civil pública por ato de improbidade administrativa ajuizada pelo Ministério Público, desde que a pessoa jurídica interessada participe como interveniente e sejam observadas as demais diretrizes fixadas pelo STF. ## Footnote (STF, Plenário, ARE 1.175.650/PR, julgado em 01/07/2023 – Tema 1043, Info 1101)
95
A colaboração premiada pode fundamentar, sozinha, o recebimento da denúncia, segundo a Lei de Organização Criminosa?
Não. As informações do colaborador, embora sejam suficientes para o início da investigação preliminar, não constituem motivo idôneo para fundamentar, por si só, o recebimento da peça acusatória. ## Footnote (STJ, Jurisprudência em Teses – Edição 195)
96
A colaboração premiada tem natureza de prova ou meio de obtenção de prova, segundo a Lei de Organização Criminosa?
A colaboração premiada não é prova nem indício. Trata-se de técnica de investigação e meio de obtenção de prova, pelo qual o colaborador auxilia os órgãos de persecução penal. ## Footnote (STJ, Jurisprudência em Teses – Edição 195)
97
O juiz de primeiro grau é competente para homologar acordo de colaboração premiada que menciona autoridade com foro por prerrogativa?
Sim. Não é nulo acordo de colaboração premiada homologado por juiz de primeiro grau que mencione possível envolvimento de autoridade com foro no STJ, desde que tal informação decorra de descoberta fortuita e surja na formalização do acordo. ## Footnote (STJ, Jurisprudência em Teses – Edição 196)
98
A simples menção a nome de autoridade com foro por prerrogativa de função nas declarações do colaborador fixa competência no tribunal?
Não. A simples menção não fixa competência no tribunal quando se referir a fatos distintos do objeto da investigação. ## Footnote (STJ, Jurisprudência em Teses – Edição 196)
99
É possível anular acordo de colaboração premiada pelo fato de corréus serem assistidos pelo mesmo escritório de advocacia?
Não. O fato de corréus colaboradores e delatados serem patrocinados pelo mesmo escritório de advocacia é, por si só, insuficiente para presumir conluio entre as defesas apto a justificar a anulação dos acordos. ## Footnote (STJ, Jurisprudência em Teses – Edição 196)
100
O juiz que homologa a colaboração premiada é automaticamente competente para julgar todos os fatos relatados?
Não. O juízo que homologa o acordo de colaboração premiada não é, necessariamente, competente para o processamento de todos os fatos relatados, pois o acordo é meio de obtenção de prova, não critério de fixação de competência. ## Footnote (STJ, Jurisprudência em Teses – Edição 196)
101
Qual é o momento adequado para impugnar cláusulas do acordo de colaboração premiada?
O momento adequado para impugnar cláusulas de acordo de colaboração premiada é posterior ao eventual julgamento da ação penal, pois, antes disso, os benefícios são apenas expectativa de direito. ## Footnote (STJ, Jurisprudência em Teses – Edição 196)
102
A imposição de medidas cautelares pessoais pode constar como cláusula no acordo de colaboração premiada?
Não. Não é lícita a inclusão de cláusulas relativas a medidas cautelares de cunho pessoal no acordo de colaboração premiada, pois ele se refere apenas a aspectos relacionados à imposição de pena futura. ## Footnote (STJ, Jurisprudência em Teses – Edição 197)
103
O descumprimento do acordo de colaboração premiada, por si só, autoriza a prisão preventiva?
Não. O descumprimento do acordo de colaboração premiada ou a frustração da sua realização, por si só, não autoriza a imposição da segregação cautelar, quando ausentes os requisitos da prisão. ## Footnote (STJ, Jurisprudência em Teses – Edição 197)
104
A aplicação da fração mínima na redução da pena decorrente da colaboração premiada exige fundamentação?
Sim. Na colaboração premiada, a aplicação da fração de diminuição de pena em seu patamar mínimo requer decisão fundamentada, sob pena de ofensa ao princípio da motivação (art. 93, IX, da CF). ## Footnote (STJ, Jurisprudência em Teses – Edição 197)
105
As provas obtidas em colaboração premiada podem ser compartilhadas com outros órgãos públicos?
Sim. As provas obtidas podem ser compartilhadas com outros órgãos públicos, desde que respeitados os limites estabelecidos no acordo, especialmente quanto à responsabilidade do colaborador. ## Footnote (STF, PET 7065/DF, Info 922)
106
Quem tem competência para decidir sobre pedidos de compartilhamento dos termos da colaboração premiada?
O juízo que homologou o acordo de colaboração premiada mantém competência para analisar pedidos de compartilhamento dos depoimentos prestados, mesmo que o processo tenha sido remetido a outros órgãos do Poder Judiciário. ## Footnote (STF, PET 7065/DF, Info 922)
107
O acordo de colaboração premiada e os depoimentos prestados pelo colaborador se confundem?
Não. O acordo formaliza os termos da colaboração, enquanto os depoimentos servem como elementos que serão valorados no processo. ## Footnote (STF, HC 127.483/PR, Info 796)
108
A personalidade ou histórico do colaborador interfere na validade do acordo de colaboração premiada?
Não. A personalidade ou o histórico de descumprimento de acordos anteriores pelo colaborador não invalida o novo acordo. O que importa é a idoneidade das informações fornecidas, que serão analisadas no decorrer do processo. ## Footnote (STF, HC 127.483/PR, Info 796)
109
As provas obtidas por violação de sigilo profissional do advogado podem ser usadas validamente?
Não. As provas obtidas em acordo de colaboração firmado por advogado que, sem justa causa, entrega documentos e gravações obtidos no exercício do mandato, violando o dever de sigilo profissional, são ilícitas. ## Footnote (STJ, RHC 164.616-GO, Info 751)
110
Conforme entendimento relacionado à Lei de Abuso de Autoridade, a comunicação da prisão em flagrante deve ser feita obrigatoriamente ao Ministério Público?
Não. Deixar de comunicar a prisão em flagrante ao Ministério Público não configura crime de abuso de autoridade. A comunicação obrigatória, nos termos do art. 12 da Lei nº 13.869/2019, é devida apenas à autoridade judiciária e à família do preso ou pessoa por ele indicada, e não ao Ministério Público ou à Defensoria Pública. (Comentário doutrinário consolidado e entendimento jurisprudencial – constante no próprio texto do material)
111
Qual é o efeito jurídico da divulgação do Cadastro Nacional de Empresas Inidôneas e Suspensas (CEIS) pela CGU, segundo entendimento do STJ?
A divulgação do Cadastro Nacional de Empresas Inidôneas e Suspensas - CEIS pela Controladoria-Geral da União (CGU) tem mero caráter informativo, não sendo determinante para que os entes federativos impeçam a participação, em licitações, das empresas ali constantes. (STJ, 1ª Seção, MS 21.750-DF, julgado em 25/10/2017 – Info 615)
112
Segundo o entendimento do STF sobre a Lei de Investigação Criminal, é válida a interpretação que confere exclusividade da investigação ao delegado de polícia?
A Lei nº 12.830/2013 se limita à disciplina da investigação criminal conduzida pelo delegado de polícia. O STF declarou a inconstitucionalidade parcial, sem redução de texto, da interpretação do §1º do art. 2º da Lei nº 12.830/2013 que atribua privativamente ou exclusivamente ao delegado de polícia a condução da investigação criminal, restringindo a competência do Ministério Público ou de outras autoridades administrativas. ## Footnote (STF, Plenário, ADI 5.043/DF, julgado em 28/03/2025 – Info 1171)
113
É constitucional norma estadual que permite a lavratura de termos circunstanciados por policiais militares e bombeiros militares, segundo entendimento sobre a Lei de Investigação Criminal?
Sim. É constitucional norma estadual que permite a lavratura de termos circunstanciados pela Polícia Militar e pelo Corpo de Bombeiros Militar. ## Footnote (STF, Plenário, ADI 5637/MG, julgado em 11/03/2022 – Info 1046)
114
Qual a natureza jurídica do Termo Circunstanciado de Ocorrência (TCO) segundo a jurisprudência relacionada à Lei de Investigação Criminal?
O Termo Circunstanciado de Ocorrência (TCO) não possui natureza investigativa e pode ser lavrado tanto pela polícia judiciária quanto pela polícia administrativa. ## Footnote (STF, Plenário, ADI 6245/DF e ADI 6264/DF, julgadas em 17/02/2023 – Info 1083)
115
Conforme entendimento do STJ sobre a Lei de Identificação Criminal, é válida a coleta compulsória de material biológico de pessoa não condenada?
Não. É nula, para fins de identificação criminal, a coleta compulsória de material orgânico não descartado de pessoas definitivamente não condenadas. ## Footnote (STJ, 6ª Turma, RHC 162.703-RS, julgado em 13/09/2022 – Info 750)
116
A concessão de salvo-conduto para cultivo de Cannabis para fins medicinais exige comprovação de incapacidade financeira para aquisição do medicamento?
A concessão de salvo-conduto para o plantio de Cannabis sativa com fins medicinais não exige a comprovação de incapacidade financeira para aquisição do fármaco importado autorizado pela ANVISA. ## Footnote (STJ, AgRg no HC 913.386-SP, 19/02/2025 – Info 842)
117
É possível conceder salvo-conduto para plantio e transporte de Cannabis para fins terapêuticos?
É cabível a concessão de salvo-conduto para o plantio e o transporte de Cannabis Sativa para fins terapêuticos, desde que haja receituário e laudo médico subscrito por profissional especializado, com aprovação da Anvisa. ## Footnote (STJ, RHC 147.169, 14/06/2022; REsp 1.972.092, 14/06/2022 – Info 742)
118
O porte de drogas para consumo pessoal foi descriminalizado ou despenalizado?
O porte de drogas para consumo pessoal foi despenalizado, isto é, continua sendo crime, mas as sanções aplicadas são mais leves, sem privação de liberdade. ## Footnote (STJ, AgRg no AREsp 1740201/AM, 17/11/2020)
119
A reincidência prevista no art. 28, §4º, da Lei de Drogas considera qualquer crime anterior?
Não. A reincidência prevista no §4º do art. 28 da Lei 11.343/2006 é específica, restrita ao mesmo crime do art. 28 (porte para consumo pessoal). Não se aplica a outras infrações penais. ## Footnote (STJ, REsp 1771304-ES, 10/12/2019)
120
O crime do art. 28 da Lei de Drogas admite transação penal e suspensão condicional do processo?
Sim. O art. 28 da Lei nº 11.343/2006 admite tanto a transação penal quanto a suspensão condicional do processo. ## Footnote (STJ, HC 390038/SP)
121
A condenação pelo art. 28 da Lei de Drogas gera reincidência?
Não. A condenação pelo art. 28 da Lei nº 11.343/2006 (porte para consumo pessoal) não configura reincidência. ## Footnote (STJ, REsp 1672654/SP)
122
É constitucional a criação de cadastro estadual de usuários de drogas?
Não. É inconstitucional a lei estadual que cria cadastro de usuários e dependentes de drogas, pois viola a competência privativa da União para legislar sobre matéria penal e processual penal e afronta direitos fundamentais e a proteção de dados. ## Footnote (STF, ADI 6.561/TO, julgado em 01/09/2023 – Info 1106)
123
A posse de até 40 gramas de cannabis ou seis plantas para consumo pessoal é crime?
Não. A posse de até 40 gramas de cannabis ou seis plantas-fêmeas para consumo pessoal não é considerada infração penal, mas pode resultar em sanções educativas, como advertência e participação em programas educativos, sem efeitos criminais. ## Footnote (STF, RE 635.659/SP, rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 26/06/2024)
124
A prisão pode ocorrer por tráfico mesmo com quantidade abaixo de 40g de cannabis?
Sim. A presunção de uso pessoal é relativa. A prisão por tráfico pode ocorrer se houver elementos que indiquem intuito mercantil, como acondicionamento inadequado ou registros de operações comerciais. ## Footnote (STF, RE 635.659/SP, julgado em 26/06/2024)
125
A falta do laudo toxicológico definitivo impede a condenação por tráfico de drogas?
Em regra, o laudo definitivo é imprescindível para a condenação, mas excepcionalmente admite-se o laudo preliminar desde que elaborado por perito oficial e com grau de certeza equivalente ao definitivo. ## Footnote (STJ, EREsp 1544057/RJ, julgado em 26/10/2016)
126
Segundo entendimento aplicado à Lei de Drogas, é possível aplicar o princípio da insignificância ao crime de tráfico de drogas?
Não é aplicável o princípio da insignificância ao crime de tráfico de drogas, pois se trata de delito de perigo abstrato, cuja tipicidade não exige a efetiva lesão ao bem jurídico protegido. ## Footnote (STJ, 5ª Turma, HC 449.502/SP, julgado em 27/11/2018 – Info 640)
127
O tráfico privilegiado pode ser considerado crime hediondo segundo a Lei de Drogas?
Não. O tráfico privilegiado, previsto no §4º do art. 33 da Lei 11.343/06, não é considerado crime hediondo nem a ele equiparado. ## Footnote (STF, HC 118.533/SP, Plenário, julgado em 23/06/2016 – Info 829)
128
O tráfico privilegiado impede a substituição da pena privativa de liberdade por penas restritivas de direitos?
Não. É possível a substituição da pena privativa de liberdade por penas restritivas de direitos no tráfico privilegiado, desde que preenchidos os requisitos do art. 44 do Código Penal. ## Footnote (STJ, HC 396.399/SP, julgado em 08/05/2018 – Info 626)
129
É cabível a concessão de liberdade provisória nos crimes de tráfico de drogas, segundo entendimento consolidado?
Sim. A vedação legal à liberdade provisória no art. 44 da Lei de Drogas foi declarada inconstitucional pelo STF. O juiz deve analisar caso a caso, com base nos requisitos do art. 312 do CPP. ## Footnote (STF, HC 104.339/SP, julgado em 10/05/2012 – Info 663)
130
A quantidade e a natureza da droga apreendida são elementos idôneos para fixação da pena-base acima do mínimo legal?
Sim. A quantidade e a natureza da droga são fundamentos idôneos e suficientes para justificar a exasperação da pena-base acima do mínimo legal. ## Footnote (STF, HC 104.174/SP, julgado em 10/05/2012 – Info 663)
131
Para aplicação da causa de aumento do art. 40, III, da Lei de Drogas (transporte entre Estados), exige-se prova do efetivo deslocamento?
Não. Basta que fique demonstrado que a droga seria destinada a outro Estado da Federação, sendo desnecessária a efetiva concretização do transporte interestadual. ## Footnote (STJ, AgRg no REsp 1.643.051/SP, julgado em 08/06/2017 – Info 604)
132
A transnacionalidade do tráfico, prevista no art. 40, I, da Lei de Drogas, exige efetiva saída do território nacional?
Não. A intenção de exportar já é suficiente para a incidência da majorante, ainda que não haja efetiva saída do país. ## Footnote (STJ, HC 412.418/SP, julgado em 10/04/2018 – Info 624)
133
A participação de menor importância no tráfico de drogas pode ser reconhecida quando o agente realiza atos de venda da droga?
Não. A prática reiterada de atos de comercialização de drogas, mesmo em pequena quantidade, não permite o reconhecimento da causa de diminuição de pena por participação de menor importância. ## Footnote (STJ, HC 374.585/RS, julgado em 26/09/2017 – Info 611)
134
A figura da associação para o tráfico exige estabilidade e permanência?
Sim. A configuração da associação para o tráfico, prevista no art. 35 da Lei de Drogas, exige demonstração de estabilidade e permanência na associação de duas ou mais pessoas para o fim de praticar reiteradamente o crime de tráfico de drogas. ## Footnote (STF, HC 104.884/SP, julgado em 14/12/2010 – Info 611)
135
O número de atos de tráfico é suficiente, por si só, para caracterizar a associação para o tráfico?
Não. O número de atos de tráfico, por si só, não é suficiente para caracterizar a associação para o tráfico, sendo imprescindível a demonstração de vínculo associativo estável e permanente. ## Footnote (STJ, HC 462.925/SP, julgado em 26/02/2019 – Info 645)
136
A quantidade de drogas pode ser utilizada para afastar o tráfico privilegiado?
Sim. A quantidade de drogas apreendidas, isoladamente, pode ser utilizada para afastar o tráfico privilegiado, desde que reveladora de dedicação do agente à atividade criminosa. ## Footnote (STF, HC 141.840/SP, julgado em 06/06/2017 – Info 868)
137
É possível a aplicação do princípio da consunção entre tráfico de drogas e posse irregular de arma de fogo?
Não. A posse de arma de fogo, ainda que utilizada para resguardar a atividade de tráfico, não é absorvida pelo crime de tráfico de drogas, sendo crimes autônomos. ## Footnote (STJ, 5ª Turma, AgRg no REsp 1.646.446/SP, julgado em 20/06/2017 – Info 605)
138
É possível aplicar a Súmula 182 do STJ para afastar a progressão de regime no tráfico privilegiado?
Não. O tráfico privilegiado não é considerado crime hediondo, de forma que a Súmula 182 do STJ, que impede a progressão para réus reincidentes em crimes hediondos, não se aplica. ## Footnote (STJ, HC 399.668/SP, julgado em 26/06/2018 – Info 630)
139
Segundo a Lei de Drogas, é obrigatória a destruição imediata de toda a droga apreendida?
Não. A destruição imediata se aplica apenas à fração excedente da amostra necessária para a realização da perícia. O restante deve ser preservado até o trânsito em julgado da sentença condenatória. ## Footnote (STJ, HC 251.925/SP, julgado em 26/02/2013 – Info 528)
140
A apreensão de quantidades mínimas de droga configura crime de tráfico?
Sim. A apreensão de quantidades mínimas de droga, por si só, não descaracteriza o crime de tráfico se houver outros elementos que indiquem a destinação comercial da substância. ## Footnote (STJ, HC 385.230/SP, julgado em 21/03/2017 – Info 597)
141
O tráfico de drogas praticado no interior de estabelecimento prisional permite aplicação da majorante do art. 40, III?
Não. O tráfico praticado no interior de estabelecimento prisional não se subsume à majorante do art. 40, III, da Lei de Drogas, que exige transporte interestadual, interestadual ou internacional. ## Footnote (STJ, HC 440.277/SP, julgado em 20/03/2018 – Info 623)
142
É válida a utilização de prova obtida mediante escuta ambiental não autorizada judicialmente em investigação de tráfico de drogas?
Sim. É lícita a gravação ambiental realizada por um dos interlocutores, sem o conhecimento do outro, desde que não haja violação de domicílio ou outros direitos fundamentais. ## Footnote (STJ, HC 367.108/DF, julgado em 12/09/2017 – Info 609)
143
Segundo a jurisprudência sobre a Lei Maria da Penha, é necessária a comprovação da hipossuficiência da mulher para sua aplicação?
Não. A hipossuficiência e a vulnerabilidade da mulher são presumidas, sem necessidade de comprovação de fragilidade física, emocional ou financeira. ## Footnote (STJ, AgRg no AREsp 620.058/DF; AgRg nos EDcl no REsp 1720536/SP; AgRg no RHC 92.825)
144
A Lei Maria da Penha se aplica a mulheres trans?
Sim. A Lei nº 11.340/2006 se aplica a mulheres trans em situação de violência doméstica, independentemente do sexo biológico. ## Footnote (STJ, REsp 1.977.124/SP – Informativo 732)
145
É possível aplicação analógica da Lei Maria da Penha à população LGBTQIA+?
Sim. Diante da mora legislativa, é possível a aplicação analógica dos dispositivos da Lei nº 11.340/2006 para abranger a população LGBTQIA+. ## Footnote (STF, MI 7.452/DF, Rel. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 21/02/2025 – Info 1167)
146
A aplicação da Lei Maria da Penha exige a motivação de gênero?
Não. Não é necessário comprovar a motivação de gênero para aplicar a Lei Maria da Penha e utilizar a vara especializada. ## Footnote (STJ, AgRg no REsp 2.080.317-GO, DJe 06/03/2024)
147
É requisito uma relação duradoura de afeto para aplicação da Lei Maria da Penha?
Não. A existência de uma relação duradoura de afeto não é necessária para a aplicação da Lei nº 11.340/2006. ## Footnote (STJ, Processo sigiloso, Rel. Min. Antonio Saldanha Palheiro, DJe 15/08/2024)
148
Qual é a relevância da palavra da vítima nos casos de violência doméstica conforme entendimento do STJ?
A palavra da vítima tem especial relevância em casos de violência doméstica, devido ao contexto de clandestinidade em que os fatos ocorrem. ## Footnote (STJ, Processo sigiloso, Rel. Min. Antonio Carlos Ferreira, DJe 08/10/2024)
149
Quem pode figurar no polo passivo como vítima de violência doméstica segundo a Lei Maria da Penha?
Além da esposa ou companheira, podem ser vítimas mães, filhas, avós, sogras ou qualquer parente que mantenha vínculo familiar ou afetivo com o agressor. ## Footnote (STJ, AgRg no AREsp 1.626.825-GO – Info 671)
150
Em caso de conflito entre a Lei Maria da Penha e estatutos específicos, qual deve prevalecer?
A Lei Maria da Penha prevalece sobre estatutos específicos, como o Estatuto da Criança e do Adolescente, em razão da proteção da condição de gênero feminino. ## Footnote (STJ, REsp 2.015.598-PA, 06/02/2025 – Tema 1186 – Info 840)
151
A vedação da pena de multa isolada nos casos de violência doméstica é válida mesmo quando prevista no tipo penal?
Sim. A vedação da pena de multa isolada, prevista no art. 17 da Lei nº 11.340/2006, é aplicável mesmo quando a pena de multa estiver prevista de forma autônoma no tipo penal. ## Footnote (STJ, REsp 2.049.327-RJ, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 14/06/2023)
152
É necessária a realização da audiência do art. 16 da Lei Maria da Penha quando não há manifestação da vítima pela retratação?
Não. A audiência só é necessária se houver manifestação da vítima de que deseja se retratar antes do recebimento da denúncia. ## Footnote (STJ, AgRg no REsp 1.946.824-SP – Info 743)
153
É válida a designação de ofício da audiência para retratação, mesmo sem manifestação da vítima?
Não. É inconstitucional a designação de ofício da audiência do art. 16 da Lei nº 11.340/2006, bem como o reconhecimento de retratação tácita. ## Footnote (STF, ADI 7.267/DF, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 21/08/2023)
154
O descumprimento de medida protetiva configura desobediência?
Não. Desde a publicação da Lei nº 13.641/2018, o descumprimento de medida protetiva passou a configurar o crime específico do art. 24-A da Lei nº 11.340/2006, afastando a incidência do crime de desobediência. ## Footnote (STJ – Jurisprudência em Teses – Edição 41)
155
É possível aplicar o princípio da insignificância aos delitos de violência doméstica?
Não. O princípio da insignificância é inaplicável aos delitos praticados no contexto de violência doméstica. ## Footnote (STJ – Súmula 589)
156
É possível substituição da pena privativa de liberdade por pena restritiva de direitos nos crimes de violência doméstica?
Não. A prática de crime ou contravenção penal contra a mulher com violência ou grave ameaça no ambiente doméstico impossibilita a substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos. ## Footnote (STJ – Súmula 588)
157
O crime de lesão corporal no âmbito da violência doméstica é de ação penal pública incondicionada?
Sim. A ação penal relativa ao crime de lesão corporal resultante de violência doméstica contra a mulher é pública incondicionada. ## Footnote (STJ – Súmula 542)
158
A extinção da punibilidade do agressor, por qualquer causa, extingue automaticamente as medidas protetivas de urgência?
Não. A extinção da punibilidade do agressor, por qualquer motivo (como morte, prescrição ou decadência), não extingue automaticamente as medidas protetivas de urgência, que possuem natureza cível e autônoma em relação ao processo penal. ## Footnote (STJ, HC 567.836/SP, julgado em 27/10/2020 – Info 684)
159
É possível a concessão de medidas protetivas mesmo sem a existência de inquérito ou ação penal em curso?
Sim. As medidas protetivas possuem natureza autônoma e podem ser concedidas independentemente da existência de inquérito policial, ação penal ou qualquer outro procedimento judicial em curso. ## Footnote (STJ, AgRg no HC 485.627/SP, julgado em 24/09/2019 – Info 656)
160
Qual o prazo de vigência das medidas protetivas na Lei Maria da Penha?
As medidas protetivas não possuem prazo determinado e devem permanecer vigentes enquanto presentes os requisitos que motivaram sua concessão, especialmente a situação de risco da vítima. ## Footnote (STJ, HC 567.836/SP, julgado em 27/10/2020 – Info 684)
161
É possível estender as medidas protetivas de urgência para filhos, parentes ou pessoas do núcleo familiar da vítima?
Sim. As medidas protetivas de urgência podem ser estendidas aos filhos, parentes ou pessoas do núcleo familiar da mulher em situação de violência, desde que comprovada a situação de risco dessas pessoas. ## Footnote (STJ, HC 517.867/SP, julgado em 12/11/2019 – Info 659)
162
A revogação da medida protetiva impede a continuidade da ação penal?
Não. A revogação da medida protetiva, por perda superveniente dos requisitos, não interfere no prosseguimento da ação penal, que possui objeto próprio. ## Footnote (STJ, HC 571.728/SP, julgado em 04/08/2020 – Info 682)
163
A vítima pode renunciar às medidas protetivas concedidas no âmbito da Lei Maria da Penha?
Sim, mas a renúncia deve ser feita de forma livre, consciente e expressa, sendo facultado ao juiz indeferir o pedido de revogação se verificar a manutenção do risco à integridade da vítima. ## Footnote (STJ, HC 478.015/SP, julgado em 24/09/2019 – Info 656)
164
É possível deferir medida protetiva de urgência com base apenas na palavra da vítima?
Sim. A palavra da vítima, se revestida de credibilidade, é suficiente para justificar a concessão de medidas protetivas de urgência, especialmente diante da natureza da violência doméstica. ## Footnote (STJ, HC 478.015/SP, julgado em 24/09/2019 – Info 656)
165
É cabível dano moral em decorrência de violência doméstica, independentemente de prova do prejuízo?
Sim. O dano moral decorrente de violência doméstica é presumido (in re ipsa), não sendo necessária a demonstração de efetivo prejuízo. ## Footnote (STJ, AgInt no AREsp 1.609.373/SP, julgado em 24/08/2020 – Info 683)
166
A concessão de medida protetiva exige risco atual, iminente e concreto?
Sim. A medida protetiva pressupõe a existência de risco atual, concreto e iminente à integridade física, psicológica, sexual, patrimonial ou moral da mulher. ## Footnote (STJ, HC 624.624/SP, julgado em 23/02/2021 – Info 697)
167
A concessão de medida protetiva dispensa a prévia oitiva da parte contrária?
Sim. A medida protetiva de urgência pode ser deferida liminarmente, sem a oitiva da parte contrária, desde que presente risco à integridade da vítima. ## Footnote (STJ, HC 624.624/SP, julgado em 23/02/2021 – Info 697)
168
O afastamento do agressor do lar pode ser determinado sem prévia manifestação do Ministério Público?
Sim. A medida de afastamento do agressor do lar pode ser determinada de forma cautelar, sem prévia manifestação do Ministério Público, sempre que presentes os requisitos autorizadores. ## Footnote (STJ, HC 571.728/SP, julgado em 04/08/2020 – Info 682)
169
A qualificadora do feminicídio pode ser aplicada quando a violência decorre de relação familiar, ainda que não haja relação conjugal?
Sim. A qualificadora do feminicídio se aplica sempre que a motivação do crime decorrer da condição de gênero feminino, inclusive nas relações familiares ou de convivência, independentemente de relação conjugal. ## Footnote (STJ, HC 513.408/SP, julgado em 26/11/2019 – Info 660)
170
O reconhecimento da qualificadora do feminicídio impede a aplicação de agravantes genéricas, como motivo torpe?
Não. A aplicação da qualificadora do feminicídio não impede, por si só, o reconhecimento de agravantes genéricas como motivo torpe ou meio cruel, desde que não haja bis in idem. ## Footnote (STJ, AgRg no AREsp 1.683.278/DF, julgado em 09/02/2021 – Info 695)
171
A prática de crime de feminicídio no âmbito de violência doméstica permite o reconhecimento de bis in idem ao aplicar agravantes e qualificadoras?
Não. O reconhecimento concomitante da qualificadora do feminicídio e de agravantes como meio cruel ou motivo torpe não configura bis in idem, desde que os fundamentos sejam distintos. ## Footnote (STJ, AgRg no AREsp 1.683.278/DF, julgado em 09/02/2021 – Info 695)
172
A violência psicológica contra a mulher exige prova pericial para configuração?
Não. A configuração do crime de violência psicológica contra a mulher não exige necessariamente prova pericial, podendo ser comprovada por outros elementos, inclusive pela palavra da vítima. ## Footnote (STJ, HC 641.456/SP, julgado em 23/02/2021 – Info 697)
173
É possível a concessão de medidas protetivas no âmbito da violência doméstica mesmo que não haja coabitação entre autor e vítima?
Sim. A aplicação da Lei Maria da Penha e a concessão de medidas protetivas não exigem coabitação, bastando a existência de relação íntima de afeto, familiar ou conjugal, atual ou pretérita. ## Footnote (STJ, HC 518.858/SP, julgado em 17/12/2019 – Info 661)
174
A vítima pode desistir da representação em qualquer fase do processo nos casos de ameaça ou contravenção penal no âmbito da violência doméstica?
Não. A retratação da representação só é admitida na audiência específica prevista no art. 16 da Lei nº 11.340/2006, antes do recebimento da denúncia. ## Footnote (STJ, AgRg no REsp 1.946.824/SP – Info 743)
175
A Lei Maria da Penha se aplica a relações entre mulheres?
Sim. A Lei Maria da Penha se aplica às relações homoafetivas entre mulheres quando presente situação de violência doméstica ou familiar. ## Footnote (STJ, HC 639.115/SP, julgado em 13/04/2021 – Info 703)
176
É possível a decretação de prisão preventiva para garantir a execução de medidas protetivas da Lei Maria da Penha?
Sim. A prisão preventiva pode ser decretada para garantir a eficácia das medidas protetivas, desde que preenchidos os requisitos do art. 312 do CPP. ## Footnote (STJ, HC 588.945/SP, julgado em 16/06/2020 – Info 679)
177
A audiência prevista no art. 16 da Lei Maria da Penha é condição de procedibilidade da ação penal?
Não. A audiência prevista no art. 16 da Lei Maria da Penha não é condição de procedibilidade da ação penal. ## Footnote (STJ, HC 450.184/DF, julgado em 23/10/2018 – Info 638)
178
As medidas protetivas previstas na Lei Maria da Penha podem ser aplicadas independentemente de pedido da vítima?
Sim. As medidas podem ser deferidas de ofício pelo juiz, desde que presentes os requisitos legais. ## Footnote (STJ, HC 512.177/SP, julgado em 03/12/2019 – Info 660)
179
A reconciliação entre as partes extingue automaticamente as medidas protetivas da Lei Maria da Penha?
Não. A reconciliação entre as partes não extingue automaticamente as medidas protetivas. É necessária decisão judicial específica, com avaliação das circunstâncias. ## Footnote (STJ, HC 464.924/SP, julgado em 07/05/2019 – Info 648)
180
É possível a aplicação da Lei Maria da Penha quando não há dependência econômica entre agressor e vítima?
Sim. A dependência econômica não é requisito para a aplicação da Lei Maria da Penha. Basta a existência de relação familiar, afetiva ou de convivência. ## Footnote (STJ, HC 412.062/SP, julgado em 07/06/2018 – Info 628)
181
A concessão de medida protetiva exige prova da prática de infração penal?
Não. A concessão de medida protetiva não exige prova da prática de infração penal, bastando a existência de situação de risco ou ameaça à integridade da vítima. ## Footnote (STJ, HC 629.168/SP, julgado em 09/03/2021 – Info 699)
182
A aplicação da Lei Maria da Penha exige que a violência seja praticada dentro do domicílio?
Não. A aplicação da Lei Maria da Penha não exige que a violência ocorra dentro do domicílio, bastando que decorra de relação familiar, doméstica ou de afeto. ## Footnote (STJ, HC 455.015/SP, julgado em 06/11/2018 – Info 640)
183
É possível o afastamento do agressor do lar sem pedido da vítima?
Sim. O afastamento do agressor do lar pode ser determinado de ofício pelo juiz, sem necessidade de pedido da vítima, sempre que presentes os requisitos legais. ## Footnote (STJ, HC 588.945/SP, julgado em 16/06/2020 – Info 679)
184
As medidas protetivas podem ser concedidas sem oitiva prévia do agressor?
Sim. As medidas protetivas podem ser deferidas liminarmente, sem a oitiva prévia do agressor, em razão da urgência e da proteção da vítima. ## Footnote (STJ, HC 624.624/SP, julgado em 23/02/2021 – Info 697)
185
A prática de violência doméstica pode gerar repercussões no direito previdenciário, como afastamento da vítima do trabalho?
Sim. A vítima de violência doméstica tem direito ao afastamento do trabalho, com manutenção do vínculo empregatício por até seis meses, nos termos do art. 9º, §2º, II, “b” da Lei nº 11.340/2006, podendo inclusive ser amparada pelo INSS. ## Footnote (STJ, AgInt no AREsp 1.684.669/SP, julgado em 03/08/2021 – Info 708)
186
É constitucional a lei que vincula o licenciamento ambiental ao crivo técnico do CTNbio?
É constitucional a lei federal que regulamenta dispositivos constitucionais sobre o meio ambiente e estabelece normas de segurança para atividades com OGM, vinculando o licenciamento ambiental ao crivo técnico da CTNBio. Essa vinculação não viola o sistema de proteção ambiental nem reduz a tutela ao meio ambiente. STF, Plenário, ADI 3.526/DF, 22/08/2023 (Info 1105).
187
A vinculação do licenciamento ambiental ao parecer técnico da CTNBio compromete a proteção ao meio ambiente?
É constitucional a lei federal que regulamenta dispositivos constitucionais sobre o meio ambiente e estabelece normas de segurança para atividades com OGM, vinculando o licenciamento ambiental ao crivo técnico da CTNBio. Essa vinculação não viola o sistema de proteção ambiental nem reduz a tutela ao meio ambiente. ## Footnote (STF, Plenário, ADI 3.526/DF, julgado em 22/08/2023 – Info 1105)
188
A proibição de comercialização de armas de brinquedo por lei estadual é compatível com a Constituição?
É constitucional lei estadual que proíbe a fabricação, venda e comercialização de armas de brinquedo, por tratar-se de medida de proteção à segurança pública e ao interesse local. ## Footnote (STF, ADI 5.126/SP, julgado em 22/06/2023 – Info 1081)
189
A aquisição de arma de fogo exige comprovação objetiva da necessidade?
Sim. A aquisição de arma de fogo exige demonstração concreta da efetiva necessidade por parte do interessado, não bastando mera declaração subjetiva. ## Footnote (STF, ADPF 586 MC/DF, decisão de 30/06/2023)
190
Estados podem estabelecer normas mais restritivas ao porte de arma do que as previstas na legislação federal?
Sim. É constitucional lei estadual que estabelece restrições adicionais ao porte de arma de fogo em seu território, como medida de proteção à segurança pública. ## Footnote (STF, ADI 7.024/PR, julgado em 22/06/2023 – Info 1081)
191
É válida norma que limita o porte de arma por guardas municipais ao número de habitantes do município?
Não. É inconstitucional norma que condiciona o porte de arma de guardas municipais ao número de habitantes do município. ## Footnote (STF, ADC 38/DF; ADIs 5538 e 5948/DF – Info 1007)
192
O princípio do tempus regit actum se aplica às penalidades administrativas de posse irregular de arma?
Sim. Aplica-se o princípio do tempus regit actum às penalidades administrativas aplicadas por posse ou porte irregular de arma de fogo. ## Footnote (STJ, REsp 2.103.140-ES – Info 19 Extraordinário STJ)
193
É constitucional lei estadual que concede porte de arma a agentes socioeducativos?
Não. É inconstitucional lei estadual que concede porte de arma de fogo a agentes socioeducativos, por invadir competência da União para legislar sobre material bélico. ## Footnote (STF, ADI 7.424/ES, julgado em 05/02/2024)
194
É válida norma estadual que concede porte de arma a membros da Defensoria Pública?
Não. É inconstitucional norma estadual que concede porte de arma de fogo a defensores públicos estaduais. ## Footnote (STF, ADI 7.571/ES, julgado em 04/06/2024)
195
É constitucional norma que limita a concessão de porte a 50% dos servidores da segurança pública?
Não. É inconstitucional norma que restringe o porte de arma a apenas 50% dos servidores da segurança pública, por violar a isonomia e a segurança pública. ## Footnote (STF, ADI 5.157/DF)
196
O porte de arma com registro vencido configura crime?
Sim. O porte de arma de fogo com registro vencido configura crime previsto no art. 14 do Estatuto do Desarmamento. ## Footnote (STJ, AgRg no AREsp 885.281-ES, julgado em 28/04/2020)
197
A posse de arma com registro vencido é infração administrativa ou penal?
A posse de arma com registro vencido, quando se trata apenas de irregularidade formal e sem potencial ofensivo, pode ser considerada infração administrativa, não configurando crime. ## Footnote (STF, APn 686/AP, julgado em 29/10/2015)
198
O porte de munição desacompanhada de arma de fogo configura crime?
Depende. O porte de munição desacompanhada de arma de fogo pode ser atípico, se não houver potencialidade lesiva e inexistir demonstração de risco concreto. ## Footnote (STJ, EREsp 1.856.980-SC, julgado em 22/09/2021)
199
O transporte de arma com guia de tráfego vencida configura crime?
Sim. O transporte de arma de fogo com guia de tráfego vencida configura crime, pois viola as normas de controle do uso legal da arma. ## Footnote (STJ, RHC 34.579-RS, julgado em 24/04/2014)
200
O colecionador pode ser isento de crime por portar arma fora do horário da guia de tráfego?
Sim. Se o colecionador possui a arma legalmente e está autorizado pelo Exército, o porte fora do horário da guia não caracteriza crime se não houver risco à coletividade. ## Footnote (STJ, AgRg no AgRg no RHC 148.516-SC, julgado em 09/08/2022)
201
O porte ilegal de arma de uso restrito admite desclassificação para uso permitido?
Não. A posse ou porte ilegal de arma de uso restrito não admite desclassificação para uso permitido, pois são tipos penais distintos. ## Footnote (STJ, AgRg no AREsp 2.165.381-SP, julgado em 21/03/2023)
202
O porte de granada de gás lacrimogêneo e de pimenta configura crime?
Não. A posse de granada de gás lacrimogêneo e de pimenta, por si só, não configura crime de porte ilegal de arma de fogo. ## Footnote (STJ, REsp 1.627.028-SP, julgado em 21/02/2017)
203
O policial civil que porta arma sem registro comete infração penal?
Sim. O policial civil que porta arma sem o devido registro comete crime de porte ilegal de arma, nos termos do art. 14. ## Footnote (STJ, RHC 70.141-RJ, julgado em 07/02/2017)
204
É possível a responsabilização por participação no crime de porte ilegal de arma?
Sim. Admite-se a coautoria ou participação no crime de porte ilegal de arma de fogo, desde que demonstrado o vínculo subjetivo. ## Footnote (STJ, REsp 1.887.992-PR, julgado em 07/12/2021 – Info 721)
205
A entrega voluntária de arma de fogo exclui a punibilidade?
Sim. A entrega espontânea de arma de fogo às autoridades competentes exclui a punibilidade, nos termos da Lei nº 10.826/2003. ## Footnote (STJ, REsp 1.311.408-RN, julgado em 13/03/2013)
206
O contrabando de colete balístico sem autorização do Exército configura crime?
Sim. A importação ou posse de colete balístico sem autorização do Exército configura crime de contrabando. ## Footnote (STJ, RHC 62.851-PR, julgado em 16/02/2016)
207
O princípio da insignificância pode ser aplicado ao porte de munição isolada?
Sim. Admite-se a aplicação do princípio da insignificância ao porte de pequena quantidade de munição desacompanhada de arma de fogo. ## Footnote (STJ, AgRg no RHC 119.662/PR, 20/02/2020; AgRg no REsp 1.869.961/SC, 19/05/2020)
208
O crime de posse de arma com numeração raspada é hediondo?
Não. O crime de posse ou porte de arma de uso permitido com numeração raspada não é hediondo. ## Footnote (STJ, Súmula 668)
209
A abolitio criminis temporária do art. 30 da Lei 10.826/03 aplica-se a qual conduta?
Aplica-se ao crime de posse de arma de fogo de uso permitido com marca ou numeração raspada, desde que o fato tenha ocorrido até 23/10/2005. ## Footnote (STJ, Súmula 513)
210
Quais são os principais entendimentos do STJ sobre os crimes do Estatuto do Desarmamento?
O STJ entende que: Os crimes dos arts. 12, 14, 16, 17 e 18 são de mera conduta e perigo abstrato; Arma inapta não exclui, por si, a tipicidade; A insignificância pode ser aplicada a munição isolada; O tráfico internacional de armas é crime autônomo e sempre grave. ## Footnote (STJ, Jurisprudência em Teses – Edições 102 e 108)
211
A precariedade estrutural do sistema prisional pode, segundo a Lei de Execução Penal, violar direitos fundamentais de forma generalizada?
O STF reconheceu o estado de coisas inconstitucional do sistema prisional brasileiro, diante da violação massiva e persistente de direitos fundamentais dos presos. ## Footnote (STF, ADPF 347/DF)
212
A Lei de Execução Penal admite o reconhecimento judicial de tortura estrutural nas prisões como forma de violência institucional?
O STF reconheceu a existência de tortura estrutural e tratamento cruel, desumano e degradante nas prisões brasileiras. ## Footnote (STF, HC 165704/DF)
213
Diante da superlotação e precariedade do sistema, é possível converter a pena privativa em prisão domiciliar com base na Lei de Execução Penal?
O STF permitiu a conversão da pena privativa de liberdade em domiciliar devido à pandemia de Covid-19 e à situação precária do sistema prisional. ## Footnote (STF, HC 191836/SP)
214
A Lei de Execução Penal garante tratamento diferenciado a mulheres presas com filhos ou responsáveis por pessoas com deficiência?
Sim. O STJ entende que mães de crianças e responsáveis por pessoas com deficiência devem ter a prisão substituída por domiciliar, salvo se houver situação excepcional. ## Footnote (STJ, HC 598.051/SP)
215
O juiz da execução penal pode aplicar recomendações do CNJ em contextos excepcionais, como em pandemias?
O STJ aplicou a Recomendação 62/CNJ como fundamento para concessão de prisão domiciliar a presos em situação de vulnerabilidade durante a pandemia da Covid-19. ## Footnote (STJ, HC 143.641/SP)
216
É compatível com a Lei de Execução Penal o não julgamento de pedido de progressão de regime por parte do juiz?
Não. O juiz é obrigado a apreciar os pedidos de progressão de regime nos prazos legais, sob pena de constrangimento ilegal. ## Footnote (STJ, HC 281.412/SP)
217
Pode o Estado ser responsabilizado por manter preso em condições degradantes e superlotação, conforme os princípios da execução penal?
Sim. O STF reconheceu a responsabilidade do Estado em indenizar presos submetidos a condições degradantes e superlotação carcerária. ## Footnote (STF, RE 841.526/RS – Tema 758)
218
A falha estatal na guarda de preso durante a execução da pena enseja responsabilização civil?
Sim. O STJ reconhece a responsabilidade objetiva do Estado por danos causados por omissão no dever de guarda e vigilância do preso. ## Footnote (STJ, REsp 1.688.878/SP)
219
Segundo a jurisprudência aplicada à Lei de Execução Penal, a existência de doença grave pode alterar o regime de cumprimento de pena?
Sim. O STJ admite progressão de regime ou substituição por prisão domiciliar quando a saúde do preso estiver em situação grave, como no caso de HIV avançado. ## Footnote (STJ, HC 465.337/SC)
220
A integridade física e moral da pessoa privada de liberdade é responsabilidade do Estado durante toda a execução penal?
Sim. O Estado é responsável por assegurar a integridade física e moral dos detentos, devendo indenizar em caso de violação. ## Footnote (STJ, HC 509.459/SC)
221
Um preso submetido a processo no exterior pode ter o tempo de prisão provisória detraído no Brasil, segundo a Lei de Execução Penal?
STJ: É possível a detração penal do tempo de prisão provisória cumprido no exterior. ## Footnote (STJ, HC 514.604/RS)
222
A Lei de Execução Penal permite o trabalho externo no regime semiaberto mesmo sem autorização judicial prévia?
STJ: É possível a autorização para trabalho externo ao apenado em regime semiaberto, independentemente de autorização judicial, desde que haja fiscalização do Estado. ## Footnote (STJ, HC 453.498/SP)
223
O início de novo processo penal implica automaticamente na revogação do livramento condicional?
STJ: O início de nova ação penal contra o apenado não implica, por si só, na revogação automática do livramento condicional. ## Footnote (STJ, HC 414.409/SP)
224
A remição da pena pode ser obtida por leitura e estudo, conforme previsto na Lei de Execução Penal?
STF: É possível a remição da pena por meio da leitura de obras literárias e outras atividades educacionais, nos termos de programas desenvolvidos pelas unidades prisionais. ## Footnote (STF, HC 155.854/SP)
225
É válida a remição de pena pela participação em curso profissionalizante?
STJ: A frequência a curso profissionalizante dá direito à remição da pena, conforme previsto na Lei de Execução Penal. ## Footnote (STJ, HC 306.134/SP)
226
O juiz deve analisar a possibilidade de remição antes de regredir o regime do apenado?
STJ: A possibilidade de remição da pena deve ser obrigatoriamente analisada antes da decisão judicial que determine a regressão de regime. ## Footnote (STJ, HC 503.081/SP)
227
A remição de pena por leitura depende obrigatoriamente da elaboração de resenha escrita pelo preso?
STJ: É válida a remição da pena por leitura mesmo sem exigência de resenha escrita, desde que cumpridas as demais exigências formais do programa. ## Footnote (STJ, HC 552.516/SP)
228
A exigência de carta de emprego é válida como condição para progressão de regime na execução da pena?
STJ: É vedada a exigência de carta de emprego como requisito para a concessão de progressão de regime. ## Footnote (STJ, RHC 108.018/SP)
229
A soma de penas provisórias impede a aplicação da detração e a manutenção do regime?
STJ: O reconhecimento da detração de pena impõe a manutenção do regime prisional anterior, não autorizando automaticamente a regressão. ## Footnote (STJ, HC 491.401/SC)
230
A monitoração eletrônica pode ser revogada sem fundamentação durante a execução penal?
STJ: A revogação da monitoração eletrônica deve ser devidamente fundamentada, sob pena de nulidade. ## Footnote (STJ, HC 464.349/SP)
231
A aplicação da monitoração eletrônica pode servir como forma de antecipação da pena na execução penal?
STJ: A monitoração eletrônica não pode ser utilizada como forma de antecipação do cumprimento da pena. ## Footnote (STJ, HC 544.360/SP)
232
A exigência de exame criminológico pode ser considerada compatível com a individualização da execução da pena?
STF: É constitucional a exigência de exame criminológico para fins de progressão de regime em casos excepcionais, como forma de individualização da execução penal. ## Footnote (STF, ADI 3.150/DF)
233
O exame criminológico pode ser exigido com base na necessidade de individualização da pena?
STF: É legítima a exigência de exame criminológico como requisito para progressão de regime, desde que fundamentada na necessidade de individualização da pena. ## Footnote (STF, HC 132.147/SP)
234
A remição da pena pode ser calculada por frações de dias?
STJ: A remição da pena deve observar a indivisibilidade dos dias, não sendo possível o aproveitamento de frações. ## Footnote (STJ, REsp 1.694.566/RS)
235
O cometimento de falta grave interrompe automaticamente o prazo para progressão de regime?
STJ, Súmula 441: A falta grave não interrompe, automaticamente, o prazo para a progressão de regime. ## Footnote (Súmula 441)
236
A falta grave impede automaticamente o livramento condicional na execução penal?
STJ, Súmula 526: A prática de falta grave interrompe o prazo para obtenção do livramento condicional. ## Footnote (Súmula 526)
237
A decisão sobre falta grave no curso da execução penal exige defesa técnica do apenado?
STJ, Súmula 533: Aplica-se o contraditório com a presença de defesa técnica na decisão que reconhece falta grave. ## Footnote (Súmula 533)
238
A prática de falta grave impede a concessão de indulto ao apenado?
STJ, Súmula 562: A prática de falta grave durante a execução da pena impede a concessão de indulto. ## Footnote (Súmula 562)
239
Quem tem competência exclusiva para conceder o indulto ao apenado?
STJ, Súmula 611: O indulto é ato privativo do Presidente da República. ## Footnote (Súmula 611)
240
A decisão judicial que indefere progressão de regime com base em falta grave precisa ser motivada?
STF, Tema 1164: É obrigatória a motivação da decisão que indefere progressão de regime com base na prática de falta grave. ## Footnote (STF, Tema 1164)
241
A Lei de Execução Penal admite trabalho externo ao preso do regime semiaberto, ainda que sem decisão judicial expressa?
STJ: É possível a autorização para trabalho externo ao apenado em regime semiaberto, independentemente de autorização judicial, desde que haja fiscalização do Estado. ## Footnote (STJ, HC 453.498/SP)
242
É possível o trabalho externo em unidade penal, mesmo antes de autorização judicial formal, segundo o entendimento aplicado à Lei de Execução Penal?
STJ: A autorização judicial prévia não é exigência absoluta para o início do trabalho externo, quando este já está previsto no plano de execução e fiscalizado pelo Estado. ## Footnote (STJ, HC 414.574/SP)
243
Como a Lei dos Juizados Especiais se aplica a pessoas inimputáveis que cometem infrações penais de menor potencial ofensivo?
O STJ entende que não se aplicam as medidas despenalizadoras da Lei nº 9.099/95 (como transação penal e suspensão condicional do processo) a pessoas inimputáveis. ## Footnote (STJ, HC 370.032/SP)
244
É válida a lavratura de termo circunstanciado por policiais militares ou bombeiros nas infrações penais abrangidas pela Lei dos Juizados Especiais?
O STF declarou constitucional a norma estadual que permite a lavratura de termo circunstanciado por policiais militares e bombeiros militares. ## Footnote (STF, ADI 5637/MG)
245
A Polícia Rodoviária Federal pode lavrar termo circunstanciado em casos regidos pela Lei dos Juizados Especiais Criminais?
O STF julgou constitucionais as normas que autorizam a Polícia Rodoviária Federal a lavrar termos circunstanciados de ocorrência (TCO), mesmo sem ser polícia judiciária. ## Footnote (STF, ADI 6245/DF e ADI 6264/DF)
246
A reparação do dano pela vítima pode influenciar na concessão da suspensão condicional do processo nos Juizados Especiais?
O STJ entende que a reparação do dano deve ser levada em consideração na análise de mérito para concessão da suspensão condicional do processo, mesmo que não seja requisito legal. ## Footnote (STJ, RHC 163.897-RS)
247
A aceitação da transação penal no âmbito da Lei dos Juizados Especiais faz coisa julgada material?
STF, Súmula Vinculante 35: A homologação da transação penal prevista na Lei nº 9.099/95 não faz coisa julgada material e não impede a abertura de ação penal. ## Footnote (Súmula Vinculante 35)
248
Em casos de lesão corporal leve no contexto da Lei Maria da Penha, é possível aplicar as regras da Lei dos Juizados Especiais?
STJ, Súmula 542: A ação penal é pública incondicionada nos crimes de lesão corporal praticados contra a mulher no âmbito das relações domésticas, sendo inaplicável a Lei nº 9.099/95. ## Footnote (Súmula 542-STJ)
249
A proposta de suspensão condicional do processo impede o prosseguimento da ação penal no âmbito dos Juizados Especiais?
STJ, Súmula 667: É cabível o trancamento da ação penal quando o Ministério Público oferece proposta de suspensão condicional do processo e o juiz rejeita sem fundamentação. ## Footnote (Súmula 667-STJ)
250
O Ministério Público pode recusar-se a propor suspensão condicional do processo com base em critérios discricionários?
STF, Súmula 696: É legítima a recusa do Ministério Público em propor a suspensão condicional do processo, desde que motivada. ## Footnote (Súmula 696-STF)
251
A prática de crime continuado impede a concessão do sursis processual previsto na Lei dos Juizados Especiais?
STF, Súmula 723: Não se admite a suspensão condicional do processo nos casos de crime continuado, pois a pena mínima ultrapassa um ano. ## Footnote (Súmula 723-STF)
252
O concurso de crimes impede a concessão da suspensão condicional do processo nos Juizados Especiais?
STJ, Súmula 243: O benefício da suspensão condicional do processo é compatível com o concurso de crimes, desde que a pena mínima de cada delito não ultrapasse um ano. ## Footnote (Súmula 243-STJ)
253
O réu tem direito à suspensão condicional do processo mesmo quando o crime for desclassificado para outro de menor gravidade?
STJ, Súmula 337: É cabível a suspensão condicional do processo ainda que haja desclassificação do delito para um de menor potencial ofensivo. ## Footnote (Súmula 337-STJ)
254
A transação penal pode ser recusada por ausência de arrependimento, no contexto dos Juizados Especiais?
A jurisprudência do STJ considera ilegal a recusa da transação penal com base apenas na ausência de arrependimento do réu. ## Footnote (STJ, Jurisprudência em Teses – Edição 93)
255
A reincidência impede, de forma absoluta, a proposta de transação penal ou sursis processual nos Juizados Especiais?
Não. A reincidência deve ser avaliada junto com outros elementos. A jurisprudência admite certa flexibilização desde que a conduta e o contexto recomendem. ## Footnote (STJ, Jurisprudência em Teses – Edição 93)
256
A aceitação da transação penal impede futura concessão de sursis processual em outro processo?
A aceitação da transação penal não constitui antecedente criminal e não impede, por si só, a concessão da suspensão condicional do processo em nova infração. ## Footnote (STJ, Jurisprudência em Teses – Edição 93)
257
A concessão de transação penal em crime que envolva violência contra mulher é válida?
A jurisprudência impede a concessão de transação penal nos casos de violência doméstica contra a mulher, dada a especial proteção prevista na Lei Maria da Penha. ## Footnote (STJ, Jurisprudência em Teses – Edição 93)
258
É possível aplicar a suspensão condicional do processo em crime de ameaça praticado contra a mulher no contexto doméstico?
Não. O STJ entende que é inaplicável a suspensão condicional do processo em crimes que envolvam violência doméstica e familiar contra a mulher. ## Footnote (STJ, Jurisprudência em Teses – Edição 93)
259
O acusado pode se retratar da aceitação da transação penal após homologação judicial?
Não. A aceitação da transação penal homologada em juízo possui efeitos vinculantes e impede retratação posterior sem vício reconhecido. ## Footnote (STJ, Jurisprudência em Teses – Edição 93)
260
A transação penal pode incluir sanção de prestação pecuniária substitutiva da pena?
Sim. A jurisprudência admite a imposição de prestação pecuniária como uma das medidas despenalizadoras na transação penal. ## Footnote (STJ, Jurisprudência em Teses – Edição 93)
261
A aceitação da transação penal exige que o acusado confesse a prática do delito?
Não. A aceitação da transação penal não exige confissão ou reconhecimento formal de culpa por parte do acusado. ## Footnote (STJ, Jurisprudência em Teses – Edição 93)
262
A aplicação da Lei dos Juizados Especiais admite a extinção da punibilidade após o cumprimento das condições da transação penal?
Sim. O cumprimento integral das condições da transação penal implica extinção da punibilidade. ## Footnote (STJ, Jurisprudência em Teses – Edição 93)
263
A suspensão condicional do processo pode ser revogada por infração penal diversa da que motivou o acordo?
Sim. A prática de nova infração penal no curso da suspensão condicional pode ensejar sua revogação. ## Footnote (STJ, Jurisprudência em Teses – Edição 93)
264
O descumprimento injustificado das condições da suspensão condicional do processo permite sua revogação?
Sim. O descumprimento de qualquer das condições impostas para o sursis processual autoriza a revogação do benefício. ## Footnote (STJ, Jurisprudência em Teses – Edição 93)
265
A reincidência penal impede o oferecimento da suspensão condicional do processo?
Sim. A reincidência impede o oferecimento da suspensão condicional do processo, salvo se já decorrido lapso temporal suficiente. ## Footnote (STJ, Jurisprudência em Teses – Edição 93)
266
O tempo de suspensão condicional do processo conta como prazo prescricional?
Sim. O tempo de vigência da suspensão condicional do processo é computado para fins de prescrição da pretensão punitiva. ## Footnote (STJ, Jurisprudência em Teses – Edição 93)
267
É obrigatória a assistência de defensor na proposta de transação penal?
Sim. A transação penal exige a presença de defensor, sendo nula se ausente essa garantia. ## Footnote (STJ, Jurisprudência em Teses – Edição 93)
268
A recusa injustificada do acusado em aceitar a transação penal permite o prosseguimento da ação penal?
Sim. A recusa do acusado à proposta de transação penal permite o oferecimento da denúncia e prosseguimento da ação penal. ## Footnote (STJ, Jurisprudência em Teses – Edição 93)
269
A suspensão condicional do processo se aplica a todas as infrações de menor potencial ofensivo?
Não. A concessão do benefício depende da pena mínima cominada, da ausência de reincidência e de outros requisitos legais. ## Footnote (STJ, Jurisprudência em Teses – Edição 93)
270
O juiz pode impor condições excessivas ou desproporcionais na transação penal?
Não. A jurisprudência veda a imposição de condições desproporcionais ou restritivas em excesso na transação penal. ## Footnote (STJ, Jurisprudência em Teses – Edição 93)
271
A aceitação da transação penal impede a propositura de ação de improbidade baseada nos mesmos fatos?
Não. A aceitação da transação penal não impede eventual responsabilização civil ou administrativa pelos mesmos fatos. ## Footnote (STJ, Jurisprudência em Teses – Edição 93)
272
A homologação de transação penal impede a posterior persecução criminal por outros órgãos do sistema de justiça?
STF: A homologação judicial da transação penal prevista na Lei nº 9.099/95 não faz coisa julgada material e não impede a propositura de ação penal se houver descumprimento ou vício no acordo. ## Footnote (Súmula Vinculante 35)
273
A Lei dos Juizados Especiais pode ser aplicada a infrações penais praticadas por adolescentes?
Não. As medidas despenalizadoras da Lei nº 9.099/95 não se aplicam ao adolescente infrator, cuja responsabilização deve seguir o Estatuto da Criança e do Adolescente. ## Footnote (STJ, Jurisprudência em Teses – Edição 93)
274
A jurisprudência consolidada do STJ oferece orientações específicas sobre a aplicação da Lei dos Juizados Especiais Criminais?
Sim. As Jurisprudências em Teses do STJ (edições 3, 93, 94, 95 e 96) reúnem entendimentos sobre transação penal, suspensão condicional do processo e princípios que regem a Lei nº 9.099/95, incluindo a aplicabilidade do princípio da insignificância, limites da reincidência, critérios para o sursis processual, necessidade de fundamentação na recusa de benefícios e vedação de sanções desproporcionais. (STJ, Jurisprudência em Teses – Edições 3, 93 a 96)
275
O tráfico de drogas pode ser tratado como crime hediondo segundo a Lei dos Crimes Hediondos?
STJ: O tráfico de drogas continua sendo equiparado a crime hediondo, nos termos do art. 2º, § 1º, da Lei 8.072/1990. ## Footnote (STJ, AgRg no HC 754.913-MG, 06/12/2022 – Info 760)
276
É constitucional impor automaticamente o regime inicial fechado para crimes hediondos, segundo a jurisprudência aplicada à Lei nº 8.072/1990?
STF: É inconstitucional a imposição automática de regime inicial fechado para crimes hediondos, sendo necessário fundamentação individualizada da pena. ## Footnote (STF, Plenário, ARE 1052700 RG, 02/11/2017)
277
A causa de aumento de pena prevista originalmente no art. 9º da Lei dos Crimes Hediondos continua válida após alterações legislativas?
STF: A causa de aumento prevista no art. 9º da Lei 8.072/90 foi revogada tacitamente pela Lei 12.015/2009. ## Footnote (STF, HC 111246/AC – Info 692)
278
A causa de aumento de pena para estupro de vulnerável ainda incide conforme a redação original da Lei dos Crimes Hediondos?
STF: A causa de aumento prevista na redação anterior da Lei dos Crimes Hediondos, para estupro de vulnerável, foi revogada pela nova redação do Código Penal. ## Footnote (STF, HC 100181/RS, 15/08/2019)
279
A progressão de regime nos crimes hediondos pode ser vedada de forma absoluta, segundo a Constituição?
Súmula Vinculante 26 (STF): Para efeito de progressão de regime no cumprimento da pena por crime hediondo, o juiz observará a inconstitucionalidade do § 1º do art. 2º da Lei 8.072/90, sem prejuízo de avaliar se o condenado preenche, ou não, os requisitos objetivos e subjetivos do benefício, podendo determinar, de forma motivada, a realização de exame criminológico. ## Footnote (Súmula Vinculante 26)
280
Como deve ser aplicada a progressão de regime nos crimes hediondos praticados antes da Lei nº 11.464/2007?
Súmula 471 do STJ: Os condenados por crimes hediondos ou equiparados, cometidos antes da vigência da Lei nº 11.464/2007, sujeitam-se ao disposto no art. 112 da Lei de Execução Penal para a progressão de regime prisional. ## Footnote (Súmula 471)
281
A posse ou porte de arma de uso permitido com numeração raspada é considerado crime hediondo segundo a Lei 8.072/90?
Súmula 668 do STJ: É inaplicável o art. 2º, § 1º, da Lei 8.072/90 ao crime de posse ou porte ilegal de arma de fogo de uso permitido, mesmo com numeração raspada. ## Footnote (Súmula 668)
282
Após a entrada em vigor do Pacote Anticrime, é possível conceder livramento condicional em crimes hediondos com resultado morte?
STF/STJ: A Lei 13.964/2019 passou a vedar o livramento condicional para crimes hediondos ou equiparados que resultem em morte, salvo hipóteses específicas previstas em lei. ## Footnote (Jurisprudência extraída do Info 961/STJ e decisões correlatas)
283
Um condenado por crime hediondo reincidente especificamente nesse tipo de delito pode obter livramento condicional?
Não. A Lei dos Crimes Hediondos, após as alterações legislativas, veda a concessão de livramento condicional ao reincidente específico em crime hediondo. ## Footnote (Jurisprudência consolidada – STJ)
284
O juiz pode exigir exame criminológico para conceder progressão de regime no cumprimento de pena por crime hediondo?
STF: A exigência de exame criminológico é possível para progressão de regime em crimes hediondos, desde que haja decisão fundamentada e individualizada. ## Footnote (Súmula Vinculante 26 reforça essa necessidade)
285
A prisão temporária pode ter duração superior nos crimes hediondos em comparação aos comuns?
Lei nº 8.072/1990: A prisão temporária nos crimes hediondos pode ter prazo inicial de 30 dias, prorrogável por igual período, diferentemente do prazo comum de 5 dias. ## Footnote (Art. 2º, IV da Lei 7.960/89, com remissão expressa da Lei 8.072/90)
286
A pena para associação criminosa se agrava quando o objetivo for a prática de crimes hediondos, segundo a Lei nº 8.072/90?
Lei 8.072/90, art. 8º: A pena do art. 288 do Código Penal será de 3 a 6 anos de reclusão, se a associação for voltada à prática de crimes hediondos. ## Footnote (Jurisprudência consolidada e literalidade legal)
287
A Lei de Crimes Ambientais admite a responsabilização penal da pessoa jurídica por infrações contra o meio ambiente?
É possível a responsabilização penal da pessoa jurídica por crimes ambientais, desde que demonstrado que o delito resultou de decisão de seus órgãos no interesse ou benefício da entidade. ## Footnote (STF, AP 528; STJ, REsp 591.170/SP; REsp 617.428/SC)
288
Quem assume a responsabilidade pelo cuidado de animais apreendidos em operações baseadas na Lei de Crimes Ambientais?
O órgão ambiental responsável pela apreensão deve assegurar, em cooperação com o ente federado competente, o destino adequado dos animais silvestres apreendidos, inclusive custeando sua manutenção quando necessário. ## Footnote (STJ, REsp 1.797.175/MT)
289
A destruição de flora ameaçada de extinção atrai a competência da Justiça Federal, segundo a Lei de Crimes Ambientais?
A prática de crime ambiental contra flora ameaçada de extinção, especialmente em área da União ou de interesse federal, atrai a competência da Justiça Federal. ## Footnote (STJ, RHC 43.303/PA)
290
Em que hipótese o crime de dano previsto no Código Penal é absorvido por infrações ambientais?
Quando a conduta do agente configura simultaneamente o crime de dano (art. 163, CP) e o crime ambiental, este absorve o primeiro por ser norma especial. ## Footnote (STJ, HC 250.286/SP)
291
É indispensável a prova pericial para a configuração do crime de poluição previsto no art. 54 da Lei de Crimes Ambientais?
A prova pericial é imprescindível para a comprovação da materialidade do crime ambiental previsto no art. 54 da Lei 9.605/98, salvo quando a prova oral for suficiente para demonstrar o risco à saúde humana. ## Footnote (STJ, HC 304.228/SP; AgRg no REsp 1.225.887/SP)
292
A aplicação de multa administrativa por infração ambiental exige contraditório e ampla defesa?
Sim. A imposição de multa administrativa ambiental deve observar o devido processo legal, com oportunidade de contraditório e ampla defesa. ## Footnote (STJ, REsp 1.473.409/SP)
293
A existência de sanção administrativa impede a persecução penal por infrações à Lei de Crimes Ambientais?
Não. A aplicação de sanção administrativa ambiental não impede a responsabilização penal, pois as instâncias administrativa e penal são independentes. ## Footnote (STJ, REsp 1.403.418/SP)
294
A Justiça Federal tem competência exclusiva para processar crimes ambientais quando houver interesse da União?
Sim. Havendo interesse direto da União, como em áreas de preservação federal, a competência para julgar crimes ambientais é da Justiça Federal. ## Footnote (STJ, CC 91.504/MG)
295
Pode um ente federativo delegar a outro a fiscalização ambiental, segundo a jurisprudência aplicável à Lei de Crimes Ambientais?
Sim. A delegação de poder de polícia ambiental é admitida entre entes federativos, desde que haja convênio e respeito às atribuições constitucionais. ## Footnote (STF, RE 586.224/SP – Tema 525)