Doença do sistema linfático Flashcards
(14 cards)
Linfedema definição
aumento do volume de determinado segmento corpóreo, originado por deficiência do sistema linfático
Principal causa de linfedema
secundária de erisipela (infecção que atinge o vaso linfático)
Linfedema é uma doença cronica..
Doença crônica que leva à deformidade estética e funcional, exigindo dedicação multiprofissional
Histologia linfedema
Os capilares linfáticos são compostos por uma única camada de célula, o que permite que macromoléculas adentrem o capilar linfático (as macromoléculas não conseguem atravessar o endotélio venoso, apenas linfático).
Durante seu percurso, o vaso linfático aumenta o número das suas camadas, e recebe uma camada muscular (linfangion), formando o vaso linfático propriamente dito.
Fisiologia/fisiopatologia
A linfa é formada no interstício através das junções endoteliais. As partículas de maior tamanho ganham a corrente linfática através da contração do linfangion (contratilidade intrínseca), da contratura da musculatura da panturrilha e da própria pulsatilidade da artéria, que impulsiona a linfa contra a gravidade. Temos também o processo de fagocitose na formação da linfa. Esta linfa caminha pelo sistema linfático, ganha os linfonodos e vai cair na veia subclávia.
Partes / funções:
Parte vascular: executa o sistema de drenagem da linfa, garantindo a homeostase e o transporte da linfa.
Parte linfóide: funciona como filtro da linfa, desencadeando um importante papel imunológico.
Fisiopatologia:
Insuficiência mecânica: bloqueio do linfático → redução da capacidade de absorção → aumento de líquido e proteínas no interstício = linfedema .
Insuficiência dinâmica: aumento de proteínas → aumento da pressão coloidosmótica → aumento de líquido e proteínas no interstício = linfedema.
Diagnóstico clínico
Alterações: pele, distribuição do edema e aspecto do membro
Edema frio, indolor e duro / não depressível (embora no começo ainda seja mole).
Sinais de Stemmer: não consegue fazer a dobra da pele no 2º pododáctilo de tão duro.
Nas fases iniciais, o linfedema passa por despercebido, com um pouco de inchaço nos pés ao fim do dia e que regride com repouso. No entanto, com o passar do tempo, o paciente refere que já acorda com os MMII inchados, podendo progredir para a deformação dos membros.
Diagnóstico de exclusão → afastar causas sistêmicas (insuficiência renal, insuficiência hepática, IC, metabólicas, medicamentos), ortopédicas e vasculares (insuficiência venosa crônica - varizes, TVP aguda ou síndrome pós trombótica).
Diagnóstico diferencial
ICC, estase venosa, malformação vascular, lipedema (acúmulo de gordura da raiz da coxa ao tornozelo, poupando o pé na maioria dos casos, em geral em mulheres, bilateral, que não regride com o emagrecimento), tumor de partes moles, edema por artrite, tendinite
Avaliação do edema crônico
Exame clínico
Exames laboratoriais:
Causas sistêmicas: sangue (insuficiência hepática, renal, hipoproteinemia), urina (proteinúria)
Causas locais: Doppler (afastar insuficiência venosa), TC, linfocintilografia
Complicações
Infecção (mais comum)
Malignidade: não cicatrização de lesões, úlceras persistentes, Sd. de Stewart e Treves (nomenclatura atribuída à malignização do linfedema em MMSS após tratamento do câncer de mama)
Alterações psicológicas
Classificação etiológica
Linfedema primário: malformações embriológicas . Congênito (Doença de Milroy: primário congênito com incidência familiar).
Precoce: aparecimento súbito até 35 anos (Doença de Meigs: primário precoce com incidência familiar).
Tardio: aparecimento súbito após 35 anos.
Linfedema secundário: erisipela de repetição (mais comum), filariose, trauma, tumor, invasivo, excisão de linfonodos, radioterapia.
CLASSIFICAÇÃO CLÍNICA DE MOWLEM
Grau I: reversível com a elevação do membro, depressível
Tratamento: medicações, drenagem e meia elástica. Orientamos a prática de exercícios físicos e a movimentação do membro.
Grau II: linfedema já instalado, irreversível, dorme e acorda com o edema, com ou sem fibrose (se tiver fibrose, o linfedema tem consistência dura).
Tratamento: medicações, drenagem e meia elástica, mas o linfedema duro tem pior prognóstico.
Grau III: irreversível, fibrose, com deformação (elefantíase)
Tratamento: medidas de higiene e prevenção de quadros de infecção (ATB profilático)
Exames diagnósticos
Linfocintilografia (1ª escolha): exame radioisotópico com dextran albumina ou material radioativo (Tc99). Fornece avaliação clínica e funcional. Sempre solicitar linfocintilografia bilateral.
Linfografia: exame muito usado no passado. Exige a dissecção dos vasos linfáticos e injeção de contraste para radiografias para pré-operatório de anastomose linfovenosa.
TC: afastar neoplasias, massas e tumores
RNM: afastar malformações e diferenciar lipedema e linfedema
Tratamento
Eminentemente clínico, cirúrgico é exceção
Objetivo: diminuição do edema e de complicações para uma recuperação estética e funcional
Não tem cura! Chamamos de cura se as manifestações regridem e se estabilizam por 2 anos = doença compensada
Pensamos em tratamento em graus I e II sem fibrose
Tratamento medicamentoso:
Drogas linfocinéticas: Diosmina 500 mg 3x/dia (nas fases iniciais / graus I ou II sem fibrose), 5,6-Benzopirona (menos usado, pode causar insuficiência hepática em crianças e idosos)
Antibióticos: Penicilina (tratamento de erisipela), eritromicina (alérgicos à penicilina), sulfas
Penicilina procaína 400.000 UI IM 12/12h por 14 dias, profunda na nádega, para tratar erisipela (Streptococcus beta-hemolítico do grupo A é o principal agente, mas pode ser Staphylococcus aureus em flora hospitalar)
Penicilina benzatina a cada 21 dias para evitar recorrências por um período de 6 meses para paciente com linfedema secundário a erisipela de repetição e uso contínuo para paciente com linfedema e porta de entrada até o fechamento
Antifúngicos: Cetoconazol (tratar micose interdigital)
Diuréticos: só é usado se houver HAS, pois logo depois o edema se refaz
Tratamento físico (de escolha) - Terapia física complexa: cuidados com a pele para prevenção de infecção e diminuição do edema, exercícios linfocinéticos, drenagem linfática manual ou com compressão pneumática (contenção inelástica) e contenção
Terapia física complexa - Foldi e Leduc: drenagem linfática manual seguida de enfaixamento inelástico 5x na semana nos pacientes com Grau II
1º mês = 5x/sem (fase de descongestão)
2º mês = 3x/sem
3º mês = 2x/sem
4º mês = 1x/sem
É importante vigiar cuidadosamente se o paciente possui portas de entrada, para impedir o desenvolvimento de erisipela. Por isso, as medidas de higiene e hidratação da pele são tão importantes
Para grau III, basicamente vigiamos e administramos Penicilina benzatina a cada 21 dias, além de incentivarmos a movimentação e atividade física
Cirúrgico: pode ser feito nos casos de linfedema penoescrotal e de linfedema gigante. Pode ser feita uma cirurgia de derivação (anastomose linfovenosa). Complicações: amputações e enxertos
conclusão
é uma doença crônica que leva à deformidade estética e funcional, necessitando de dedicação integral do médico, paciente e fisioterapeuta. Não tem cura, mas tem tratamento.