ECONOMIA BRASILEIRA CONTEMPORÂNEA Flashcards
(72 cards)
O que estava acontecendo no Mundo durante os anos 70 ? (Década da Críse do Petróleo)
Guerra Fria e Tensões Geopolíticas:
A rivalidade entre os Estados Unidos (liderando o bloco capitalista) e a União Soviética (liderando o bloco comunista) continuou a moldar a política internacional. Embora houvesse esforços de détente, como os Tratados SALT I (1972), que buscavam limitar a produção de armas nucleares estratégicas, e os Acordos de Helsinque (1975), que promoviam direitos humanos e cooperação, a desconfiança e a competição por influência global persistiam.
O fim da Guerra do Vietnã em 1975, com a queda de Saigon e a reunificação do Vietnã sob um regime comunista, representou uma derrota significativa para os Estados Unidos e teve um impacto profundo na opinião pública americana e na sua política externa.
A invasão soviética do Afeganistão em 1979 marcou o fim do período de détente e intensificou as tensões da Guerra Fria. Os Estados Unidos, junto com outros países, apoiaram os rebeldes mujahideen no Afeganistão, levando a um conflito prolongado que teve consequências duradouras.
Crises Econômicas e Energéticas (com foco na Crise do Petróleo):
A Crise do Petróleo de 1973 foi desencadeada pela Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) em resposta ao apoio dos países ocidentais a Israel durante a Guerra do Yom Kippur. A OPEP impôs um embargo de petróleo e aumentou drasticamente os preços, causando um choque na economia global. Isso levou a recessão, inflação alta e escassez de combustível em muitos países industrializados.
A Crise do Petróleo de 1979 ocorreu após a Revolução Iraniana, que levou a uma queda significativa na produção de petróleo do Irã, um dos maiores produtores mundiais na época. Essa redução na oferta causou um novo aumento acentuado nos preços do petróleo, exacerbando ainda mais a inflação e a instabilidade econômica global.
O fenômeno da estagflação (estagnação econômica combinada com inflação alta) tornou-se uma grande preocupação, desafiando as teorias econômicas keynesianas que haviam dominado as políticas econômicas do pós-guerra. Os governos lutaram para encontrar soluções eficazes para lidar com essa combinação de problemas.
Mudanças Políticas e Sociais:
Os movimentos de libertação e descolonização continuaram a transformar o mapa mundial, com diversas colônias portuguesas na África, como Angola, Moçambique e Guiné-Bissau, conquistando sua independência em meio a conflitos e guerras civis.
A Revolução Iraniana de 1979, liderada pelo Aiatolá Khomeini, derrubou o regime do Xá Reza Pahlavi, um importante aliado dos Estados Unidos na região. O estabelecimento de uma República Islâmica teve profundas implicações para o Oriente Médio e para as relações do Irã com o Ocidente.
Na América Latina, a década de 1970 foi marcada pela ascensão e consolidação de regimes militares autoritários, muitas vezes apoiados pelos Estados Unidos como parte de sua estratégia de conter a influência do comunismo na região. Exemplos incluem os golpes militares no Chile (1973) e na Argentina (1976), além da continuidade do regime militar no Brasil (iniciado em 1964).
Conflitos no Oriente Médio:
A Guerra do Yom Kippur em 1973, travada entre Israel e uma coalizão de países árabes liderados pelo Egito e pela Síria, embora tenha terminado com um cessar-fogo, teve consequências significativas, incluindo o embargo de petróleo da OPEP.
Os Acordos de Camp David em 1978, mediados pelo presidente americano Jimmy Carter, representaram um marco importante, levando à assinatura de um tratado de paz entre Israel e o Egito. O Egito se tornou o primeiro país árabe a reconhecer oficialmente Israel, embora o acordo tenha sido controverso no mundo árabe.
Mudanças Culturais e Tecnológicas:
Os movimentos sociais dos anos 1960 continuaram a evoluir, com o movimento pelos direitos civis lutando por igualdade racial, o feminismo buscando a igualdade de gênero, o movimento ambientalista ganhando força com a crescente preocupação com a degradação do meio ambiente, e o movimento pelos direitos dos homossexuais emergindo com mais visibilidade.
A cultura pop refletiu as mudanças sociais e os avanços tecnológicos. Bandas de rock como Led Zeppelin e Pink Floyd alcançaram grande popularidade, enquanto o cinema viu o surgimento de filmes icônicos como “Star Wars” e “O Poderoso Chefão”.
Na área da tecnologia, a década de 1970 foi crucial para o desenvolvimento dos primeiros computadores pessoais, como o Apple II, que começaram a tornar a computação acessível para além das grandes corporações e instituições de pesquisa.
Crise dos Reféns Americanos no Irã (1979-1981): Após a Revolução Iraniana, estudantes iranianos invadiram a embaixada dos Estados Unidos em Teerã e mantiveram 52 diplomatas americanos como reféns por 444 dias. Essa crise paralisou a política externa americana e contribuiu para a derrota do presidente Jimmy Carter nas eleições de 1980.
Ascensão do Neoliberalismo: No final da década de 1970, começou a surgir uma mudança nas políticas econômicas em direção ao neoliberalismo. Líderes como Margaret Thatcher no Reino Unido (eleita em 1979) e Ronald Reagan nos Estados Unidos (eleito em 1980) implementaram políticas de desregulamentação, redução de impostos e diminuição do papel do Estado na economia, marcando uma ruptura com o consenso keynesiano anterior.
Conflitos na África: Além das guerras de independência, a década de 1970 testemunhou conflitos internos e guerras civis em diversos países africanos, muitas vezes com a intervenção de potências externas. A Guerra Civil em Angola, que se iniciou após a independência em 1975, é um exemplo marcante.
Tensões na América Latina: Embora a Crise dos Mísseis de Cuba tenha ocorrido anteriormente, a década de 1970 ainda foi marcada por tensões entre os Estados Unidos e a América Latina, especialmente devido ao apoio americano a regimes militares autoritários na região, vistos como um baluarte contra o comunismo.
Início da Globalização: A década de 1970 pode ser vista como um período de aceleração da integração econômica global, com o aumento do comércio internacional, o crescimento das empresas multinacionais e a crescente interdependência entre as economias dos diferentes países. No entanto, esse processo também trouxe desafios, como a crescente competição industrial e a desindustrialização em alguns países desenvolvidos.
que estava acontecendo no Brasil durante os anos 70? (Entre Críse do Petróleo)
Regime Militar:
Governo autoritário instaurado pelo golpe de 1964, estendendo-se até 1985.
Forte controle político e repressão contra opositores.
Censura imposta à imprensa, meios de comunicação e manifestações artísticas.
Modelo de desenvolvimento econômico com forte intervenção estatal.
Milagre Econômico (1968-1973):
Período de crescimento econômico acelerado, com taxas de crescimento do PIB em torno de 10% ao ano.
Impulsionado por investimentos estatais em infraestrutura (rodovias, hidrelétricas, Ponte Rio-Niterói).
Incentivo à indústria pesada e políticas de fomento à exportação.
Destaque para os setores automobilístico e de construção civil.
Repressão Política e Censura:
Intensificação da repressão com o Ato Institucional Nº 5 (AI-5) em 1968, que suspendeu direitos constitucionais e fechou o Congresso.
Perseguição, prisão e exílio de artistas, jornalistas, intelectuais e opositores do regime.
Censura rigorosa sobre a imprensa e manifestações culturais.
Crise do Petróleo (1973):
Aumento drástico dos preços do petróleo no mercado internacional afetou a economia brasileira, dependente de importações.
Resposta do governo com políticas de substituição de importações.
Implementação do Proálcool, programa de produção de álcool combustível como alternativa energética.
Endividamento Externo:
Grandes empréstimos internacionais foram contraídos para financiar o crescimento econômico.
Aumento significativo da dívida externa, que se tornou um problema crítico na década de 1980 devido à elevação das taxas de juros internacionais.
Abertura Política Lenta e Gradual:
Início de um processo de abertura política no final dos anos 70, de forma controlada pelo regime militar.
Governo do General Ernesto Geisel (1974-1979):
Implementação da “distensão” política, buscando uma transição lenta e segura para a democracia.
Tentativa de reduzir a repressão, embora ela ainda fosse presente.
Resistência à abertura por parte de setores mais conservadores do regime e da oposição.
Governo do General João Baptista Figueiredo (1979-1985):
Continuação do processo de abertura política.
Aprovação da Lei da Anistia (1979), permitindo o retorno de exilados e a libertação de presos políticos.
Resistência de setores militares conservadores à abertura.
Agravamento de problemas econômicos, como o aumento da inflação e a crise da dívida externa.
Contexto Político e Social:
Movimentos de Oposição: Atuação do Movimento Democrático Brasileiro (MDB) no campo político.
Atividade de movimentos sociais (estudantil, sindical, direitos humanos) apesar da repressão.
Greves Operárias no final dos anos 70, especialmente no ABC Paulista, lideradas por figuras como Luiz Inácio Lula da Silva, demonstrando resistência ao regime e reivindicando direitos.
Como estava a ECONOMIA do Mundo durante os anos 70? (Entre Críse do Petróleo)
A economia mundial na década de 1970, no período entre as crises do petróleo, enfrentou desafios significativos e passou por transformações estruturais importantes. Foi uma era marcada pela crise do petróleo, que elevou os custos de produção e transporte, gerando inflação e contribuindo para a recessão em diversas economias. Um fenômeno incomum, a estagflação, combinou alta inflação com baixo crescimento econômico e aumento do desemprego.
O modelo econômico keynesiano, dominante até então, começou a ser questionado, dando espaço para o pensamento neoliberal, que defendia menor intervenção estatal. O fim do sistema de Bretton Woods em 1971 introduziu o câmbio flutuante e aumentou a volatilidade das moedas. A crise também contribuiu para o aumento da desigualdade social em muitos países.
Eventos chave desse período incluem a inconvertibilidade do dólar em ouro (1971), o primeiro choque do petróleo (1973), a política monetária restritiva nos EUA (1979), o programa econômico de Reagan (1981) e a crise da dívida do México (1982). Em suma, os anos 1970 representaram uma ruptura com o modelo anterior, preparando o terreno para a ascensão do neoliberalismo, com foco na liberalização dos mercados e na redução do papel do Estado na economia.
Como estava a economia do Brasil durante os anos 70? (Entre Críse do Petróleo)
No início da década de 1970, o Brasil experimentou um período de grande crescimento econômico conhecido como “Milagre Econômico” (1968-1973), com altas taxas de crescimento do PIB, redução da inflação e balanço de pagamentos superavitário. A indústria brasileira teve uma rápida expansão. No entanto, com a crise do petróleo de 1973, os custos de importação aumentaram significativamente, e o governo optou por manter o crescimento através de endividamento externo, lançando o II Plano Nacional de Desenvolvimento (“Brasil Grande”). Apesar do crescimento continuar elevado, a dívida externa cresceu substancialmente, e a inflação começou a aumentar. Ao final da década, com o segundo choque do petróleo em 1979 e o aumento das taxas de juros internacionais, a economia brasileira enfrentava alta inflação, crescente endividamento e déficits externos insustentáveis, marcando o início de uma crise que se intensificaria na década de 1980.
O que foi a Crise do Petróleo? Quais Países estavam envolvidos?
A Crise do Petróleo foi um período marcado por dois grandes aumentos drásticos nos preços do petróleo.
O Primeiro Choque do Petróleo (1973) ocorreu quando os países árabes membros da OPEP (Organização dos Países Exportadores de Petróleo), em resposta ao apoio dos Estados Unidos a Israel na Guerra do Yom Kippur, impuseram um embargo às exportações de petróleo para os EUA e outros aliados de Israel. Além do embargo, a OPEP quadruplicou o preço do petróleo, gerando uma crise energética global com escassez de combustível e inflação.
O Segundo Choque do Petróleo (1979) foi desencadeado pela Revolução Iraniana, que causou instabilidade política e uma queda significativa na produção de petróleo do Irã, um importante exportador mundial. Isso levou a um novo aumento acentuado nos preços do petróleo.
Os países diretamente envolvidos foram:
Países Árabes Membros da OPEP: Arábia Saudita, Irã, Iraque, Kuwait, Emirados Árabes Unidos e Líbia.
Estados Unidos: Foram o principal alvo do embargo de 1973 devido ao seu apoio a Israel.
Israel: O conflito com os países árabes foi a causa imediata do primeiro choque.
Outros Países Ocidentais: Nações da Europa Ocidental e o Japão também foram severamente afetados.
União Soviética: Beneficiou-se indiretamente do aumento dos preços do petróleo.
Como a Crise do Petróleo impactou o Brasil ?
A Crise do Petróleo teve um impacto significativo na economia brasileira:
Primeiro Choque do Petróleo (1973):
O quadruplicamento do preço do petróleo elevou os custos de produção e impulsionou a inflação, já que o Brasil importava mais de 80% do seu consumo de petróleo.
O governo Geisel implementou o II Plano Nacional de Desenvolvimento (II PND), buscando reduzir a dependência externa através de investimentos em infraestrutura, energia e petroquímica, além de incentivar a substituição de importações e criar o Proálcool.
Apesar dessas medidas, a inflação aumentou consideravelmente, e o país iniciou um ciclo de endividamento externo.
Segundo Choque do Petróleo (1979):
Novos aumentos nos preços do petróleo devido à Revolução Iraniana e à Guerra Irã-Iraque agravaram a situação.
O governo brasileiro continuou a estratégia de endividamento externo para manter o crescimento, resultando em um aumento da dívida de US$ 12,6 bilhões em 1973 para US$ 50 bilhões em 1979.
A inflação permaneceu alta, e os reajustes salariais indexados à inflação intensificaram o problema.
O governo lançou o III Plano Nacional de Desenvolvimento (1980-1985), priorizando a redução da dependência energética, o aumento das exportações e o estímulo à agricultura e mineração.
Em conclusão, a Crise do Petróleo levou o Brasil a enfrentar uma inflação descontrolada, déficit no balanço de pagamentos e um aumento substancial da dívida externa. A opção por adiar o ajuste econômico através do endividamento se mostrou insustentável, culminando na crise da dívida externa e na “década perdida” dos anos 1980, marcada pela hiperinflação.
O que foi o “Milagre Econômico 1963 a 1973 ?
O “Milagre Econômico” no Brasil, que ocorreu aproximadamente entre 1968 e 1973 (embora alguns autores considerem um período ligeiramente diferente, como o próprio usuário mencionou, estendendo até 1973), foi um período de crescimento econômico excepcionalmente rápido no contexto da história do país.
Para entender esse período, é importante considerar o contexto histórico mencionado pelo usuário:
Industrialização Brasileira: O Brasil já vinha passando por um processo de industrialização desde os anos 1930, impulsionado pela necessidade de superar as restrições do comércio internacional e desenvolver uma base industrial própria, deixando de ser apenas um exportador de matérias-primas.
Expansão nos Anos 50: Houve um novo ciclo de industrialização nos anos 1950, com a implementação de indústrias de bens de capital e bens de consumo duráveis, diversificando a matriz industrial do país.
No contexto específico do “Milagre Econômico” (predominantemente 1968-1973), as principais características foram:
Crescimento Exponencial do PIB: O Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil cresceu a taxas médias superiores a 10% ao ano, um dos maiores índices de crescimento mundial naquele período.
Expansão Industrial: A indústria foi o motor desse crescimento, com taxas de expansão superiores a 13% ao ano.
Controle da Inflação: Houve um relativo sucesso na redução da inflação, que caiu de patamares elevados (em torno de 25%) para cerca de 15%.
Balanço de Pagamentos Favorável: O Brasil acumulou reservas internacionais significativas durante esse período.
Investimentos em Infraestrutura: O governo militar investiu pesadamente em grandes projetos de infraestrutura, como rodovias, hidrelétricas (a exemplo de Itaipu, embora a construção tenha se intensificado posteriormente), e a Ponte Rio-Niterói.
Endividamento Externo: Apesar do crescimento, esse período também marcou o início de um aumento significativo da dívida externa brasileira, utilizada para financiar os investimentos e o crescimento.
É importante notar que, apesar do crescimento expressivo, o “Milagre Econômico” também foi marcado pelo aumento da concentração de renda e da desigualdade social. Além disso, como mencionado pelo usuário (“voo de galinha”), o crescimento da economia brasileira historicamente nem sempre foi sustentável a longo prazo, e a crise do petróleo na década de 1970 evidenciou as vulnerabilidades do modelo econômico da época, baseado em forte endividamento externo.
Qual o contexto histórico do Brasil durante o período do Plano Econômico (II PND)?
O contexto histórico do II PND é marcado pela crise internacional do petróleo iniciada em 1973, que impactou fortemente a economia brasileira ao elevar os custos da energia importada, da qual o país era dependente, pressionando a balança comercial. Politicamente, o Brasil vivia o regime militar, e o governo Geisel (1974-1979) lançou o II PND como uma ambiciosa estratégia de ajustamento. O plano visava responder à crise buscando manter o crescimento e, simultaneamente, superar o que se via como fragilidades estruturais: o atraso nos setores de bens de capital e intermediários e a dependência energética. O objetivo era criar um núcleo industrial mais completo e autônomo, reduzindo a vulnerabilidade externa a longo prazo. Este período representou uma tentativa de prolongar o crescimento após o ‘milagre econômico’, mas em um cenário externo adverso. Contudo, segundo a análise de Carneiro, apesar dos vultosos investimentos (muitos financiados externamente, elevando a dívida), o plano falhou em constituir um novo padrão de crescimento sustentado pela indústria pesada, levando a uma desarticulação dos investimentos e não reduzindo a vulnerabilidade externa como pretendido, o que contribuiu para a crise e estagnação dos anos 80.
Qual o contexto do Mundo durante o período do Plano Econômico? (II PND)
O contexto mundial durante o período de implementação do II PND era complexo e adverso. O principal fator foi a crise internacional do petróleo, iniciada em 1973, com a elevação abrupta dos preços do combustível. Isso gerou uma reestruturação nas economias centrais e impactou decisivamente suas relações com os países periféricos, como o Brasil.
Além disso, o cenário financeiro internacional havia sido alterado pelo fim do sistema de Bretton Woods no início da década de 70 (com o fim da conversibilidade do dólar em ouro e do regime de câmbios fixos), o que introduziu maior volatilidade cambial, pressões inflacionárias globais e um ambiente de incertezas nas transações internacionais.
Paradoxalmente, esse período também foi marcado por uma grande liquidez internacional (em parte devido aos “petrodólares” resultantes da alta do petróleo). Essa abundância de crédito nos mercados financeiros internacionais facilitou o acesso do Brasil a recursos externos, que foram amplamente utilizados para financiar os ambiciosos projetos de investimento do II PND, contribuindo significativamente para o aumento da dívida externa brasileira.
Portanto, o II PND foi uma tentativa brasileira de responder a esse cenário global conturbado – buscando ajustar sua estrutura produtiva interna e reduzir a vulnerabilidade externa – aproveitando, ao mesmo tempo, a disponibilidade de financiamento externo para sustentar grandes investimentos.
Qual o contexto Político do Brasil durante o período do Plano Econômico e quem são os agentes envolvidos? (II PND)
O contexto político brasileiro durante a implementação do II PND era o do regime militar (1964-1985), caracterizado pelo poder centralizado e autoritário. O presidente no período chave do plano era o General Ernesto Geisel (1974-1979).
Nesse cenário, a política econômica era conduzida de forma centralizada e tecnocrática, com pouca ou nenhuma participação popular ou transparência nos processos decisórios. Essa concentração de poder no Executivo, apoiada por um corpo técnico, facilitou a adoção de planos ambiciosos como o II PND, que envolviam vastos projetos de infraestrutura e indústria de base, demandando grandes volumes de investimento estatal e financiamento externo, o que levou a um aumento significativo da dívida.
Os principais agentes envolvidos na formulação e execução do plano foram:
O Estado Brasileiro: Atuando através do governo federal, ministérios (como o do Planejamento) e, crucialmente, suas empresas estatais, que tiveram um papel proeminente nos investimentos em setores estratégicos como energia, siderurgia, petroquímica e bens de capital. O planejamento centralizado era a marca dessa atuação.
O Capital Multinacional: Empresas estrangeiras que já tinham presença significativa na economia, especialmente em setores como o de bens de consumo duráveis, e que também participaram ou foram afetadas pelos investimentos do período.
O Capital Privado Nacional: Empresas brasileiras que atuavam em diversos setores, muitas vezes em associação ou como fornecedoras para os grandes projetos estatais ou em nichos complementares.
O documento menciona que o modelo de desenvolvimento anterior se baseava em um “tripé” formado por esses três tipos de capital, e que o Estado buscava articular os interesses internos e externos. No entanto, uma das críticas centrais apresentadas no texto ao II PND é que, durante sua execução, houve uma progressiva desarticulação entre os investimentos públicos (estatais) e os privados, indicando uma inconsistência na estratégia e no padrão de crescimento que se tentava implementar.
Qual o contexto Político do Mundo durante o período do Plano Econômico e quem são os agentes envolvidos? (II PND)
O contexto político mundial durante o período do II PND era dominado pela Guerra Fria, marcada pela intensa rivalidade e polarização ideológica entre os Estados Unidos (EUA), liderando o bloco capitalista, e a União Soviética (URSS), à frente do bloco socialista. Essa disputa se manifestava globalmente, inclusive na América Latina, onde os EUA buscavam manter sua esfera de influência, enquanto a URSS apoiava movimentos e regimes alinhados ao socialismo. Embora esse cenário de tensão bipolar fosse o pano de fundo político geral, ele não é detalhado no documento econômico de referência.
O evento internacional com impacto direto e explícito na economia brasileira e na formulação do II PND, conforme destacado no documento, foi a Crise do Petróleo iniciada em 1973 e intensificada ao longo da década. Nesse contexto, os países membros da OPEP (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) utilizaram o controle sobre a oferta de petróleo como um instrumento de pressão geopolítica, resultando em aumentos drásticos nos preços do barril.
Essa ação teve consequências econômicas globais severas, como inflação acentuada, recessão em diversos países e fortes desequilíbrios nas balanças comerciais das nações importadoras de petróleo, como o Brasil. O documento enfatiza que o II PND foi, em grande medida, uma resposta estratégica do governo brasileiro a essa crise energética e à vulnerabilidade externa que ela expôs, buscando ajustar a estrutura produtiva interna.
Portanto, os principais agentes políticos e geopolíticos que moldaram o cenário mundial relevante para o II PND foram as superpotências (EUA e URSS) no contexto mais amplo da Guerra Fria, e a OPEP, que exerceu influência direta sobre a economia global através do controle do petróleo, afetando as relações entre países exportadores e importadores.
Qual o contexto Econômico que se encontra o Brasil durante o período do Plano Econômico? ( II PND)
O contexto econômico brasileiro no início do II PND (meados da década de 1970) era fortemente marcado pelos impactos da primeira crise internacional do petróleo (1973). O país sofria com a dependência da energia importada, o que pressionava agudamente a balança comercial e evidenciava sua vulnerabilidade externa.
Nesse cenário, o II PND foi lançado como uma estratégia de ajustamento estrutural. Seus objetivos principais eram:
Manter o dinamismo econômico, buscando evitar uma recessão profunda em resposta à crise externa.
Reduzir a vulnerabilidade externa a longo prazo, através da substituição de importações em setores considerados estratégicos.
Completar e integrar a estrutura industrial brasileira, com foco principal no desenvolvimento dos setores de bens de capital, insumos básicos (siderurgia, petroquímica, etc.) e energia (hidrelétricas, prospecção de petróleo, Proálcool).
Para financiar esses vultosos investimentos, o Brasil recorreu maciçamente ao capital externo, aproveitando a alta liquidez internacional da época, o que, por outro lado, levou a um crescimento expressivo da dívida externa.
Embora o plano visasse manter o crescimento, o documento aponta que houve uma desaceleração das taxas de investimento e do PIB já a partir de 1974. A análise crítica do autor indica que, apesar dos investimentos realizados, o II PND fracassou em criar um novo padrão de crescimento sustentado, resultando em desarticulação dos investimentos, excesso de capacidade em alguns setores (como bens de capital) e não resolveu a questão da vulnerabilidade externa, deixando uma herança complexa que contribuiu para a crise e estagnação dos anos 80. A questão inflacionária, embora presente e crescente no período, não é o foco principal da análise estrutural apresentada no documento.
Qual o contexto Econômico que se encontra o Mundo durante o período do Plano Econômico? (II PND)
O contexto econômico mundial durante o período do II PND, conforme abordado no documento de referência, foi profundamente marcado pela crise internacional deflagrada pelo choque do petróleo em 1973. Esse evento resultou em:
Preços Exorbitantes do Petróleo: Impactando fortemente os custos de energia globalmente.
Inflação e Recessão: A crise gerou pressões inflacionárias e contribuiu para a desaceleração ou recessão nas economias centrais.
Desequilíbrios Comerciais: Países importadores de petróleo, como o Brasil, viram suas balanças comerciais severamente prejudicadas.
Reestruturação Global: O choque levou a uma reestruturação nas economias centrais e influenciou decisivamente as relações econômicas entre o centro e a periferia capitalista.
O documento também indica que este foi um período de crescente importância do financiamento externo para países como o Brasil, recurso que foi amplamente utilizado para financiar os projetos do II PND, contribuindo para o endividamento externo do país.
É importante notar que outros fatores econômicos globais relevantes da década de 1970, como o fim do sistema de Bretton Woods, a dinâmica da reciclagem dos petrodólares ou a ascensão de novas correntes de pensamento econômico (como o neoliberalismo), não são detalhados ou discutidos neste documento específico, que se concentra na análise da crise do petróleo, na resposta brasileira via II PND e nas suas consequências estruturais para a economia do país.
Principais Pontos Abordados sobre o II PND e o Governo Geisel no Artigo: “Crise, Ajustamento e Estagnação: A Economia Brasileira no Período 1974-89” por Ricardo Carneiro.
- Contexto e Objetivos do II PND:
O II PND foi a estratégia de ajustamento estrutural do governo Geisel (1974-1979) à crise internacional iniciada com o choque do petróleo.
Visava eliminar o atraso do setor de meios de produção (bens de capital e intermediários), ampliar a produção de energia e alimentos, e suprimir a tendência ao desequilíbrio externo.
Objetivava ir além, buscando superar o subdesenvolvimento e constituir um núcleo dinâmico endógeno centrado na indústria pesada.
- Protagonismo do Estado:
O Estado, durante o governo Geisel, assumiu papel proeminente nos investimentos, especialmente através das empresas estatais, que aumentaram sua participação no investimento total.
O investimento liderado pelo Estado através do II PND foi o motor do crescimento (ainda que declinante) no período até 1980.
- Desempenho e Desarticulação dos Investimentos:
Houve desaceleração das taxas de crescimento do investimento a partir de 1974, com inflexão mais forte a partir de 1977.
Ocorreu uma progressiva desarticulação entre o investimento público (crescente) e o privado (declinante).
A composição do investimento mudou, com perda de participação de máquinas e equipamentos em favor da construção civil após 1976.
- Avaliação Setorial:
Bens de Capital: O setor não se tornou o líder esperado; desacelerou rapidamente devido ao desvio de demanda para o exterior (financiamento externo), dispersão de investimentos e falta de especialização, resultando em capacidade ociosa.
Bens Intermediários: Tiveram melhor desempenho, com ampliação da capacidade e implantação de novos setores (metalurgia, química), sendo um dos líderes do crescimento no período.
Energia: A dependência do petróleo importado aumentou, os investimentos cresceram, mas foram considerados tímidos inicialmente, e a política de preços subsidiou o consumo. Esforços mais significativos em prospecção e o Proálcool só ganharam força após o segundo choque (1979).
Agricultura: Consolidou-se um padrão de modernização focado no complexo agroindustrial e exportador, com dinamismo em culturas como soja e laranja.
Financiamento e Endividamento:
O plano dependeu fortemente de financiamento externo, o que contribuiu para o aumento da dívida externa e também influenciou as decisões de investimento (ex: importação de bens de capital financiados).
- Avaliação Crítica e Consequências (Segundo o Autor):
O II PND fracassou na tentativa de constituir um novo padrão de crescimento assentado na indústria pesada e menos vulnerável externamente.
Resultou em desarticulação dos investimentos e enfraquecimento das relações interindustriais.
A estratégia não resolveu a vulnerabilidade externa, apesar da diversificação de exportações (muitas vezes como fuga da ociosidade interna).
A desarticulação e os desequilíbrios herdados do II PND são apontados como fatores que condicionaram fortemente a crise e a estagnação da economia brasileira nos anos 80.
Qual a lógica/teoria do Plano II PND em si e como se espera que ele funcionasse e qual o resultado?
A lógica central do II PND (implementado durante o Governo Geisel, 1974-1979) foi concebida como uma estratégia de ajustamento estrutural da economia brasileira diante da crise internacional do petróleo. A teoria subjacente combinava a manutenção do crescimento econômico com um aprofundamento da industrialização, focado na substituição de importações em setores considerados chave: bens de capital, insumos básicos (como siderurgia, petroquímica, fertilizantes, papel e celulose) e energia (investimentos em hidroeletricidade, prospecção de petróleo e o Proálcool). O plano almejava, através de massivos investimentos liderados pelo Estado, criar um “núcleo dinâmico endógeno”. Isso significava construir uma estrutura industrial mais integrada e autônoma, que pudesse reduzir a vulnerabilidade da economia a choques externos e, ao mesmo tempo, superar gargalos vistos como próprios do subdesenvolvimento.
Como se esperava que funcionasse: A aposta era que os investimentos na chamada indústria pesada (bens de capital e intermediários) se tornassem o novo eixo do crescimento econômico. Esses investimentos deveriam gerar fortes encadeamentos produtivos para frente e para trás, dinamizando o conjunto da economia e superando a dependência do ciclo anterior, mais ligado aos bens de consumo duráveis. A produção interna de insumos básicos e a maior autonomia energética diminuiriam a necessidade de importações e aliviariam a pressão sobre a balança de pagamentos.
Qual o resultado (segundo a análise de Ricardo Carneiro no artigo): O resultado do II PND foi ambíguo e, na perspectiva estrutural de longo prazo analisada no artigo, predominantemente problemático.
Pontos Positivos/Realizações Parciais: Houve, de fato, uma significativa diversificação industrial e expansão da capacidade produtiva em vários ramos de insumos básicos, o que representou um avanço na complexidade da estrutura industrial brasileira.
Fracasso Estratégico: O plano fracassou em seu objetivo central de constituir um novo padrão de crescimento robusto e autossustentado, ancorado na indústria pesada.
Desempenho Setorial Desigual: O setor de bens de capital não se tornou o motor dinâmico esperado; ao contrário, desacelerou e sofreu com problemas como excesso de capacidade ociosa, dispersão de investimentos e falta de especialização.
Desarticulação dos Investimentos: Um dos problemas cruciais apontados foi a crescente desarticulação entre os investimentos estatais (que cresceram em participação) e os investimentos privados (que perderam participação), além da falta de coordenação entre os próprios projetos do plano. Isso impediu a formação dos encadeamentos produtivos esperados.
Vulnerabilidade Externa e Dívida: A vulnerabilidade externa não foi reduzida como se pretendia. A dependência de petróleo importado persistiu elevada durante o período e o financiamento externo maciço dos projetos resultou em um salto exponencial da dívida externa brasileira.
Legado: A principal conclusão do autor é que as falhas estruturais, os desequilíbrios e a desarticulação resultantes da estratégia do II PND constituíram uma herança decisiva que condicionou e contribuiu fortemente para a crise da dívida e a estagnação econômica que marcaram a década de 1980 no Brasil.
Em suma, o artigo apresenta o II PND como uma tentativa ambiciosa de reestruturação que, apesar de alguns avanços setoriais, falhou em seus objetivos estratégicos fundamentais, gerando desequilíbrios significativos com consequências duradouras.
Como foi operado a TAXA DE JUROS e o Porquê? (No período do II PND e Governo Geisel)
O artigo “Crise, Ajustamento e Estagnação 1974-89” de Ricardo Carneiro não detalha especificamente como a política de taxa de juros doméstica foi operada durante o período central de implementação do II PND (aproximadamente 1974-1979), nem discute se ela era considerada um instrumento secundário em relação à prioridade do crescimento econômico naquele momento específico.
O texto foca, para esse período, na estratégia de grandes investimentos estatais, na substituição de importações em setores chave e na crescente importância do financiamento externo para viabilizar o plano.
No entanto, ao analisar o período subsequente, de ajustamento externo e recessão no início dos anos 80 (particularmente 1981-1983), o artigo menciona explicitamente a elevação da taxa de juros como um dos fatores, junto com desvalorizações cambiais e a própria recessão, que contribuíram para o encarecimento do investimento (especialmente de bens de capital) naquela fase. O aumento dos juros impactava o setor de bens de capital devido ao seu longo ciclo de produção e contribuía para o aumento dos custos unitários em um cenário de ociosidade.
Portanto, com base estrita no artigo fornecido, pode-se afirmar que a elevação das taxas de juros foi um componente relevante da política econômica no início dos anos 80, associada ao ajuste recessivo e com impacto negativo sobre o custo do investimento, mas o texto não elabora sobre a política de juros específica do período 1974-1979.
Como foi operado o CÂMBIO e o Porquê? (No período do II PND e Governo Geisel)
O artigo “Crise, Ajustamento e Estagnação 1974-89” de Ricardo Carneiro não oferece uma análise detalhada da política cambial específica operada durante o Governo Geisel e a implementação do II PND (aproximadamente 1974-1979), nem discute explicitamente os objetivos por trás da gestão da taxa de câmbio (na época, o Cruzeiro) naquele período.
Contudo, o texto fornece algumas indicações:
Efeito da Apreciação: Ao analisar os preços internos dos derivados de petróleo, o artigo menciona que a “apreciação da taxa de câmbio” foi um dos fatores que impediu um repasse maior dos aumentos internacionais para os preços domésticos até 1978. Isso sugere que a taxa de câmbio esteve, ao menos em parte do período, relativamente valorizada em termos reais, o que teria o efeito de tornar as importações relativamente mais baratas.
Causa dos Déficits Comerciais: A análise do artigo sobre os déficits comerciais do período 1974-1980 enfatiza a deterioração dos termos de troca (principalmente o aumento do preço do petróleo) como o fator determinante, não atribuindo à política cambial da época um papel central na explicação desses déficits.
Contraste com os Anos 80: O artigo destaca que, no processo de ajustamento externo do início dos anos 80, foram utilizadas desvalorizações reais do câmbio como instrumento importante para gerar os superávits comerciais necessários. Essa menção ressalta, por contraste, que a política cambial no período do II PND não teve esse mesmo caráter de busca ativa por competitividade externa via desvalorização.
Em resumo, com base estrita no artigo, pode-se inferir que a taxa de câmbio não foi agressivamente desvalorizada no período 1974-79 (inclusive apresentando apreciação em momentos ), mas o texto não elabora sobre a política cambial específica daquele período ou suas intenções, focando mais nos termos de troca para explicar o desempenho comercial.
Como foi operado a DÍVIDA INTERNA e o Porquê? (No período do II PND e Governo Geisel)
O artigo “Crise, Ajustamento e Estagnação: A Economia Brasileira no Período 1974-89” de Ricardo Carneiro não aborda a questão da dívida pública interna durante o período do II PND e do Governo Geisel (1974-1979).
A análise do autor concentra-se nos seguintes aspectos para esse período:
A estratégia de ajustamento estrutural via II PND em resposta à crise do petróleo.
Os investimentos em setores específicos (bens de capital, intermediários, energia).
O papel do Estado e das empresas estatais.
A dinâmica do comércio exterior e a deterioração dos termos de troca.
A importância crucial do financiamento externo para viabilizar os investimentos do plano e o consequente aumento da dívida externa.
A avaliação crítica dos resultados do plano, como a desarticulação dos investimentos e o fracasso em criar um novo padrão de crescimento.
Portanto, com base exclusivamente no documento fornecido, não é possível detalhar como foi operada a dívida interna ou analisar sua dinâmica e relevância durante o Governo Geisel. O foco do artigo está nos desequilíbrios estruturais e, principalmente, na dimensão externa da economia brasileira naquele período e suas consequências.
O que é a estratégia de ajustamento estrutural via II PND em resposta à crise do petróleo?
Com base no artigo “Crise, Ajustamento e Estagnação 1974-89” de Ricardo Carneiro, a “estratégia de ajustamento estrutural via II PND em resposta à crise do petróleo” pode ser detalhada da seguinte forma:
Diagnóstico do Problema: A crise do petróleo de 1973 expôs e agravou a vulnerabilidade externa da economia brasileira. A forte dependência da importação de petróleo e de outros insumos e bens de capital tornava o país suscetível a choques externos, pressionando a balança de pagamentos e ameaçando a continuidade do crescimento econômico.
Objetivo Duplo: Diante disso, o governo Geisel optou por uma resposta que não fosse apenas um ajuste de curto prazo (como uma simples recessão para conter importações). O II PND foi concebido como uma estratégia que buscava, simultaneamente:
Manter o dinamismo econômico: Evitar uma interrupção brusca do crescimento experimentado nos anos anteriores (“milagre econômico”).
Promover um Ajustamento Estrutural: Alterar a própria estrutura produtiva da economia brasileira para reduzir sua dependência e vulnerabilidade externa a longo prazo.
O Método: Aprofundamento da Substituição de Importações: A estratégia central foi aprofundar o processo de industrialização via substituição de importações, mas agora focando nos setores considerados “gargalos” estruturais:
Indústria de Bens de Capital: Produzir internamente máquinas e equipamentos necessários para a própria indústria.
Indústria de Insumos Básicos: Nacionalizar ou expandir a produção de matérias-primas essenciais como aço, petroquímicos, fertilizantes, cimento, papel e celulose, etc.
Setor de Energia: Aumentar a produção doméstica de energia para diminuir a dependência do petróleo importado, investindo em hidrelétricas, prospecção de petróleo (inclusive offshore) e fontes alternativas como o álcool (Proálcool).
O Agente: Estado como Indutor: Essa transformação estrutural seria liderada pelo Estado, através de investimentos diretos (via empresas estatais) e do direcionamento de crédito e incentivos, coordenando um grande “bloco de inversões”.
O Resultado Esperado (a Lógica): A lógica era que, ao produzir internamente esses bens de capital, insumos e energia, o Brasil:
Reduziria a necessidade de importá-los, aliviando a pressão sobre a balança de pagamentos.
Constituiria uma estrutura industrial mais completa, integrada e autônoma (“núcleo dinâmico endógeno”).
Tornar-se-ia menos vulnerável a futuras crises internacionais e capaz de sustentar o crescimento com bases mais sólidas.
Em resumo, a “estratégia de ajustamento estrutural” do II PND foi uma resposta ambiciosa à crise do petróleo que não se limitou a gerenciar a crise no curto prazo, mas buscou usar a crise como uma oportunidade para promover uma mudança profunda na estrutura industrial e energética do país, liderada pelo Estado, visando maior autonomia e menor vulnerabilidade externa no longo prazo. O artigo, no entanto, conclui que essa estratégia falhou em seus objetivos fundamentais.
Como foi operado a DÍVIDA EXTERNA e o Porquê? (No período do II PND e Governo Geisel)
Durante o período do II PND e do Governo Geisel (1974-1979), a gestão da dívida externa foi um elemento central da estratégia econômica, conforme analisado no artigo “Crise, Ajustamento e Estagnação 1974-89”. A dinâmica foi a seguinte:
Financiamento do Desenvolvimento: O II PND exigiu vultosos investimentos, especialmente estatais, para promover a substituição de importações em bens de capital, insumos básicos e energia. Dada a insuficiência de poupança interna e a disponibilidade de crédito no mercado internacional, o Brasil recorreu intensamente ao capital externo para financiar esses projetos.
Cobertura de Déficits: Simultaneamente, o país enfrentava déficits externos crescentes, agravados pela crise do petróleo que elevou os custos de importação. O ingresso de capitais externos (empréstimos) não apenas financiava os investimentos, mas também cobria esses déficits em transações correntes.
Crescimento da Dívida: Como resultado direto dessa estratégia de financiar o desenvolvimento e os déficits com recursos externos, a dívida externa brasileira cresceu exponencialmente durante os anos 70.
A Crise Subsequente (Início dos Anos 80): A situação tornou-se insustentável no final dos anos 70 e início dos 80 devido a choques externos adversos, como o forte aumento das taxas de juros internacionais (Choque Volcker) e a deterioração dos termos de troca (incluindo preços de exportação). Isso elevou drasticamente o custo do serviço da dívida acumulada.
Consequências: A crise da dívida externa obrigou o Brasil a um doloroso processo de ajustamento nos anos 80, caracterizado por recessão, necessidade de gerar grandes superávits comerciais para transferir recursos reais ao exterior e pagar os serviços da dívida, marcando o início de um período de estagnação econômica.
O artigo, portanto, demonstra como a opção por financiar o ambicioso projeto do II PND com capital externo, num contexto de choques internacionais, levou a um ciclo de endividamento crescente que culminou na grave crise da dívida externa dos anos 80.
Por que a taxa de Juros no inicio do II PND era baixa e o que motivou a crise da Divida Externa em 1980 ?
- Por que a taxa de juros (internacional) era baixa no início do II PND?
Informação Não Detalhada no Artigo: É importante notar que o artigo de Ricardo Carneiro não detalha as razões específicas para as baixas taxas de juros internacionais no início e meados da década de 1970. O foco do texto está na disponibilidade de crédito externo para o Brasil e como ele foi utilizado para financiar o II PND.
Contexto Histórico (Complementar ao Artigo): Historicamente, as taxas de juros internacionais relativamente baixas naquele período (antes do choque do final da década) estavam ligadas a alguns fatores, principalmente:
Reciclagem dos Petrodólares: Após o primeiro choque do petróleo (1973), os países exportadores (OPEP) acumularam enormes excedentes financeiros (petrodólares). Esses recursos foram depositados em bancos internacionais, criando uma grande liquidez (excesso de dinheiro disponível para empréstimos).
Alta Liquidez: Com muito dinheiro disponível e uma demanda por crédito relativamente menor nas economias desenvolvidas (que enfrentavam desaceleração/recessão), os bancos buscaram ativamente emprestar esses recursos, inclusive para países em desenvolvimento como o Brasil, o que manteve as taxas de juros comparativamente baixas por um período.
- O que motivou a crise da Dívida Externa em 1980?
O artigo aponta que a crise da dívida externa que eclodiu no início dos anos 80 foi motivada pela combinação de fatores internos (a herança do próprio II PND) e, crucialmente, por choques externos adversos:
Alto Endividamento Acumulado: O Brasil chegou ao final dos anos 70 com uma dívida externa exponencialmente maior, resultado direto da estratégia de financiar os vultosos investimentos do II PND e cobrir déficits externos com capital estrangeiro.
Choque dos Juros Internacionais (“Choque Volcker”): No final de 1979 e início dos anos 80, os Estados Unidos implementaram uma política monetária contracionista para combater a inflação interna, elevando drasticamente suas taxas de juros. Como grande parte da dívida externa brasileira era contratada com taxas flutuantes ou renegociada periodicamente, essa elevação aumentou enormemente o custo do serviço da dívida (pagamento de juros e amortizações).
Deterioração dos Termos de Troca: O artigo também menciona a persistente deterioração dos termos de troca. Isso significa que os preços dos produtos que o Brasil exportava não acompanhavam (ou caíam em relação aos) preços dos produtos que importava, dificultando a obtenção de divisas para pagar a dívida.
Recessão Mundial: A própria recessão nas economias centrais (em parte causada pelo segundo choque do petróleo e pelas políticas anti-inflacionárias) diminuiu a demanda por exportações brasileiras.
Essencialmente, a crise foi detonada quando a enorme dívida acumulada durante os anos do II PND encontrou um cenário internacional subitamente adverso, com juros altíssimos e condições comerciais desfavoráveis, tornando impossível para o Brasil (e outros países endividados) continuar honrando seus compromissos sem um severo ajuste interno.
Como foi operado a INFLAÇÃO e o Porquê? (No período do II PND e Governo Geisel)
Resposta Consolidada com as Observações (Focada no Artigo):
O artigo “Crise, Ajustamento e Estagnação: A Economia Brasileira no Período 1974-89” de Ricardo Carneiro não se aprofunda na análise da inflação ou das políticas de controle inflacionário especificamente durante o período do II PND e do Governo Geisel (1974-1979).
A análise do autor para esse período concentra-se em:
A resposta estratégica (II PND) à crise do petróleo, visando um ajustamento estrutural.
A tentativa de manter o crescimento econômico através de grandes investimentos liderados pelo Estado.
O foco na substituição de importações em bens de capital, insumos básicos e energia.
O financiamento desses investimentos via endividamento externo.
A avaliação dos resultados estruturais dessa estratégia, como a desarticulação dos investimentos e o fracasso em criar um novo padrão de crescimento.
A dinâmica do setor externo (balança comercial, termos de troca, dívida externa).
Desta forma, com base exclusiva no conteúdo deste artigo, não é possível detalhar como a inflação foi “operada” ou confirmar afirmações sobre o nível de tolerância do governo a ela ou a hierarquia de prioridades entre crescimento e controle de preços naquele momento específico. A análise da inflação não constitui um eixo central da argumentação do autor para o período 1974-1979 neste texto.
Questão 1 (ANPEC 2005 - Q9 - Afirmação 0):
A opção do Brasil por manter o crescimento após o choque do petróleo de 1973, em vez de ajustar-se via redução de importações, foi responsável pelo grande aumento da dívida externa no período?
Questão 2 (ANPEC 2005 - Q9 - Afirmação 1):
As primeiras medidas do Governo Geisel incluíam políticas monetária e fiscal restritivas?
Questão 3 (ANPEC 2005 - Q9 - Afirmação 2):
O II PND tinha entre seus objetivos diminuir a dependência do país no setor de energia elétrica?
Questão 4 (ANPEC 2005 - Q9 - Afirmação 3):
A estratégia de crescimento com endividamento do governo Geisel ocorreu sob condições adversas da economia mundial, como o ajuste ao choque do petróleo e a baixa liquidez nos mercados financeiros internacionais?
Questão 5 (ANPEC 2005 - Q9 - Afirmação 4):
A substituição de importações no Governo Geisel foi feita sem incentivos ao setor exportador?
Questão 6 (ANPEC 2005 - Continuação - Afirmação 0):
O II PND teve como objetivo a substituição de importações nos setores de bens de capital e insumos básicos?
Questão 7 (ANPEC 2005 - Continuação - Afirmação 1):
O II PND teve como objetivo a aceleração dos investimentos em prospecção de petróleo, especialmente na Bacia de Campos?
Questão 8 (ANPEC 2005 - Continuação - Afirmação 2):
O II PND teve como objetivo a elevação da capacidade geradora de energia elétrica, especialmente para produção de alumínio?
Questão 9 (ANPEC 2005 - Continuação - Afirmação 3):
O II PND teve como objetivo a redução, a curto prazo, da participação do capital estrangeiro na economia brasileira?
Questão 10 (ANPEC 2005 - Continuação - Afirmação 4):
O II PND teve como objetivo a implementação de medidas de racionamento do consumo de derivados de petróleo?
Resposta 1 (ANPEC 2005 - Q9 - Afirmação 0):
Verdadeiro. A dívida externa bruta cresceu exponencialmente (US$ 14,9 bi em 1973 para US$ 55,8 bi em 1979), enquanto o Brasil manteve um crescimento médio do PIB relativamente alto (7,1% a.a. entre 1974-1980), indicando que a manutenção do crescimento foi financiada externamente.
Resposta 2 (ANPEC 2005 - Q9 - Afirmação 1):
Verdadeiro. O início do governo Geisel adotou medidas iniciais de contenção, como remoção de controles de preços e controle da liquidez, mas essa política monetária restritiva logo se mostrou ineficaz devido a fatores como aumento das reservas e expansão do crédito pelo Banco do Brasil, prevalecendo a estratégia de crescimento.
Resposta 3 (ANPEC 2005 - Q9 - Afirmação 2):
Falso. A grande dependência energética a ser combatida era a do petróleo. O II PND buscava justamente aumentar o uso de energia elétrica (e carvão) como substituto do petróleo importado.
Resposta 4 (ANPEC 2005 - Q9 - Afirmação 3):
Falso. A estratégia ocorreu em um cenário de ajuste ao choque do petróleo, o que era adverso. No entanto, o período foi marcado por alta liquidez nos mercados financeiros internacionais (reciclagem de petrodólares), e não baixa liquidez, o que facilitou o endividamento.
Resposta 5 (ANPEC 2005 - Q9 - Afirmação 4):
Falso. O II PND, embora focado na substituição de importações, também previa e implementou incentivos às exportações, buscando equilibrar a balança de pagamentos. Houve estímulo a exportações agrícolas e de produtos energointensivos.
Resposta 6 (ANPEC 2005 - Continuação - Afirmação 0):
Verdadeiro. Este foi um dos eixos centrais do II PND, priorizando setores como siderurgia, petroquímica, fertilizantes, celulose e a indústria de máquinas e equipamentos.
Resposta 7 (ANPEC 2005 - Continuação - Afirmação 1):
Verdadeiro. A descoberta da Bacia de Campos em 1974 impulsionou os investimentos em prospecção de petróleo como parte da estratégia de reduzir a dependência externa.
Resposta 8 (ANPEC 2005 - Continuação - Afirmação 2):
Verdadeiro. Grandes projetos hidrelétricos como Itaipu e Tucuruí foram iniciados ou impulsionados no período, visando aumentar a oferta de energia elétrica, inclusive para setores eletrointensivos como o de alumínio.
Resposta 9 (ANPEC 2005 - Continuação - Afirmação 3):
Falso. O II PND contou com forte participação de capital e empresas estrangeiras, seja via investimentos diretos ou fornecimento de tecnologia e equipamentos, alinhado ao modelo do “tripé” (estatal, estrangeiro, privado nacional), embora com protagonismo estatal.
Resposta 10 (ANPEC 2005 - Continuação - Afirmação 4):
Falso. O governo Geisel e o II PND explicitamente rejeitaram a adoção de medidas drásticas de racionamento de combustíveis, optando pela estratégia de expansão da oferta interna e substituição de fontes de energia.
Questão 11 (ANPEC 2007 - Q9 - Afirmação 0):
A triplicação das taxas de juros no euromercado causou o aumento da dívida externa bruta entre 1974-1979?
Questão 12 (ANPEC 2007 - Q9 - Afirmação 1):
O aumento da participação das estatais no endividamento externo (1974-1979) deveu-se a restrições ao endividamento interno e ao controle de preços e tarifas dessas empresas?
Questão 13 (ANPEC 2007 - Q9 - Afirmação 2):
O II PND previa mudanças estruturais que economizassem ou gerassem divisas?
Questão 14 (ANPEC 2007 - Q9 - Afirmação 3):
O aumento da dívida externa no biênio 1977-1978 foi superior aos déficits da conta corrente nesse mesmo período?
Questão 15 (ANPEC 2007 - Q9 - Afirmação 4):
A participação de empresas privadas no endividamento externo caiu para 60% durante o período 1974-1979?
Questão 16 (ANPEC 2008 - Q8 - Afirmação 0):
A justificativa do II PND criticava o Milagre Econômico, focando na necessidade de ampliar a produção de insumos básicos?
Questão 17 (ANPEC 2008 - Q8 - Afirmação 1):
Os recursos do BNDE foram fundamentais para financiar os investimentos das empresas estatais durante o II PND?
Questão 18 (ANPEC 2008 - Q8 - Afirmação 2):
O II PND estimulou a substituição de importações de bens de consumo duráveis?
Questão 19 (ANPEC 2008 - Q8 - Afirmação 3):
O II PND procurou fortalecer o setor nacional de bens de capital via encomendas governamentais?
Questão 20 (ANPEC 2008 - Q8 - Afirmação 4):
Os investimentos das empresas estatais durante o II PND foram financiados principalmente por suas margens de lucro?
Resposta 11 (ANPEC 2007 - Q9 - Afirmação 0):
Falso. O grande aumento das taxas de juros internacionais (Choque Volcker) ocorreu posteriormente, a partir do final de 1979/início de 1980, sendo um fator chave para a crise da dívida, mas não a causa do aumento da dívida entre 1974-1979 (que se deveu aos empréstimos para financiar o II PND e os déficits).
Resposta 12 (ANPEC 2007 - Q9 - Afirmação 1):
Verdadeiro. As empresas estatais enfrentavam limites para captar recursos internamente e tinham seus preços/tarifas controlados (o que reduzia a capacidade de autofinanciamento), levando-as a buscar massivamente financiamento no exterior para realizar os grandes investimentos do II PND.
Resposta 13 (ANPEC 2007 - Q9 - Afirmação 2):
Verdadeiro. A lógica central do II PND era promover a substituição de importações (economia de divisas) e também incentivar exportações (geração de divisas) para reduzir a vulnerabilidade externa.
Resposta 14 (ANPEC 2007 - Q9 - Afirmação 3):
Verdadeiro. Mesmo com déficits em conta corrente, o ingresso de empréstimos externos foi tão grande que permitiu o acúmulo de reservas internacionais em alguns anos do período (1976-1978), indicando que o aumento da dívida foi maior que o necessário apenas para cobrir os déficits.
Resposta 15 (ANPEC 2007 - Q9 - Afirmação 4):
Falso. A participação das empresas estatais no endividamento externo aumentou significativamente no período, tornando-se majoritária, enquanto a participação relativa das empresas privadas diminuiu.
Resposta 16 (ANPEC 2008 - Q8 - Afirmação 0):
Verdadeiro. O II PND representou uma mudança de foco em relação ao “Milagre”, que foi criticado por ter se concentrado excessivamente no setor de bens de consumo duráveis. O II PND enfatizou a necessidade de completar a estrutura industrial com investimentos em insumos básicos e bens de capital.
Resposta 17 (ANPEC 2008 - Q8 - Afirmação 1):
Falso. Embora o BNDE (atual BNDES) fosse importante, ele direcionava seus recursos principalmente para o setor privado. As grandes empresas estatais financiaram seus investimentos majoritariamente com recursos externos.
Resposta 18 (ANPEC 2008 - Q8 - Afirmação 2):
Falso. A fase de substituição de importações de bens de consumo duráveis já havia ocorrido em grande parte nas décadas anteriores (anos 50 e 60). O foco do II PND foi em bens de capital e insumos básicos.
Resposta 19 (ANPEC 2008 - Q8 - Afirmação 3):
Verdadeiro. O governo utilizou seu poder de compra (encomendas governamentais), linhas de crédito especiais e outras políticas para estimular e fortalecer a nascente indústria nacional de bens de capital.
Resposta 20 (ANPEC 2008 - Q8 - Afirmação 4):
Falso. As margens de lucro das estatais foram frequentemente comprimidas por políticas de controle de preços e tarifas. O principal meio de financiamento dos seus investimentos foi o endividamento externo.