CM 2 - SÍNDROME DIARREICA Flashcards
(232 cards)
Em geral, pacientes com diarreia apresentam como seguintes queixas:
- Aumento na frequência de eliminação das fezes
- Eliminação de fezes não moldadas ou anormalmente líquidas
- Aumento do volume das fezes
- Urgência e desconforto abdominal
Dentre alguns parâmetros que podemos deånir, tem-se que um homem adulto ocidental normal apresenta:
- Frequência:
- Quantidade:
Como descrito no Harrison, utilizaremos para as provas (mesmo que não auxilie muito na prática médica), a
seguinte definição:
- Diarreia = peso nas fezes:
- Frequência: varia de uma evacuação semanal a três por dia;
- Quantidade: 200 g de fezes por dia
- > 200g/dia
Eliminação involuntária do conteúdo retal. Ocorre principalmente em distúrbios neuromusculares ou problemas estruturais anorretais
Incontinência fecal
É a eliminação frequente de pequeno volume de fezes geralmente acompanhada de urgência. Ocorre nas doenças anorretais.
Pseudodiarreia
Quanto ao tempo, a diarreia é classificada como
- aguda
- persistente
- crônica
diarreia aguda < 2 semanas;
persistente 2-4 semanas;
crônica > 4 semanas
Basicamente, as diarreias são separadas em altas (originadas do delgado) e baixas (originadas no cólon).
Características ALTA X BAIXA
- VOLUME
- FREQUÊNCIA
- TENESMO
- ACHADOS
1. VOLUME
ALTA: grande/ BAIXA: pequeno
2. FREQUÊNCIA
ALTA: baixa/ BAIXA: alta (> 10 evacuações/dia)
3. TENESMO
ALTA: não/ BAIXA: sim
4. ACHADOS
ALTA: restos alimentares/ BAIXA: sangue, muco e/ou pus
O termo Disenteria se relaciona a diarreia baixa com
muco, sangue e/ou pus
Sensação de dor no períneo e reto acompanhada de desejo imperioso de defecar. O paciente sente uma dor intensa, espasmódica, e tem a impressão de que a defecação será abundante, mas elimina apenas pequena quantidade de fezes ou de muco.
Tenesmo
Em relação à diarreia, assinale a alternativa INCORRETA:
a) Causa infecciosa é a principal etiologia de diarreia aguda em pronto-socorro.
b) Nos casos de diarreia alta, as fezes são caracteristicamente volumosas, com restos alimentares, odor pútrido e costumam se acompanhar de cólicas periumbilicais.
c) Nos casos de diarreia baixa, as fezes são caracteristicamente de grande volume, com baixa frequência, acompanhada de puxo, urgência, tenesmo, muco, pus e sangue.
d) Na diarreia inflamatória, as fezes apresentam uma grande quantidade de leucócitos e de sangue, sendo bactérias enteroinvasivas as causas mais frequentes.
C
As diarreias altas prejudicam muito a digestão de alimentos. Por isto, as diarreias jejunoileais promovem saída de fezes com restos da dieta. Em contrapartida, as diarreias baixas prejudicam mais a absorção de água. Ao chegar ao cólon, as fezes já estão prontas e, assim, só é necessário remover líquidos. Diarreias baixas apresentam fezes aquosas.
Resposta: C
CLASSIFICAÇÃO SEGUNDO O MECANISMO ETIOPATOGÊNICO DA DIARREIA
○ Osmótica
○ Secretória
○ Inflamatória
○ Por alteração da motilidade intestinal
○ Gordurosa
Ocorre por acúmulo de solutos osmoticamente ativos não absorvíveis no lúmen intestinal. Isto gera retenção de líquidos intraluminais e consequente diarreia, pela incapacidade de absorção de todo este volume. O uso de laxativos (como a lactulose) é o protótipo desta diarreia.
Principais características:
■ Cessa com o jejum (melhora à noite);
■ Cessa com a suspensão da substância osmótica;
■ Gap osmolar fecal alto (> 125 mOsm/L)
DIARREIA OSMÓTICA OU AQUOSA
Há distúrbio no transporte hidroeletrolítico pela mucosa intestinal. Em geral, uma toxina ou droga promove
aumento da secreção de íons e água para o lúmen (mais comum) ou inibição da absorção.
Principais características:
■ Não melhora com o jejum (perdura durante a noite);
■ Grande volume (em geral > 1 L/dia);
■ Gap osmolar baixo (< 50 mOsm/L).
DIARREIA SECRETÓRIA
- O que é o gap osmolar fecal?
- Como é calculado?
- Por que 290 mOsm?
- Como irá variar nas diferentes diarreias?
- É na verdade uma forma de estimar a contribuição de eletrólitos e não eletrólitos para a retenção de água
no lúmen intestinal - Pela fórmula: 290 - 2 x (Na+ + K+)/ Observação: Na+ e K+ tratam-se das concentrações fecais de sódio e potássio, respectivamente.
- Pois se considera que no intestino distal as fezes possuem a mesma osmolaridade do plasma, que,
conforme você verá na apostila Distúrbio Hidroeletrolítico e Acidobásico, varia de 285-300 mOsm/L. - Na diarreia osmótica os solutos da dieta são os responsáveis pela força osmótica que mantém a água no
lúmen intestinal. Com isto, os eletrólitos estarão diluídos e assim o gap será alto (> 125 mOsm/kg).
Como o próprio nome diz, na diarreia secretória existe secreção de eletrólitos para o lúmen (ou não
absorção dos mesmos). Com isto, as fezes terão alta concentração de Na+ e K+ e a fórmula apresentará
um gap baixo (< 50 mOsm/kg).
Em casos de processos mistos de diarreia osmótica e secretória o gap osmótico pode ficar entre 50 e 125
mOsm/kg
Mulher de 55 anos queixa-se de diarreia com média de três evacuações diárias, nos últimos dois anos, de
fezes líquidas sem muco, pus, sangue ou tenesmo. Tem ótimo nível social, não saiu da cidade do Rio de
Janeiro nos 10 anos anteriores, nega diabetes e febre. Há história de cirurgia para retirada do ovário
direito por cisto há 20 anos, apendicectomia há 30, dois partos normais há 31 e 33 anos, colecistectomia
há três e plástica de face há um ano, todas sem intercorrências. Refere já ter ido a vários médicos, ter
feito inúmeros exames complementares com resultados normais, entre eles: parasitológicos de fezes (12
ao todo), ultrassonograåa abdominal total (quatro), tomograåa computadorizada do abdome, gordura
fecal, endoscopia digestiva alta, colonoscopia com biópsia do cólon e do íleo terminal e trânsito de
delgado. Você solicita hemograma, VHS, albumina e globulina séricas, TSH, T3, T4, vitamina B12, e os
resultados estão normais. Com estes dados, seria justiåcável teste terapêutico com:
a) Albendazol.
b) Prednisona.
c) Colestiramina.
d) Sulfassalazina.
C
Você deve estar pensando: “Puxa vida, mas a paciente tem todos os exames normais!”. Esta questão
é difícil. Mas reparem que há no meio desta longa história um dado que sugere a presença de uma
diarreia secretora. Qual é mesmo??? A presença de colecistectomia. Até 20% dos pacientes
submetidos ao procedimento podem desenvolver diarreia crônica no primeiro ano. Na maioria das
vezes, a diarreia tende a melhorar sozinha, embora apresente boa resposta ao uso da colestiramina (4
g/dia), um sequestrador de ácidos biliares. O provável mecanismo desta diarreia é o rápido inýuxo de
ácidos biliares no duodeno, pela perda do efeito armazenador da vesícula biliar. Os sais biliares em
excesso podem chegar ao cólon provocando um efeito secretor de cloreto e inibidor da absorção de
eletrólitos. Resposta: C
E o que é diarreia dos ácidos graxos?
Ocorre nos estados mais acentuados de má absorção de lipídios ou em momentos de supercrescimento
bacteriano. Os ácidos graxos (exceto aqueles de cadeia curta) são hidroxilados pelas bactérias colônicas
tornando-se substâncias secretórias.
Distúrbio de absorção gerado principalmente por alteração inflamatória (com ou sem ulceração) da mucosa e
caracteriza-se por lesão e morte dos enterócitos, atroåa das vilosidades e hiperplasia das criptas. Como estes enterócitos que åcam na superfície apresentam baixa atividade de dissacaridases e peptídeo hidrolases, e ainda não conseguem absorver ou transportar açúcares, aminoácidos ou eletrólitos, ocorre a diarreia. Além disso, a hipermotilidade gerada também contribui. Características: presença de muco, pus e/ou sangue nas fezes
DIARREIA INFLAMATÓRIA
Qual é o exame que avalia a presença de sangue, muco e leucócitos nas fezes?
EAF – Elementos Anormais nas Fezes.
Quais as 4 principais causas de Diarreia Osmótica?
- Ingestão excessiva ou carboidratos pobremente absorvidos: Uso de lactulose, Uso de manitol….
- Diarreia induzida por magnésio: Laxantes, Antiácidos e Suplementos alimentares.
- Disabsorção de carboidratos: intolerância à lactose, síndrome disabsortiva generalizada.
- Laxativos com ânions pobremente absorvidos: Sulfato, Fosfato e Citrato de sódio.
A absorção e secreção estão normais. O problema nestes casos é que não há tempo suåciente de contato
com a mucosa para ocorrer uma absorção correta. Um trânsito rápido pode acompanhar muitas diarreias
como um fenômeno secundário, sendo a dismotilidade primária uma etiologia incomum da diarreia
verdadeira. Não há exames para comprovar a hipermotilidade intestinal, tratando-se na maior parte dos
quadros de um diagnóstico de exclusão.
DIARREIA POR ALTERAÇÃO DA MOTILIDADE INTESTINAL (OU FUNCIONAL)
Qual o GAP osmolar da Diarreia Osmótica?
Gap osmolar fecal alto (>125 mOsm/L).
A doença de base se associa com algum distúrbio que promova disabsorção de lipídios no intestino delgado.
DIARREIA GORDUROSA (OU ESTEATORREIA)
SOBRE AS ETIOLOGIAS DAS DIARREIAS AGUDAS
- Gastroenterite viral: principal agente:
1A. crianças:
1B. adultos:
1C. adultos + crianças:
- Gastroenterite bacteriana
2A. E. coli enterotoxigênica:
2B. Shigella e E. coli invasiva:
2C. Shigella e E. coli êntero-hemorrágica (O157H7):
2D. Campylobacter:
2E. Campylobacter e Yersinia:
2F. S. aureus:
2G. V. cholerae:
1A. crianças: rotavírus;
1B. adultos: norovírus;
1C. adultos + crianças: rotavírus.
2A. E. coli enterotoxigênica: principal causa de diarreia do viajante.
2B. Shigella e E. coli invasiva: principais causas de febre e disenteria.
2C. Shigella e E. coli êntero-hemorrágica (O157H7): síndrome hemolítico-urêmica.
2D. Campylobacter: Guillain-Barré.
2E. Campylobacter e Yersinia: pseudoapendicite.
2F. S. aureus: toxina termoestável com tempo de incubação curto (1-6h).
2G. V. cholerae: diarreia vultosa associada a quadros graves de desidratação, também provocada por toxinas.
ATENÇÃO PARA Clostridioides difficile!!!
- Agente:
- Fisiopatologia:
- Epidemiologia:
- Clínica:
- Diagnóstico:
- Tratamento:
- Agente: anaeróbio obrigatório Gram-positivo.
-
Fisiopatologia: A. uso de antibióticos; B. proliferação da bactéria e liberação de toxinas A e B; e C. resposta
imune alterada às toxinas. - Epidemiologia: quadros graves associados à cepa NAP-1/027 estão aumentando
- Clínica: diarreia + febre + dor abdominal + leucocitose.
-
Diagnóstico: diarreia ≥ 2 dias + detecção de toxina A ou B nas fezes OU detecção de C. difficile produtor
de toxina na coprocultura OU observação de pseudomembranas na endoscopia do cólon (placas esbranquiçadas ou amareladas). - Tratamento: vancomicina oral
Alguns pacientes com diagnóstico de úlcera péptica, submetidos à vagotomia, apresentam diarreia nos primeiros meses de pós-operatório. Um pequeno percentual vai apresentar um quadro diarreico persistente, que pode ser controlado com o uso da medicação denominada:
Colestiramina.