1 MCCla - Teoria Cognitiva, Racional Emotiva e focada nos Esquemas Flashcards
(17 cards)
De quem é a Teoria Racional Emotiva (TRE)?
Albert Ellis
O que é a TRE?
É um Modelo A-B-C (acontecimentos ativadores - crenças e processos cognitivos - consequências) onde há uma conceção do indivíduo como um processador de informação e há uma distinção entre crenças racionais e crenças irracionais.
Quais as diferenças entre as crenças racionais e as irracionais?
As racionais são: lógicas, têm suporte empírico e permitem a satisfação das necessidades do indivíduo e os seus objetivos.
Já as irracionais: carecem de suporte lógico ou empírico, impedem a satisfação das necessidades da pessoa ou os seus objetivos e conduzem a comportamentos desajustados e a emoções desadaptadas, tais como: ansiedade, depressão, culpa, vergonha e ira.
Qual é a lista de crenças irracionais proposta por Ellis em 1970? (Adaptado de Gonçalves, 2004)
- é absolutamente necessário para um adulto ser amado por todos e em relação a tudo o que faz
- certos atos são terríveis e cruéis e as pessoas que os cometem deveriam ser severamente punidas
- é horrível quando as coisas não acontecem tal e qual como desejaríamos
- a miséria humana é imposta ao próprio por fatores externos: pessoas e acontecimentos
- se alguma coisa ou algo é perigoso e assustador o indivíduo deverá preocupar-se terrivelmente com isso
- é mais fácil evitar do que enfrentar dificuldades de vida e responsabilidades pessoais
- o indivíduo necessita de confiar em algo forte e superior a si próprio
- o indivíduo deverá ser absolutamente competente, inteligente e bem-sucedido em todos os aspetos da sua vida
- se um acontecimento passado nos afetou profundamente ele deverá continuar a afetar-nos indefinidamente
- o indivíduo deverá ter um controlo absoluto sobre todas as circunstâncias e acontecimentos
- a felicidade humana pode ser conseguida através da inércia e da inação
- o indivíduo não tem controlo sobre as suas emoções e, portanto, não pode evitar sentir-se de determinado modo.
Porque é que as crenças propostas por Ellis são consideradas irracionais ?
São crenças que estariam na base de grande parte das disfunções emocionais por determinarem uma perspectiva absolutista e rígida face à realidade, impondo comportamentos desajustados e emoções desadaptadas negativas.
Contudo, a TRE propõe disputar estas crenças, substituindo estas formas de pensamento absolutistas por uma perspectiva relativista da realidade. Assim, as emoções negativas desadaptadas (ansiedade, depressão, culpa, vergonha e ira) darão lugar a formas mais adaptativas (preocupação, tristeza, pena, desapontamento e aborrecimento).
Portanto, crenças irracionais são estruturas cognitivas de natureza estável.
O que são os esquemas ?
(Atualmente, existe uma diversidade de teorias e construtos cognitivos que visam explicar o comportamento humano)
- São estruturas pré-existentes de conhecimento, armazenadas na memória.
- São adquiridas ao longo da história de aprendizagem de cada indivíduo.
- Contém informação acerca de nós e do mundo.
- Por terem sido eficazes em determinadas situações são considerados como eficazes em diversas outras situações persistindo até à idade adulta.
- Perante uma nova informação que seja necessário descodificar, a estrutura de conhecimento relevante para essa informação é chamada a dar-lhe sentido, orientando todo o processamento de acordo com a informação contida nessa mesmo estrutura.
- São assim, responsáveis pela atribuição de significados aos acontecimentos.
- Leva a que um mesmo acontecimento, a mesma informação possa ser processada de forma completamente diferente por indivíduos diferentes, podendo esse processamento ser enviesado para determinada informação.
Qual a relação entre o conceito de esquema/estrutura cognitiva e a psicopatologia?
O conceito da estrutura/esquema cognitivo é um dos construtos teóricos mais utilizados pelos investigadores para explicar o comportamento humano, nomeadamente o comportamento associado à psicopatologia.
Diversos autores conceptualizaram as perturbações mentais mais invalidantes, nomeadamente as perturbações da personalidade, a partir da existência de esquemas cognitivos disfuncionais, nucleares e precocemente originados na vida do doente.
O que é a Teoria Cognitiva (TC)?
- não reagimos aos acontecimentos mas ao significado que lhes atribuímos
- a atribuição de significado resulta das estruturas cognitivas hipervalentes e relevantes para a informação em causa
- estruturas cognitivas disfuncionais enviesam o processamento de informação, selecionando e distorcendo informação de forma a adaptá-la à crença pré-existente (erros de processamento de informação )
- que geram produtos cognitivos disfuncionais
- emoção, comportamento e tendências para a ação são congruentes com a atribuição de significado
- taxonomias cognitivas: estruturas (esquemas ou crenças), processos (distorções cognitivas) e produtos (pensamentos automáticos negativos)
Qual a ordem de acontecimentos na TC?
- Experiência prévia disfuncional
- Formação de estruturas cognitivas disfuncionais
- Distorções no processamento da informação
- Atribuição de significado disfuncional
- Sentimentos e comportamentos desajustados
Qual a denominação dos esquemas/estruturas cognitivas consoante os autores?
- p.e. Beck, Freeman & Associates, em 1990: esquemas cognitivos
- p.e. Ellis & Bernard, em 1985: crenças irracionais
- p.e. Young, Klosko & Weishaar, em 2003: esquemas precoces mal-adaptativos
O que é a Terapia focada nos esquemas (TFE)? (Jeffrey Young)
Na tentativa de compreender e tratar as perturbações de personalidade, surge a TFE (Young, Klosko & Weishaar, 2003).
Para Young, as terapias breves são difíceis de utilizar nas perturbações de personalidade devido: à apresentação difusa dos problemas, a rigidez, a evitamentos vários e a acentuadas dificuldades interpessoais.
Quais as características dos esquemas mal-adaptativos precoces (EMP)? (Rijo, 2009)
- têm origem precoce
- permanecem por toda a vida, a menos que sejam objeto de intervenção terapêutica
- podem gerar níveis elevados de afeto disruptivo, consequências auto-derrotistas, e/ou dano significativo para os outros
- podem inferir de forma significativa com necessidades centrais para a auto-expressão, autonomia, ligação aos outros, valorização social ou integração no grupo
- são padrões profundamente embrenhados, centrais para o “sentido do Eu” da pessoa.
Taxonomia de EMP
18 esquemas, agrupados em 5 domínios do funcionamento (distanciamento e rejeição, autonomia e desempenho deteriorados, limites deteriorados, influência dos outros e vigilância excessiva e inibição)
Quais são os processos de manutenção do esquema ?
Young explicou a rigidez do indivíduo com perturbação de personalidade através do que designou de manutenção do esquema.
Esta manutenção resulta: ao nível cognitivo, das distorções cognitivas e ao nível comportamental, da seleção mal-adaptativa de um parceiro e de outras atividades auto-derrotistas.
Quais as implicações clínicas dos EMP?
A taxonomia dos EMP, subjacentes à psicopatologia, ao nível da TFE facilita:
- o trabalho de avaliação e conceptualização do clínico, na identificação do(s) esquema(s) mais associado(s) ao problema do cliente
- a compreensão dos enviesamentos cognitivos
- a compreensão do caso numa formulação de base cognitiva
Qual o objetivo da TFE? (Rijo, 2009)
Reduzir o grau de disfunção cognitiva-emocional-comportamental imputável ao processamento distorcido da informação a partir dos EMP.
Para tal, é fundamental:
- um conhecimento rigoroso dos EMP para uma correta conceptualização dos problemas do cliente (questionário de Young)
- a definição das estratégias preferenciais de intervenção
- a adequação do estilo de relação terapêutica: para melhorar a adesão do cliente ao processo de mudança e para, através da própria relação terapêutica, modificar os EMP que interferem de forma negativa no funcionamento interpessoal do indivíduo
O que é a Terapia?
- modificação da atribuição de significados disfuncionais
- estabelecimento de padrões de pensamento mais adaptados
- actuando de diversas formas e a vários níveis: modificação de produtos disfuncionais, correção das distorções no processamento e flexibilização/modificação das estruturas subjacentes
- reestruturação, ou seja, modificação das estruturas disfuncionais