Osteoporose Flashcards
(43 cards)
Qual a definição de Osteoporose segundo a OMS (1998) e a IOF, e qual o principal impacto da deterioração microarquitetural?
Segundo a OMS (1998), é uma doença caracterizada por redução da massa óssea e deterioração da microarquitetura do tecido ósseo, levando ao aumento da fragilidade óssea e consequente aumento do risco de fratura. A IOF complementa, descrevendo a diminuição do número de trabéculas associada ao afinamento trabecular e perda de conectividade, bem como diminuição da espessura cortical e aumento de sua porosidade. O principal impacto é o aumento da fragilidade óssea e da suscetibilidade à fratura.
Historicamente, qual o marco que padronizou o diagnóstico da osteoporose e qual a principal consequência dessa padronização para estudos epidemiológicos?
O marco foi em 1994, quando a Organização Mundial da Saúde passou a utilizar a densitometria óssea como padrão diagnóstico da Osteoporose. A principal consequência foi a normatização do padrão diagnóstico e possibilitar a realização de estudos de prevalência, incidência, dos fatores de risco e consequências de forma uniforme e global, além de calcular os custos diretos e indiretos da osteoporose.
Defina os conceitos de QALYs e DALYS e como eles são aplicados na compreensão da osteoporose.
QALYs (Quality-Adjusted Life-Years) traduzem-se como ‘anos de vida com qualidade, ajustada’, representando o número de anos com qualidade de vida plena que se espera para uma pessoa, quando da adoção de uma tecnologia ou terapia. DALYS (Disability-Adjusted Life Year) traduzem-se como ‘anos de vida como incapacidade ajustada’, expressando o número de anos perdidos pelo adoecimento, incapacidade ou óbito precoce. Ambos são utilizados para melhor compreensão da dimensão da osteoporose e suas consequências.
Qual a prevalência global de osteoporose e osteopenia em indivíduos acima de 50 anos, e qual a tendência de fraturas de quadril nos EUA até 2050?
Segundo Xiao et al (2022), a prevalência global da osteoporose em indivíduos acima de 50 anos foi de 19,7% (18,0%-21,4%), baseada em 343.704 participantes de 37 países. A prevalência global de osteopenia foi de 40,4% (36,9%-43,8%), baseada em 260.810 participantes de 30 países. Segundo Lane (2006), a incidência anual de fraturas de quadril nos EUA, cuja estimativa em 1990 era 1.7 milhões, saltará para 6.3 milhões em 2050.
Quais são as principais consequências de uma fratura de quadril e de fraturas vertebrais em pacientes com osteoporose, além do aumento da mortalidade?
Após uma fratura de quadril, uma em cada cinco pessoas deve morrer no primeiro ano, um terço necessitará de cuidados de enfermagem em casa após a alta hospitalar, e menos de um terço conseguirão retornar ao nível funcional antes da fratura. Fraturas vertebrais estão associadas com aumento da morbidade como dor nas costas, perda de peso, deformidade (cifose), dependência de terceiros, problemas pulmonares secundários e aumento das taxas de mortalidade.
Como a prevalência de fraturas vertebrais em populações rurais japonesas mudou nas últimas duas décadas, e quais fatores foram propostos para essa mudança?
Yamanda et al (2023) observaram uma diminuição significativa na prevalência de fraturas vertebrais em idosos em uma vila montanhosa no Japão ao longo de duas décadas, com a prevalência de participantes que tiveram FV nos grupos A’, B e C’ mostrando uma tendência decrescente, com diferença significativa (P<0,01). Fatores que podem ter contribuído incluem o aumento da DMO, melhoria no diagnóstico e tratamento da osteoporose, e mudanças no estilo de vida (tabagismo e atividade física).
Compare a prevalência de osteoporose e osteopenia na coluna lombar e fêmur no Brasil, segundo Costa-Paiva et al (2003) e Bandeira & Carvalho (2007).
Costa-Paiva et al (2003) encontraram prevalência de osteoporose lombar de 14,7% e de osteopenia de 38%. No fêmur, a prevalência da osteoporose foi 3,8% e osteopenia 32,7%. Bandeira & Carvalho (2007) encontraram a prevalência de osteoporose de 28,8% na coluna lombar e 18,8% no colo do fêmur.
Qual a definição de osteoporose primária (tipo I e II) e secundária, e cite exemplos de causas secundárias.
A osteoporose primária se divide em tipo I (pós-menopáusica) e tipo II (senil). A osteoporose secundária é quando se evidencia um mecanismo claro que leva à ocorrência da osteoporose, como síndromes disabsortivas, medicações como glicocorticoides, hormônios tireoidianos e doenças como hiperparatireoidismo, entre outros.
Quando a densitometria óssea (DMO) é indicada em mulheres na pós-menopausa com menos de 65 anos e em homens com menos de 70 anos, segundo a ISCD?
Para mulheres na pós-menopausa com menos de 65 anos, um teste de densidade óssea é indicado se elas apresentarem um fator de risco para baixa massa óssea como baixo peso corporal, fratura prévia, uso de medicamentos de alto risco ou doença/condição associada à perda óssea. Para homens com menos de 70 anos de idade, um teste de densidade óssea é indicado se eles apresentarem um fator de risco para baixa massa óssea como baixo peso corporal, fratura prévia, uso de medicamentos de alto risco ou doença/condição associada à perda óssea.
Explique a particularidade da DMO na detecção de fraturas: qual sua especificidade e sensibilidade, e por que a maioria das fraturas ocorre em mulheres sem osteoporose diagnosticada pela DMO?
A DMO tem alta especificidade, mas baixa sensibilidade, para predizer fraturas. Segundo Kanis et al (2021), aos 50 anos, a proporção de mulheres com osteoporose que fraturarão quadril, coluna, antebraço ou úmero proximal nos próximos 10 anos (valor preditivo positivo) é de aproximadamente 45%. Apesar disso, a taxa global de detecção dessas fraturas (sensibilidade) é baixa, e 96% das fraturas na coluna, quadril, antebraço ou úmero proximal ocorrerão em mulheres sem osteoporose diagnosticada.
Qual o padrão de referência internacional da OMS para o diagnóstico de osteoporose em mulheres na pós-menopausa e homens com 50 anos ou mais, e em que circunstâncias o rádio 33% (1/3 do rádio) pode ser utilizado?
O padrão de referência internacional da OMS para o diagnóstico de osteoporose é um escore T de -2,5 ou menos no colo do fêmur. A osteoporose pode ser diagnosticada em mulheres na pós-menopausa e em homens com 50 anos ou mais se o escore T da coluna lombar, quadril total ou colo femoral for -2,5 ou menos. A DMO do antebraço (rádio 33%) deve ser medida quando quadril e/ou coluna não podem ser medidos ou interpretados, em casos de hiperparatireoidismo, ou em pacientes muito obesos (acima do limite de peso da tabela DXA).
A osteopenia é um diagnóstico de doença? Justifique.
Não, a osteopenia e baixa massa óssea não devem ser utilizadas como uma categoria de doença. Pode ser utilizado com fins epidemiológicos, mas é um termo de classificação, não um diagnóstico.
Qual o papel do FRAX na avaliação de risco de fratura, e em que tipo de pacientes ele deve ser realizado?
Uma avaliação FRAX deve ser realizada em qualquer mulher na pós-menopausa, ou homem com idade >= 50 anos, com um fator de risco clínico para fratura por fragilidade. Não precisa da densitometria para avaliar o risco de fratura por fragilidade por meio do questionário FRAX.
Além das funções estrutural, de locomoção e homeostase de cálcio/fosfato, quais novas funções do tecido ósseo foram reveladas por pesquisas recentes?
Novas pesquisas mostraram que o tecido ósseo também está relacionado com a regulação do metabolismo da glicose, do gasto energético, fertilidade masculina, cognição e envelhecimento. Possivelmente, o osso tem um papel muito mais importante para homeostase corporal total.
Diferencie modelação óssea de remodelação óssea, citando exemplos de quando cada processo ocorre.
Na modelação óssea, as funções de reabsorção e formação acontecem geralmente de forma independente, onde as dimensões e formato dos ossos são alterados como forma de adaptação às novas circunstâncias, como ocorre após a consolidação de fraturas ou durante o crescimento ósseo. Na remodelação (turnover), ocorre absorção e formação óssea de forma constante, para a manutenção da integridade óssea e a renovação de células ósseas velhas, para manter a homeostase do cálcio e fósforo do corpo, ocorrendo principalmente na fase adulta.
Quais são os três tipos celulares principais que participam dos processos de modelação e remodelação óssea, suas origens e suas funções primárias?
Os três tipos celulares são o osteoclasto, o osteoblasto e o osteócito. Osteoblastos e osteócitos têm origem nas células mesenquimais, enquanto o osteoclasto tem origem sanguínea. Os osteoclastos são responsáveis pela reabsorção óssea, e os osteoblastos pela formação óssea. O osteócito, derivado do osteoblasto, parece ter um papel muito importante no controle destes ciclos.
Descreva as 4 fases da remodelação óssea segundo Ponzetty & Rucci (2019).
As 4 fases são: (1) fase latente: células de revestimento ósseo são ativadas pelos osteócitos, iniciando a diferenciação dos osteoclastos e expondo a superfície óssea; (2) fase de ativação: osteoclastos reabsorvem a superfície óssea exposta e sofrem apoptose; (3) fase reversa: células reversas limpam os detritos e secretam fatores que convocam osteoblastos; (4) fase de formação: osteoblastos entram em ação, sendo a fase mais longa (até 6 meses), formando novo osso.
Explique o papel central do osteócito na fisiopatologia da osteoporose e sua relação com osteoblastos e osteoclastos.
Os osteócitos agem na regulação da atividade osteoblástica e osteoclástica, sendo o orquestrador da remodelação óssea. Eles produzem fatores solúveis que agirão localmente e à distância (rins, músculos), agindo como células endócrinas. Possivelmente por estímulos mecânicos, os osteócitos estimulam os osteoblastos.
Descreva a via RANK-RANKL e o papel do RANKL na diferenciação e sobrevida osteoclástica, mencionando outros fatores que estimulam sua produção.
Os osteoblastos, estimulados pelos osteócitos, produzem o ligante do receptor ativador do fator nuclear-kB (RANKL). O RANKL se liga ao receptor ativador do fator nuclear-kB (RANK) nas células tronco precursoras dos osteoclastos (OCP), ativando estes receptores e desencadeando uma cascata que as transforma em osteoclastos maduros. O RANKL é necessário para a diferenciação e sobrevida osteoclástica. Outros fatores importantes que estimulam o osteoblasto a produzir mais RANKL são o Paratormônio (PTH), a Vitamina D, hipocalcemia e hiperativação de linfócitos T.
Detalhe o mecanismo de reabsorção óssea realizado pelo osteoclasto, desde sua adesão até a degradação da matriz.
O osteoclasto adere-se ao tecido ósseo, formando a lacuna de Howship, uma fenda entre o osteoclasto e o osso. Nela, ele secreta íons hidrogênio, que acidificam o pH, instabilizando a matriz mineralizada da superfície óssea, e otimizando a ação de enzimas lisossomais como a catepsina K, que degradam a matriz desmineralizada. Essa acidificação e proteólise causam a erosão da superfície óssea.
Qual o papel da osteoprotegerina (OPG) na regulação da reabsorção óssea?
A osteoprotegerina (OPG) é uma proteína secretada pelos osteoblastos que funciona como um ‘receptor isca’ para o RANKL. Ao se ligar ao RANKL, a OPG impede que o RANKL se ligue ao RANK nas células precursoras de osteoclastos, inibindo assim a diferenciação e atividade osteoclástica e, consequentemente, a reabsorção óssea.
Como a esclerostina regula a atividade osteoblástica, e qual a resposta de sua secreção à atividade de carga/impacto ósseo?
Os osteócitos produzem esclerostina, que inibe a atividade dos osteoblastos. Quando os osteócitos detectam atividade de carga/impacto ósseo, eles reduzem a secreção da esclerostina, o que, por sua vez, aumenta a atividade osteoblástica.
Cite 5 fatores de risco modificáveis e 5 não modificáveis para osteoporose.
Fatores de risco modificáveis: Absorção nutricional inadequada, falta de atividade física ou risco de queda, perda de peso, tabagismo e consumo de álcool. Fatores de risco não modificáveis: História de quedas, idade avançada, gênero, raça e etnia, fratura prévia, história familiar de osteoporose.
Quais são 5 exemplos de causas secundárias de osteoporose?
Uso crônico de certos medicamentos (uso prolongado de corticosteroides), hipogonadismo, hiperparatireoidismo, doença hepática crônica, doenças inflamatórias (artrite reumatoide), deficiência de vitamina D, doença renal, doença cardiovascular, diabetes mellitus, demência.