CM 1 - SÍNDROME ICTÉRICA Flashcards
(297 cards)
Para começarmos, você se lembra de onde vem a bilirrubina???
Cerca de 85% da bilirrubina produzida no corpo têm origem na degradação de hemácias senis. O restante é originário de outras proteínas que contenham o pigmento “heme”, como o famoso citocromo P450 e a mioglobina. O produto final desta destruição de hemácias idosas é a liberação de Hemoglobina (Hb)
HEME » PROTOPORFIRINA » BILIVERDINA » BILIRRUBINA
A bilirrubina indireta ainda passa por um longo caminho. Ela segue em direção ao fígado, onde sofre três processos: (1).
Em seguida, já dentro do
hepatócito, ela sofre a transformação em um composto solúvel através da enzima (2)
- captação, conjugação e excreção
2. glicuroniltransferase
Mas por que a bilirrubina precisa ser transformada de indireta em direta? Entendam: no sangue, a bilirrubina indireta (que é insolúvel) ganha solubilidade, pois está no barco (a (FIGURA 1). albumina). Mas na bile não será excretada albumina para manter a bilirrubina solúvel. Essa proteína é muito preciosa. Então o fígado se encarrega de transformar a BI em um composto solúvel chamado
Bilirrubina Direta (BD
Bilirrubina insolúvel = indireta =
Bilirrubina solúvel = direta =
não conjugada
conjugada
Superprodução de bilirrubina indireta:
hemólise
Diminuição da captação:
medicamentos (ex.: rifampicina), jejum prolongado, infecções;
Diminuição na conjugação:
síndromes genéticas (ver no final da apostila) e imaturidade do sistema de
conjugação (recém-natos).
Na prática clínica do adulto (e para as provas…), ao encontrarmos um paciente com aumento
predominante de BI, vamos pensar sempre assim: o distúrbio ou foi causado po
hemólise ou por distúrbios primários (síndromes genéticas).
Uma pausa para as anemias hemolíticas! Conforme vai ocorrendo a hemólise (congênita ou adquirida), a
medula óssea vai tentando compensar produzindo mais células jovens (reticulócitos). Mas isso tem um
limite! Quando a capacidade da medula se esgota, predomina a __________ e surge então o sinal clássico que é a _________
hemólise
anemia
Medula óssea hiperproliferativa (para compensar a hemólise):
reticulócitos elevados, aumento do
VCM;
Dano à hemácia:
aumento do LDH, hiperbilirrubinemia indireta;
Hemólise intravascular:
redução da haptoglobina, hemoglobinúria, hemossiderinúria, hemoglobinemia
SÍNDROME HEPATOCELULAR =
SÍNDROME COLESTÁTICA =
- HEPATITE: É o conjunto de sinais e sintomas –
e, principalmente, achados laboratoriais – que surgem quando os hepatócitos estão sendo lesados em
grande escala. Veja, não necessariamente hepatite viral, mas qualquer forma de agressão ao parênquima
hepático. - OBSTRUÇÃO BILIAR: É o conjunto de sinais e sintomas – e, principalmente, achados laboratoriais – que surgem quando a árvore biliar é obstruída, seja dentro do fígado (nas pequenas vias biliares) ou não (ductos hepáticos/colédoco).
Considere agora que a bilirrubina já passou pelas fases de captação e conjugação e se encontra em sua forma solúvel (bilirrubina direta). O que poderia levar ao acúmulo desta forma (BD)? Simples… Ou os hepatócitos estão lesados e não conseguem excretar bilirrubina para os canalículos biliares ou há alguma obstrução que não permite que a bile chegue ao intestino. Percebeu? Aqui vamos nos confrontar, na verdade, com um grande “divisor de águas”. Será:
síndrome colestática ou
síndrome de lesão hepatocelular
Como a BD continua sendo formada, mas não consegue passar para o canalículo biliar, acaba
acumulando no interior do hepatócito e “refluindo” para a circulação. Conclusão:
hepatite aumenta BD no sangue.
Causas de Hiperbilirrubinemia
Hiperbilirrubinemia indireta:
- Hemólise (superprodução):
■ Imune.
■ Não imune: hereditária (esferocitose, eliptocitose, falciforme, talassemia…); adquirida (anemia microangiopática, hemoglobinúria paroxística noturna, deficiência de B12-intramedular, ribavirina…) - Captação prejudicada
■ ICC, shunt portossistêmico, drogas (rifampicina, probenecida). - Conjugação prejudicada
■ Condições hereditárias: síndrome de Gilbert e Crigler-Najjar.
■ Neonatal (fisiológica; do leite materno).
■ Outras: hipertireoidismo, doença hepática avançada, drogas (gentamicina, cetoconazol, inibidor de protease, etinilestradiol).
Causas de Hiperbilirrubinemia
Hiperbilirrubinemia Direta:
- Isolada
■ Condições hereditárias: síndrome de Dubin-Johnson e síndrome de Rotor - Padrão hepatocelular
■ Hepatite viral (A, B, C, D, E, EBV, CMV, herpes-simplex).
■ Álcool
■ Drogas (paracetamol, isoniazida etc.) e toxinas (cloreto de vinila, cogumelos Amanita).
■ Hepatite autoimune.
■ Doença de Wilson.
■ Febre amarela. - Padrão colestático – intra-hepático
■ Hepatite viral (principalmente A), alcoólica e algumas drogas (esteroide, clorpromazina).
■ Colangite biliar primária.
■ Síndrome do desaparecimento de ductos biliares – vanishing bile duct syndrome.
■ Hereditária (colestase recorrente benigna; colestase intrahepática familiar progressiva).
■ Outros: gravidez, NPT, sepse de origem não biliar; colestase pós-operatória; síndrome paraneoplásica; doença veno-oclusiva; doença enxerto versus hospedeiro; infiltrativa (TB, linfoma, amiloidose); leptospirose. - Padrão colestático – extra-hepático:
4.1.BENIGNA:
■ Coledocolitíase;
■ Síndrome de Mirizzi;
■ Estenose biliar pós-operatória;
■ Colangite esclerosante primária;
■ Pancreatite crônica;
■ Colangiopatia associada à aids;
■ Ascaridíase e outros parasitas. - Padrão colestático – extra-hepático:
5.1. MALIGNA:
■ Colangiocarcinoma;
■ Câncer de cabeça de pâncreas;
■ Câncer de vesícula biliar;
■ Câncer periampular;
■ Acometimento de linfonodos hepáticos
Outras lesões devem ser levadas em consideração, como a própria hepatite viral, abscesso hepático,
pneumonia de lobo inferior e, especialmente para as provas, duas condições infecciosas: leptospirose e
febre amarela. Algumas dicas:
1. Leptospirose =
2. Febre amarela =
- padrão colestático ou sem aumento expressivo de transaminases, história epidemiológica, insuficiência renal aguda com hipocalemia, icterícia rubínica, leucocitose, hemorragia pulmonar;
- padrão hepatocelular, sinal de Faget, leucopeni
Icterícia em que a pele assume uma cor amarelo pálido. Estaria relacionada à hiperbilirrubinemia
indireta, geralmente de estados hemolíticos;
Icterícia flavínica:
Icterícia em que a cor predominante seria um amarelo esverdeado. Associada à intensa
hiperbilirrubinemia direta, ou seja, estados colestáticos francos;
Icterícia verdínica:
Icterícia em que é causada pela hiperbilirrubinemia direta junto a certo grau de vasodilatação cutânea,
promovendo um tom alaranjado da pele. Foi descrita inicialmente nas síndromes hepatocelulares devido à
vasodilatação promovida pelo hiperestrogenismo. Atualmente, o termo ainda é utilizado na descrição de
alguns casos de leptospirose.
Icterícia rubínica
O problema é que os sinais e sintomas clínicos de ambas as síndromes podem até ser importantes, mas mesmo assim ajudam pouco na sua diferenciação. Tanto na lesão hepatocelular quanto na colestase existe icterícia, colúria e acolia fecal, fadiga, anorexia, náuseas, vômitos e dor no hipocôndrio direito. O único sinal clínico que pode efetivamente ajudar nesta diferenciação (guardem isto) é o __________, que, embora possa surgir na lesão hepatocelular, ocorre de forma muito mais característica na síndrome colestática e resulta do acúmulo de ácidos e sais biliares na pele.
prurido
Coloração acastanhada-escura da urina (cor de Coca-Cola). Acontece pela presença de BD na
urina. Veja: somente as condições que aumentam a BD podem originar
Colúria
Coloração esbranquiçada das fezes. Sabemos que, normalmente, parte da bilirrubina é
lançada nos intestinos junto com a bile. Lá chegando, as bactérias intestinais metabolizam a BD originando os urobilinogênios e, consecutivamente, a estercobilina, substância que dá a coloração acastanhada das fezes. No entanto, qualquer condição que reduza a presença de BD na bile, como é o caso da colestase, pode originar fezes pálidas, esbranquiçadas.
Acolia Fecal